Por mais algumas centenas de metros eles avançaram floresta adentro, seguindo os invisíveis rastros que somente Nailo era capaz de detectar e compreender. Num local onde a vegetação se abria num pequeno vazio oval, ouviram um chamado, uma voz firme que vinha do alto.
_ Ei vocês! Ajudem-me aqui! Depressa! – era uma voz feminina, mas de tom rude que mais exigia do que pedia por auxílio. Todos se voltaram para cima, e puderam ver uma elfa jovem pendurada de cabeça para baixo com uma das pernas presa a uma corda que subia ruma às copas das árvores. – Parem de ficar ai só olhando. Tirem-me logo daqui! – gritou novamente. Seu corpo balançou para um lado, exibindo suas formas. Era um corpo belo, bem esculpido e bem cuidado, metido em uma armadura de escamas metálicas que se moldava com graça a cada curva do corpo. Uma vasta cabeleira cor de mel esvoaçava a cada movimento de sua dona.
_ É a minha irmã. Uma chata. – sussurrou Lucano para seus companheiros.
_ Eu ouvi isso, seu idiota! – berrou a elfa.
Legolas bufou, irritado, e preparou seu arco. Orion se posicionou sob a irmã de Lucano com os braços preparados para pegá-la.
_ Esperem! – gritou Seelan. Gesticulou com os dedos e murmurou palavras arcanas. Seus olhos emitiram um brilho suave, quase imperceptível. – Agora sim, Legolas. Pode cortar a corda.
A flecha zuniu no ar, gotejando flocos de neve e cristais de gelo. A corda se partiu e a jovem caiu, suavemente. Desceu como uma pluma que, solta, flutuasse com graça nas correntes de ar, ziguezagueando de um lado para outro até pousar delicadamente nos fortes braços de Orion. Seelan suspirou alto e sorriu para o guerreiro.
_ Ponha-me no chão, seu abusado! – a jovem saltou dos braços do guerreiro, quase o agredindo. Conferiu uma espada em uma bainha que pendia do cinto e gritou ordens para o grupo. – Vamos logo! Não fiquem parados ai! Temos que encontrar logo os trolls e resgatar as crianças!
_ Já sabemos disso e já estaríamos nos calcanhares deles se não tivéssemos tido que perder tempo para ajudar alguém sem educação e muito mal agradecida. Antes de qualquer coisa, diga-nos o seu nome. – disse Anix, com rispidez.
_ O nome dela é Luise, é minha irmã. – respondeu Lucano.
_ Eu posso falar por mim mesma, sua besta. E até que enfim você retornou para cuidar de sua mulher, seu maricas. Eu sou Luise, como você já sabe. E vocês, seus inúteis, quem são?
_ Inútil não! Olha como fala comigo, tenha mais respeito! Meu nome é Anix e esses são meus amigos, Nailo, Legolas e meu irmão Squall. Aquele é Orion e esse é Seelan, nosso capitão!
_ Grande porcaria! - debochou Luise.
_ Ah é?! Grande porcaria é você que caiu nessa droga de armadilha de troll. Só os idiotas caem nesse tipo de armadilha! – retrucou Anix.
_ Bem...eu...é....ora, vamos parar de perder tempo aqui! Temos crianças a salvar, vamos parar com essa conversa toda e vamos agir! – o rosto da elfa ficou ligeiramente corado, ela gaguejou por um momento, mas logo depois voltou a gritar. Todos sorriram como se tivessem vencido uma batalha.
Luise parecia odiar tudo e todos, ou quase. Apenas seu pai escapava de sua fúria, e de ser retalhado por sua grosseria. Squall tentou acalmá-la, usando Cloud para tentar sensibilizá-la mas, ela se assustou com o pássaro e quase o atacou. Legolas tentou intimidá-la, usando seu falso título de general e a ajuda de Seelan, mas também não teve sucesso. Seelan usou toda sua diplomacia e seu ar de nobreza, adquirido no convívio com Vectorius, mas apenas teve sua masculinidade questionada. Apenas Nailo pareceu ganhar, senão respeito, ao menos a indiferença da jovem. Desistindo de tentar torná-la menos desagradável, ou pelo menos fazê-la retornar para a vila, o grupo seguiu adiante, com uma nova e indesejada integrante.
Pouco mais à frente, Nailo parou para decifrar os rastros deixados pelos trolls. Todos, em especial o senhor Anakin, prestavam atenção ao trabalho do rastreador. Anix, na retaguarda do grupo, afastou-se dos demais enquanto esperava. Enquanto caminhava, pisou em algo, um galho talvez, que estalou e se partiu. E num piscar de olhos, sua perna esquerda foi laçada e seu corpo puxado para o alto. Era outra armadilha, dessa vez era Anix quem estava pendurado de cabeça para baixo.
_ Ajudem-me! – gritou Anix. Squall correu para ajudar o irmão, ficando sob ele com os braços abertos. Legolas cortou a corda com um disparo de seu arco e o mago despencou sobre o irmão. Ambos se levantaram, limpando-se e levemente atordoados. Luise se aproximou lentamente, como uma serpente preparando o bote.
_ Sabe, - disse ela rindo ao mago – até que você fala alguma coisa que preste de vez em quando. Os idiotas sempre caem nessas armadilhas ridículas. Quero só ver qual de vocês será o próximo.
_ Cala essa boca, sua vaca! Ou eu vou explodi-la em pedaços! – disse Anix enfurecido.
_ Quietos! Parem com isso já! – disse Nailo. – Já sei pra que lado os trolls foram. Sigam-me! – A discussão terminou e todos seguiram adiante.
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