setembro 02, 2005

Capítulo 86 - Encurralados

Legolas sacou uma flecha, posicionando-a em seu arco e disparou contra o peito do orc mais velho. Apesar do ferimento, e da idade avançada, o ferimento causado pelo elfo sequer estremeceu o olhar do orc. Legolas começou a gritar por socorro enquanto se afastava, sem saber que seus amigos se encontravam em situação difícil.
Após a curva no corredor, a situação também era desesperadora. O imenso ogro se aproximava ameaçadoramente dos heróis, sem se intimidar com a grande quantidade de inimigos que enfrentaria. Seus dois lobos, mais pareciam lobos atrozes dado o avantajado tamanho que cada um possuía. Assustados com a figura ameaçadora do inimigo, os heróis recuavam lentamente, enquanto gritavam por ajuda, chamando Legolas, Lucano e Squall, que estava a muitos metros dali. Nailo conseguiu atingir a testa do ogro com uma flecha. O monstro a arrancou, como se removesse uma mera farpa de madeira e a quebrou em pedaços com sua poderosa mão. Todos sentiram um calafrio neste momento, temendo por suas vidas e pelas vidas das pessoas que tinham vindo salvar naquele lugar.
Squall ouviu os gritos de seus amigos e sabia que eles corriam perigo. Arrependido por tê-los abandonado, o feiticeiro correu o mais rápido que podia para ajudá-los, enquanto os orcs avançavam com seus machados. Lucano recebeu um desses machados no peito. Sua armadura foi rasgada, ficando praticamente inutilizada, e seu corpo sofreu um profundo corte por onde seu sangue fluía como água em um riacho.
Na outra ponta do corredor, Loand distraía o ogro, confrontando seu enorme machado com sua espada bastarda herdada de seu pai e seu avô. Os golpes do paladino eram habilmente rebatidos pelo machado do monstro. Mesmo assim, Loand conseguiu ganhar algum tempo para que Anix usasse sua mágica para se proteger, enquanto Sairf preparava algum feitiço para imobilizar o inimigo. O machado rebateu a bastarda, iluminando os degraus da escada com faíscas brilhantes, e cruzou o ar até Sairf. O mago tentou recuar, mas estava vulnerável por se concentrar no encantamento, e tombou aos pés de Nailo. Sairf estava quase morto, seu braço esquerdo por pouco não foi separado de seu corpo, e sua magia havia se dissipado. Nailo agarrou o manto de seu amigo e começou a puxá-lo para longe do monstro enquanto Sairf ainda respirava. “Braxat!”, gritou o ranger apontando a varinha mágica para o mago, trazendo Sairf de volta da entrada do mundo dos mortos.
Enquanto isso, após a curva, Lucano passava maus momentos nas mãos dos orcs. O clérigo se viu forçado a recuar para não morrer, e enquanto se afastava, evocou o poder de Glórien, conjurando a espada espiritual para lhe proteger. A espada de luz perfurou o ombro esquerdo de um dos orcs com sua rajada de energia divina. Entretanto, mesmo o poder da deusa dos elfos não foi suficiente para parar a fúria daquelas feras enraivecidas.
Na escada, o ogro girava o machado sobre sua cabeça, escolhendo com paciência qual seria a sua próxima vítima. Por debaixo de suas pernas, um dos dois lobos adentrou no campo de batalha, indo em direção ao bardo Sam. Loand tentou impedir o avanço da fera com sua espada, mas ele era rápido demais e conseguiu escapar do golpe num salto ligeiro. Sam se defendeu com o pé, aparando a boca do animal antes que seus dentes afiados ferissem sua carne.
Sam permaneceu intocado, mas Lucano não teve a mesma sorte. Um machado de arremesso, atirado pelo orc mais velho, atingiu sua cabeça e o levou a nocaute. Lucano caiu, e seu sangue, que já era escasso devido ao ataque dos insetos, começou a se espalhar pelo chão.

