Capítulo 255 – Vila atacada
A longa viagem teve então início. Nailo tentava manter uma boa relação com seus soldados, desobrigando-os do tratamento formal que a hierarquia militar exigia, e dando-lhes liberdade. “Não precisam ficar me chamando de sargento! Só Senhor Nailo está bom, podem me chamar pelo nome!”, dizia ele. E quando algum soldado desejava se afastar do grupo, ou fazer algo que pudesse ser perigoso, ao invés de gritar ordens com autoritarismo, como faziam outras pessoas, ele tentava convencê-los a desistir através do diálogo. “Eu tenho mais experiência que vocês, e sei que isso pode ser perigoso! Como eu sou mais graduado, sou responsável pela segurança de vocês, então, é melhor vocês seguirem minhas instruções, pra não termos problemas! Quero levar todos vivos de volta pro forte, não se esqueçam disso!” explicava o ranger. “E não abusem da minha bondade! Eu estou lhes dando liberdade e deixando todos à vontade, não vou ficar gritando, nem dando ordens! Mas, se vocês me desrespeitarem, esse privilégios vão acabar e eu vou ser linha dura como o capitão Glorin!”, repetia ele. Assim eles cavalgaram, ou voaram, já que fazia parte do grupo o pequeno sprite Idor, uma pequena fada que costumava ajudar Kuran em seu jardim, e após cinco dias de viagem, o grupo de Nailo finalmente chegou ao esperado vilarejo de Forte Novo. E logo ao chegarem, já se depararam com problemas.
Forte Novo era uma pequena vila onde deviam morar algo em torno de umas cem pessoas, todas sobrevivendo da extração da madeira Tollon e do cultivo para subsistência. Havia poucas casa no lugar, e uma pequena parcela delas estava semi destruída. Os habitantes estavam em alvoroço, correndo desesperados de um lado para o outro em pânico. Havia animais soltos, igualmente assustados, alguns deles feridos ou mortos. E, muito longe de onde estavam os heróis, estava uma criatura enorme e assustadora, que vagava por uma trilha estreita além da vila, arrastando a carcaça de um animal para devorá-lo. Era um gigante, mas não um gigante comum, era um Ettin, um gigante de duas cabeças, duplamente cruel e selvagem, que fugia da vila após espalhar o medo e a destruição pelos aldeões. Vestia roupas de pele de alguma de suas refeições anteriores, e carregava um tronco de árvore que usava de clava.
Os soldados quiseram atacar o gigante de imediato, mas os rastros de sua destruição os impediam, pois havia um rio que cruzava a campina antes da entrada da vila, e a única ponte que dava acesso ao lugar estava destroçada. Sem perder tempo, Nailo disparou uma flecha para o alto, e ela subiu e desapareceu entre as árvores além da aldeia. Sua ação chamou a atenção de uma bela elfa que observava tudo perto da ponte caída, e ela ficou a olhá-los, curiosa. Pouco depois foi a vez do gigante também desaparecer, ocultando-se na vegetação. Se lhes restasse alguma dúvida quanto a estarem no lugar certo, após o incidente, ela já não mais existia. Já tinham visto o gigante que deveriam eliminar, restava agora encontrar uma forma de atravessar o riacho.
Era uma corrente d’água larga e veloz. De uma margem à outra existia uma distância de mais ou menos uns vinte metros, e a água agitada e turbulenta ficava pouco mais de dez metros abaixo de onde estavam os soldados. Nailo olhou em volta, não havia outras opções para atravessar a água, já que apenas resquícios da ponte tinham sobrado em cada margem. Destemido, e imprudente como sempre fora, decidiu atravessar a nado, desprezando as habilidades especiais de seus subordinados. Tirou sua armadura e equipamento, e saltou na água, ignorando a elevada altura que o separava do leito do rio, felizmente, seu mergulho foi perfeito e ele atingiu facilmente a metade da correnteza. Mas, a força da água começou a vencer a resistência de Nailo, e ele não conseguia subir para respirar. Também era arrastado rio abaixo, afastando-se aos poucos dos seus soldados. Nailo lutava contra a força das águas, quando recebeu ajuda vinda da vila. E elfa que os observava do outro lado, lançou uma corda na água, para ajudá-lo. Ele continuava a se debater na água, tentando alcançar a corda, seus soldados já começavam a se desesperar, quando ele finalmente colocou a cabeça para fora da água e, num impulso, agarrou a corda jogada pela elfa. Nailo alcançou a margem oposta são e salvo após um breve susto, mas não se dava por derrotado.
_ Não se preocupem! Eu só estava vendo a profundidade do rio! Mas, obrigado mesmo assim moça, pela ajuda! – disse ele, enquanto escalava o barranco. Quando estava já no mesmo nível que a elfa, ele continuou. – Muito obrigado! Eu sou Nailo, e você?
_ Sou Atilat! Prazer! – respondeu a moça.
Nailo se voltou para seus soldados, e a moça se afastou sem que ele percebesse. Pediu a Idor, o sprite, para que trouxesse suas coisas para a outra margem. Mas, como com seus trinta centímetros de altura, o pequeno ser voador seria incapaz de realizar a tarefa, coube a Akira atender ao pedido do sargento. Akira era um soldado de ascendência tamuraniana, que gozava de poderes arcanos que, segundo ele, vinham das estrelas. Ele se autodenominava um astrólogo, um estudioso dos movimentos das estrelas, e dizia que era através desse estudo que desenvolvera suas habilidades. Entre elas, estava a habilidade de voar, uma quantidade de tempo diária limitada pelo seu vigor físico. Assim, Akira usou a habilidade herdada dos seus ancestrais do Império de Jade, e voou até o outro lado do rio com o equipamento de Nailo.
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