fevereiro 24, 2006

Capítulo 169 – Agonia na prisão

Capítulo 169 Agonia na prisão

Batloc e Yczar estavam de volta ao grupo. Após viverem grandes aventuras juntos e após ficarem separados por meses, os velhos amigos estavam novamente todos reunidos. Todos ficaram felizes em rever os dois paladinos. Com a ajuda deles, todo aquele mal entendido podia ser desfeito e eles poderiam retornar para suas vidas normais. Entretanto, ainda havia uma última etapa a ser cumprida, mais um desafio a ser superado. Um duro julgamento estava por vir para testar uma vez mais o valor daqueles jovens.

Os prisioneiros foram conduzidos de volta à prisão. Pouco tempo depois, Yczar e Batloc se reuniram com eles para ouvir suas histórias. Anix e seus amigos contaram detalhadamente tudo que haviam enfrentado desde o dia que deixaram Malpetrim. A longa viagem até Tollon, os problemas encontrados em Darkwood, suas aventuras dentro da forja de Durgedin, a morte de Loand e, finalmente, os detalhes da prisão do grupo. Legolas contou também sua história, os motivos que o tornaram um criminoso procurado no reino. Contou de sua luta contra Elenindow, e do assassinato de seu avô e do curandeiro de Darkwood.

Yczar ouvia tudo atentamente, enquanto Batloc anotava cada detalhe num pergaminho. Após colherem cada informação necessária para preparar a defesa dos amigos, Yczar lhes contou que os dois estavam a caminho de Valkaria quando pararam no templo de Khalmyr para descansar e ouviram o juiz anunciar os nomes dos heróis. Fora uma feliz coincidência eles estarem ali naquele momento, ou talvez uma providência divina. E aqueles jovens em especial tinham motivos de sobra para crer no maravilhoso poder dos deuses, já haviam tido o privilégio de estar na presença de dois deles.

_ Bem, meus amigos! Agora nós iremos interrogar alguns dos soldados que prenderam vocês! Minha estratégia será usar o fato de eles terem sido autoritários em excesso para livrá-los da condenação! – disse Yczar, se levantando para partir.

_ Yczar, descubra para nós o que aconteceu com o nosso amigo Nevan e com nossos animais, por favor! – pediu Anix.

_ Ah sim, já ia me esquecendo! Seu amigo e seus animais estão bem! As pessoas da vila que ficaram feridas na batalha foram curadas e passam bem! O seu amigo machucado ficou de repouso na vila para se curar e seus animais ficaram com o ferreiro da vila! – respondeu Yczar.

_ Ei Yczar! Por que nossos poderes não funcionam mais? - perguntou Squall, curioso.

_ Porque tanto esta cela, quanto os grilhões que vocês estão usando são encantados e impedem que qualquer magia funcione. Tentar fazer magias aqui é inútil. Bem, agora nós temos que ir! Vamos preparar a defesa e reunir testemunhas para ajudá-los. Temos dez dias ainda, então iremos até a vila de vocês para buscar algumas pessoas de lá para testemunharem a favor de vocês! Até mais amigos! – despediu-se o paladino. Yczar e Batloc deixaram os companheiros com as bênçãos de Khalmyr e partiram.

Durante a noite, uma nova visita veio tirar o sossego dos heróis. O oficial que liderava as tropas que os haviam capturado surgiu acompanhado de uma dúzia de soldados. Diante da cela, ele encarou cada um dos presos, até localizar sua presa. Apontando para Legolas, ele ordenou que seus soldados o tirassem e o levassem para fora da prisão.

Lá fora no pátio do forte, Legolas foi solto das algemas e cercado por uma roda com dezenas de soldados. O líder deles apontou para um soldado e ordenou que ele entregasse uma espada para Legolas. O arqueiro imediatamente reconheceu o homem. Era o mesmo soldado que testemunhara o momento em que Legolas derrotava Elenindow e o matava com sua espada. Legolas assistiu ao homem retirar sua armadura calmamente. O oficial ficou com o corpo desprotegido, da mesma forma que Legolas, sacou sua espada e o desafiou para um duelo.

_ Vamos ver agora do que você é capaz! – exclamou o homem iniciando o duelo.

