agosto 06, 2008

Capítulo 312 – Retorno à vila

Os heróis se reuniram novamente com o segundo grupo e deixaram a caverna. Preocupado com a segurança de Seelan, Nailo deixou os amigos para trás e seguiu na frente, movendo-se por entre a mata fechada com enorme habilidade. Anix tentou alcançá-lo, montado na vassoura mágica, mas, como era impossível acompanhar a velocidade do guardião naquele tipo de terreno, o mago desistiu.

Tempos depois, Nailo chegou à clareira onde Seelan tinha se separado do grupo. O capitão estava sentado sobre a colina onde ficava a caverna na qual entrara. Cantarolava e assoviava calmamente, aproveitando o belo dia de sol da Sambúrdia. Diante da caverna havia três grandes estátuas de pedra. Eram figuras de trolls com poses e expressões de quem fugia em desespero.

_ Tudo bem, Capitão? – perguntou Nailo.

_ Sim, tudo ótimo! – Seelan saltou do alto da rocha onde estava sentado e pousou lenta e suavemente no chão.

_ O que aconteceu com esses trolls? Eram trolls, não eram? Por acaso...por acaso a luz do sol os fez virarem pedra?

_ Luz do sol?! Claro que não! Você está lendo muitas estórias infantis, Nailo. O sol não teve nada a ver com isso, fui eu que fiz isso. E então? Encontraram as crianças?

_ Sim, encontramos. E você, encontrou alguma coisa?

_ Só esses trolls ai. Correu tudo bem?

_ Sim, conseguimos resgatar todas as crianças. Tivemos alguns problemas, enfrentamos uma bruxa, mas no final deu tudo certo. Ah! E olhe o que eu consegui! – Nailo exibiu suas novas espadas, orgulhoso.

_ Belas espadas. Onde as encontrou? Eram da bruxa? – perguntou Seelan.

_ Não, era de uma druida. Ela protegia um bosque muito antigo por onde nós passamos. Ela me escolheu como sucessor dela e me deu as espadas. – Nailo sorria e exibia as espadas com imponência.

_ Hum...Fala a verdade, vai, Nailo. Aconteceu algo entre você e essa druida, não foi? Você a beijou? – riu Seelan, cutucando Nailo com o cotovelo.

_ Não, capitão. Ela já era morta. Eu apenas conversei com o espírito dela. Bom, depois eu explico melhor. Posso entrar na caverna? Quero ver o que tem lá dentro.

_ Fique à vontade, meu caro. Mas já vou informando que não há muito para se olhar. A caverna não é profunda e o que havia lá no fundo eu mesmo já retirei. O tesouro dos trolls está logo ai na entrada, para vocês dividirem.

_ Está certo, mas vou esperar os outros chegarem para dividirmos o tesouro.

_ E onde estão eles? – perguntou Seelan.

_ Já estão chegando. – respondeu Nailo.

_ E o que acha de darmos um pequeno susto em todos eles?

_ Ótima idéia! – respondeu Nailo, com um sorriso maquiavélico.

Nailo deitou-se na relva, sob o gigantesco pé petrificado de um dos trolls. Segurou uma das espadas na mão e fechou os olhos, como se tivesse desmaiado no meio de uma batalha. Seelan usou sua magia para alterar a cor das roupas de Nailo e fazer com que parecessem manchadas de sangue. Depois, o mago se escondeu dentro da caverna, quase não contendo o riso.

Não tardou para que o restante dos aventureiros chegasse à clareira onde Nailo aguardava. Foi um choque tão grande pata todos ver o ranger sendo pisoteado por três trolls de pedra, que eles sequer notaram que os trolls estavam imóveis.

