dezembro 08, 2006

Capítulo 249 – Inocentes ou culpados?

Capítulo 249 Inocentes ou culpados?

Legolas mandou que todos retornassem as suas casas e disse que ele escolheria os que o acompanhariam na viagem e os avisaria em suas casas. Quando todos se recolheram, mandou uma flecha com uma mensagem para Logan, para que ele vigiasse mais atentamente os moradores das casas em que eles haviam encontrado os itens do gigante.

Depois, juntamente com Bolor, o grupo foi até as casas onde estavam as peças roubadas e convocaram o líder de cada uma delas. Eram eles: Morim Picktwister, Bairin Gauntlesmith, Dwain Chiselback, Ovin Rockback, Bain Orefinger e o próprio Bolor Trollback. Também foram convocados para a viagem Morur Platetearer e Dak Firehead, os dois combatentes da vila que os haviam ajudado a fazer o reconhecimento do local quando ali chegaram. Além destes, Buluk Groundwright também foi convocado para servir de testemunha, junto com Dak e Morur, e contar ao povo da aldeia o que aconteceria na caverna de Ramassin.

Todos reuniram seus equipamentos e prepararam-se para a viagem. Partiram por volta das 14 horas e chegaram à montanha de Ramassin quando o sol já se deitava no horizonte. Takezo e Druidick ficaram na vila, vigiando os anões, já que não tinham certeza se eles eram honestos ou se todos faziam parte do roubo do tesouro, e também para proteger a vila em caso de ataque. Quando chegaram diante da entrada da caverna de Ramassin, Legolas apeou e todos repetiram o gesto. O arqueiro então pegou os itens roubados e começou a interrogar os anões.

_ Bem, agora que estamos aqui, vou contar a verdade! Não existe Noruega nenhum! Quem está atacando a vila são os monstros de Ramassin! Ele faz isso porque roubaram o tesouro dele! E quem fez isso foram vocês! Os outros estão aqui para testemunhar o que vai acontecer! – gritou Legolas, apontando para os acusados.

Todos ficaram espantados, como se não soubessem do que se tratavam as palavras de Legolas.

_ Mas do que está falando? Nós não roubamos nada! Não somos ladrões! – disseram os anões.

_ Estamos falando disso aqui! – Eldon mostrou o tesouro, e contou onde cada um dos objetos havia sido encontrado, dentro das casas de cada um ali presente.

_ Mas...nós não sabemos o que são essas coisas, nunca as vimos antes! Não somos ladrões! – respondeu Bolor, sua voz demonstrava que ele estava confuso, como se não soubesse de nada mesmo, ou como se soubesse blefar muito bem.

_ Como não? Nós encontramos essas coisas nas suas casas! – disse Legolas.

_ Talvez não tenham sido eles, sargento! Alguém pode ter roubado e colocado as coisas lá! – disse Logan.

_ Isso, as mulheres! Devem ter sido elas! – deduziu Eldon.

_ QUEM ESTÁ AÍ? AH SÃO VOCÊS? ONDE ESTÁ MEU TESOURO? E OS LADRÕES? SÃO ESSES AI EMBAIXO? – a voz de Ramassin ecoou pelas montanhas como um trovão, calando a todos. Quando olharam para trás, viram que o gigante já saia de dentro de seu covil.

Assustado, Kaen Blaco apontou para os anões acusados, tanto por medo como por crueldade. Ramassin não teve dúvidas e os apanhou com sua poderosa mão, segurando todos pendurados pelas roupas. Os heróis, com a ajuda de Logan, tentaram contornar a situação.

_ Calma, esses não são os ladrões! Vieram apenas para testemunhar e reafirmar o tratado de paz com você! E nós trouxemos o seu tesouro de volta! Agora solte-os e vamos conversar! – Logan gritava para que sua voz alcançasse os ouvidos de Ramassin, traduzindo as palavras de seus companheiros e as suas próprias.

_ Mas por que ele apontou para esses anões sujos quando eu perguntei quem eram os ladrões? – perguntou o gigante, apontando para Kaen Blaco.

_ Ora, ele devia estar dizendo que eles são inocentes! Além disso, ele é meio estúpido, não ligue para ele, sua cabeça não funciona direito! – disse Logan.

_ Então os ladrões são os outros três? Vou matá-los! – gritou o gigante.

