fevereiro 24, 2006

Capítulo 171 – Investigação

Capítulo 171 Investigação

Todos foram libertados e receberam todos os seus pertences de volta, intactos. Todos menos Legolas. O arqueiro foi conduzido de volta ao forte, e trancafiado em uma cela diferente da primeira onde haviam ficado. Os demais seguiram para a estalagem onde os moradores de Darkwood que haviam participado do julgamento estavam hospedados. Todos se alimentavam, para repor as energias após aquele longo e penoso julgamento. Yczar, entretanto não parou para descansar. O paladino deixou seu amigos na taverna e partiu, rumo à prisão para falar com Legolas. Queria ter maiores detalhes sobre a morte de Elenindow, na esperança de descobrir algum fato grave que pudesse justificar o crime de Legolas. Yczar desejava de alguma forma provar que Elenindow era um mau caráter e que o ato de Legolas na verdade teria sido uma benfeitoria para todos, e não um crime como diziam todos os soldados. Enquanto isso, Nailo saiu pela cidade para comprar armas, pois, já que Legolas estava condenado à morte e não havia nada a ser feito, pelo menos ele poderia aproveitar que estavam ali para se equipar e, se conseguisse boas armas, poderia utilizá-las para tirar Legolas da cadeia à força. Squall também saiu pelas ruas, desejava encontrar alguém com poderes suficientes para reviver seu amigo Loand a partir do dedo que ele carregava consigo. Sam também não ficou na estalagem. O bardo foi para as ruas de Vallahim aproveitar a noite, como ele mesmo disse. Era decepcionante. Legolas estava prestes a morrer, mas Sam parecia mais preocupado em se divertir do que ajudar o amigo condenado. Parecia que o bardo começava a dar as costas para os amigos. Anix e os demais permaneceram na estalagem, em companhia dos moradores de Darkwood, esperando o retorno dos demais para decidirem o que fariam para ajudar seu amigo.

Enquanto tudo isso acontecia, Legolas enfrentava dificuldades na prisão. Em sua nova cela, havia mais sete prisioneiros. Quatro humanos, dois anões, um deles de tapa-olho negro, e um meio-orc gigantesco. Ao colocar os pés dentro da cela, Legolas foi olhado de cima a baixo pelos outros presos, menos por um dos humanos, que parecia alheio a tudo. O meio-orc não conteve-se em apenas olhar.

_ Olha só pessoal! Temos companhia nova! Chega mais loirinha “bunitinha”! Vem aqui pertinho que eu tenho certeza que a gente vai se dar muito bem! Se é que você me “intendi”! – o meio-orc falava de um jeito mole, como se possuísse dificuldades para falar ou para pensar no que falar. Mas, apesar de aparentar ser pouco inteligente, aquele ser tinha força suficiente para derrubar um batalhão.

_ Cale essa sua boca imunda senão eu te arrebento! – gritou Legolas, tentando impor respeito.

_ Olha só pessoal, a loirinha é brava! Que bom, adoro mocinhas rebeldes! – provocou o meio-orc.

_ É acho que o Gorosh cai fazer a festa hoje! – disse um dos anões sorrindo maliciosamente.

_ Cala a boca você também! Me diz ai, onde tem um cama vazia aqui? – disse Legolas tentando disfarçar o medo.

O anão caolho apontou justamente para a cama acima da do meio-orc, que sorriu ao var que Legolas dormiria perto dele. Gorosh levantou-se, exibindo uma assustadora protuberância em sua calça na região entre as pernas e chamou Legolas para perto dele.

_ Vem cá minha loirinha, vem dormir com o Gorosh, vem! – disse o meio-orc.

Legolas engoliu seco. Não havia mais camas naquele lugar, parecia que teria que dormir perto daquele ser nojento e depravado. Quando estava se conformando com a idéia de dormir no chão, e enfrentar os ratos que segundo os presos atacavam com mordidas durante a noite, um dos humanos se levantou e cedeu sua cama para Legolas, indo se deitar perto de Gorosh.

_ Ah Edgar, você estragou tudo! Assim eu vou ficar bravo com você! – exclamou o meio-orc.