setembro 01, 2005

Capítulo 85 - Decisão dos deuses

Sairf brincava com Squall, descendo um após o outro, os degraus da fenda no solo. A cada degrau, Sairf desafiava seu companheiro para acompanhá-lo. Legolas e Sam aguardavam no início da escada quando Nailo e Anix chegaram. Lucano e Loand esperavam perto do túnel que levava até a saída da montanha. As opiniões estavam divididas como areia e água. Alguns queriam descer pela fenda e seguir as pistas do sonho que haviam tido. Outros desejavam explorar o restante do andar em que se encontravam para eliminar os orcs restantes e procurar por mais prisioneiros.
Calado, Anix observava a discussão calmamente. Quando todos se calaram sem concordar em qual caminho seguir, o jovem mago usou sua sabedoria para resolver o conflito definitivamente.
_ Vamos deixar que os deuses decidam por nós! – exclamou Anix, enquanto atirava um Tibar dourado para cima. – Coroa, nós vamos pra baixo! Não-coroa, nós ficamos aqui em cima!
A moeda girou no ar várias vezes. Um giro hipnótico que a todos calava e fascinava. A moeda caiu sobre o braço esquerdo de Anix, que a escondeu com a mão direita. Ao retirar a mão, o elfo mostrou a todos a face do deus do comércio sem sua coroa brilhante. Estava decidido. Eles explorariam o restante do andar antes de descer nas profundezas da montanha.
Assim, todos unidos novamente, o grupo retornou pelo mesmo caminho que fizera para chegar até o salão no qual se encontravam. Atravessaram a câmara que servia de depósito para os orcs guardarem o material roubado, passaram ao lado do poço e entraram no estreito túnel que havia naquela caverna. Estranhamente, o túnel terminava abruptamente, como se estivesse inacabado. Anix ainda investigou toda a extensão do corredor, procurando passagens secretas, mas nada encontrou.
Retornaram então para a câmara anterior, onde Courana e Geradil foram encontrados um dia antes. O último túnel que faltava ser vasculhado era aquele onde podia ser vista uma luz rubra bruxuleante. Squall foi o primeiro a atravessar a passagem e chegar ao uma caverna que parecia ser uma cozinha rústica e suja, onde os orcs preparavam suas refeições imundas. Num dos cantos, havia um primitivo fogão a lenha, com carvão ardendo em brasa. Espalhados por toda a câmara, potes, pratos, panelas e outros utensílios de comida se misturavam à sujeira. No teto, uma abertura natural na rocha conduzia a fumaça do fogão para o exterior. Ao ver a fenda, todos se lembraram da fumaça que haviam visto quando chegaram à montanha e compreenderam que era por aquela chaminé que ela saia.
Sem encontrar nada de útil, os heróis saíram da cozinha orc e se dirigiram até o corredor descoberto por Legolas e Sairf no dia anterior. Irritado com aquela busca infrutífera, Squall decidiu se separar do grupo e aguardar por seus amigos na escadaria que seguia montanha abaixo. Mesmo contrariado, e sem a presença de Squall, o restante do grupo continuou a exploração do restante dos túneis.
Os heróis pararam na entrada de um corredor largo, com espaço suficiente para dois homens bem armados caminharem e lutarem lado a lado. O túnel havia sido cuidadosamente esculpido na rocha da caverna, e seguia em duas direções opostas. A exemplo de Anix, Sairf atirou uma moeda ao alto e deixou que o deus do caos decidisse por eles. Nimb escolheu a esquerda, e todos acataram a sugestão daquele que regia a sorte a o azar dos mortais.
Seguindo o caminho indicado pela moeda, os heróis avançaram pelo corredor, cerca de seis ou sete metros, até que encontraram uma saída à esquerda que subia um pequeno lance de escadas e terminava em uma porta. Poucos metros à frente, o corredor dobrava à direita e continuava.
Sairf parou diante da porta com seus amigos. Legolas e Lucano decidiram seguir pelo corredor e se separaram dos demais. A porta era extremamente reforçada com tiras de metal já com sinais de ferrugem. O mago da água ficou chocado ao ver um crânio humano fincado em uma estaca cravada na porta. Aquele adorno grotesco feriu o orgulho de Sairf que não se conteve e decidiu retirar aquele troféu ofensivo. Sairf sabia que o crânio pertencera a um humano, assim como ele, e sentia um misto de revolta, ódio e tristeza, ao ver que um semelhante havia sido vítima daqueles orcs desprezíveis. O mago forçou a estava de metal, uma verdadeira barra de ferro maciço, puxando-a para fora da porta. Era possível perceber que somente alguém com extrema força poderia ter fincado aquela barra tão fundo e firme naquela porta feita de pedra. Após muito esforço, finalmente Sairf conseguir retirar o crânio, atirando o ferro ao chão enquanto observava a cabeça esquelética em sua mão e amaldiçoava os orcs que haviam feito aquilo. O som da estaca sendo arrancada, da barra de ferro caindo no chão e do praguejar de Sairf, despertaram a atenção do habitante do cômodo que a porta ocultava. Antes que qualquer um deles pudesse se mover, a porta se abriu com violência. De trás dela surgiu uma criatura que superava com facilidade os três metros de altura. Um ogro. Um ogro gigantesco, ainda maior do que o troll que haviam enfrentado nas Montanhas Uivantes. Um enorme ogro, armado com um machado de igual grandeza e acompanhado de dois lobos com aspecto não menos ameaçador. O monstro passou pela porta, precisando-se se abaixar para tal tarefa e enquanto girava seu machado sobre sua cabeça, gritou aos seus animais de estimação uma ordem que foi traduzida por Loand aos seus amigos. Mesmo antes da tradução de Loand, todos já sabiam o significado daquelas palavras: “Matem e comam todos, meus bichinhos!”