_ Não! Eles não são ladrões não! Ninguém aqui é! Olha, vamos entrar na sua caverna pra podermos conversar melhor! Já está ficando escuro aqui! – disse o soldado, salvando por pouco os outros três da morte certa.

_ Está bem! Venham então! – e o gigante entrou em sua caverna, carregando os anões, e seguido pelos heróis.

Lá dentro, o gigante soltou os anões no chão e exigiu explicações do grupo. Desejava saber quem eram os ladrões e onde suas coisas estavam. Ramassin deixou claro que degolaria um a um os ladrões com seu gigantesco machado. Legolas inventou uma estória para tentar enganar Ramassin, pois não queria arriscar acusar os anões sem ter certeza absoluta de que eram eles os ladrões. Logan traduzia tudo para o gigante, tentando usar toda sua persuasão para convencê-lo a esquecer o episódio. Disse que um outro grupo, composto por humanos, elfos e um meio-orc, havia sido visto perto dali pelos anões. Esse suposto grupo teria roubado o tesouro de Ramassin e o abandonado no bosque perto de Cold Valley, onde Legolas e seus soldados o teriam encontrado.

_ MENTIRA!!!! Eu vi pegadas, pegadas de anões, que iam na direção da vila dos anões, no dia em que meu tesouro foi roubado! Ou vocês me dizem quem roubou o tesouro, ou matarei todos os anões! – gritou Ramassin enfurecido.

_ Mas você não precisa matar ninguém! Seu tesouro já foi devolvido, e agora tudo pode voltar ao normal! – disse Logan.

_ Não! Eles já me roubaram uma vez, e irão me roubar novamente! Por isso vou matar todos eles, caso os verdadeiros ladrões não sejam encontrados! – respondeu o gigante. Ramassin recolheu o tesouro trazido pelos heróis e colocou item por item em sua prateleira de gelo. Todos menos o anel, que ele colocou em seu dedo, ficando invisível em seguida. Depois ele retirou o anel, voltando a ficar visível, e o pendurou em seu pescoço com uma corrente.

_ Bom, então nós iremos encontrar esse grupo de ladrões e o traremos aqui! Se é só isso que você quer, nós o faremos e tudo voltará ao normal! – disse Legolas, e Logan traduziu para Ramassin.

_ Sim, tragam-me os ladrões e eu não incomodarei mais os anões! – respondeu Ramassin.

Legolas sorriu e cochichou com seus companheiros, expondo o plano que acabara de bolar.

_ Conseguimos ganhar mais um pouco de tempo! Bolor, você jura por Belugha que não roubou o tesouro dele? Todos vocês juram? – perguntou Legolas.

_ Sim! Juramos! – responderam os anões.

_ Bem, então retornaremos para a vila, e depois iremos até o forte! Lá nós conversaremos com Glorin pra ver se ele pode nos ajudar a resolver isso! Caso ele não consiga, pegaremos alguns presos condenados e os entregaremos ao gigante para saciar sua sede de vingança! – disse o arqueiro.

Tudo estava quase resolvido, restava agora um único detalhe, eles deveriam enfrentar o frio da noite na viagem de volta para Cold Valley. Logan conversou com Ramassin, novamente implorando para ele permitisse que o grupo passasse a noite ali. Surpreendentemente, desta vez ele concordou.

_ Está bem! Durmam ai pelo chão, e partam logo que o sol nascer! – disse o gigante.

Os heróis se acomodaram pelo chão gelado da caverna, comeram suas rações e se aqueceram como puderam, até que caíram no sono. Quando o sol nasceu, no décimo sétimo dia de pace, um kalag, o grupo pôs os pés na estrada e partiu para a vila dos anões.

Algumas horas depois, chegaram à vila e, sem perder tempo, começaram os preparativos para partirem para o forte Rodick. Os soldados pegaram seus equipamentos, enquanto que Bolor e os demais anões suspeitos reuniram suas famílias e pertences para a viagem que fariam.

Enquanto todos se aprontavam, Eldon interrogava as mulheres, para saber se suas suspeitas estavam corretas. O pequeno halfling acreditava que as mulheres eram as responsáveis pelo roubo sem seus maridos saberem. Mas, assim como Bolor e os outros acusados, todas as mulheres afirmavam desconhecer qualquer coisa sobre o tesouro roubado e demonstraram espanto ao saber que em suas casa haviam sido encontrados itens que faziam parte do tal tesouro.

