setembro 09, 2006

Capítulo 230 – Contrato de sangue

Capítulo 230 Contrato de sangue

Era o entardecer do 18º dia de Lunaluz, um tirag. Após viajar por dois dias inteiros rumo ao norte e desviar para o leste no terceiro dia, Glorin finalmente parou o cavalo e desceu.

_ Squall, você terá que esperar aqui! Entregue-me o Cloud! Aconteça o que acontecer, me espere aqui! – pediu Glorin.

Squall entregou seu amigo pássaro nas mãos do capitão. Cloud estava cada vez mais fraco, quase nem respirava mais direito. Suas penas caiam e seu corpo parecia apodrecer. Exalava um cheiro que lembrava o dos mortos-vivos do castelo de Zulil. Cloud estava aos poucos se tornando um deles.

Glorin apanhou o pássaro cuidadosamente e o tomou em seus pequenos braços. O animal estava embrulhado em várias camadas de tecido, para mantê-lo protegido do frio que os cercava. Tudo ao redor era branco. Estavam cercados de neve e gelo por todos os lados. Assim era o território da rainha Beluhga. Assim eram as Montanhas Uivantes.

Glorin se afastou de Squall lentamente, descendo um pequeno morro e seguindo na direção oposta ao poente. Squall o observava, angustiado, rezando para que ele conseguisse salvar seu estimado amigo. A tristeza que sentia em seu peito era indescritível, ele quase não conseguia segurar as lágrimas.

Quando estava já bem distante, Glorin se virou para trás, segurando o embrulho onde estava Cloud com apenas uma mão, e acenou para Squall com a outra, dizendo para que ele aguardasse até a volta do anão. Era exatamente como Squall havia sonhado, dias atrás, após ter desmaiado quando usou a varinha de invisibilidade pela primeira vez. Glorin continuou andando. Squall mal podia reconhecê-lo naquela imensidão branca, os raios do sol, que refletiam na neve, ofuscavam sua visão. O anão continuou andando até desaparecer, dentro de uma caverna de gelo, camuflada no meio da paisagem alva. À medida que o anão se afastava com Cloud, o feiticeiro sentia suas forças lhe abandonando. Parte de Squall estava morrendo.

Após longos e intermináveis minutos, Glorin surgiu na entrada da caverna, mandando que Squall fosse até ele, com um gesto de mão. Rapidamente o feiticeiro montou no cavalo e partiu em disparada até a caverna. Glorin foi direto e implacável.

_ Squall! Seu pássaro está morrendo! Ele não vai durar muito tempo! Mas parece que há um meio de salvá-lo! Venha comigo! – disse o anão, pesaroso.

Os dois seguiram, caverna adentro, sem trocarem uma palavra sequer. À medida que caminhavam, a caverna ia se tornando cada vez mais ampla, até tomar dimensões de um verdadeiro palácio. Lá dentro, havia mesas, prateleiras, estantes, cadeiras, e outros móveis todos esculpidos no próprio gelo que se formava na gruta. Espalhados por todos os lugares, havia ferramentas, vidros e papéis com anotações. O lugar inteiro parecia um grande laboratório feito de gelo e iluminado por estranhas tochas que emitiam uma luz fantasmagórica.

No fundo da caverna havia um tipo de bancada de gelo, sobre a qual estava Cloud, já desenrolado de seus panos. Squall se aproximou do amigo já desiludido, quando notou a presença de uma pessoa oculta ao lado de uma estante.

_ Aqui estamos, Segê! – disse Glorin.

Um elfo de longos cabelos brancos se virou para os dois. Tinha a pele quase tão alva quanto a neve que o cercava, e olhos tão azuis quanto o céu num dia claro de verão. Trajava um manto simples de tecido também branco e caminhava com tamanha firmeza, que inspirava temor em Squall. Seu olhar era frio e cortante, como uma estalactite de gelo. O elfo caminhou até Squall lentamente, encarando-o firmemente.

_ Você é Squall, certo? Serei sincero e direto! Seu falcão está morrendo! Acredito que não lhe reste mais do que uns trinta minutos! O feitiço usado nele era bem poderoso e está transformando-o num morto-vivo, pouco a pouco! Dentro de minutos ele se tornará um zumbi, ou um carniçal, e nós seremos obrigados a destruí-lo! Contudo, há um meio de tentar salvá-lo, embora não haja garantias de que ele funcione! Está disposto a tentar? – disse o elfo. Sua voz era calma e firme, inspirava ao mesmo tempo confiança e temor. Seus modos de falar e se portar, indicavam tratar-se de uma pessoa muito sábia e importante.

