Capítulo 5 – Servo das trevas
Início da noite. Susrak Delzhan despertava finalmente após um longo dia de sono. O jovem rapaz alongou seu corpo e se levantou. Fez uma refeição rápida e saiu do templo onde estivera alojado todo o dia. Agradeceu ao anão que o acolhera na saída do templo e ambos trocaram uma saudação em louvor a Tenebra, típica entre os sacerdotes da deusa das trevas.
Susrak era um clérigo, um sacerdote que servia a Tenebra, a deusa das trevas, senhora da escuridão e criadora de todas as criaturas que nela habitavam. Tenebra era uma deusa temida e odiada pela maioria da população de Arton. Não que Tenebra fosse uma deusa maligna ou coisa parecida, tampouco ela era benigna, mas, o que assustava as pessoas era o fato de ela, segundo os teólogos, ser a responsável por criações bizarras, que ameaçavam a segurança das pessoas, como os mortos vivos, os trogloditas, os licantropos, e outras criaturas noturnas e subterrâneas e noturnas. Por esse fato, era comum que pessoas de má índole decidissem servir à senhora da noite, aumentando ainda mais o temor da população. Mas, também havia pessoas boas que a serviam, e que a defendiam exaltando o lado positivo das criações da deusa. Segundo esses clérigos, Tenebra havia criado os mortos-vivos para oferecer desafios para os aventureiros de Arton, não para prejudicar as pessoas do mundo. Também, argumentavam eles, a noite, sempre cheia de perigos, seria uma bênção da deusa para aplacar a ira das chamas de Azgher, o deus sol. Mesmo com a defesa a seu favor feita por seus sacerdotes, Tenebra ainda sim era temida e até mesmo odiada. O culto a ela era evitado pelas pessoas, e até mesmo proibido, na maior parte dos reinos. Assim, o culto a Tenebra sobrevivia ironicamente às escuras, oculto da população em templos secretos e conduzido na calada da noite por seus sacerdotes, fossem eles maus ou bons, e por Susrak.
Susrak era também um servo da deusa da escuridão, mas era diferente do que se esperava de um servo das trevas. Ao contrario do que diria a maioria das pessoas, ele não era mau, mas, tampouco era uma pessoa boa, principalmente no que se referia à sua sanidade. Um fato trágico em seu passado, levara-no a tornar-se aquilo que muitos chamariam de louco. Fato esse, que o jovem sacerdote pretendia reverter algum dia.
Susrak nascera em Valkaria, a grande capital. Morava com seus pais e sua irmã e, ainda menino, conheceu a famosa cidade de Triumphus, no reino de Hongari. Foi em Triumphus, a lendária cidade atacada pelo Moóck e encantada com a bênção/maldição que dava a quem ali morresse o poder da imortalidade, que Susrak teve contato com a ordem de Thyatis, o deus da ressurreição e da profecia. Ficou fascinado com o poder de prever o futuro de seus clérigos, com a imortalidade de seus paladinos e com todas as histórias fantásticas que eles contavam.
O garoto passou sua infância com aquelas histórias na sua mente, e nunca mais as esqueceu. Talvez, se o destino não tivesse sido tão cruel, ele até teria se tornado um servo da grande fênix. Mas, o destino decidiu ser cruel, e Nimb rolou os piores dados possíveis. Um dia, quando Susrak retornava para casa no fim do dia, após brincar com os amigos, encontrou seus pais aos prantos. Sua doce e querida irmã havia sido assassinada por assaltantes.