Logan tentava encontrar alguma pista também. Conversou com todos, perguntando quem havia estado fora da vila na data em que o tesouro fora roubado. A resposta só o deixou mais confuso. Os anões que haviam ido até a montanha eram os únicos que haviam se ausentado, saindo para caçar no bosque. Além deles, outro anão havia participado da caçada, Dorain Cavernhand, de modo que Logan começou a suspeitar dele também.

O tempo corria contra eles, e a trama só se complicava ainda mais. Mas, ao menos Legolas tinha uma certeza. Glorin conseguiria resolver aquele problema. O anão já havia negociado um tratado de paz com o gigante no passado e certamente daria um jeito na atual situação. Essa era a esperança do jovem sargento, e de todos os moradores do vilarejo de Cold Valley.

dezembro 07, 2006

Capítulo 248 – Investigação na vila dos anões

Capítulo 248 Investigação na vila dos anões

Por volta das 10 da manhã os heróis finalmente chegaram a Cold Valley com um plano em mente. Reuniriam todos os habitantes da vila na casa de Bolor, o líder local, e inventariam uma estória qualquer para distraí-los enquanto parte do grupo ficaria encarregada de investigar as casas em busca do tesouro roubado de Ramassin. E assim eles fizeram.

Legolas, Druidick, Kaen, Trevor, Eldon e Takezo entraram na vila reunindo todos os anões, tirando-os de suas tarefas para levá-los para a casa de Bolor. Disseram que precisavam reunir todos o mais rápido possível, para comunicar o que haviam descoberto na investigação e disseram também que a situação era grave. Sem entender o que acontecia, os anões foram aos poucos abandonando suas tarefas e suas casa e se dirigiram para a cabana onde Bolor e sua esposa viviam. Logan observava tudo de fora da vila, distante o suficiente para não ser visto, mas perto o bastante para vigiar os anões.

Quando todos estavam reunidos na cabana, Legolas começou a falar. Disse que a situação era grave, e que talvez todos tivessem que abandonar a vila. Os anões ficaram irrequietos com a notícia, e o arqueiro tentou tranqüilizá-los dizendo que ele iria observar os anões durante algum tempo para encontrar uma resposta. Resposta essa que seria dada à pessoa responsável pelos ataques dos monstros e que controlava as criaturas. De acordo com a resposta encontrada por Legolas, os anões não precisariam fugir de Cold Valley.

_ Agora eu irei falar com essa pessoa! Enquanto isso, meus soldados ficarão aqui e contarão em detalhes tudo que aconteceu na nossa viagem! Enquanto eu estiver tentando negociar com essa pessoa, vocês deverão permanecer aqui na casa do Bolor, e não deverão ir lá fora, não importa o que aconteça! – disse legolas, saindo da cabana acompanhado de Druidick. – Druidick! Quero que você volte lá pra dentro e conte pra eles tudo que nos aconteceu enquanto estivemos fora, mas não mencione nada sobre Ramassin! E demore o máximo de tempo possível, pra nos dar tempo de revistar todas as casas! – continuou.

_ Certo, sargento! Mas o que eu falo então? – perguntou o druida.

_ Invente qualquer coisa! Só o que me importa é que você demore bastante tempo e que não deixe ninguém sair de dentro dessa casa até eu disser que está tudo bem! - concluiu Legolas, Druidick concordou com a cabeça.

Quando os dois se viraram, perceberam que Bolor estava do lado de fora da casa, ouvindo a conversa, ou ao menos parte dela. O anão estava confuso, sem entender o que acontecia. Legolas o tranqüilizou, dizendo que precisava manter todos em segurança, até que ele conseguisse cumprir sua missão, e pediu para Bolor confiar nele e ajudá-los. O anão concordou, mesmo sem entender o que se passava, tanto por não ter outra opção, quanto por saber que Legolas havia sido enviado por Glorin, em quem ele e toda a vila confiavam plenamente.