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Legolas de Lucano seguiram adiante pelo túnel, deixando seus amigos parados diante da porta. Os dois sentiam a necessidade de fazer o reconhecimento do resto do caminho para não serem surpreendidos enquanto estivessem analisando os detalhes da porta logo atrás deles. Mais uns três ou quatro passos e os dois viraram a direita, sumindo da visão de seus companheiros.
Diante deles, no final do corredor após uns cinco metros da curva, havia uma estátua de pedra de um anão sobre um pedestal, segurando um machado imponente e um martelo de ferreiro. A figura do anão vestia uma armadura de metal e sua aparência era de alguém nobre e muito respeitado. Todo o conjunto alcançava quase três metros de altura, deixando os dois aventureiros impressionados com a obra.
Um metro antes da estátua, à esquerda do corredor, havia uma outra porta, feita de madeira e reforçada com metal.
Legolas se aproximou da estátua, acompanhado de Lucano, com toda a cautela para não fazer nenhum ruído que pudesse ser ouvido atrás daquela porta. Quando estava próximo da estátua, sentiu o chão cedendo levemente ao seu redor, formando um degrau de menos de dois centímetros de desnível em relação ao restante do corredor. Era uma armadilha, pensou Legolas, mas já era tarde para reagir. Os dois viram a boca da estátua se deslocar lentamente para baixo, como se o anão fosse dizer algo. De dentro da boca, ao invés de palavras, o que saiu foi um mortal gás que envolveu Legolas e Lucano. Rapidamente, o clérigo levou a mão à boca e ao nariz, para tentar se proteger. Legolas, que estava diante da saída do gás, não teve tempo para fazer o mesmo e aspirou toda a nuvem venenosa que se formava. Seus pulmões se encheram daquela fumaça cáustica que queimava como fogo. Legolas começou a tossir forte e alto, e caiu no chão, sem forças. Rapidamente, Legolas se recompôs e se levantou, ao ouvir um barulho atrás da porta diante da qual estava. A porta se abriu e de trás dela, um orc muito velho surgiu carregando machados de arremesso, acompanhado de outros quatro orcs armados com grandes machados e protegidos por pesadas armaduras de metal.

