maio 31, 2007

Capítulo 281 – Ao gosto de Nimb...magia caótica

Capítulo 281 Ao gosto de Nimb...magia caótica

_ Squall! Amigo! – Silfo correu desesperado para a entrada do farol. Legolas e Nailo, após alguns segundos de hesitação, acompanharam o sátiro. Atravessaram apressadamente os cômodos que conduziam até a escadaria da construção, guiados por Nailo, que se orientava pelos rastros (na verdade pegadas úmidas e o arrastar de mantos encharcados) deixados por seus amigos. Nailo galgou os primeiros degraus da escada, e estes se romperam sob seus pés num estalo forte. Era a armadilha de Anix.

_ Tomem cuidado! Esta escada está caindo aos pedaços! Pisem onde eu pisar! - instruiu o ranger. Legolas e Silfo seguiram-no com cautela.

No topo da torre do farol, encontraram uma cena triste. Squall chorava copiosamente, ajoelhado diante de uma estátua de pedra, uma elfa. Todos estavam feridos, havia um imenso ogro caído no chão, dentro da redoma de vidro e pedra que protegia a luz mágica do farol, com o corpo todo cortado a golpes de espada. Montes de pedra e poeira, lama agora devido à chuva, estavam aqui e ali pelo chão, e foram reconhecidos como estátuas de pedra quebradas. De todos os feridos, Anix era o que parecia estar em pior estado, e tinha uma enorme espada de lâmina coberta de fogo encravada em suas costas. Era a espada do humano que os acompanhava, a espada de Orion.

_ Desgraçado! Traidor! – urrou Legolas. Duas flechas partiram do arco de gelo, indo cravar-se sob a armadura do humano após estilhaçar uma vidraça. Orion nada fez, continuou em direção aos novos companheiros que rodeavam Squall e Deedlit. Silfo e Nailo já ajudavam os amigos, desconfiando, estarrecidos do que tinha acontecido.

Legolas ainda disparou mais outra vez contra Orion, no momento em que este quase retirava a espada fincada nas costas de Anix. Mas, quando foi disparar novamente, algo estranho aconteceu. O céu estremeceu num trovão que engoliu o som das ondas da chuva e do rugido do arqueiro. Uma faísca dividiu o firmamento em dois, e um brilho esverdeado tomou conta da paisagem enegrecida pelas nuvens. Um aroma forte e sufocante invadiu as narinas de todos, um odor que Squall e Anix reconheceriam como o cheiro de cloro e que, sabiam eles, era sinal de problemas.

O arco mágico se apagou, as chamas da espada de Orion se extinguiram, as faíscas da espada de Nailo deixaram de competir com a tempestade, e até mesmo a Caçadora Prateada silenciou na escuridão. Tudo ficou escuro, o próprio farol se apagou e o disco de metal que orbitava a luz mágica caiu pesadamente no chão. Anix, Squall e até mesmo Lucano, iniciante nos caminhos arcanos, sentiram a criação de Wynna abandonando-os. Não havia mais magia.

_ Humano traidor! – mais uma flecha disparada, desta vez sem encontrar o alvo. O humano retirou, cuidadosamente, a espada das costas do elfo e a guardou.

_ Legolas! Pare com isso! Ele não é um traidor! Anix foi atingido por acidente! E se não fosse pelo Orion, Deedlit estaria... – Squall interrompeu sua fala morosa engolindo em seco e desabando em lágrimas.

_ Está bem! Mas continuarei de olho nele! Cansei de ser traído e enganado! – resmungou o arqueiro. - Onde está sua namorada? – perguntou.

_ Aqui! Aquela gárgula desgraçada a transformou em pedra! – Anix respondeu pelo irmão. – E o pior é que começou uma tempestade de magia caótica!

_ E o que é isso?

_ Em Wynlla ocorrem fenômenos estranhos! Aqui há lugares onde a magia arcana é mais forte. Noutros, ela é fraca e há até aqueles em que ela é totalmente inexistente. Diversos magos vieram para cá no passado, para estudar este fenômeno, e acabaram fundando o reino. Por isso Wynlla é chamado de reino da magia. Por causa desse fenômeno e do grande número de magos. Mas, isso não é tudo. Não se sabe se por um capricho de Wynna, por obra do acaso de Nimb, ou se é alguma peça pregada por Hyninn, mas o fato é que de tempos em tempos, a magia enlouquece completamente, e coisas ainda mais estranhas costumam acontecer. Já tivemos chuva de pêssegos, de conhaque e outras esquisitices. Aqui em Ab’ Dendriel, cada vez que alguma coisa desse tipo vai acontecer, o céu fica esverdeado e o ar fica com esse cheiro de cloro. Ou seja, além da Deedlit ter virado pedra, não podemos contar com nossos poderes mágicos pra tirá-la daqui, sejam eles feitiços, poções armas ou qualquer outra coisa! Nessa situação, eu agora sou totalmente inútil! Se outros monstros vierem nos atacar, não poderei fazer nada pra ajudar! – explicou Anix.

_ Bem, vamos encontrar uma forma de levá-la daqui! Depois a gente se preocupa com os monstros e com a magia! – era Nailo.