Druidick e Bolor entraram, enquanto Legolas, Takezo e Eldon partiram de casa em casa procurando pelos pertences de Ramassin. Lá dentro, Druidick inventou uma estória controversa, dizendo que um outro gigante, que não era Ramassin, mas sim um tal Noruega, controlava os animais e queria destruir a vila. Os aldeões ficaram em pânico ao saber da existência de outro gigante além de Ramassin e por pouco a situação não ficou fora de controle. Felizmente, com a ajuda de Bolor, e as distrações criadas por Kaen Blaco, eles conseguiram acalmar a situação e dar a Legolas todo o tempo que ele precisava. Enquanto um grupo revistava as casas, e Druidick contava sua estória confusa, Kaen atormentava a todos com seu estômago, até que Belala, a esposa de Bolor, concordasse em preparar a hidra para ele comer.

Lá fora, as coisas pareciam mais produtivas. Legolas encontrou a safira e a ametista de Ramassin, em duas casas diferentes. Eram duas jóias grandes como uma mão e brilhantes como estrelas. Estavam mal escondidas, parecia que os anões estavam certos de que ninguém descobriria o roubo delas. Uma estava amarrada embaixo de uma poltrona de madeira de uma casa, e outra estava dentro de uma gaveta de uma penteadeira, guardada sem grandes cuidados para ocultá-la.

Eldon localizou duas das três estátuas, a de Khalmyr e a de Tanna-toh. Eram imagens de ouro puro, com quase trinta centímetros de altura. Uma estava oculta dentro de um vidro de perfume com um fundo falso, e a outra em um baú de outra casa, sob as roupas do dono da casa.

Takezo apareceu em seguida, carregando a última estátua na mão. Entregou o objeto para Legolas e todos voltaram a investigar. Quando se encontraram novamente, o samurai estava com um bracelete de ouro, que na verdade era o anel de Ramassin. Onde o samurai havia encontrado os objetos, ninguém jamais soube, já que ele era mudo e surdo e não podia falar onde havia conseguido as pecas. Legolas pediu a Trevor que usasse seu poder para ver se havia magia no anel do gigante. E a resposta foi positiva, confirmando que o item era de fato o anel mágico do gigante. Faltava apenas o diamante, e apenas dois lugares para revistar, a casa de Bolor e o estábulo.

Como não encontraram nada no estábulo nem nas outras casas, restava agora investigar a casa do líder da aldeia. Takezo permaneceu no celeiro com os cavalos, vigiando os tesouros encontrados, enquanto Legolas e Eldon voltaram para a casa de Bolor. No meio do caminho, encontraram Druidick, que contou a Legolas tudo que ele havia dito ao povo da aldeia, para que o sargento não dissesse nada contraditório.

_ Muito bem pessoal! Acho que está quase tudo preparado! Só está faltando uma pequena coisa pra conseguirmos completar a missão! Peço a todos vocês que me acompanhem lá fora, para que eu explique melhor a situação! – anunciou o sargento a plenos pulmões.

_ Bolor! Eu comi alguma coisa estranha no meio da viagem e não estou me sentindo muito bem! Será que eu podia usar o seu banheiro? – pediu o esperto Eldon, fingindo uma dor de barriga.

_ Claro que sim! É só subir as escadas! – respondeu Bolor, enquanto conduzia todos para fora, como Legolas havia pedido.

Assim, todos foram para a rua, ouvir o que Legolas tinha pra dizer. Enquanto isso, Eldon aproveitava para procurar a peça que faltava do tesouro roubado, e Kaen Blaco se dirigia para a cozinha.

_ Ô anã! Cadê minha hidra? Tá pronta? – gritou o meio-orc, rude como sempre.

_ Ainda não, quase! Mais uns vinte minutos assando e estará pronto! – respondeu Belala.

_ E é só deixar ai no fogo e esperar? – perguntou Kaen Blaco.

_ Sim!

_ Ótimo! Então você não precisa ficar aqui dentro! Vamos lá pra fora, o sargento está chamando! – e Kaen Blaco agarrou a anão pelo colarinho e a carregou para fora da cozinha. Dessa forma, e deixaria o caminho completamente livre para que Eldon investigasse. Era a primeira coisa inteligente que o meio-orc fazia em toda a missão.

Belala começou a gritar e a bater em Blaco, irritada com sua estupidez. Quando estava perto da porta, e quando percebeu que as pessoas de fora estavam vindo ver o que acontecia e ajudar a anão, Kaen a soltou no chão e disfarçou. Bolor entrou, junto com Legolas, ouvindo as queixas de Belala. Legolas tentou acalmá-la, mas coube a Blaco a tarefa de tranqüilizar a situação.