agosto 31, 2005

Capítulo 84 - Chamas na escuridão - A armadilha

Lucano, Anix e Sairf já haviam concluído a preparação de suas magias quando os outros três retornaram ao abrigo. Legolas se sentou para fazer o desjejum e para orar à deusa dos elfos para pedir proteção para ele e seus amigos. Anix ficou junto de seu amigo, fazendo-lhe companhia enquanto também fazia suas orações.
Fora da sala, Squall, assim como seus amigos, desejavam saber o que havia atrás da porta na extremidade oposta do salão. Em grupo, todos se aproximaram lentamente da porta. Uma pequena porta de pedra, com a figura de um anão muito zangado adornando-a em alto relevo. Prepararam-se com suas armas e magias, caso atrás da porta existisse alguma fera que pudesse atacá-los. Nailo ficou diante da porta, segurou com força a alça de rocha que servia de maçaneta e a empurrou, abrindo a porta.
Com o abrir da porta, das paredes em volta saíram compridas labaredas de fogo, atingindo todos os heróis. Sob o calor intenso, Sam e Lucano gritaram para Nailo fechar a porta. Instintivamente, o ranger já a puxava de volta quando foi alertado pelos amigos. A porta se fechou e as chamas que queimavam a carne dos heróis se extinguiram tão rápido quanto surgiram. Nailo, Sam e Lucano apagaram com as mãos os pequenos focos de incêndio que haviam sobrado em suas roupas. Olharam em volta, pois seus dois companheiros Squall e Sairf permaneciam calados apesar do acontecido. Estavam caídos, inconscientes e seriamente feridos.
Sam agiu mais rápido que o pensamento. Desceu sua mochila ao chão e de dentro dela retirou dois frascos com um líquido de cor verde escura. Rapidamente, o bardo jogou o conteúdo de um dos frascos na boca de Squall. Nailo pegou o outro vidro e correu para socorrer Sairf. Lucano, neste instante, preocupava-se mais em curar seus próprios ferimentos com sua mágica. Os dois conjuradores recobraram a consciência, muito fracos ainda e tomaram de suas próprias poções para curar as queimaduras restantes. Legolas e Anix, atraídos pelo barulho no corredor, interromperam suas preces para ver o que estava acontecendo. Chegando ao salão, viram o estado de seus companheiros e finalmente entenderam o motivo da morte dos orcs cujos corpos jaziam no salão quando ali chegaram no dia anterior.
A porta era, na verdade, uma armadilha mortal, preparada pelos anões do salão do esplendor há muitos anos atrás. Sam e nailo criaram uma estratégia para superar a engenhosidade dos anões. Nailo abriria a porta sozinho, e entraria rapidamente na sala além dela. Se algo desse errado, Sam fecharia a porta através de uma corda amarrada na maçaneta, desativando assim o mecanismo da armadilha. Para que a corda não entrasse em combustão, Nailo a molhou no poço abandonado. Além disso, com panos umedecidos e pedaços de madeira, Nailo se encarregou de fechar cada um dos buracos por onde as labaredas saiam. Com todos os preparativos terminados, Nailo foi até a porta e a abriu.
Dos furos na parede, ao invés de chamas, somente um tipo de gás fétido saiu, superando todos os sortilégios de Nailo. O ranger terminou de abrir a porta, revelando uma pequena sala com dois barris de cobre, já sem brilho, em seu interior. Presos à porta por cordas, dois contra-pesos faziam o sistema funcionar, além de fecharem a porta após um tempo pré-determinado para reativar a armadilha. Legolas entrou atrás de Nailo e cortou as cordas, desativando o sistema. Anix veio logo em seguida e, junto com Nailo, buscava entender o mecanismo daquela armadilha.
No fundo de cada barril, havia um pouco de líquido, transparente e de cheiro forte e irritante. Nailo sabia que o líquido deveria ser fogo-grego, mas não entendia como ele não se incendiava dentro dos barris, apesar de estar em contato com o ar. Então, usando seus conhecimentos alquímicos, Anix concluiu que os dois líquidos separados não se incendiavam, mas quando misturados transformavam-se no perigoso líquido incendiário.
O mago tentou misturar os dois líquidos sem que eles incendiassem, mas ao menor contato entre os dois, houve uma pequena explosão que arruinou os planos de Anix. Sem outra opção, ele e Nailo usaram os frascos em que guardavam poções mágicas para recolher os líquidos separadamente. Assim, eles conseguiram reunir material suficiente para produzir seis frascos de fogo grego.
Os dois ainda encontraram pequenos tubos de cobre que saiam de trás dos barris e penetravam na parede. Nailo destruiu os tubos, de forma que a armadilha nunca mais fosse acionada por ninguém. Enquanto isso, lá fora no salão, os outros discutiam sobre qual caminho tomariam a seguir.

