fevereiro 21, 2006

Capítulo 166 - Prisioneiros

Capítulo 166 Prisioneiros

Todos estavam temerosos. Suavam frio, temendo que algo de ruim pudesse acontecer. Seus corações batiam apressadamente, e suas mãos seguravam trêmulas as rédeas dos cavalos. Legolas foi o primeiro a entrar na vila, seguido de perto pelos outros. Ao cruzarem o arco formado pelas árvores negras, ficaram espantados com o que viram. O pequeno vilarejo, que havia sido abandonado muitos dias atrás, estava repleto de pessoas. Todos os moradores de Darkwood estavam lá, vivendo suas vidas tranqüilamente, reconstruindo suas casas calmamente, como se não houvesse nenhum perigo para ameaçá-los. Ninguém ali parecia temer um possível retorno dos orcs, ou o ataque do suposto monstro com o qual os heróis haviam sonhado. Era uma visão estranha, mas ao mesmo tempo agradável, ver que todos estavam ali.

_ Ei! É o Legolas! E o Nailo! E os outros rapazes! Eles voltaram!!! – gritou um dos moradores com alegria ao ver que todos haviam voltado sãos e salvos.

Uma multidão se juntou para acompanhar os aventureiros que haviam retornado de sua missão. As pessoas da vila os saudavam como aos grandes heróis das lendas contadas pelos bardos. As crianças acompanhavam o trote dos cavalos gritando os nomes dos que chegavam à vila, especialmente dos que ali moravam, Legolas e Nailo.

Então, no meio da multidão, Nailo percebeu algo diferente. Além dos aldeões, havia outras pessoas. Dois homens vestidos com armaduras militares, se misturavam junto ao povo. Um deles balbuciou algumas palavras ao ouvir com espanto o nome de Legolas sendo ovacionado pelas crianças. Subitamente ele correu para a borda da vila, atravessando as árvores que a cercavam.

_ Legolas, você precisa fugir! Tem soldados na vila! Olhe um deles ali! – Nailo correu para avisar seu amigo do perigo que corria, mas já era tarde demais.

_ Prendam todos! – gritou o soldado que correra para fora da vila ao retornar por entre as árvores acompanhado por quase trinta guerreiros armados com arcos longos.

_ Rendam-se todos vocês! Estão todos presos! – anunciaram em coro os soldados.

Não havia dúvidas, aquele era o exército real de Tollon. Suas armaduras, o padrão xadrez de suas roupas, o tipo de armas que usavam não deixavam dúvidas quanto a isso. Legolas precisava fugir, pois se fosse capturado, estaria com os dias contados.

Nailo sacou sua espada, inconseqüente como sempre, e desafiou os soldados a lhe enfrentarem, tentando assim ganhar algum tempo para Legolas escapar. Os homens do exército carregaram seus arcos e os apontaram na direção dos heróis, mostrando que não estavam brincando. Legolas sacou seu arco e mirou uma de suas flechas no que comandava o resto do pelotão. Estava pronto para disparar, assim como os inimigos que os cercavam. Mas, ao ver todas aquelas flechas apontadas para ele, lembrou-se de Liodriel. Se os soldados disparassem, ela também sairia ferida. E para piorar a situação, mais soldados chegavam vindos do norte da vila.

Legolas e Nailo baixaram as armas por um instante. Era preciso encontrar outra forma de vencer aquele desafio, uma forma que não colocasse em risco as vidas dos moradores que estavam em volta deles. Foi o que Squall tentou. O jovem feiticeiro sussurrou um encanto em voz baixa, tentando ocultar suas intenções dos soldados. Mantinha o olhar fixo no comandante do pelotão, tentando dominar sua mente. Mas, aquele homem estava decidido, sua vontade não fraquejava diante da magia de Squall, era impossível enfeitiçá-lo.

