fevereiro 03, 2009

Capítulo 336 – Perigo nas copas


Legolas e Anix despencaram, atravessando a copa de uma árvore imensa que crescia no fundo do abismo. A vassoura cada vez mais distante, assim como a chance de escaparem com vida. Mas Nimb lhes sorrira naquele dia. Os galhos passaram com velocidade assombrosa e acabaram. Então vieram os cipós. Dezenas, centenas de cipós pendiam sob a copa da árvore, grossos como cordas. Os dois elfos chocaram-se com a rede de cipós e pararam de cair. Estavam pendurados. Ainda meio zonzos viram quando os inimigos surgiram, lançando-se do paredão do abismo, asas abertas, em direção a eles. Répteis voadores, dinossauros alados.

Não longe dali, Orion e Lucano chocaram-se em um colchão duro de galhos finos e folhas. A copa da árvore onde estavam era compacta como um espinheiro. Os dois rolaram sobre os galhos e despencaram mais alguns metros, pousando sobre algo estranhamente macio. Estavam em um ninho gigante, construído com folhas, galhos e penas. Diante deles havia uma ave imensa, grande como um cavalo, de penas brancas como neve. Uma coruja gigante. Ao lado dela outra coruja, menor, tamanho normal. Era um filhote, ou uma espécie comum de coruja, também alva. Por toda a volta estavam os inimigos. Dinossauros bípedes, do tamanho de cavalos, de pernas musculosas e flexíveis, braços delgados e dedos ágeis. De cada pé brotava uma grande garra, curva e longa como uma foice e tão afiada quando a melhor das espadas. Uma dezena deles cercava as corujas, Orion e Lucano.

Um pouco afastado, em outra árvore, Nailo, Squall, Cloud e Relâmpago terminaram sua queda em um galho grande como uma estrada. Levantaram-se verificando os ferimentos uns dos outros quando sentiram uma respiração. Um dinossauro, idêntico aos que cercavam Orion e Lucano, os observava. O monstro emitiu uma série de gritos agudos e em poucos segundos os aventureiros estavam cercados por uma dezena daqueles monstros. Salivavam enquanto batiam as garras de foice contra o tronco da árvore em provocação, um deles trazia nas garras uma coruja morta, um petisco. E desejavam o prato principal. Atacaram.

Legolas soltou-se dos cipós e lançou-se no vazio quando o animal voador o atacou. O bico cheio de dentes atingiu-lhe a perna, abrindo um rasgo largo. Agarrou-se ao bico do animal e girou numa cambalhota por sobre sua cabeça, pousando em suas costas. Sacou a espada e começou a golpear a nuca da fera enquanto a cavalgava.

O segundo monstro voou para Anix. O mago evocou uma magia e uma rede de teias de aranha surgiu diante da criatura. O dinossauro começou a despencar enquanto se debatia para se libertar das teias. Anix se jogou da árvore sobre o animal que caia. Foi atingido pelo terceiro que vinha logo atrás. O bico dentudo rasgou-lhe as costas mas não o agarrou.

_ Liafalmia!­ – gritou Anix, ordenando que a vassoura retornasse a ele, no idioma dos dragões. O objeto mágico voou até seu mestre em um segundo. Anix montou e foi até Legolas, resgatando-o de cima de um dos monstros. Legolas embainhou a espada e pendurou-se de cabeça para baixo na vassoura. Preso apenas pelas pernas, deixou as mãos livres para atacar. Suas flechas zuniram no céu escuro e cravaram-se no couro de um dos animais alados.

Os monstros retornaram fazendo uma inversão veloz no ar e os atacaram novamente. Seus bicos denteados rasgaram os dois elfos, criando um jorro de sangue precipício abaixo. Anix revidou usando o cajado mágico que ganhara de Coração de Gelo. Cuspiu uma baforada de fogo mágico sobre um dos inimigos. Com a pele toda enegrecida e queimada, a criatura tentou fugir, mas uma flecha certeira de Legolas atravessou seu crânio, explodindo-o completamente e encerrando a vida do animal.

_ Legolas! – gritou Anix. – Lá estão o Squall e o Nailo!

_ Vamos até lá, então! – respondeu o arqueiro.

Anix comandou a vassoura na direção dos amigos que lutavam contra uma dezena de monstros. A última fera alada ainda os perseguia e era alvejada por Legolas incessantemente. Quando sentiu suas forças se esvaindo e percebeu que não teria chances de lutar, a criatura tentou fugir. Mas, já era tarde para isso. Legolas continuou disparando flechas até que não restasse em seu encalço nada além de um cadáver todo perfurado e congelado em queda rumo ao fundo do abismo. Sem mais nada os ameaçando, Anix aumentou a velocidade da vassoura.

Nailo e Squall dispararam suas armas contra os monstros. Falharam. Não havia mais cargas nas armas e haviam descoberto isso da pior forma, já que aquele goblin maldito de quem tinham tirado as pistolas não havia deixado um bilhete indicando quanto de munição cada arma ainda possuía. Os monstros saltaram sobre eles, espumando selvageria. Garras e dentes rasgavam os corpos dos elfos com facilidade, o sangue jorrava farto. Nailo largou a pistola no chão de madeira e pegou as espadas. Cortou o couro dos inimigos com ferocidade e seus corpos começaram a despencar da árvore, sem vida. Squall encostou no amigo e recitou um feitiço. As chamas explodiram a um passo de distância, incinerando meia dúzia de répteis.