Capítulo 83 - Camponeses libertos

O décimo primeiro dia de Luvitas se iniciou como todo Aztag deveria ser, um dia preguiçoso e de difícil despertar. Principalmente porque o dia anterior havia sido uma verdadeira tormenta para todos. Batalhas mortais, perigo por todo lado, orcs malévolos espalhados em cada canto daquele complexo de túneis. Era uma manhã fria, típica de inverno, mas as chamas do fogareiro aqueciam todos dentro da sala, apesar da fumaça incômoda. Após o sonho, os heróis só tinham não tinham dúvidas do que fazer.
_ Courana, Geradil! Preparem suas coisas, vocês vão embora! – Legolas falava com seriedade e rudeza.
_ Mas por que, senhor Legolas? O que aconteceu, por que o senhor mudou de idéia? – perguntaram, espantados com a decisão, os dois plebeus.
_ Vocês não podem ficar aqui com a gente! É perigoso demais! Vocês podem morrer! E tenho medo de que até mesmo nós percamos a vida nesta jornada! Não quero que vocês morram também!
_ Mas e os orcs lá fora? E se eles nos pegarem?
_ E o que vocês preferem? Morrer aqui dentro, ou morrer lá fora tentando ir para casa? Lá fora vocês tem ao menos alguma chance de se salvar!
A última frase de Legolas deixou todos calados e pensativos. Os dois plebeus concordaram em partir e começaram a se arrumar para ir embora.
_ Tomem isso, para vocês se alimentarem! Isso é uma fruta mágica que alimenta tanto quanto uma refeição completa! Fiquem com isso também! Essa jóia deve valer alguns Tibares. Usem-na para diminuir os prejuízos que os orcs lhes causaram! – enquanto falava com docilidade, Sairf presenteou os dois rapazes com a fruta que havia ganhado de Enola, e com um rubi que havia encontrado no corpo de um dos orcs morto por eles.
_ Levem isso também, caso precisem de dinheiro durante sua viagem! – a exemplo de seu amigo, Anix deu aos jovens uma bolsa com vários Tibares de ouro.
Os dois agradeceram muito a toda ajuda recebida e se despediram dos heróis, prometendo que iriam até Follen avisar aos moradores de Darkwood que os heróis estavam bem, conforme pedido de Nailo.
Ficou decidido que Legolas, Sam e Squall escoltariam os dois até a saída da montanha, enquanto os demais ficariam concentrados na preparação de seus corpos e mentes para utilizarem suas magias no dia que começava. Nailo e Loand ficaram responsáveis pela segurança de Lucano, Sairf e Anix, que necessitavam de mais tempo meditando. Caso Algum outro orc surgisse para atacá-los, o ranger e o paladino se encarregariam de defender seus amigos.
Os três heróis, acompanhados dos dois camponeses, fizeram todo o caminho de volta até chegarem à ponte de cordas, na entrada da montanha. Sam cortou cerca de um metro da corda emprestada por Nailo e, com a ajuda de seus amigos, consertou a parte danificada da ponte. Depois amarrou uma ponta da corda no pilar que sustentava a ponte e a outra ponta na cintura de Legolas, que iniciou imediatamente a travessia. Sem a ameaça dos orcs, o elfo não teve dificuldades para chegar ao outro lado em segurança. Assim, um a um, os jovens atravessaram o abismo. O último a passar foi Sam, que após a travessia, deixou a corda presa por um laço no pilar do lado da saída.
Todos juntos abriram os pesados portões de pedra que os separavam do mundo exterior. O sol raiava por trás das árvores naquela manhã fria e calma. A Runa de Gor de Sam marcava exatamente sete horas da manhã quando o grupo chegou ao exterior da montanha. Cautelosamente, todos desceram a encosta, tomando o cuidado de se esconderem entre as árvores para não serem vistos por ninguém. Então chegaram ao local onde estavam os cavalos.
Os animais já haviam se dispersado, e foi preciso gastar alguns minutos para reuni-los novamente. Courana e Geradil montaram no cavalo de Sairf, que o mago havia gentilmente cedido para a fuga dos dois camponeses. Com os olhos cheios de felicidade e gratidão, os dois se despediram e seguiram pela estrada até desaparecerem da visão de Legolas. Era possível ouvir o som dos cascos do cavalo ficando cada vez mais distante, até sumir por completo.
Após alimentar os animais e constatar que todos estavam bem, Sam pegou um frasco de óleo no cavalo de Nailo, como o ranger havia pedido. Todos os três retornaram para a montanha em segurança, após Legolas constatar que não havia nenhuma ameaça nas redondezas.
Ao passarem pelo portão da montanha, decidiram trancá-lo, para evitar que os orcs que estavam na mata pudessem entrar e surpreendê-los. O enorme portão foi fechado, e trancado com uma sólida viga de madeira, que era utilizada pelos orcs para o mesmo fim.
De volta à ponte, Legolas e Squall foram os primeiros a atravessar. Sam amarrou a corda de Legolas na ponte e os dois passaram para o outro lado, onde recolheram a corda. Sam se amarrou na corda que haviam usado antes e atravessou o abismo sem problemas. Do outro lado, os três enrolaram as duas cordas, e rumaram para junto de seus companheiros.