_ Ô Bolor! Peido pesa? – perguntou o bárbaro.

_ Eu acho que não! – respondeu o anão.

_ Xi...então eu acho que sujei minhas calças! – riu Blaco.

Todos fizeram uma cara de nojo, e esqueceram da brutalidade de Kaen com Belala e foram pra fora. Felizmente, a neve que o meio-orc havia comido havia tido um efeito devastador em seu intestino e provocado o nauseante incidente, fazendo com que Kaen Blaco fosse considerado apenas um mero idiota.

Do lado de fora da casa, Legolas anunciou que iria negociar a paz com o novo gigante e que escolheria um grupo de aldeões para acompanhá-lo e para firmar o tratado de paz com o gigante, o que provocou suspiros de alívio na vila toda.

Enquanto isso, lá dentro, Eldon guardava em sua calça um enorme diamante, do tamanho de um punho, que ele acabara de encontrar largado com desprezo embaixo de um criado-mudo, no quarto onde Bolor e sua esposa dormiam.

Capítulo 247 – Soterrados

Capítulo 247 Soterrados

O décimo sexto dia de pace, um morag, raiou, frio como era costume nas Uivantes. O sargento Legolas foi primeiro a se levantar, indo até a porta a fim de sair e se exercitar. Mas, ao girar a maçaneta, ele percebeu que algo estava errado. A maçaneta estava fria, e a porta toda úmida. Além disso, ela não se abria, por mais que o arqueiro forçasse. Estava completamente emperrada, congelada, provavelmente.

Legolas foi até uma das janelas e tentou abri-la, também em vão. Começava a ficar preocupado com aquela situação. Sem hesitar, começou a esmurrar a janela, tentando arrombá-la. As pancadas chamaram a atenção dos demais soldados, que acordaram. Kaen Blaco pegou seu potente machado e se dirigiu até a janela. Afastou Legolas com uma das mãos, depois segurou a arma firmemente e desferiu um golpe forte na janela. A madeira se rompeu em vários pedaços, ficando completamente destruída. Então, uma grande quantidade de neve jorrou de fora para dentro, como uma cascata, atingindo o peito do meio-orc e atirando-o ao chão. As pernas de Blaco ficaram soterradas pela neve que invadia o recinto. Legolas o ajudou a levantar e finalmente pode entender a gravidade da situação. Estavam soterrados. A nevasca da noite passada havia encoberto toda a cabana criada pela magia de Trevor.

Legolas pegou o escudo de Druidick e com ele pôs-se a cavar um túnel para fora dali. Eldon arrancou uma ripa de madeira que compunha o estrado de uma das camas e perfurou a neve, tentando encontrar a luz do sol. Mas, só o que o pequenino viu foi mais e mais neve. A situação não era nada boa. Eldon e Takezo começaram a cavar, enquanto Kaen Blaco e Logan tentava destruir o teto em busca de uma saída daquele inferno gelado. Legolas andava de um lado para outro, tentando pensar em alguma solução. Druidick e Trevor estavam atônitos, sem saber o que fazer.

Eldon percebeu que cavar um túnel com as ferramentas que possuía seria por demais difícil, e decidiu procurar outra forma de escaparem. O halfling foi até a chaminé e enfiou-se no apertado buraco que conduzia para cima, onde ele via a claridade da manhã.

Então, Legolas teve uma idéia. Chamou Trevor num canto afastado dos demais e expôs o seu plano.

_ Trevor, você consegue dissipar a magia e fazer a casa desaparecer? – perguntou Legolas, sussurrando.

_ Sim, sargento! – respondeu o mago.

_ Então faça isso ao meu sinal! – disse o arqueiro.

Trevor ficou espantado com a decisão de Legolas, mas o sargento o tranqüilizou, dizendo que a neve permaneceria compactada no formato das paredes. Trevor acatou a decisão de seu superior, mesmo temeroso.

Legolas reuniu todos os soldados no centro do abrigo. Teimoso como sempre, Kaen Blaco preferiu ficar perto da porta, enquanto Eldon ainda tentava escalar a chaminé. Ao sinal de Legolas, Trevor pronunciou a palavra mágica que desativava a magia do pergaminho dado por Seelan, fazendo com que a casa desaparecesse em pleno ar. Raízes, terra e pedra retornaram ao solo, em suas formas originais

Em seu lugar, ficaram quatro paredes de neve compactada, que ruíram apenas levemente, mantendo sua forma e posição praticamente inalteradas.