Legolas saltou por cima do troll que supostamente atacava o amigo, girando no ar e disparando várias flechas. Só então percebeu que se tratava de uma fraude. Ao mesmo tempo, Orion e Lucano corriam na direção dos monstros e Anix se preparava para lançar uma bola de fogo nos inimigos. O corpo de Orion se chocou contra a estátua que era o troll e a derrubou no chão. Legolas protestava, tentando desfazer o embuste enquanto dava uma cambalhota no ar para não cair junto com o troll. E, quando Lucano finalmente tocou o corpo de Nailo, para curá-lo, o ranger agarrou a espada e o braço do clérigo, e levantou gritando enlouquecidamente, como se estivesse possuído e quisesse matá-lo. Lucano esbofeteava o rosto do amigo, tentando fazê-lo voltar a si, então, de dentro da caverna veio um urro assustador seguido das gargalhadas de Seelan que encerraram a brincadeira. Todos riram após descobrir a verdade. A única pessoa séria do grupo, como sempre, era Luise.

O grupo dividiu os espólios da aventura. Além de ouro e jóias, havia vários objetos ricamente fabricados, verdadeiras obras de arte. Havia um belo cálice de prata com várias pedras de lápis lazúli incrustadas em toda sua volta, um magnífico cordão de pérolas rosas e um maravilhoso anel de ouro e rubis que eles haviam pegado no covil da bruxa. Também existia um bracelete de ouro coberto de jades, um pente de prata em formato de dragão cravejado de opalas azuis, uma harpa de marfim finamente decorada com ouro e esmeraldas, um diamante azul em formato de coração emoldurado em uma majestosa corrente de ouro maciço e uma camisa luxuosa feita de finos fios de ouro e cravejada de pequenos rubis. Também havia o colar que pertencia à bruxa, e que ficou sob a guarda de Orion. Além de sua parte no tesouro, Anix ficou com a vassoura mágica que pertencia a Legolas, trocando o item por outros objetos e valor e dinheiro. Posteriormente, já na vila, Legolas fez questão de se desculpar com Rassufel por ter abandonado momentaneamente o companheiro de aventuras por causa da vassoura voadora.

Quando já estavam de saída, Seelan olhou para os trolls petrificados (um deles, o que tinha sido derrubado por Orion, tinha um dos braços de pedra quebrado) com ar de desconfiança.

_ Não sei. Algo me diz para deixá-los ai, ao invés de destruí-los de vez. Vamos deixá-los em paz. – disse o mago.

Nailo ainda entrou na caverna e encontrou um belo rubi escondido sob uma pegada de troll no chão de terra. Após isso, o grupo retornou para o vilarejo em segurança. Lá, foram recebidos com festa e honrarias por todos os moradores. Passaram um dia agradável, comemorando e recebendo homenagens. Ajudaram os moradores a consertarem alguns dos estragos causados pelos trolls fizeram grande amizade com a família e os vizinhos de Lucano. Nailo dividiu o dinheiro dos espólios entre as famílias das crianças raptadas e deu uma das jóias ao prefeito da vila, para que as despesas dos estragos causados pelos monstros fossem pagas.

À tarde, Legolas e Nailo levaram suas respectivas esposas para passearem pelo rio e para verem a bela cachoeira que jorrava farta ao norte de Blastoise. Na cachoeira, Nailo presenteou sua amada com o bracelete de ouro que recebera como parte do tesouro. Legolas, mergulhou no rio, num ponto onde as águas se acalmavam após a cachoeira. Emergiu trazendo nas mãos o colar com o diamante azul em forma de coração e o deu a Liodriel.

Assim o dia finalmente chegou ao fim, recheado de alegria, festividades e romance. Os heróis passaram aquela noite hospedados na casa de Lucano e na manhã seguinte deram adeus à vila de Blastoise e aos seus hospitaleiros habitantes. Lucano se despediu de seus pais e sua irmã com emoção e depois beijou sua esposa como nunca havia beijado antes, como se aquela vez fosse a última vez que se beijavam. Não era para menos, já que Lucano passaria ainda cerca de seis meses servindo como soldado de Tollon no Forte Rodick. Então, às nove horas da manhã do 29º dia do mês de Áurea, Seelan finalmente teletransportou todo o grupo de volta para Tollon, de volta para Darkwood.

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