Orion e Nailo tentaram carregar Deedlit mas, em forma de pedra, a elfa parecia pesar uma tonelada (e pesava), de modo que eles não conseguiram movê-la. Pensaram em todas as alternativas que suas mentes podiam imaginar para transportar Deedlit em segurança para fora dali, mas nada parecia adequado. Pensaram em arrastá-la sobre a tampa do alçapão, em descê-la amarrada por cordas, em usar magia de teletransporte. Mas nada parecia capaz de suportar o peso colossal que aquela estátua tinha e a magia não mais existia ali, nada poderia ser feito. Orion, lembrou-se das palavras da elfa, sobre a bruxa e o amuleto, e se perguntou se isso teria alguma coisa a ver com o presente que recebera da misteriosa velha que encontrara na estrada. Olhou, curioso, para seu amuleto, sob o olhar vigilante de Squall, o único a notar o que o guerreiro fazia. Orion guardou seu pingente e voltou a ajudar os outros, intrigado.

Tentando buscar alguma alternativa, Nailo decidiu descer a torre do farol. Desceram Nailo e Lucano, inicialmente. Logo depois seriam seguidos pelos demais companheiros. Pararam diante da porta do terceiro andar.

_ Vamos entrar aqui! Pode ser que encontremos alguma coisa pra transportar a Deedlit nesse andar! – Nailo falou a Lucano e arrombou a porta com um forte chute. A porta abriu num rangido e revelou o interior do aposento. Era algo como uma moradia. Havia uma cama, armários, estantes com livros, uma escrivaninha. Mas também havia uma grande mesa de refeições, um fogão de chão antigo, e uma pequena despensa. O ambiente era ao mesmo tempo um dormitório e uma cozinha. E, já que era em parte um local para refeições, encontraram alguém se fartando. Era um ogro.

Uma imensa massa de músculos verdes e grotescos tomava grande parte do salão, banqueteando-se da carcaça de um cavalo cujos restos jaziam sobre a mesa. Nas mãos do ogro havia o enorme osso da coxa do animal, ainda com nacos de carne e gordura fétida a recobrindo. O monstro rugiu ferozmente, como se desejasse, muito mais que intimidar os intrusos, avisar seus companheiros da invasão.

_ Feche a porta Lucano! – Nailo sacou as duas espadas, desprovidas de qualquer poder mágico, e entrou. – Eu vou segurá-lo!

_ Ogro!!! – gritou o clérigo para seus amigos. E começou uma descida frenética pelas escadas.

O monstro avançou, brandindo o fêmur do cavalo como uma clava e golpeou com força estrondosa o peito do elfo. Nailo recuou e estremeceu sobre as pernas ante a força da criatura. Mas, não se deixou intimidar, revidou com dois cortes limpos no ventre da besta, fazendo seu sangue pegajoso e nauseabundo jorrar farto. O monstro urrou, levando uma mão ao estômago aberto, Nailo avançou rasgando-lhe as duas virilhas com precisão.

Um relâmpago brilhou no céu, e um brilho verde tomou conta do firmamento. O cheiro de cloro se intensificou, quase sufocando os heróis. Então, o osso que servia de clava para o ogro se inflamou, ficando coberto de poderosas chamas. Nailo temeu por um instante, mas então suas espadas recuperaram seu poder mágico, e a que tinha a lâmina mais longa voltou a faiscar como o céu.

Um vulto passou ao seu lado num salto majestoso. Era Orion. O guerreiro se atirou contra o monstro, abrindo-lhe o peito com a enorme espada num corte vertical. Sua espada estava novamente tomada de chamas. Os outros heróis já chegavam pela porta. Silfo foi o próximo a entrar, seguido de Lucano que, conforme pedira Nailo, fechou a porta para impedir a saída do inimigo. Legolas que vinha mais atrás, foi obrigado a arrombar a porta num chute, abrindo, assim, espaço para que Squall atacasse.

Squall tinha sido o último a descer. Seu irmão, Anix, sentindo-se inútil sem seus poderes, decidiu permanecer junto à estátua que era Deedlit. Durante sua descida, o feiticeiro viu um novo brilho verde no céu, e sentiu seu poder retornar ao seu corpo. E sentiu algo mais. A chuva que caía em cascatas, tornou-se uma embriagante bebida alcoólica, e logo depois um líquido cáustico que queimava em contato com a pele. Era ácido. Lembrou com temor das histórias contadas por Sam Rael, sobre a Tormenta e sua chuva de sangue ácido e demônios, mas seguiu em frente e abaixo, pois sabia que seu amigo precisava de ajuda (e sabia que se fosse realmente a Tormenta que caía do céu, nada mais poderia ser feito).

Do lado de fora, no telhado, Anix correu para a redoma de vidro para se proteger do ácido que chovia. Viu que a estátua não era afetada pelo ácido e se tranqüilizou. Então, sentiu seus poderes retornando, e correu para junto dos amigos. Enquanto corria, via os pingos, antes ácidos, transformarem-se em borboletas ao tocar o chão e seu corpo e desejou que um pouco daquele caos mágico lhes ajudasse.