A disputa seguiu equilibrada no começo. Os soldados que assistiam vibravam a cada golpe dado por seu comandante. O soldado começou a encurralar seu oponente, até encostá-lo nos soldados que cercavam os dois. Legolas não se deixou intimidar e colocou todo seu empenho naquela luta. Com muito esforço ele conseguiu ganhar espaço para contra-atacar. O arqueiro inverteu a situação e atacou o inimigo sem parar, fazendo-o recuar até os limites da arena. Entretanto, apesar de encurralado, o soldado parecia tranqüilo e confiante.

Quando finalmente encostou em seus subordinados que fechavam a roda ao redor do combate, o soldado sorriu para Legolas, que atacava impiedosamente.

_ Quer dizer que é só isso? Então eu estava certo o tempo todo, como suspeitava! – disse o soldado calmamente enquanto se defendia dos ataque de Legolas.

Logo após dizer essas palavras, o comandante voltou a atacar e a avançar, conduzindo Legolas até o centro da roda. Legolas mal conseguia se defender dos ataque, enquanto seu inimigo parecia nem se cansar. Com um giro de espada, o soldado desarmou Legolas tão facilmente que parecia que lutava contra uma criança indefesa. Encostou a ponta da espada no pescoço do arqueiro tão rápido quanto um relâmpago, rendendo-o e encerrando o combate.

­_ Era como eu suspeitava! Você só venceu o Elenindow porque lutou sujo contra ele! Ele era muito mais forte que eu, se você não tivesse trapaceado jamais o teria vencido! Não sei que magia, veneno ou truque você usou para vencê-lo, mas sei que se você não tivesse trapaceado, seria você que estaria enterrado agora! – disse o homem com fúria em seu olhar. Depois se virou com total desprezo pelo inimigo derrotado e partiu, ordenando que os soldados levassem Legolas de volta à cela.

Legolas retornou para a cela, sem contar nada a seus companheiros. Estava confuso com o que acontecera e com as palavras daquele homem. Legolas não lutava sujo e nem trapaceava. Vencera Elenindow de maneira justa e limpa, então por que ele dissera aquelas palavras? Por que de tudo aquilo? Sem entender o significado daquele acontecimento, o arqueiro se rendeu ao cansaço e adormeceu, sem contar aos amigos o que lhe acontecera.

Dez dias se passaram desde a abertura do processo. Foram dias tediosos e agonizantes dentro daquela cela fria, escura e úmida. A única alegria que tiveram durante este período foi a visita quase diária de seus amigos e parentes. Liodriel e sua família faziam Legolas voltar a sorrir, além de divertir a todos com as explosões de fúria de Lioniel. Os pais de Nailo também estavam sempre presentes para tranqüilizá-los quanto à situação de seus animais. Yczar e Batloc sempre apareciam para deixá-los a par de suas estratégias para o julgamento e para colher mais detalhes que pudessem ajudar a absolver os heróis. Porém, segundo as suposições de Yczar, as chances não eram nada animadoras.

_ Eu acredito que vocês tenham uns 30% de chance de serem absolvidos! Já no caso do Legolas, a situação se complica mais! Ele realmente matou o oficial, com testemunhas vendo e além de tudo ele declarou-se culpado no início do julgamento! – disse Yczar.

_ E quanto eu tenho de chance? – perguntou Legolas com a cabeça baixa, totalmente desanimado.

­_ Acho que suas chances de ser absolvido são zero! A condenação é quase certa! Minha esperança é tentar reduzir a pena ao máximo para você! – respondeu Yczar.

_ E se ele for condenado, o que vai acontecer com ele? – perguntou Lucano.

_ A pena varia! Ele pode tanto morrer enforcado, quanto ser simplesmente preso ou ter a mão decepada! Isso é difícil de prever. – respondeu Batloc.

Eram realmente pequenas as chances do grupo, mas eles não perderam suas esperanças e confiaram em seus amigos. Assim, passaram-se os dez dias e finalmente a manhã do 17º dia de Weez chegou. Era um aztag, o primeiro dia da semana. Uma semana que começava cheia de angústia e esperança para os aventureiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário