março 22, 2007

Campanha A - Capítulo 261 – Ettin em fúria

Capítulo 261 Ettin em fúria

O gigantesco monstro rugiu, e seu rugido era como o de um leão e calava todos os sons da mata. Kawaguchi tentou fazer Restik e seus companheiros ficarem quietos, mas, já era tarde, Estrume avançava sobre os soldados, girando sua clava assustadora sobre suas cabeças. Kyrnynn, desesperado, tentava em vão impedir o lado mal de seu corpo de derramar mais sangue.

O tronco de madeira ainda verde girou num longo arco ascendente, que arrancou o corpo de Relâmpago do chão com violência e por pouco não o arremessou longe. Nailo sacou suas espadas e acionou o poder mágico da mais longa e suas faíscas clarearam as copas das árvores próximas como uma tocha. Postou-se entre o monstro e Relâmpago, que tinha seu maxilar quebrado, do qual despencava um rio de sangue.

Atilat encantou a espada de Kawaguchi com sua magia, e, em meio ao perigo, um clima romântico começou a se formar entre os dois. Porém, o samurai não quis atacar de início, tentou dialogar com Estrume, e convencê-lo a desistir da luta. Mas suas palavras foram inúteis pois o lado mal do gigante desejava apenas matar mais e mais, e, para desespero total de Kyrnynn, começou a preparar um novo ataque.

Relâmpago fugiu, desaparecendo entre a folhagem rasteira, enquanto Nailo encarava sem temor o imenso monstro. O sargento o media, procurando seus pontos fracos para atacar com maior eficiência, sua vivência nas florestas, bem como seus estudos sobre o meio selvagem, lhe davam vantagens extras sobre aquele tipo de fera, fazendo dele um inimigo perigoso para o ettin. Ao mesmo tempo, Akira e Hydor voavam sobre o monstro e o bombardeavam com magias, tentando tirá-lo do combate. Porém, o monstro parecia ignorar os efeitos mágicos dos dois, e continuava a urrar e a girar sua clava.

Então o pequeno Lord arremessou uma adaga, que se cravou na coxa do monstro, deixando-o realmente enfurecido. O grito que veio a seguir fez as árvores e o próprio chão tremerem. Os olhos do ettin ficaram avermelhados e seu corpo se avolumou ainda mais. Ele olhou para Nailo, e atacou.

Mas, antes que a clava chegasse ao ranger, Kawaguchi correu na direção do monstro. Suas espadas afiadas brilhavam, e seu olhar era firme como uma montanha. Porém, o gigante percebeu a aproximação do samurai e desviou seu tacape a tempo de golpeá-lo. Kawaguchi foi atingido com grande violência, e seu corpo foi arremessado longe pelo impacto do golpe. Sem se deixar intimidar, o samurai tirou a menor das espadas, fincando-a nas costas do monstro. Logo após isso, ele caiu no chão, desmaiado, mas seu corpo tombou na direção do inimigo, sempre avançando, como era típico dos guerreiros de sua gente.

Depois foi a vez de Nailo sentir o peso da força do inimigo. Dois golpes bastaram para fazê-lo arquear as pernas e perder o fôlego. Seu ombro doía como nunca e ele sentiu que se recebesse outro ataque daqueles, seus dias em Arton estariam acabados.

Então ele atacou com todos as suas forças, na esperança de que o monstro tombasse antes de poder atacar novamente. Quatro vezes o corpo do monstro foi rasgado, e quatro foi o número de vezes que ele urrou, desta vez de dor. A espada de Durgedin causava cortes que eram cauterizados instantaneamente pelo poder elétrico que saía de sua lâmina. Já a espada mais curta fazia cascatas de sangue choverem sobre a relva adormecida.

Enquanto Atilat cuidava de tentar reanimar Kawaguchi, Relâmpago retornou ao campo de batalha, desobedecendo ao comando dado por Nailo, e atacou o gigante com suas presas feridas.

Novamente Nailo se pôs entre o inimigo e seu companheiro animal, mas apesar de sua insistência, Relâmpago se recusava a obedecer e permanecia exposto ao perigo. Ocorre que o gigante atingiu Nailo com força no peito, enquanto ele defendia o amigo com o próprio corpo. O monstro riu, dizendo que iria jantar carne de lobo, e desferiu outro golpe, dessa vez em Relâmpago. O animal foi ao chão, seu ombro esquerdo esmagado pelo peso da clava do ettin, mas, mesmo assim, ele não recuava.

Enquanto isso, Hydor continuava tentando enfeitiçar o monstro, e atirá-lo de volta ao sono, mas todas as suas tentativas fracassavam. A alguns metros dali, Kawaguchi despertava depois de quase morrer, e num ímpeto de amor, beijou os lábios da bela Atilat, em agradecimento.

Lord surgiu de trás de uma moita, atirando uma adaga em Estrume, o que deu tempo para Nailo se jogar por cima de Relâmpago, antes que ele desferisse outro ataque. A clava do monstro se precipitou com força sobre as costas do ranger, que carregava seu amigo ferido para longe dali. Com um outro ataque, o ettin lançou o pequeno Hydor a uma grande distância, deixando o bardo quase sem vida. Atilat correu para ajudá-lo, deixando o apaixonado Kawaguchi para trás e começou a procurar por Hydor no chão.

Nailo fazia Relâmpago tomar uma poção mágica para se curar, enquanto seus companheiros distraiam o monstro. Akira cortou as bochechas da cabeça de estrume, quase ferindo Kyrnynn acidentalmente, depois, desceu do ar e ficou diante do monstro, ameaçando-o com a espada. Lord saltou nas costas do monstro, fincando uma adaga no seu imenso corpo, enquanto Kawaguchi, corria na direção do monstro. O samurai estava preparado para encontrar a morte naquela luta, e já até tinha realizado o desejo de beijar Atilat, por isso não temia a morte, já que não deixaria nada sem resolver para trás. O guerreiro saltou, pisando nas costas de Akira, e subiu tão alto quanto o gigante. Sua katana rasgou a face do monstro, causando-lhe grande dano, e enfurecendo-o ainda mais. Enquanto retornava ao chão, Kawaguchi preparava-se para receber o golpe que lhe tiraria a vida, mas algo aconteceu. No momento em que a sombra da clava cobriu o corpo do samurai, Kyrnyn gritou, “Pare Estrume! Chega de mortes!”, e todos puderam perceber o ex-clérigo se concentrando para impedir o monstro de atacar. Então, Estrume desviou seu ataque, e atacou Akira, que estava sem ferimentos.

O gigante estava severamente ferido, e reconheceu isso, dizendo que pegaria seu jantar e iria embora. Então, ele deu as costas para os combatentes e foi na direção do lobo ferido, dando oportunidade para os soldados atacarem. Os golpes resvalavam na pele da criatura, sem feri-la. Somente a afiada lâmina tamuraniana de Kawaguchi foi capaz de feri-lo e cortar-lhe o tornozelo.

O gigante se aproximou, e Nailo sentiu que poderia acabar com ele se lutasse com todas as forças. Mas, era preciso proteger seu amigo, que, apesar de ferido, continuava tentando lutar para ajudar Nailo. Então, ele carregou seu lobo uma vez mais, com lágrimas nos olhos, prometendo não deixar que ele tivesse o mesmo destino trágico de Smeágol. O sargento fugiu com seu amigo animal, indo para o outro lado do campo de batalha, ficando após os seus soldados, na esperança de que eles pudessem ganhar algum tempo até ele poder voltar ao combate.

Mas, a situação era grave. Kawaguchi e Akira estavam muito feridos, e as adagas de Lord já pareciam não surtir mais efeito no monstro. E a bela Atilat se ocupava de salvar a vida de Hydor, dando-lhe uma poção mágica antes que sua vida se extinguisse.

Akira lançou uma pedra no gigante, e ela explodiu, e um trovão ecoou na mata. Estrume e Kyrnynn ficaram atordoados com o estrondo provocado pela explosão da pedra-trovão do astrólogo. Então, Kawaguchi e Lord aproveitaram o momento e atacaram. O samurai se movia pelo chão na mesma velocidade que a adaga arremessada pelo halfling, até que sua lâmina encontrou o corpo da besta e abriu-o profundamente.

O sangue jorrava aos borbotões, e a dor tirou o monstro de seu estado de torpor. O monstro urrou ferozmente e sua clava encontrou o corpo de Kawaguchi. O samurai voou por muitos metros antes de finalmente despencar pesadamente no chão. Não era possível saber se ele estava vivo ou morto, mas seu estado era gravíssimo. Estrume avançou na direção de Nailo e Relâmpago, ignorando os ataques desferidos em seu imenso corpo. Os mísseis mágicos de Atilat explodiram em seu peito, e Estrume sorriu. A adaga de Lord enterrou-se profundamente no seu joelho gigantesco, e Estrume sorriu. O óleo atirado por Nailo se incendiou ao entrar em contato com a tocha do halfling, as chamas cobriam o corpo do gigante, e ele sorriu novamente. Relâmpago se aproximou, rastejando com dificuldade, Nailo tentava segurá-lo sem conseguir, colocou-se diante do gigante como um alvo imóvel e fácil, mas Estrume preferia comer carne de lobo. Em seu último golpe, a clava de Estrume despencou do céu, como um meteoro, sobre Relâmpago. O chão tremeu, e as árvores chacoalharam e choraram folhas e orvalho, uma enorme cratera surgiu no solo da floresta, cheia de sangue e pedaços de carne, os restos mortais do pobre lobo. E, ao ver os pedaços do animal escorrendo pela ponta de sua arma, Estrume salivou e novamente sorriu. E Kyrnynn entrou em desespero.

_ Nãããããão!!! Chega! Pare com isso Estrume! Pare! Não suporto mais isso! Chega de mortes! Não quero ver mais nenhuma morte pelas minhas mãos! Pare! Amigos, eu não suporto mais, eu lhes peço que me matem, e encerrem de uma vez por todas essa minha vida de assassinatos e de dor! – gritou o clérigo, sua voz era como um trovão em meio à tempestade. Nailo estava imóvel, apenas duas lágrimas escorriam de seus olhos e pingavam sobre as faíscas de sua arma, evaporando logo depois. Atilat, os soldados, Restik e os homens da vila, olhavam, atônitos, a trágica cena.

Então, o ranger ergueu sua cabeça, e seus olhos faíscavam de fúria, tanto quanto a arma forjada pelos anões de Khundrukar, que ele trazia na mão direita. Nailo desferiu um último golpe, silencioso e mortal, descarregando toda a dor que sentia. O estômago do monstro se abriu e se fechou instantaneamente pela ação da eletricidade da arma. Então veio o segundo ataque, com a espada curta, e a barriga do monstro se abriu novamente, e seu sangue e suas tripas se espalharam pelo chão da floresta, misturando-se ao que restava de Relâmpago.

Estrume soltou um último urro e calou-se. Kyrnynn agradeceu em um sussurro, com os olhos inundados, e o corpo do ettin tombou para nunca mais se levantar novamente. A batalha tinha finalmente terminado. Eles haviam vencido, e Kyrnynn estava agora livre de sua maldição. Mas, não havia o que comemorar, pois o bom amigo Relâmpago também perdera sua vida.

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