agosto 29, 2005

Capítulo 82 - Anões

Todos se acomodaram na apertada sala, dividindo o espaço com toda a sujeira e mobília dos orcs. A carne, assada deixada pelos orc, era como uma benção para aqueles jovens. O grupo se fartou com aquela refeição enquanto faziam curativos em seus ferimentos. Sam dedilhava seu alaúde, tirando uma doce melodia ora interrompida por algumas notas agudas e distorcidas, ora pelo silêncio quando algum ruído vindo de fora os fazia calar. Após algumas horas, todos adormeceram, um sono inicialmente leve mas que foi se tornando cada vez mais pesado, até que todos estivessem num profundo sono. Durante o sono, suas mentes novamente se conectaram, e eles voltaram a sonhar o mesmo sonho todos juntos, uma nova visão.
Os heróis se viram no salão onde tinham lutado com os orcs. Seus pés não tocavam o chão, e todos possuíam uma aparência translúcida e fantasmagórica. Os dois prisioneiros, Courana e Geradil, não estavam junto com eles. Com grande velocidade, todos começaram a descer em direção ao piso e, quando iam chocar-se contra ele, atravessaram-no como fantasmas. Desceram incontáveis metros, através de camadas de rocha e terra, até chegarem em uma gigantesca caverna cujas paredes brilhavam como se estivessem cobertas de cristais. Seus corpos se moveram, flutuando poucos centímetros acima do solo, e independente de suas vontades. Os heróis atravessaram as paredes da caverna e pararam por uma ligeira fração de segundo em uma câmara onde eram observados por numerosos anões de aparência nobre, que vestiam armaduras brilhantes e portavam armas exuberantes. Sem poder dizer qualquer coisa, ou sequer se mover, os heróis continuaram se movendo através de incontáveis paredes e cavernas com tal rapidez que não os permitia distinguir os detalhes na escuridão. Então eles novamente pararam, desta vez diante de uma resistente porta feita de ferro maciço. Não havia dobradiças à mostra que pudessem ser desmontadas. Grossos rebites eram visíveis por toda a extensão e marcas rúnicas feitas por anões podiam ser vistas no centro da porta. Não tinha mais que um metro e meio de altura, e estava firmemente cravada na entrada de uma caverna de rocha sólida. Do outro lado da porta, era possível ouvir o som de martelos sendo batidos sobre aço, numa sinfonia compassada e agradável. Os heróis se afastaram da porta tão veloz quanto haviam chegado. Passaram por mais paredes e câmaras, até que chegaram em um lugar com muita água corrente. Antes que pudessem prestar atenção em qualquer detalhe, desceram por um grande buraco no chão, até chegarem a um terceiro nível de túneis na montanha.
Saíram em um salão onde a água despencava do teto formando uma volumosa e barulhenta cascata. Havia à frente do grupo paredes feitas de blocos de pedra cuidadosamente empilhados uns sobre os outros, e portas que davam acesso às câmaras adiante. O grupo atravessou as paredes, portas e salas, percorrendo várias câmaras com caixas e sacas empilhadas como um grande depósito. Chegaram a um corredor estreito e o atravessaram até a ultima sala. Dentro da sala, uma mulher anã, de longos cabelos ruivos, vestindo uma armadura de metal brilhante, trazia as mãos cruzadas sobre o peito. A mulher emanada uma tênue aura de paz que era percebida por todos. Apesar da aura que tranqüilizava os presentes, os olhos da anã mostravam dor e tristeza. Delicadamente, ela estendeu as mãos aos jovens heróis e, como se entregasse um presente a um velho e querido amigo, exibiu uma grande chave de metal, toda trabalhada e decorada com runas anãs. Os heróis despertaram repentinamente, assustados e emocionados ao mesmo tempo. Se entreolharam rapidamente, sem que nenhuma palavra precisasse ser dita. Todos sabiam no que cada um dos seus companheiros estava pensando. Courana e Geradil acordaram em seguida, sem suspeitar de nada, nem entender a o porque da agitação de seus salvadores. Os aventureiros começaram os preparativos para retomar a jornada com uma coisa em mente, libertar os dois agricultores.