Sua irmã foi sepultada, e os assassinos nunca foram encontrados. O tempo foi passando, e o desejo de vingança foi crescendo dentro de Susrak, até que um dia um fato mudou sua vida completamente. Quando voltava de uma viagem, e estava perdido no meio de uma campina, Susrak teve uma visão. Ele viu a fênix de fogo, Thyatis, erguer-se das chamas diante dele, trazendo com ele a sua irmã querida. Mas, a irmã de Susrak era agora uma morta-viva, um zumbi, desprovido de mente e vontade própria. Talvez a fixação pela morte trágica da irmã, bem como o fascínio que possuía pelas histórias dos sacerdotes de Thyatis, tivessem influenciado sua mente. Talvez fosse apenas um delírio, causado pelos cogumelos ingeridos momentos antes por ele. Talvez até, fosse tudo real tal qual ele acreditava. Susrak entendeu que ele havia sido escolhido por Thyatis. Escolhido para trazer sua irmã do mundo dos mortos, transformada numa morta-viva. E, para fazer isso, tal qual a grande fênix havia lhe ordenado, Susrak decidiu tornar-se seguidor daquela que criara os mortos-vivos, Tenebra. Assim, ele se tornou um clérigo da deusa das trevas e acreditava que com o poder concedido por ela, ele um dia traria sua irmã de volta dos mortos. Mais, Susrak acreditava que desta forma, sua irmã retornaria evoluída, já que os mortos-vivos não envelheciam nem adoeciam. Ela seria imortal. Assim, para ele, tornar-se um morto-vivo era uma forma de evoluir, ascender para uma forma de existência mais perfeita. Susrak, então, decidiu que queria transformar todas as pessoas em mortos-vivos, inclusive ele próprio. Na mente distorcida do clérigo pulsava o desejo de evoluir para a forma mais perfeita criada por sua deusa, um tipo de mago morto-vivo, o lich.
Lichs eram mortais que, por vontade própria, transformavam-se em criaturas mortas-vivas. Mas, diferente dos mortos-vivos comuns, como zumbis, esqueletos, fantasmas e outros, o lich conservava sua mente intacta, e com ela todas as habilidades que possuía em vida. Para heróis aventureiros, um lich era uma dos piores e mais perigosos inimigos que poderiam existir. Para Susrak, era a ascensão para uma forma mais perfeita. Agora, após viajar por um longo período, ele estava finalmente de volta à sua cidade natal para cumprir seus objetivos. Parara para descansar em um templo erguido secretamente em homenagem à sua deusa por uma comunidade de anões que a veneravam. Acreditavam os anões terem sido criados pela união entre Tenebra e Khalmyr, o deus da justiça. Por isso era comum que os anões a adorassem no reinado, mesmo que o culto a ela fosse discriminado. Susrak passou todo o dia no templo, dormindo, já que os servos de Tenebra não podiam jamais serem tocados pelos raios do sol, eterno rival da deusa da noite, sob a punição de perderem todos os seus poderes. Quando a noite finalmente chegou, Susrak decidiu que era o momento de ir procurar seus pais e deixou o templo. Mas, os dados de Nimb e as profecias de Thyatis mostravam que ele não chegaria ao seu destino naquela noite. Os deuses haviam lhe reservado um destino diferente.
Susrak caminhava tranqüilamente pelas ruas da cidade, quando passou em frente à estátua de Valkaria, no centro da cidade. Parou por alguns instantes e começou a olhar para a fantástica obra, admirando-a, como há muito não fazia. Veio-lhe a mente uma porção de lembranças de momentos felizes que passara em frente àquela estátua ao lado de sua irmã querida e seus pais. Lembrou-se também de outras coisas, entre elas, o mendigo louco, Tilliann, e os muitos rumores que cercavam a estátua. Lembrou-se especialmente de um boato, uma lenda, que dizia que a estátua era capaz de drenar os poderes mágicos da pessoa ou objeto que a tocasse, ainda que por um instante. Agora que havia sido ordenado clérigo de Tenebra, Susrak tinha condições de provar se a tal teoria era verdade.
Havia um punhado de ratos perto dali, deliciando-se com um farto banquete, restos de comida abandonados pro algum turista que estava na cidade para as comemorações do dia da Grande Batalha. Susrak aproximou-se silenciosamente dos animais e agarrou um deles pelo rabo. Enquanto o pequeno animal se debatia tentando fugir, Susrak invocou o nome de Tenebra e conjurou uma magia sobre ele, uma magia simples de proteção. Depois, atirou o pobre rato com toda força na direção da estátua. O animal se chocou com grande violência na rocha e caiu no chão, morto.