Squall parou ao lado de Legolas, disparando projéteis de energia verde brilhante no ogro. O monstro urrou e investiu para cima do grupo com sua clava de fogo. Nailo e Orion contraíram seus músculos, enquanto suas mãos buscavam aparar os golpes da criatura. Então um trovão abafou o som da voz do monstro, o ambiente tornou-se esverdeado e choveu areia sobre Nailo e Orion.

Se alguém tivesse lhes contado, nenhum deles teria acreditado no que acontecera. A clava do ogro havia te desmanchado e se transformado em areia branca e cristalina. Eram os estranhos fenômenos mágicos de Wynlla se manifestando, desta vez a favor dos heróis. Sem arma, o monstro tentou fugir desesperado. E tombou em seguida, atingido por dois cortes gêmeos das espadas de Nailo e Orion. Antes que chegasse ao solo de pedra do faro, o monstro foi atingido por um relâmpago que invadiu a sala por uma janela no alto da parede. O corpo monstruoso brilhou fantasmagoricamente e depois de desmanchou em pleno ar, dando lugar a inúmeras borboletas que voejaram pela sala. Então, Anix finalmente chegou, a alertou seus amigos de que aqueles efeitos estranhos também poderiam acontecer com eles ou suas armas. O caos tomava conta daquele pequeno ponto no reino da magia. Em algum lugar, Nimb sorria loucamente.

maio 16, 2007

Campanha A - Capítulo 280 – A dama de pedra

Capítulo 280 A dama de pedra

Orion rugiu e correu, sob os socos pesados e úmidos da tempestade, sua espada era névoa e chamas. O ogro rugiu em revide, agarrou um pedaço de árvore que estava próximo e correu em direção à porta da redoma do farol. Puxava sua roupa nojenta de volta ao corpo, ocultando o membro gigantesco que pendia entre as pernas. Os dois se encontraram e se chocaram, apenas os batentes da porta os separavam um do outro. A clava desceu sobre o peito do humano com força duas vezes, quase o atirando por cima do muro de proteção. A espada de chamas rasgou e queimou o peito da criatura, espalhando seu sangue asqueroso pelo chão e enchendo o lugar com o cheiro nauseabundo de carne de ogro queimada.

Anix veio em seguida, pelo alçapão, reconheceu de imediato a elfa amarrada e correu para ajudá-la. Com um soco quebrou um dos vidros, deixando que a chuva penetrasse na câmara do farol e a elfa saísse. Puxou Deedlit para fora, por cima da mureta, enquanto a luz mágica do farol ardia no centro da torre, piscante, ocultada por um disco que girava magicamente em ritmo constante.

Lucano entoou palavras sagradas enquanto subia os degraus de metal, e o poder de Glórienn se manifestou na forma de uma espada de pura luz. Um raio brilhante partiu da espada, passando rente ao corpo imenso do monstro que esquivou para o lado enquanto preparava um novo golpe contra Orion.

O último a surgir do alçapão foi Squall, em sua mão, a varinha mágica que pertencera a Zulil. Arëmikeali, gritou o elfo apontando o bastão para o ogro. Um raio negro atingiu o monstro a partir da varinha e todos puderam ver seus músculos diminuindo e o enorme porrete de madeira pesando em suas mão. Enfraqueça, era o que significava aquela palavra élfica, e fraco o ogro ficara.

O monstro partiu com seu corpanzil para cima de Orion Stifler, tentando jogá-lo para fora da torre. O guerreiro tentou impedi-lo com a espada, mas a criatura avançou, apesar de ferida. Os corpos se chocaram sob a chuva, e o bravo guerreiro resistiu o mais que pode à força do monstro. Empurrou-o de volta e desferiu dos golpes rápidos, rasgando ainda mais a criatura.

Deedlit, desamordaçada por Anix após muito protesto, evocou seus poderes arcanos e disparou de sua mão dois projéteis de pura energia.O ogro foi atingido e cambaleou, depois a espada espiritual de Lucano o atingiu no tórax, e novamente ele cambaleou. Lucano então segurou Dililiümi firmemente e atacou. A espada se inflamou e um corte flamejante se abriu na carne verde-escura. O monstro ameaçou tombar uma vez mais. Squall sacou sua espada e correu, furioso, entoando palavras arcanas. Sua espada brilhou, tomada por uma energia rubra, e num salto, Squall abriu o corpo do monstro desde a virilha até o ombro. E o monstro tombou.

_ Squall! – gritou Deedlit.

_ Deedlit! – respondeu o feiticeiro, emocionado.

_ O que você fez no cabelo? E essa sua aparência? Você está horrível! Por que não corta essas unhas? E esses seus dentes? Andou mandando afiá-los? Afinal o que aconteceu com você durante todo esse tempo? Por onde você e seu irmão andaram? – não houve recepção calorosa, não desta vez, apenas gritos e o calor da batalha que ainda não tinha se apagado.

_ Bem isso é uma longa história! Depois eu explico pra você! Agora vamos embora daqui! O mais importante de tudo é que você está bem, meu amor! – Squall tentava ainda quebrar a tensão que tomava conta do grupo. Esperava que, assim como acontecera a Legolas, sua amada saltasse em seus braços e lhe beijasse profundamente.