Legolas ajudou Eldon, que havia ficado semi soterrado pela neve que caíra das paredes, a se levantar e todos começaram a escalar o paredão de neve para prosseguirem em sua viagem.

Já fora do buraco, enquanto os heróis tentavam se orientar para encontrar a direção correta para a vila, Kaen Blaco juntou um punhado de neve em suas mãos, fazendo uma pequena bola, pouco maior que um punho, e a atirou na nuca de Legolas.

O sargento rapidamente ordenou que aquilo não se repetisse, impedindo que uma guerra de neve começasse, já que Druidick estava pronto para arremessar uma bola de neve no meio-orc. Irritado, Legolas tomou o machado de Kaen Blaco e o jogou dentro do buraco onde antes estava a cabana, como forma de punição. Mas, ao invés de descer para buscar sua arma, o bárbaro saltou na direção dela, despencando no pequeno abismo. Kaen Blaco caiu de uma altura de quase 7 metros, ficando inconsciente e obrigando seus companheiros a resgatá-lo.

Legolas, Druidick e Takezo desceram para carregar Kaen, enquanto Eldon, Logan e Trevor prosseguiam para a vila. Com a ajuda de uma poção mágica, Blaco despertou e todos voltaram juntos para a superfície. Legolas, vendo que os outros três se distanciavam cada vez mais, jogou o escudo de Druidick no chão e pulou em pé sobre ele, deslizando sobre a neve como um trenó. O disco de madeira saltou no ar ao se chocar contra um pequeno morro de neve, fazendo Legolas dar uma pirueta no ar. O arqueiro parou em pé ao lado de Logan e Trevor e, com uma pisada na ponta do escudo, fez com que ele saltasse do chão para suas mãos. Todos ficaram impressionados, e quiseram imitar seu sargento, e por alguns minutos o grupo de soldados pode se divertir no meio daquele inferno branco e gelado.

Quando estavam de saída, Kaen Blaco fez uma nova bola de neve. Mas, antes que alguém pudesse reclamar, ele começou a comê-la, ao invés de atirá-la em alguém, como todos esperavam.

dezembro 05, 2006

Capítulo 246 – Ramassin

Capítulo 246 Ramassin

A curta distância que os separava da caverna do gigante foi transposta pelos heróis com grande temor. Legolas era carregado pela poderosa mão do ser, enquanto os demais tentavam acompanhar suas passadas largas, imaginando quais horrores encontrariam a seguir.

Dentro do covil de Ramassin, havia dezenas de carcaças de animais mortos, devorados por ele. Eram ursos, búfalos e outras criaturas desconhecidas ou irreconhecíveis pelo grupo. Móveis tão grandes quanto seu dono, esculpidos em gelo sólido, adornavam a caverna. Além de prateleiras, bancos, uma mesa e uma cama, existiam também várias jaulas, onde criaturas assustadoras permaneciam aprisionadas. Eram ursos brancos, lobos das estepes e glaciols, os trolls das Uivantes. E, até mesmo um imenso verme, alvo como a neve e assustador como o gigante, estava entre aquilo que Ramassin denominava de “seus bichinhos de estimação”.

O gigante contou aos aventureiros que conhecera Glorin há vários anos, e que o pequeno anão o havia derrotado. O grupo ficou impressionado, ao saber que o capitão Glorin tinha conseguido derrotar aquele poderoso homem que estava diante deles. Ramassin também contou que seu precioso tesouro havia sido roubado de sua caverna. Ele havia encontrado pegadas na entrada de sua morada gelada, pegadas de anão, e as seguiu até perto de Cold Valley. Enfurecido por ter sido roubado pelos pequenos moradores da vila, Ramassin decidiu castigá-los, soltando seus animaizinhos para atacarem o vilarejo. E ele continuaria agindo desta forma, até que os anões devolvessem suas coisas, ou até que toda a aldeia estivesse destruída.

Os heróis conversavam com o gigante, tentando negociar com ele um acordo que impedisse a destruição dos anões. Logan, o único que conhecia o idioma de Ramassin, atuava como tradutor, sendo de vital importância para o grupo. Com muito esforço, e uma boa dose de sorte, conseguiram ganhar algum tempo, para poderem investigar e descobrir quem tinha roubado e onde estava o tesouro de Ramassin.