Susrak pegou o animal do chão e, como não sentiu nenhuma aura mágica nele, concluiu que a tal lenda era verdade. A estátua de Valkaria havia sugado do rato a magia conjurada por Susrak. Mas, ele havia chegado a essa conclusão apenas por dedução, sem usar meios mágicos para confirmar seu teste. Então, ele resolveu pedir ajuda aos transeuntes.
_ Eu preciso de um mago! Magos! Magos! Aproximem-se! Eu tenho nas minhas mãos a prova definitiva de que a estátua de Valkaria é capaz de drenar poderes mágicos! – gritava Susrak, exibindo o rato em sua mão.
Aos poucos uma pequena multidão foi se formando para ouvir o que aquele homem vestido de branco tinha para dizer. As pessoas ouviram o discurso do clérigo e ficaram todas fascinadas ao ver que a “estátua tinha tirado a vida do rato”. Saíram conversando uns com os outros, debatendo a prova apresentada por Susrak e criando novas teorias e rumores sobre a estátua. Susrak ficou ali, sozinho com o rato morto na mão, sem que nenhum mago passasse se prontificasse a usar seus poderes para detectar se a magia do clérigo ainda estava ativa no animal. Desconcertado, Susrak guardou o pequeno cadáver em sua bolsa e prosseguiu em sua insana jornada.
Mais alguns passos e novamente ele parou, dessa vez admirado com uma das criações de sua deusa, um esqueleto. A poucos metros dele, havia uma carroça deslocando-se vagarosamente, que transportava uma pesada carga. Era uma carroça de fundo plano de madeira, e laterais compostas de grades de metal, uma jaula. Dentro da jaula, havia uma criatura gigantesca, de formato humanóide e olhos vermelhos e brilhantes como duas chamas. Era um esqueleto. Talvez fosse os restos mortais de um troll ou um ogro, que havia sido reanimado magicamente por algum mago, ou coisa parecida. Susrak olha para aquilo admirado. Um esqueleto sendo transportado por quatro halflings, no meio da cidade. Só poderia ser um sinal, uma mensagem de Tenebra para ele.
_ Irmãos! Irmãos! Em nome de Tenebra eu vos saúdo, meus irmãos! – gritava Susrak, empolgado, correndo em direção aos halflings, até que os pequeninos parassem a carroça e lhe dessem atenção.
_ Que irmão o quê! Olha pra mim, rapaz e veja se eu tenho cara de quem tem um irmão do seu tamanho! – respondeu rispidamente um dos pequeninos que caminhava ao lado da carroça, armado com uma lança e uma clava.
_ Sim, irmãos sim! Irmãos de fé! Somos todos servos de Tenebra, nossa deusa! – insistia o clérigo.
_ Que nossa deusa nada! Eu rezo é pra Hynnin! Não tenho nada a ver com Tenebra! - retrucou o halfling, apontando a lança na direção do humano para afastá-lo antes que ele se entusiasmasse demais e resolvesse abraçá-lo.
_ Mas...você não é um servo de Tenebra? Então, por que está transportando esse esqueleto? Por acaso vai levá-lo para algum clérigo de Tenebra? – perguntou o jovem, um pouco decepcionado.
_ Não! Não somos clérigos coisa nenhuma, principalmente de Tenebra! Nós estamos transportando essa coisa ai para o professor Vladislav Tpish da Academia Arcana! Isso é uma encomenda pra ele! – respondeu secamente o halfling.
_ Ah! Entendi! Eu achei que vocês fossem clérigos, mas estão apenas transportando uma encomenda pro Vladislav! Tchau! – Susrak compreendeu a confusão que fizera, e começou a se explicar, mas, no meio do seu discurso, simplesmente deu adeus aos halflings. Os quatro pequeninos olharam, confusos, para o rapaz, e decidiram que era melhor se afastarem daquele tipo estranho. Afrouxaram as rédeas e os dois cavalos começaram a andar, arrastando lentamente a pesada carroça. Enquanto ela se afastava, Susrak observava atentamente o esqueleto preso lá dentro. A criatura também fitava os olhos do clérigo. Então, Susrak pensou “eu quero ele”. Ergueu seu símbolo sagrado na direção da criatura, um medalhão em com a forma de uma estrela negra de cinco pontas, e evocou o mais uma vez o nome de sua deusa.
