fevereiro 15, 2006

Capítulo 164 – Duelo, o herói que abandona o lar

Capítulo 164 Duelo, o herói que abandona o lar

Legolas percorria as ruas de Darkwood em busca de seu desafeto. Seus passos pesados e duros logo atraíram uma pequena multidão para segui-lo. Todos ali, sem exceção, guardavam alguma mágoa de Elenindow. Desde garoto, ele já demonstrava má conduta. Judiava dos animais locais, destruía hortas, atirava pedras nos vidros das casas de seus vizinhos, botava fogo nos telhados. Seu gênio terrível obrigou seus pais a mandá-lo para o exército real, na esperança de que a disciplina do serviço militar desse algum jeito naquele garoto. Elenindow já era um elfo adulto assim como Legolas, mas seu comportamento e seu gênio não haviam mudado. Chegou à Darkwood junto com um destacamento do exército que ainda se aproximava da cidade e, após uma discussão com Loran, o curandeiro local, Elenindow foi humilhado na frente dos aldeões. Atirado ao chão pelo velho curandeiro, Elenindow apanhou sua espada de lâmina larga e atravessou a garganta do pobre elfo.

Loran foi cruelmente assassinado diante de sua neta, a jovem Laura uma pequena elfa de cabelos dourados. O elfo caiu mortalmente ferido, enquanto seu algoz ameaçava as demais pessoas com sua espada. Mas havia ali alguém com coragem suficiente para enfrentar aquele garoto sem moral. Lanell, o avô de Legolas tentou prendê-lo até a chegada do resto do pelotão real. Entretanto, tentando se defender, Elenindow cravou a lâmina da espada no peito de Lanell. O jovem correu cambaleante pelas ruas da cidade, enquanto as pessoas acudiam os dois feridos. Loran já estava morto, mas Lanell foi levado até seu filho. Entretanto, nada poderia ser feito por ele também.

Legolas caminhava apressado, guiado pelas crianças da vila que lhe indicavam o caminho até onde estava o assassino de seu avô. Os mais velhos acompanhavam mais de longe, ansiosos para ver o duelo. Legolas não dava importância para toda aquela gente em volta dele. Seus pensamentos estavam no maldito Elenindow. Legolas se perguntava o que teria trazido aquele desgraçado até Darkwood, já que seus pais haviam se mudado de lá antes de ele partir para ir treinar com mestre Li.

­_ Será que aquele maldito veio até aqui somente para matar o senhor Loran e meu avô? O maldito vai pagar por tudo que fez durante toda sua vida! – pensava Legolas entre um passo e outro.

Quando estava próximo da entrada nordeste da vila, Legolas avistou seu inimigo. Elenindow estava sentado no chão, encostado em uma arvoreja quase dentro da lavoura comunitária do povoado. Vestia uma armadura de metal e couro toda empoeirada, e partes dela, como as luvas, capacete e botas, estavam largadas no chão displicentemente. Sua espada tinha a ponta fincada na terra batida da viela e o corpo da lâmina apoiado no ombro direito de seu dono. Elenindow estava com a cabeça abaixada e nem notou a chegada de Legolas e do povo da vila. Sangue escorria de um arranhão profundo em seu braço e seu corpo possuía diversos outros arranhões menores, como se ele tivesse atravessado uma moita espinhosa. Era uma vítima fácil para Legolas, que poderia acabar com ele com apenas um golpe furtivo, mas não o fez.

A multidão parou a cerca de dez metros dos dois. Legolas avançou tranqüilamente na direção do inimigo e atirou sua wakizashi entre os pés do oponente. Elenindow levantou a cabeça lentamente e encarou Legolas. Seu olhar distante e vazio dava a impressão de que estivera dormindo. Como aquele maldito podia conseguir dormir depois de matar dois elfos bons e inocentes? Pensava Legolas. Vagarosamente, Elenindow se levantou do chão, apoiando-se em sua espada. Já de pé, ergueu a lâmina que, dada a dificuldade com que ele a levantava, deveria ser extremamente pesada.