Foi-lhes dado um prazo de cinco dias, para que recuperassem os itens do gigante. Caso eles não conseguissem, Ramassin atacaria a vila junto com seus bichinhos e a destruiria por completo. Sem muitas opções, eles foram obrigados a se contentar com o trato proposto pelo gigante. E agradeceram por poderem contar com a ajuda de Glorin, pois, sabiam que se não fosse pelo amuleto emprestado por ele, o gigante jamais lhes daria ouvidos, e, a essa hora, todos já estariam mortos. Eles teriam apenas cinco dias para conseguir encontrar os pertences do monstruoso homem. Eram eles um anel de ouro, uma safira, uma ametista, um diamante e três estátuas de ouro, cada uma representando um deus diferente, Khalmyr, Tanna-toh e Lena.

Legolas, o líder do grupo, aceitou o acordo e, sem ter outra opção, teve que sair imediatamente da caverna junto com seus soldados, já que Ramassin não os queria por perto. O gigante não se importava se eles sobreviveriam ou não aos rigores do clima fora da caverna, apenas se divertia sadicamente com tudo aquilo. Antes de saírem, Kaen Blaco, já consciente graças à magia de Druidick, permitiu que novamente sua diminuta mente de meio-orc tivesse uma idéia estúpida que poderia colocar em risco a vida de todo o grupo.

Pulando para o alto, Kaen tentava alcançar algo que estava sobre a mesa congelada de Ramassin. Era uma garrafa, do tamanho de um ser humano, na qual havia algum tipo de bebida.

_ Você quer isso, seu pequeno verme? – perguntou Ramassin, sua voz estremecia o ambiente como um trovão.

_ Sim! Eu quero beber o que tem ai! – respondeu Kaen Blaco.

_ Então, tome! – Ramassin virou a garrafa sobre o meio-orc, derramando o seu conteúdo sobre ele. Kaen Blaco ficou encharcado de algo cujo gosto lembrava vinho. Era um verdadeiro banho de vinho.

Empolgado com a idéia, Legolas pediu a Ramassin que desse um pouco de seu vinho a ele também. O arqueiro abriu a sua boca, na esperança de beber o líquido que jorrava sobre ele. Também ficou todo molhado. Druidick ria da situação dos companheiros, e Ramassin derramou o restante do líquido sobre ele, calando-o.

Os corpos molhados começaram a esfriar rapidamente, e os heróis pediram a Ramassin para passarem a noite ali. Mas, o gigante os enxotou se seu covil, deixando que ficassem ao relento, debaixo de uma dura tempestade de neve. Sem alternativa, o grupo começou a pesarosa marcha rumo a Cold Valley.

A caminhada era extremamente difícil. O cansaço tomava conta dos aventureiros cada vez mais à medida que o tempo passava. Seus ferimentos os incomodavam e os lembravam das duras batalhas que haviam tido. O frio, agravado pela chegada da noite, era impiedoso. Não tardou para que Kaen Blaco caísse inconsciente devido ao frio. Ele, Legolas e Druidick eram os que mais sofriam. Seus corpos molhados pareciam ser rasgados pelo vento e pela neve que os atingia. Aos poucos a resistência e a coragem dos heróis foi sendo vencida pelo poder do frio. Seus corpos já não mais suportavam o frio, e suas mentes já duvidavam do sucesso daquela missão. Já estavam quase se entregando, quando Trevor se lembrou das palavras de Seelan: “Esses pergaminhos contêm uma magia de altíssimo nível, que poderá salvar a vida de vocês quando estiverem nas Uivantes! Quando você sentir necessidade, use-os sem hesitar! Esses pergaminhos têm o poder de criar um abrigo mágico para proteger você e seus amigos dos rigores das Uivantes! Guarde-os muito bem, pois eles poderão ser a salvação de todos vocês!”.