_ Que ir embora, o que! Não podemos! Temos que pegar a bruxa! É ela que está por trás de todos esses monstros! Está atacando a vila pra descobrir onde está o amuleto dos planos! Temos que ir atrás dela e impedi-la! – e novamente nada de beijo, só mais palavras duras, embora necessárias.

_ Amuleto? Que amuleto é esse? – perguntou Anix. Orion pensou no seu próprio amuleto e certificou-se de que ele estava seguro sob sua armadura. Squall só queria um beijo.

E, novamente não houve beijo. Não houve tempo. Quatro estátuas que ficavam sobre a mureta da torre, até então desprezadas pelos heróis em sua pressa e necessidade, ergueram-se abrindo asas membranosas e exibindo garras afiadas em seus membros. Pele pedregosa, chifres pontudos, dentes afiados, olhos vermelhos. Gárgulas.

Orion investiu contra uma das criaturas enquanto ela ainda alçava vôo para atacá-los. Sua espada de fogo rasgou a pele cinzenta do monstro, que por pouco não morreu. Deedlit, Squall e Anix dispararam quase simultaneamente seus mísseis mágicos, causando grande quantidade de dano noutro dos monstros. Lucano, a espada espiritual e Dililiümi combatiam ferozmente uma terceira criatura, rasgando-a, queimando-a, perfurando-a. Então, os gárgulas revidaram.

Suas garras rasgaram a carne de Lucano. O monstro ainda tentou erguê-lo do chão para atirá-lo fora da torre. Orion correu para ajudá-lo, logo após escapar de ataque semelhante e destruir o monstro contra o qual lutava. A bastada partiu as duas criaturas ao meio com sua lâmina flamejante. Os corpos dos monstros transformaram-se em pedra e se despedaçaram no chão molhado.

Anix quase foi atingido enquanto tentava proteger Deedlit dos ataques do terceiro monstro. Squall corria para ajudá-lo quando viu a quarta criatura voando velozmente na direção do irmão. Atacou com a espada, arrebentando a vidraça da redoma, mas não conseguiu impedir o inimigo. O gárgula saltou sobre as costas de Deedlit, sem que Anix pudesse fazer qualquer coisa, arranhou e menina, fazendo brotar o sangue farto sobre a pele branca da elfa.

Atacaram com magia. Os projéteis de energia explodiram nos corpos dos monstros que os cercavam, arrancando pedaços de seus corpos cinzentos. Lucano ajudava à distância com a arma espiritual, e Orion já corria para auxiliá-los com sua arma.

Um dos monstros tombou, feito de pedra, e se estilhaçou no solo. O outro, embora muito ferido, continuou atacando. Arranhou, chifrou e por fim mordeu o pescoço da jovem Deedlit, contaminando-a com sua baba pegajosa e pútrida. Orion arremessou sua espada num ato de desespero, mas ela veio a se fincar nas costas de Anix. Mesmo ferido, o mago lutava para puxar Deedlit par longe do monstro, mas, talvez pelo ferimento, ou pelo frio da chuva que caia, a jovem parecia pesar uma tonelada e não se movia. As garras do monstro atacaram mais uma vez, rasgando as costas feridas de Anix e o restante das armas do monstro já se projetavam sobre o corpo indefeso de Deedlit.

Então a fúria despertou.

Vendo seu irmão e, principalmente, sua amada indefesos nas garras do monstro, Squall explodiu em cólera, saltando sobre a criatura quase num vôo. Suas mãos abertas eram garras que avançavam na direção do inimigo (a espada fora esquecida no chão). Seus olhos eram brasas vermelhas que contrastavam com o céu enegrecido. Seus dentes eram punhais afiados e seu rugido era o de um dragão. Squall era um dragão. Num urro de dor, ódio e amor, o feiticeiro lançou um jato de chamas sobre o gárgula, queimando cada centímetro de seu corpo que voltou a ser pedra e depois, incinerado pelo calor de Squall, pó. O monstro desapareceu, no eu lugar apenas poeira cinza e vapor de água. Squall pousou no chão como um deus. Voltou seus olhos para sua amada, era o momento do tão esperado beijo. Mas, novamente não houve beijo, nem abraço, nem lágrimas, nem bravata ou palavras duras. Deedlit, a bela e jovem elfa, era agora uma sólida e angustiada estátua de pedra.

Lá embaixo, fora da torre do farol, Silfo e seu grupo ouviam, estarrecidos os urros de Squall que rivalizavam com o retumbar dos trovões. Diante deles, impassível, um enorme navio permanecia ancorado atrás da ilhota que abrigava o farol.

Campanha A - Capítulo 279 – O farol

Capítulo 279 O farol

Anix e Lucano, numa rápida conversa com os pescadores, descobriram que Deedlit tinha partido para o farol, que tinha sido feito de acampamento pelos monstros invasores. A elfa, com mais um pequeno grupo de ajudantes fora tentar expulsar as criaturas e assim interromper os ataques à vila. Anix conhecia Deedlit desde a infância e sabia que, embora ela fosse uma feiticeira promissora, não seria capaz de derrotar todos aqueles monstros sozinha. O próprio Anix, com todos os fantásticos poderes que havia conquistado nas muitas aventuras que superou junto com os amigos, não fosse pela ajuda destes mesmos amigos, não teria sobrevivido à batalha na praia. Era preciso, portanto, apressar-se para não quebrar o tênue fio de esperança que havia de se encontrar a amada de seu irmão ainda com vida.