Uma flecha foi disparada contra Squall, e após ela, dezenas de outras flechas cruzaram o céu do pequeno vilarejo. Os heróis foram feridos pelo ataque em massa do exército. Vários aldeões caíram no chão, gravemente feridos, vítimas das flechas desviadas pelos heróis que deveriam defendê-los.

_ Rendam-se, eu já disse! Vai ser melhor para vocês! – insistiu o comandante.

Mas, Nailo ainda não havia compreendido a situação. O ranger atacou os soldados com sua espada, atingindo-os com a lâmina. Os homens ficaram feridos, mesmo assim ainda tinham forças para atacar. Uma nova chuva de flechas se precipitou sobre os heróis e os camponeses. Muitas pessoas caíram no chão à beira da morte, vítimas do ataque. Entre elas estavam Squall e Sairf.

_ Nããããão!!! Meu irmão! – gritou Anix desesperado ao ver o irmão despencando de cima do lombo do cavalo. O mago atirou uma pelota no meio dos soldados, fazendo-a explodir em chamas ao seu comando. Outro grupo de aldeões inocentes caiu, vítimas do ataque de Anix. Os soldados, apesar de feridos, continuavam em pé, com seus arcos prontos para disparar outra rajada.

Legolas desceu de seu cavalo, e entregou seu arco para Liodriel, erguendo os braços para o alto e entregando-se ao pelotão.

_ Eu me rendo! Não façam mal aos outros! Ele não tem nada a ver com isso! – disse Legolas, desanimado.

_ Todos vocês, larguem suas armas agora! É o último aviso! – gritou o homem que comandava.

Nailo hesitou por um instante, tentou guardar sua espada e se aproximar do cavalo, mas uma nova rajada de flechas o fez desistir e jogar sua espada no chão ao ver mais alguns dos seus companheiros de vila serem feridos.

Todos desceram de seus cavalos, jogando suas armas no chão, exceto Anix que ajudava Nevan a se equilibrar sobre o cavalo.

_ Não vou descer! Meu amigo está ferido, com os ossos quebrados! Ele não vai conseguir ficar no cavalo! – disse Anix.

_ Desça agora! Nós cuidaremos de seu amigo ferido! É meu último aviso! – ordenou o comandante.

Anix finalmente desmontou, enquanto dois soldados cuidavam de apoiar o pobre Nevan.

­_ Agora, deitem no chão! – gritou o que comandava.

_ Meus amigos estão feridos! Deixe-me curá-los primeiro! – pediu Lucano.

_ Não, nós cuidaremos disso depois! Agora deite logo no chão! – respondeu o comandante.

Lucano ignorou a ordem e se atirou sobre Squall recitando uma magia de cura. As flechas dos soldados impediram-no de completar sua ação. Lucano caiu inconsciente sobre Squall, deixando o amigo ainda mais perto da morte. Nailo esboçou se rebelar novamente, mas um som sinistro o impediu de agir.

O tilintar agudo de um pequeno sino se aproximava da vila, vindo de trás das árvores ao sul. Era um som agradável e ritmado, quase uma melodia. Do meio da vegetação surgiu um homem de estatura média, pele clara e cabelos negros amarrados num longo rabo de cavalo. Vestia um manto branco de seda, todo bordado com figuras decorativas. Em suas orelhas, um par de brincos com o formato de sinos vibrava acompanhando o ritmo de seus passos lentos e seguros.

_ O que está acontecendo aqui? – indagou o homem.

_ Estamos prendendo estes criminosos, senhor! – respondeu um dos soldados.

_ E precisam causar tantos estragos para prendê-los? Olhem só a confusão que causaram! Isso é imperdoável! Deixem que eu cuido de tudo daqui por diante. – respondeu a misteriosa figura, enquanto movia suas mãos e recitava um feitiço, acompanhando o som dos sinos.

Os heróis sentiram um sono voraz que os dominava por completo. Tentaram resistir, mas era impossível manter-se acordado diante daquele poder. Todos adormeceram e finalmente se deitaram no chão e pararam de resistir como desejavam os soldados.

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