_ Sim! Estou disposto a tudo pra salvar o Cloud! – respondeu Squall, enxugando as lágrimas que escorriam pelo rosto.

_ Ótimo! Glorin disse-me que você é um feiticeiro, e que o pássaro é seu familiar! Vocês devem possuir um elo místico que os une um ao outro! Se ele morrer, parte de você também morre, você já deve saber disso! Seu pássaro está morrendo, sua vida está sendo drenada pouco a pouco pela magia que o atingiu! O único modo de salvá-lo, seria dando-lhe uma nova vida! A sua vida! É preciso que você sacrifique sua vida para salvá-lo! Uma parte de você está ligada a ele! Se ele morrer, essa parte também morrerá! Mas, você pode sacrificar essa parte para ceder a ele, ou seja, é preciso que você sacrifique sua vida para que ele tenha esperanças de viver! Então, está disposto a abrir mão de sua vida para salvá-lo? – continuou o misterioso elfo, falando com total frieza.

_ Sim! Estou disposto a tudo pelo Cloud! Se ele puder viver, eu darei minha vida de bom grado! – respondeu Squall, sem hesitar. Sua voz era firme e decidida.

_ Está certo! Então morraaaaa!!! – o elfo apontou sua mão para Squall e gritou. Seus olhos azuis brilharam como opalas e Squall perdeu os sentidos.

Squall acordou tempos depois. Não sabia quanto tempo havia se passado, mas sabia apenas que estava vivo. Sentia uma forte dor no ombro esquerdo, uma dor aguda e contínua. Olhou para o lado e compreendeu o motivo de tanta dor. Havia um tubo de metal cravado no pescoço de Squall. Do tubo saia um tipo de tripa, pela qual o sangue do feiticeiro fluía em abundância. Na outra extremidade, havia outro tubo de metal conectado à tripa e que estava encravado no peito de Cloud. Squall estava deitado em uma cama de gelo ao lado daquela em que estava seu familiar. Glorin estava abaixado, pressionando um fole que estava conectado à tripa por um frasco de vidro cheio de sangue. A cada vez que o anão pressionava o fole, maior era a dor sentida por Squall. Ao lado de Cloud estava o misterioso Segê. Com as mãos sobre o corpo do falcão, o enigmático elfo recitava versos e mais versos em total concentração, como se conjurasse alguma magia. Cloud se debatia como louco em cima da bancada de gelo. Estava sofrendo uma dor pior que a morte, e Squall sofria junto com seu amigo por não poder ajudá-lo. Squall viu seu sangue fluindo para o corpo de Cloud, e logo depois perdeu os sentidos novamente.

Acordou novamente muito tempo depois. Estava zonzo e fraco e percebeu que estava em uma outra cama, também de gelo. Sua visão foi aos poucos voltando ao normal, e seus ouvidos puderam perceber gritos não muito longe dali.

_ Glorin! Seu maldito, verme traidor! Como ousa trazer um dragão vermelho aos meus domínios? O que pretendia com isso, seu miserável? – gritava enfurecida a primeira voz, muito parecida com a de Segê, mas sem aquela calma de antes.

_ Me desculpe Segê! Não fiz de propósito! Eu até sabia que ele tinha sangue de dragão, mas não sabia que era de dragão vermelho! Também nem me lembrei disso quando o trouxe pra cá! E...espere, ele está acordando! – era a voz de Glorin.

Subitamente, a discussão cessou, e o anão surgiu e se aproximou de Squall. O anão colocou a mão no ombro do feiticeiro e suspirou, enquanto balançava a cabeça para os lados.

_ Sinto muito, garoto! Ele morreu! – disse o anão. Os olhos de Squall se encheram de lágrimas e Glorin estampou um largo sorriso no rosto. - Estou brincando! Hahaha, essa é minha vingança, agora é minha vez de dar susto em vocês! Deu tudo certo! Venha, vou levá-lo até o cloud!