Restavam apenas dois inimigos cercando os aventureiros. Nailo avançou rapidamente contra um deles, sem dar-lhe tempo para reagir. Suas espadas retalharam o monstro que despencou para a escuridão aos pedaços. Às suas costas, Squall sacou uma espada e a energizou com poder arcano. Desferiu um golpe ascendente no adversário restante. A espada abriu uma fenda profunda no peito e pescoço da criatura, e a energia mágica acumulada explodiu na forma de luz, queimando o interior do animal. O último dinossauro foi juntar-se aos companheiros no fundo do penhasco.

Squall transformou-se em dragão, Nailo agarrou Relâmpago e subiu em suas costas. Os três, acompanhados de perto por Cloud, foram ao encontro de Anix e Legolas.

_ Vocês estão bem? – perguntou Legolas.

_ Sim, estamos – respondeu Nailo. – Vamos procurar pelo Lucano e pelo Orion.

_ Vão vocês – disse Anix. Nós vamos subir até o alto do penhasco. Criarei uma luz mágica para que vocês possam nos encontrar.

A noite já se fazia presente e as primeiras estrelas despontavam no céu. Anix voou com Legolas para o alto do abismo, enquanto Squall e Nailo desceram em busca dos companheiros restantes. Das costas de Squall, Nailo avistou os amigos lutando contra uma dezena de feras sedentas de sangue.

_ Lá estão eles, Squall. Naquela árvore! Vamos ajudá-los! – disse Nailo. Squall bateu suas asas rubras e voou na direção indicada pelo amigo.

Na árvore, Orion avançou em direção aos monstros. Partiu o pescoço de um com a espada e foi logo cercado por outros. Garras e presas penetraram na sua carne, sua armadura tingiu-se de rubro. O guerreiro continuou cortando em círculo e um a um os dinossauros foram tombando ao seu redor.

Na borda do ninho, Lucano disparou, de forma semelhante aos companheiros, a sua arma elétrica contra os inimigos. Errou. O gancho fincou-se no tronco da árvore, muito acima de seus alvos. Os dinossauros saltaram sobre ele e começaram a devorá-lo vivo.

_ Dililiümi, ajude-me! – sussurrou o clérigo. Lucano se jogou do galho onde estava, indo se chocar contra outro logo abaixo. A arma goblin se desprendeu da árvore enquanto ele caia e a espada mágica usava seu poder secreto para incendiar os adversários acima em uma explosão de chamas.

A coruja gigante também lutava, enquanto sua companheira menor se esquivava com dificuldade das investidas dos monstros. A ave maior bateu suas asas e ergueu seu belo corpo enquanto atacava com suas patas e bico. Arrancou a cabeça de um dos dinossauros, deixando seu corpo despencar para a escuridão abaixo.

Orion passou por trás da gigantesca ave, circundando-a. Assustada, a coruja atacou o guerreiro com suas garras, mas não conseguiu atingi-lo. O humano ignorou o ataque oportuno do pássaro e atacou um dos répteis. Um talho preciso atravessou o pescoço do adversário e seu cadáver caiu para as profundezas. O guerreiro aproveitou o impulso do golpe para atingir o outro dinossauro que se encontrava ao lado do primeiro. A ponta da espada penetrou fundo no dorso do animal que por pouco não desfaleceu pela perda demasiada de sangue.

Lucano recitou uma prece e seu corpo cresceu até ficar do tamanho de um ogro. O clérigo deu um salto para o alto e retornou para dentro do ninho a tempo de ver os dois dinossauros restantes atacando Orion e a coruja gigante. As garras dos animais batiam na armadura do humano sem lhe infligir qualquer mal, mas foram capazes de abrir profundos rasgos na ave e jogá-la ao chão, ofegante e sangrando em profusão.

Orion decapitou o monstro que ferira antes e golpeou o último adversário no mesmo ataque. O réptil cambaleou quase despencando da árvore, agarrando a um mísero fiapo de vida. De seu pescoço, agora aberto, o sangue jorrava farto e era possível ver uma ponta de osso trincada por entre a carne pulsante. Em um último esforço, a criatura projetou seu corpo adiante para um derradeiro ataque. Mas Lucano o surpreendeu, surgindo por trás da coruja e tocando sua cabeça com a mão carregada de energia mágica. Uma mancha negra surgiu no alto do crânio do dinossauro, ele tossiu e balançou o corpo de forma desajeitada, como se estivesse atordoado, como se tivesse sido envenenado. E tinha.

A criatura ainda conseguiu reunir uma nesga de energia em seu corpo e atacou uma vez mais. Um de seus ataques desajeitados e já sem força apenas feriu de leve a perna de Lucano, todas as outras tentativas de cravar garras e dentes nos heróis foram facilmente evitadas por eles. Sem forças, e quase sem vida, o monstro começou a recuar, em direção à ponta do galho em que se encontrava. Orion ergueu a espada para fazer um novo ataque, totalmente desnecessário naquele momento, mas não foi necessário. Squall acabava de chegar, cuspindo fogo sobre o réptil e encerrando o combate.

Um comentário:

  1. Anônimo8:10 AM

    Amigo, curiosamente, achei seu Blog por acaso no Google e tenho lido bastante.
    Gostaria de trocar experiências, sequiser pode ou pelo forum que o meu grupo usa (http://ctq.proboards.com/) ou pelo msn (gustavo_lobo_87@hotmail.com).
    Até mais.

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