Sem hesitar, Trevor pediu para que todos parassem e buscou pelos pergaminhos em sua mochila. Começou a recitar as palavras mágicas que ativavam o encantamento, tal qual Seelan o havia ensinado. O concluir a conjuração nada aconteceu. Todos olharam para Trevor, interrogando-o com seus olhares desesperados. Nada havia acontecido, o que significava que o mago havia feito algo de errado e provavelmente desperdiçado o precioso pergaminho. Mas, então subitamente o chão estremeceu e o ronco da terra ecoou pela imensidão branca. O tremor continuou, cada vez mais forte, e a terra começou a rachar. Várias fendas começaram a se abrir na neve, revelando o solo rochoso que existia por baixo. Pedras, terra, antigas raízes de plantas já mortas, pedaços de madeira congelados, começaram a emergir do solo e a se emaranhar magicamente. Pouco a pouco começaram a surgir paredes feitas de pedra e madeira, porta, janelas e um telhado, até que finalmente o chão parou de tremer e uma cabana se formou diante dos heróis. Seelan tinha razão, estavam salvos. Aquela cabana poderia protegê-los do frio da madrugada e da tempestade de neve que não cessava.

Temeroso, Trevor girou a maçaneta formada por pequenas pedras unidas por mágica e abriu a porta de madeira. Todos entraram, e encontraram oito camas feitas de raízes, com colchões feitos de palha e terra para que pudessem descansar. Havia também uma mesa de pedra, rodeada por banquinhos de madeira e uma lareira com vários pedaços de madeira velha esperando para serem acesos. Duas janelas ocupavam as laterais da casa, e um armário de pedra aguardava para ser preenchido com os pertences dos viajantes.

Os heróis fecharam a porta, deixando o terrível frio do lado de fora, e acenderam a lareira. Colocaram Kaen Blaco diante do fogo, para se aquecer, e Druidick usou sua magia para tentar curá-lo. Eldon ajudou, dando a ele a última poção de resistência ao frio que tinham e em pouco tempo o meio-orc recobrou a consciência. Os aventureiros tiraram suas armaduras e roupas molhadas, colocando-as para secar diante da lareira, guardaram seus equipamentos no armário e foram se deitar.

Mas, quando todos estavam relaxados, um movimento estranho dentro da casa tirou a tranqüilidade dos heróis. Algo se movia ali dentro. Eles não viam o que era, mas perceberam que algo estava errado quando a porta foi trancada sozinha. Perceberam passos de alguma criatura que se deslocava dentro do abrigo.Um inimigo invisível.

Rapidamente todos se levantaram e se prepararam para o combate. Mas, a criatura estranhamente não os atacava. Permanecia apenas parada, como uma serpente pronta para dar o bote. Sem hesitar, Legolas disparou uma flecha na criatura. O projétil errou o alvo, e foi cravar-se numa das janelas da casa. Para surpresa de todos, o monstro invisível não contra-atacou como esperava. Em vez disso, retirou a flecha da janela e a colocou cuidadosamente sobre a mesa.

Ainda desconfiados, os heróis se deslocaram, cercando o estranho ser. Ele, por sua vez, também se movimentou, parecendo acompanhar os passos de Trevor. Foi então que Legolas teve uma idéia.

_ Trevor, dê alguma ordem para essa criatura! Mande que ela abra a porta, por exemplo! – disse o arqueiro.

O mago seguiu a instrução do sargento, e a criatura obedeceu cegamente à ordem dada por ele.

_ Entendi, como foi o Trevor quem conjurou a magia que criou a casa, a criatura deve estar sob o comando dele! Parabéns Trevor, agora você tem um servo invisível para servi-lo! Não temos mais com o que nos preocupar, isso deve ser obra do Seelan! Fechem a porta e vamos dormir! – ordenou o sargento, sorrindo aliviado. E todos dormiram sem maiores preocupações. Todos exceto Eldon, que manteve sua adaga embaixo do travesseiro, pro caso de uma emergência.

novembro 27, 2006

Sucesso Decisivo!!!


O 1º encontro anual de rpg de Araraquara foi um tremendo sucesso!
Confira na íntegra a matéria publicada no jornal O imparcial. Basta clicar na imagem ao lado.
Veja as fotos do encontro em:
www.flog.0br.net/rpgmagicararaquara

E, agora que passou a correria do evento, o Crônicas Artonianas voltará às suas atividades normais. A pastir desta semana vocês descobrirão como continuarão as aventuras de Lucano, Squall, Anix, Nailo, Legolas, Sairf, Loand, Yczar, Batloc, Glorin, Lars, Sam, Nevan e todos os personagens carismáticos que já deram as caras nessa trama. Em breve todas as pontas soltas da trama vão finalmente se juntar e formar um grande nó, que nossos heróis irão desatar no decorrer de suas fantásticas aventuras.