A batalha começou. Sem dizer nenhuma palavra, os dois começaram a trocar golpes de espada. O duelo era equilibrado. Legolas contava com sua destreza, enquanto Elenindow confiava em sua força. Pouco a pouco, Legolas foi vencendo a resistência do inimigo e encurralando-o. Entretanto, um golpe certeiro de Elenindow, quase pôs fim à vingança do arqueiro. A lâmina da espada larga penetrou no peito de Legolas que estava desprotegido sem sua armadura. Felizmente para ele, o ferimento foi apenas superficial. Mas, se Elenindow tivesse usado mais força no ataque, teria atravessado o coração de Legolas com certeza.

Legolas se refez rapidamente do susto, e golpeou o braço do oponente. Elenindow baixou a guarda, dando chance para que Legolas o atingisse novamente. A lâmina da katana cortou o ar rapidamente, indo na direção do ventre de Elenindow quando a espada larga de Elenindow caiu no chão, uma fração de segundo antes de Legolas atingi-lo.

Legolas desferiu uma série de golpes, cortando o corpo do adversário que parecia já nem estar vivo. Elenindow finalmente caiu no chão, morto. Legolas cessou seus ataques, observando o inimigo que jazia à sua frente. Soltou a espada no chão e deu um grito que ecoou por toda a vila, abafando o som dos cascos dos cavalos que se aproximavam. Um homem, vestido com um uniforme militar, observava tudo do outro lado da ponte que cruzava o riacho Aurora que cortava a vila. Leondil se aproximou dele neste mesmo instante.

_ Legolas! Fuja depressa! Os soldados estão chegando! Se eles te pegarem, você será executado por matar um oficial! Sua mãe e eu preparamos seu cavalo com suprimentos. Parta agora, antes que seja tarde! – disse Leondil aos prantos, enquanto abraçava o filho e apontava para onde estavam Eire e Rassufel, o cavalo de Legolas. Legolas se despediu de seus pais e montou, partindo rumo ao oeste.

_ Prendam aquele elfo! – gritava o soldado que havia assistido ao duelo.

Legolas esporeou o cavalo e partiu rápido, enquanto os aldeões ocupavam a rua para impedir a passagem dos soldados. Flechas foram disparadas, na esperança de atingir Legolas, mas ele desviou dobrando uma esquina e desaparecendo da vista dos soldados.

O arqueiro passou diante de sua casa pela última vez, despedindo-se daquele lugar que tanto amava. Então ele viu quem ele mais desejava ver em todo o mundo. Liodriel estava lá, parada diante dele. Seus cabelos ruivos se agitavam ao vento criando um belo contraste com seu longo vestido azul turquesa. Legolas saltou do cavalo com ele ainda em movimento. As delicadas margaridas que a jovem trazia nas mãos espalharam-se pelo chão quando seu amado a abraçou. Legolas a tomou nos braços e se despediu de Liodriel com um beijo. Prometeu que voltaria um dia para se casar com ela e partiu.

Legolas fugiu pela estrada com seu cavalo em disparada. Depois penetrou na floresta para despistar seus seguidores e seguiu para o oeste sem parar. Algumas horas depois, encontrou um outro elfo, que cavalgava vagarosamente, acompanhado de um belo lobo. Legolas se aproximou e ficou surpreso ao ver que o elfo era Nailo, seu amigo de infância.

Nailo estava indo para Malpetrim, uma cidade de médio porte do reino de Petrinya, famosa por sua grande feira anual e pelas grandes aventuras que ali tiveram início. Legolas se juntou a ele e os dois foram para Malpetrim, ver a grande feira. Legolas sabia com razão que aqueles eventos daquela manhã mudariam para sempre a sua vida, só não sabia o quanto.

Dias depois, em 31 de Wynn, um morag, os dois se encontraram com um grupo de viajantes que rumavam para o mesmo destino e se juntaram a eles. Entre os viajantes estavam Anix, o mago que procurava pelo irmão Squall, Lucano, o clérigo de Glórien Sairf, o mago da água e Loand, o paladino de Khanmyr. Legolas e Nailo se juntaram àqueles jovens, sem saber que aquele grupo estava destinado a desbravar o mundo de Arton, viver grandes aventuras e deixar seus nomes gravados na história para sempre.

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