Deixaram aquilo que era peso excedente para trás. Lucano tirou sua armadura pesada e encharcada, e a deixou com os pescadores, pois tinha certeza de que precisaria de todo o poder disponível para aquela missão, o que incluía as magias arcanas que tinha aprendido com Anix e Seelan e que eram difíceis de derem executadas dentro da proteção de metal. Orion Stifler, o guerreiro humano que acompanhava os dois elfos (ainda que eles não o desejassem por perto), pediu que cuidassem de seu cavalo e de seus pertences, e deixou para trás uma mochila cheia de coisas que não usaria em combate. O líder dos pescadores, um homem alto e forte, de pele corada e recoberta de fartos pêlos negros, Steban, despediu-se dos aventureiros, desejando-lhes boa sorte.

Silfo já tomava lugar na embarcação dos goblinóides, pronto para remar mar adentro. Nailo e Legolas também aguardavam impacientes quando os outros retornaram, e Squall protegia seu corpo com magia, pouco antes de saltar dentro do barco de madeira.

_ Vamos! – gritou o feiticeiro.

E o barco zarpou. A viagem até o farol, uma distância de talvez um quilômetro ou menos, era o que podia se chamar de tormento. Ondas gigantescas sacolejavam a frágil embarcação de um lado para outro, por vezes quase a virando do avesso. O casco rangia, como se fosse se partir ao se chocar com a rebentação. Silfo, Nailo e Orion remavam, e sentiam os frágeis remos envergando sob a violenta força das águas salgadas. Do céu despencavam gotas fartas que atingiam os heróis como socos. Estavam encharcados e gelados, cansados e enjoados, preocupados e ansiosos. Naquela situação, cair no mar significava a morte para qualquer um dos presentes, especialmente os que trajavam armaduras pesadas. Entretanto, não podiam sequer pensar em esperar por uma melhora do tempo, pois isso poderia custar a vida de Deedlit, isso se ela ainda estivesse viva. Nesse momento, Lucano, Anix, Squall, Nailo e Legolas sentiram saudades de seu amigo Sairf. Com seu conhecimento sobre a água, com certeza o mago já teria poder suficiente para dissipar aquela tempestade e facilitar a jornada dos heróis. Mas, Sairf há muito decidira seguir seu próprio caminho, restava então apenas remar, e pedir a Grande Oceano que fosse clemente em sua fúria.

Com muito esforço, a pequena nau conseguiu resistir à fúria das águas, e avistar o seu destino. O farol ficava numa ilhota pedregosa incrustada no meio do mar. Seu litoral era recortado de forma irregular e todo coberto de rochas afiadas que se elevavam vários metros acima do mar bravio. A sul, o platô de pedra descia até o nível da água, numa rampa ligeiramente íngreme, formando uma pequena praia, perfeita para aportarem na ilha.

O barco atracou, jogado com violência sobre a ilhota pelas ondas. Os heróis desembarcaram rapidamente e se puseram a correr em direção ao centro da pequena porção de terra. Em direção ao farol.

O farol era uma construção de pedra corroída pelo tempo e pela maresia. Elevava-se muitos metros acima do solo, numa torre circular de uns quinze metros de diâmetro, que se afinava enquanto ganhava altura. Três janelas altas e pequenas, não mais que meros buracos abertos na pedra, alinhavam-se acima da porta que ficava a sudeste, revelando a existência de mais dois andares na torre além do térreo. No alto, a luz do farol brilhava dentro de uma redoma de vidro cercada por um parapeito descoberto. Por todo lado, chuva forte e uma neblina formada pelas gotículas de água suspensas no ar, que impediam os olhos dos aventureiros de alcançarem o outro lado da ilha.

O grupo se dividiu em dois. Legolas, Nailo e Silfo seguiram circundando a torre do farol, enquanto os demais invadiam a construção. Orion abriu a porta de madeira apodrecida sem dificuldade. O vento invadiu a torre, fazendo tremular a chama das tochas que iluminavam o interior do ambiente. Entraram. Estavam em uma câmara ampla, de formato trapezoidal. À direita havia uma porta, próximo à entrada. À esquerda havia outras duas portas, ambas de madeira umedecida. Tochas pendiam das paredes, suas chamas já quase extintas pelo tempo e pela umidade. As paredes laterais eram retas, feitas de pedras pequenas e aparentemente finas. Começavam à frente do grupo e formavam entre si um ângulo que se abria em direção à parede externa. A parede que dava para fora, bem como a que ficava oposta a ela, era construída de grandes blocos de pedra empilhados, tinha grande espessura e formava um arco que circundava todo o farol. Era possível prever que a torre era composta de dois anéis de pedra, um externo e um interno, onde provavelmente deveria haver a escada que conduziria aos andares superiores e onde, esperavam, estaria Deedlit.