O esqueleto começou a rastejar dentro da jaula, indo na direção de Susrak, fascinado pelo seu medalhão. Quando chegou até a grade, e percebeu que não tinha mais como se aproximar, a criatura se levantou abruptamente, levando consigo o teto da jaula, arrebentando-a por completo. O monstro saiu de sua jaula e correu na direção do clérigo, parando diante dele. Susrak ordenou que a criatura se abaixasse, para que ele alcançasse seu rosto esquelético, e começou a acariciá-la como se brincasse com um animalzinho.
Imediatamente, o pânico e o caos tomaram conta das ruas. As pessoas que por ali passavam ficaram desesperadas e começaram a correr feito loucas, gritando e chocando-se umas nas outras, enquanto tentavam fugir do monstro que estava á solta. O tumulto atraiu a atenção de pessoas que estavam em tavernas e casas próximas, que saíram às ruas para ver o que estava acontecendo. Susrak, não entendia o porquê de tanta confusão.
_ Calma! Não é culpa dele! Ele não vai causar pânico! Não precisam correr! – tentava explicar o rapaz, causando ainda mais pânico e confusão.
_ Pula! – ordenou Susrak. A criatura obedeceu imediatamente, dando um pequeno salto. – Não! Pula lá na carroça! – corrigiu o atrapalhado clérigo, ordenando de forma desastrosa que o monstro retornasse para sua jaula, onde os halflings observavam atônitos. O esqueleto deu uma corrida curta e saltou sobre a carroça, destruindo-a, afundando-a no chão e erguendo os pobres cavalos que estavam presos a ela. – E esse foi o show desta noite! Espero que tenham todos gostado! Caso tenham gostado, estou aceitando doações! Obrigado! Obrigado! Quem gostou, por favor, doe cinco tibares de prata, para que este velho clérigo possa se transformar em um lich! Obrigado,obrigado!!! – Susrak fingiu ter a situação sob controle, para minimizar o caos que havia se instalado na região. Mas, como ninguém lhe deu ouvidos, decidiu escapar dali o mais rápido possível. – Tchau!!! – disse ele, acenando para o esqueleto. Deu um passo para trás, atraindo a atenção da criatura que demonstrava clara intenção de segui-lo. – Não! Fique ai! Senta! – ordenou ele. O monstro sentou-se como mandado. Sentou-se em cima dos cavalos que puxavam a carroça, matando os pobres animais esmagados. Percebendo o desastre que havia provocado, ele decidiu sair dali o mais depressa possível. Mas, já não havia mais tempo para isso, Susrak foi abordado pelos oficiais da milícia que estavam por perto, antes que pudesse dar mais um passo.
_ Eh...boa noite! Gostaram do show? – perguntou Susrak aos soldados, tentando ludibriá-los.
_ Show? Que show? Chama todo esse caos que você causou de show? – respondeu o oficial, secamente.
_ Psiu...! Não espalhe, mas tudo foi um acidente! Não foi show não, foi um acidente! – sussurrou o clérigo, olhando ao redor, como se quisesse esconder a verdade das pessoas que nem ali estavam mais.
_ Acidente? Sei...vamos esclarecer isso com a gente lá no quartel! – ironizou o soldado.
_ Vocês não gostaram? – voltou a perguntar Susrak.
_ Como assim gostamos? Do que você está falando, rapaz?
_ Ora essa, eu é que pergunto! Um Show tão maravilhoso! Não há como não terem gostado! Duvido que algum de vocês seja capaz de fazer igual!
_ Causar pânico na população como você fez? Claro que não fazemos! Estamos aqui para manter a ordem, não para espalhar o caos! Venha conosco para o posto da milícia imediatamente! – gritou o soldado, já irritado com a insanidade de Susrak.
_ Espere ai! Vocês querem me prender?! Não podem fazer isso! Conversem com Vladislav Tpish! Ele vai garantir que...garanto que ele vai gostar!