Legolas se deitou e todos se calaram. Passados alguns minutos, Legolas recebeu a visita de Yczar, que lhe contou sua estratégia de tentar denegrir a imagem de Elenindow para livrar Legolas da forca. Legolas lhe contou sobre o estranho duelo que havia tido com o tenente Sunil, e sobre o que ele havia dito sobre Legolas trapacear para vencer. O arqueiro também garantiu ao paladino que tinha tido uma luta limpa e vencido de forma justa o seu inimigo.

Yczar saiu da prisão, deixando seu amigo para trás e foi ao encontro dos demais. O paladino tencionava conversar com Sunil para entender porque ele acusou Legolas de trapacear e tentar descobrir algo de obscuro que pairava sobre aquele caso. Squall, Lucano e Nailo foram com ele. Sairf e Anix permaneceram na estalagem, tentando confortar seus amigos de Darkwood.

Sunil os recebeu mesmo a contra gosto. Morava em uma cabana pequena de madeira, um lugarejo bem simples, porém aconchegante. Todos se dividiram em duas poltronas de madeira rústica que Sunil tinha em sua sala e começaram a conversa.

O tenente lhes contou sobre o duelo com Legolas e que o tinha feito apenas para confirmar que Legolas não possuía capacidade para vencer Elenindow numa luta justa. Segundo ele explicou, Elenindow sempre fora muito mais forte que ele próprio. Assim sendo, se Sunil tinha derrotado Legolas tão facilmente, não havia possibilidade de Elenindow ter sido derrotado por Legolas. A menos que o arqueiro tivesse lutado sujo de alguma forma. Sunil estava convencido que Legolas havia usado alguma magia ou algum veneno para facilitar a luta e matar Elenindow.

Sunil contou também que Elenindow era um bom rapaz, descartando a possibilidade de ele ter matado o avô de Legolas e o curandeiro, a menos que fosse por legítima defesa. Contou que Elenindow, no início, era um garoto arrogante e sem educação, mas que com o passar do tempo, o capitão Ron conseguiu educá-lo após muitos castigos e provações. Elenindow já havia sido condecorado como herói por ter impedido, poucos dias antes de sua morte, que ladrões roubassem o ouro dos tributos que o pelotão escoltava para a capital. Sunil teria sido salvo por Elenindow e devia sua vida a ele. Porém, logo após os dois terem conseguido impedir o roubo, outros bandidos aproveitaram enquanto o pelotão comemorava o feito heróico para roubar o ouro. O dinheiro numa mais foi encontrado, mas Elenindow descobriu que havia alguém do exército envolvido no roubo, um soldado sem disciplina e metido a valentão que existia no grupo. Ele foi contar ao capitão quando estavam acampados perto de Darkwood e ia receber uma medalha e a promoção a tenente por isso. Elenindow e o capitão comemoraram e brindaram para festejar. Finalmente os dois haviam acertado as diferenças. Todos no acampamento ouviram as risadas do capitão dentro da sua tenda comemorando com seu novo tenente. Depois disso, Elenindow saiu cambaleando de bêbado pelo acampamento e foi dormir na mata. Na manhã seguinte, o pelotão o encontrou em Darkwood, sendo assassinado por Legolas. O capitão sempre fora muito severo com o rapaz e, justamente agora que os dois haviam ficado amigos, Legolas havia ceifado covardemente a vida do coitado. Mesmo com Elenindow morto, o capitão Ron fez questão de colocar a medalha de honra no peito do garoto e promovê-lo a tenente diante de todos os outros soldados.

Sunil não se conformava com isso, e não sossegou até ver Legolas atrás das grades. Descartou com segurança a hipótese de Nailo, de seu amigo estar embriagado quando lutou com Legolas, já que ele havia bebido mais de doze horas antes do assassinato.

Todos ficaram confusos. O rapaz parecia muito sincero e seguro. Além disso, sem que ele notasse, Lucano havia usado uma magia no tenente para impedir que ele mentisse. Será que Legolas estava mentindo, ou ao menos ocultando algum fato sobre o incidente? Não sabiam dizer, a única coisa que podiam fazer era acreditar no amigo e confiar em suas palavras.

O grupo saiu da casa de Sunil disposto a conversar também com o capitão Ron. Também tinham a intenção de buscar Laura, a neta do curandeiro e maior testemunha da morte de seu avô. Talvez o capitão ou a jovem pudessem lhes dar alguma resposta, alguma pista que pudesse levar à libertação de Legolas ou à sua total condenação.

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