Foram para a direita. A porta se abriu e as trevas além dela engoliram a luz das tochas. No meio da escuridão, viram criaturas correndo rapidamente, algumas em direção aos heróis.

Squall disparou seus projéteis mágicos, e matou um dos monstros que se aproximava. Era um rato. Grandes ratazanas banqueteavam-se com os mantimentos estocados naquela sala. Eram sacas de grãos, legumes, e caixas com carne salgada e peixes. A comida estava ainda em bom estado, mas começava a apodrecer, deixada sem cuidados e recebendo a umidade externa sem preocupação por parte dos novos inquilinos do farol. O salão trapezoidal era grande, quase o dobro do anterior, e boa parte de suas paredes eram ocupadas pela comida estocada. Não havia iluminação, Orion então pronunciou uma palavra mágica, que até então tinha guardado para si, e sua espada se inflamou, coberta de chamas brilhantes que dissiparam as trevas.

Puderam ver duas portas, uma à frente deles, que provavelmente conduziria a outra sala e a mais outra e a mais outra até chegar à primeira sala investigada, fechando assim o círculo que formava a torre do farol. A outra porta estava à esquerda deles, naquilo que seria o anel interno da construção, onde, esperavam, encontrariam a escada. Abriram-na, e encontraram uma larga escadaria que subia em caracol até a parte mais alta da torre. Correram. Subiram o mais rápido que puderam em direção ao topo do farol. Esperavam encontrar Deedlit lá em cima, no lugar mais distante e provavelmente mais perigoso de ser acessado. Estavam certos. Na subida, Anix ainda preparou uma armadilha para avisá-los, caso algum inimigo começasse a subida após eles. Com sua espada enfraqueceu a estrutura dos três primeiros degraus, assim, se alguém pisasse ali, os quebraria e faria barulho suficiente para alertá-los do perigo.

Avançaram rapidamente, sobrepujando vários degraus, passando pelas portas de acesso dos andares intermediários, até que finalmente a escada terminou. O caracol de madeira e pedra terminada abruptamente diante de uma parede sólida. À esquerda, havia um buraco redondo por onde subia uma corrente de ar frio vinda do andar térreo. À direita, um pequeno corredor seguia estreito até a borda da torre, onde havia uma escada de metal, barras dobradas e cravadas nas pedras da parede, que levava até o teto. Acima da escada, um alçapão.

Todos se prepararam. Orion subiu os degraus de ferro, espada em chamas na mão, e ergueu levemente a portinhola de madeira que fechava o teto. A água da chuva penetrou farta pela abertura, gotas se chocavam contra a espada flamejante e se evaporavam subitamente, formando uma névoa fina ao redor da arma. Os olhos do guerreiro viram que o alçapão dava para o último andar, em sua área externa que formava um parapeito donde a vista podia alcançar muitas léguas de distância ao redor do farol. No centro do pátio havia uma construção que abrigava o mecanismo do farol. Era uma redoma de pedra e vidro. Uma mureta circundava todo o perímetro da redoma, tinha não mais que um metro de altura, sobre ela havia grandes vidros que atingiam fácil os dois metros de altura e eram separados uns dos outros por colunas de pedra. Apoiadas sobre as colunas e sobre a vidraça, as pedras se amontoavam para formar uma abóbada delicada.

Orion buscou por pés, de inimigos, mas não os encontrou. Os demais já começavam a trilhar o caminho de volta quando o guerreiro abriu totalmente o alçapão e colocou metade do corpo para fora, na chuva. Todos pararam, Orion jogou seu corpo para cima num impulso e correu gritando furiosamente, empunhando a espada de fogo. Deedlit estava lá.

Sem entender a atitude do humano, os elfos subiram rapidamente e viram, dentro da redoma, uma bela elfa, de cabelos louros e olhar de desespero, amarrada no chão, diante de um enorme ogro que baixava suas calças imundas para empunhar sua arma repugnante contra a donzela. Um raio cortou o céu, e a batalha começou.

maio 04, 2007

Campanha A - Capítulo 278 – Areia, água e sangue

Capítulo 278 Areia, água e sangue

A tempestade veio, inclemente com suas águas e seu vento. Raios cortavam o céu, desenhando mosaicos de luz. Ondas se elevavam do mar com violência, o mar urrava como uma fera insana. Armaduras e mantos tornaram-se molhados, pesados e frios. Mas os heróis aguardavam na praia, estáticos, como se a chuva que os atingia não existisse. Seus olhos fixos no horizonte, atentos. Esperando pelo inimigo que se aproximava. Então, subitamente, no meio do mar bravio surgiu uma vela branca. Uma pequena embarcação se aproximava, soprada pelos caprichos do vento, jogada de um lado pro outro pela ira das ondas, repleta de monstros.

Eram muitos os monstros que se acotovelavam no pequeno barco. Havia bugbears musculosos, armados de maças de machados, mais de uma dezena de hobgoblins carregando espadas e quatro gigantescos ogros, munidos de troncos grossos que lhes serviam de clavas. O barco se aproximava da praia rapidamente, carregado pelo mar bravio. Quando estava a uma distância que os olhos permitiam distinguir o formato dos inimigos, Nailo disparou a primeira flecha e um hobgoblin, que vinha na proa da embarcação, tombou no pequeno convés.

Chegaram à água rasa. Os monstros saltaram de seu bote e avançaram pela rebentação em direção aos heróis. Nailo largou o arco e pegou suas espadas, postando-se ao lado de Squall, rangendo os dentes enquanto sua melhor arma explodia em faíscas ao ser tocada pela chuva. Squall e Anix começaram a separar seus componentes mágicos, Legolas, mais atrás, puxava a corda de seu arco apontando-o para o alto, duas flechas prontas para sangrarem os inimigos. Orion finalmente desembainhou sua enorme espada e preparou seu pesado escudo para deter os monstros que se aproximavam. Fincada na areia da praia, diante de Lucano, Dililiümi tremia de ódio e brilhava como uma tocha prateada. Era a hora de caçar.

Os monstros avançaram. Os bugbears vinham à frente, correndo como loucos. Um deles chegou até Squall, e sua maça, uma esfera metálica cheia de pontas afiadas e retorcidas, rasgou o rosto do elfo profundamente. Nailo atravessou o ventre da criatura com sua espada. Faíscas explodiram, ao mesmo tempo em que os relâmpagos dividiam o céu, como que em sincronia. Em segundos, outros monstros chegaram e cercaram Squall e Nailo. Um tronco de árvore, que era uma clava, desceu sobre o corpo do feiticeiro com força. Squall cambaleou.

Os que estavam mais distantes atacavam com armas de arremesso. Uma das lanças cruzou o céu como um raio, e cravou-se na perna de Lucano, profundamente. Legolas, disparava suas flechas nos inimigos que ainda estavam na água, impedindo vários deles de chegarem à terra firme. Anix estava concentrado, suas mãos tornavam-se rubras, enquanto ele evocava seu feitiço. Então, foi a vez do humano finalmente brandir sua espada e atacar.

Orion correu em auxílio a Squall e Nailo. Um dos ogros tentou impedi-lo com sua clava, mas o guerreiro saltou para o lado, deixando o tronco atingir a areia, inofensivo. Saltou na arma do monstro, usando-a como ponte para escalar até a altura da criatura. A espada bastarda cortou o monstro abaixo do pescoço num arco. A criatura caiu morta antes que Orion terminasse seu movimento. O guerreiro atingiu o solo, ficando entre o bugbear que ferira Squall e os dois elfos, sua espada desceu como um relâmpago, aproveitando o impulso para destrinchar a criatura. Metade do monstro caiu no solo, a outra metade tentou ainda um movimento de fuga, mas era tarde. Orion não comemorou, apenas se ergueu do solo e ficou à frente dos dois elfos a quem deveria auxiliar, aguardando pelo próximo inimigo.

Um círculo mágico se formou sobre a água espumante por onde avançavam as hostes inimigas. A água borbulhou, como se fervesse, e uma parede de chamas emergiu, superando a altura do maior dos ogros, queimando aqueles que a tocavam e os que estavam muito próximos. “Sintam as chamas mortais do inferno!”, gritava Anix, entusiasmado, enquanto os monstros eram cozidos vivos.

Contudo, os monstros continuavam avançando, mergulhando na água salgada para passar ilesos pelas chamas. Squall tentava detê-los com sua mágica, explodindo bolas de fogo aqui e ali, mas o clima estava contra eles, e a chuva ajudava a amenizar os efeitos da chamas. Legolas disparava suas flechas em ritmo frenético, mas os ventos inclementes desviavam seus projéteis, favorecendo os inimigos. Cloud saltou do ombro de seu mestre e alçou vôo. Foi em direção a um dos ogros, com suas garras à mostra. Squall temeu pelo pior, mas se surpreendeu com o que aconteceu. O pássaro avançou piando e gritando, e no meio de sua sinfonia de guerra, chamas saíram de seu pequeno bico, inflamando a face do monstro atacado. Cloud bateu as asas e subiu ao céu, escapando da clava do ogro queimado. Finalmente o sangue dracônico de Squall, que agora corria nas veias de Cloud, começava a fazer efeito e a mostrar seu poder.

A metros dali, Lucano corria, sua espada na mão direita, na direção dos inimigos que emergiam das águas após escaparem das chamas de Anix. A espada Dililiümi brilhava e tremia em sua mão, como se desejasse saltar sobre os adversários, como se tivesse vida própria. Lucano mirou um ponto no meio dos inimigos e evocou uma magia sonora, semelhante à que Sam costumava utilizar. O inimigo ficou paralisado, antes mesmo da magia ser completada, e deixou a arma cair da mão. As ondas sonoras explodiram, afastando as gotas d’água, as ondas e até a areia da praia. O inimigo permanecia em pé apenas por capricho dos dados de Nimb.

Nailo correu sob os relâmpagos do céu, criando seus próprios relâmpagos no solo, e começou a derrubar os monstros próximos a Lucano, flechas disparadas por Legolas dividiam o céu com as gotas e raios, derrubando hobgoblins antes que pudessem descer do barco para atacar e Anix continuava concentrado, mantendo a barreira de chamas que minava as forças no inimigo. Na frente de batalha, os ogros cercavam Squall e Orion e, junto com os outros monstros, causaram graves ferimentos no elfo e feriram pela primeira vez o corpo do guerreiro humano.

Orion girou sua espada no ar, decapitando um bugbear. Continuou o movimento e rasgou profundamente o estômago de um dos ogros, espalhando suas entranhas fétidas pela areia. Com sucessivos golpes de espada, Nailo e Orion foram derrubando um a um os monstros. Legolas os ajudava eliminando os mais distantes com suas flechas congelantes, e os que sobravam, eram queimados pelas chamas produzidas por Anix, tornando-se alvos fáceis para Squall e Lucano.

Entretanto, ainda havia um monstro terrível a ser derrubado. Ele era o maior dos ogros que havia entrado em combate e seus gritos de cólera rivalizavam com os trovões e o rugido do mar. Correu em grande velocidade, olhos vermelhos e boca espumando, passou por todos tão rápido que ninguém foi capaz de deter sua investida. Ergueu sua clava, que era quase uma árvore inteira, e golpeou Anix.

O mago contorceu o corpo de dor, sentindo seus músculos e ossos sendo esmagados pela força do monstro. Sua visão se tornou turva, a magia que controlava foi perdida e ele vomitou sangue. Anix mal podia respirar, ante o potente ataque da besta.

Anix recuou, trôpego, sofreu um novo ataque, desta vez menos forte, mas ainda assim letal. Agarrou-se ao fio de consciência que lhe restava para desferir um ataque no inimigo, e cinco bolas de luz partiram de seus dedos e explodiram no corpo do monstro.

Orion recuou para ajudar Anix, após deixar um rastro de corpos de hobgoblins pelo caminho. Nailo, da mesma forma, começou a retornar para perto dos amigos, após se livrar de meia dúzia de inimigos. Squall e Lucano, que estavam mais próximos, foram os primeiros a chegar e a ferir o inimigo. Squall correu arrastando sua espada levemente no chão, seus olhos de meio-dragão miravam o alvo, sua mente concentrava o poder mágico do seu corpo na arma. A espada brilhou e subiu pelo corpo da criatura formando um arco no ar. Squall saltou, a espada apontando para o alto e manchada de sangue após abrir o couro espesso do ogro. Squall urrava.

Lucano chegou pelo flanco direito da criatura, ergueu a espada para atacar e percebeu algo estranho. Uma voz ecoava em sua mente, quase como um grito, repetindo constantemente a frase: “Queime o maldito!”. Sem entender e impulsionado pelo calor da batalha, Lucano gritou, repetindo as palavras em sua mente com fervor. Então, a espada élfica brilhou com mais intensidade, e foi tomada por chamas incandescentes. Lucano golpeou a coxa do monstro, arrancando dele um grito de dor e de fúria e, após muitos anos, Dililiümi voltou a beber o sangue de um inimigo.

Legolas continuava impedindo os inimigos mais distantes de fugirem e de se engajarem na batalha, quando Nailo chegou para ajudar os amigos. Suas espadas cortaram furiosamente o monstro, que urrava abafando o som das ondas. Mas, quando todos pensaram que a batalha estava terminada, a fera voltou a atacar. Sua clava jogou Lucano metros para trás, deixando-o atordoado e, com um poderoso golpe, atirou Squall no chão úmido de areia, quase sem vida.

Anix fez suas chamas explodirem ao redor do oponente, mas nem isso o deteve. Legolas mudou o alvo de suas flechas, mas nem com isso o monstro foi vencido. As espadas de Nailo arrancavam pedaços de sua carne imunda, mas nada parecia detê-lo, e Squall sangrava aos borbotões e a areia tornava-se rubra sob seu corpo, enquanto Lucano tentava recuperar o fôlego para auxiliar o amigo ferido. Então veio o humano.

Orion chegou por trás do ogro, mas isso não impediu o monstro de notar sua presença. A clava de árvore golpeou a cabeça do guerreiro, e arremessou seu elmo brilhante a metros de distância. Orion não disse uma palavra sequer, parecia não ter sentido o impacto. Virou a cabeça para a direção do ogro novamente, e seus olhos fitaram os dele, cheios de fúria. Ergueu sua espada, um relâmpago brilhou no céu, desferiu o primeiro golpe. O peito do monstro sangrou fartamente e o cheiro de entranhas nauseabundas tomou o lugar da maresia. Outro clarão no céu, mais um golpe, desta vez no pescoço. O monstro tombou pesadamente no chão, ao mesmo tempo em que os pés do guerreiro tocavam novamente o solo de areia. Do exército que invadira a praia de Ab’ Dendriel, apenas dois ou três hobgoblins covardes e em fuga restavam. Foram abatidos a flechadas. Lucano usou o poder de Glórien e curou os ferimentos de Squall. O feiticeiro despertou de seu sono de morte e agradeceu. Anix engoliu uma poção mágica para também se curar, Nailo limpou o sangue de suas espadas, Legolas fez uma bravata e conferiu a munição restante. Orion apenas recolheu seu capacete do chão. A primeira batalha estava terminada.

Orion, o guerreiro