_ Gostar do que? De vê-lo preso? Nós também vamos adorar isso! Agora deixe de enrolação e venha com a gente! – disse o oficial, com um sorriso sarcástico no rosto e fazendo um gesto para que os soldados prendessem susrak.
_ Esperem! Eu peço que vocês falem com Vladislav primeiro! Aquele esqueleto era uma encomenda dele! Ele vai querer saber quem fez aquilo! Não podem me prender! – Susrak começou a ficar desesperado ao ver que os soldados o cercavam.
_ Ah! Encomenda do Vladislav, o professor? Ele vai adorar saber quem destruiu a carroça e matou os cavalos dele! Você vai contar essa história, direitinho, mas lá na cadeia! Agora vamos! – completou o oficial. E Susrak foi preso e levado para a cadeia.
No posto da milícia, Susrak foi algemado e todos os seus pertences foram retirados pelos guardas. O jovem e atrapalhado clérigo foi atirado num banco para, ao lado de outros criminosos, aguardar até que fosse chamado para prestar depoimento e então ser definitivamente preso. Mas, ele não desejava permanecer ali, nem via motivos para isso, já que em sua confusa mente, não tinha feito nada de errado.
_ Eu quero ir embora! Vocês não podem me deixar aqui! Chamem Vladislav Tpish! – gritava o rapaz, inconformado com sua condição.
_ E chama minha mãe! Traz ela aqui que ela vai soltá nóis dois! – gritou em seguida um bêbado que dividia o banco com Susrak. O bêbado encostou seu corpo alcoolizado em Susrak, e o clérigo viu ali uma oportunidade de conseguir um aliado.
_ Ei amigo! Tenho uma proposta a lhe fazer! Por acaso você não gostaria de obter a imortalidade? – indagou o clérigo, obviamente pensando em obter um voluntário para ser transformado em morto-vivo.
_ Eu prefiro um vinho! Hic! Cê num tem um ai? – respondeu o homem, soluçando e tropeçando nas palavras.
_ Vamos fazer o seguinte! Quando a gente for embora daqui, você vai comigo até o cemitério! O que você me diz? – insistiu Susrak. Uma pessoa comum que observasse a conversa, teria sérias dúvidas sobre qual dos dois estava sóbrio.
_ Emitéio? Issé vinho? É bom?
_ Sim, é muito bom! Vinho élfico! – vendo que era possível conversar de forma “racional”, o rapaz decidiu fazer o jogo do bêbado para convencê-lo de forma mais fácil.
_ Óia! Nois vamu lá tomá um emitéio! Vambora!!! – gritou o homem embriagado para os guardas, levantando-se do banco e puxando Susrak para ir com ele. Rapidamente, uma multidão de soldados cercou o homem e pôs-se a espancá-lo até que ele caísse, inconsciente.
_ Calma! Calma! Pra que toda essa violência? Isso é absolutamente desnecessário! Se desejarem, eu posso controlá-lo facilmente sem precisar machucá-lo! – disse Susrak, tentando mostrar-se útil aos soldados.
_ Olha rapaz! É melhor você se controlar, antes que nós resolvamos controlar você machucando-o! – gritou um dos soldados, irritado.
_ Calma, está bem, eu fico quieto! Mas, e peço que chamem Vladislav Tpish aqui! Melhor! Não precisam nem chamá-lo aqui! Apenas digam a ele o que está acontecendo! Tenho certeza que ele ficará interessado! Eu tive uma relação com ele! – insistiu ele, encolhendo-se no banco para não ser espancado também. Os soldados se entreolharam, confusos, enquanto carregavam o corpo desmaiado do bêbado para uma cela.
_ Ora! Fique quieto ai e espere até o sargento chamar você! E mantenha essa boca fechada! – gritou o soldado, apontando o dedo ameaçadoramente para Susrak. Sem outra opção, o clérigo finalmente se calou e pôs-se a esperar, decepcionado, enquanto lá fora as pessoas aproveitavam a noite e os prazeres que ela proporcionava. Era noite quente de final de verão que apenas acabava de começar. E, sem dúvida alguma, não seria uma noite comum como as outras, era, enfim, uma noite promissora.
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