Com a ajuda do anão, o elfo se levantou da cama, e notou algo de estranho. Havia um buraco no gelo, que tinha o formato exato do corpo de Squall. O feiticeiro olhou, assustado para a cama de gelo e perguntou a Glorin o que tinha acontecido.

_ É, vocês deram o maior trabalho pra gente essa noite! Gastei várias pedras de gelo para resfriá-lo, dê uma olhada no chão! – respondeu o guerreiro.

Squall olhou para baixo e viu que havia uma enorme poça de água congelada sob seus pés. O buraco na placa de gelo da cama tinha o formato do corpo de Squall porque ele afundara no gelo ao derretê-lo com seu calor.

Os dois caminharam até a bancada onde Cloud estava. Estava vazia. Squall se desesperou, mas Glorin o acalmou, dizendo que estava tudo bem. Os dois continuaram caminhando até a entrada da caverna, onde Segê os aguardava, com Cloud nos braços.

_ Bom dia, Squall! Parece que a experiência funcionou! Entretanto, esse anão inútil não me disse que você possui sangue de dragão correndo em suas veias! Isso acarretou uma série de conseqüências! Seu falcão não será mais o mesmo que era antes! Seu sangue dracônico causou uma mutação nele! Não posso dizer ao certo no que isso resultará, mas posso garantir que ele ficará bem! Entretanto, os efeitos dessa mutação, você só saberá quando ele se restabelecer completamente! Lembre-se de uma coisa! A ligação sobrenatural que vocês possuíam se aprimorou! Você está mais ligado a ele do que nunca esteve! É melhor que você cuide muito bem desse falcão daqui por diante, para seu próprio bem e dele! Seu sangue corre nas veias dele, e o dele nas suas! Vocês agora são quase um só! Lembre-se muito bem disso! Outra coisa! Ele já chegou muito fraco aqui, já estava praticamente morto! Foi quase um milagre nós termos conseguido salvá-lo! Porém, ele não saiu ileso dessa experiência! A parte dele que morreu demorará a ser recuperada, em outras palavras, ele perdeu muitas habilidades após tudo isso! Mais um detalhe importante! Não deve revelar a ninguém a localização deste lugar! Eu só o ajudei por que foi a pedido de Glorin! E se um dia você revelar esse lugar para alguém, irá pagar caro por isso! Agora parta, jovem Squall, e tenha boa sorte em seu caminho! – disse o misterioso elfo.

_ Muito obrigado por tudo! E eu prometo que não revelarei nada a ninguém sobre esse lugar! Obrigado e adeus, Segê! É esse seu nome, certo? Segê? – disse o feiticeiro, emocionado.

Segê apenas olhou para o anão e balançou a cabeça em sinal de desaprovação. Glorin e Squall montaram no cavalo, que já estava selado e pronto para partir. Squall pegou seu amigo Cloud nos braços, sentia a presença dele mais forte do que nunca. Olhou nos olhos dele e percebeu que já não eram os mesmos. Ao invés dos olhos amarelos, com grandes pupilas negras circulares, o falcão possuía agora pupilas achatadas e verticais. Seus olhos pareciam com os olhos de répteis, como olhos de dragão.

Partiram, deixando para trás o enigmático Segê. Squall tinha sua mente tomada por dúvidas sinistras, em relação ao elfo que o ajudara.

_ Capitão! Que é esse Segê? Aliás, esse é mesmo o nome dele?­ – perguntou o feiticeiro.

_ Bem, Segê é só um tipo de apelido! Eu o conheci há muito tempo atrás! Ele salvou minha vida, e desde então eu sempre venho visitá-lo para lhe contar das novidades do mundo! Nós já tivemos algumas desavenças no passado, mas hoje somos bons amigos! Mas lembre-se! Não deve contar a ninguém onde ele vive! – respondeu Glorin.

_ Entendo! Ele parece ser bem poderoso! Nem vou perguntar o nome verdadeiro dele! Acho que é melhor assim!

_ Ótimo, garoto, assim é melhor! Saiba que ele não só é muito poderoso, como também é a pessoa mais sábia que eu já conheci! Ele é capaz de responder quase qualquer coisa! Sempre que preciso de algum conselho ou resolver algum mistério, venho pedir ajuda a ele!

_ Nossa, que interessante! Pensando bem, acho que vou perguntar o nome dele sim!

_ Agora já é tarde demais! Você já disse que não perguntaria, não pode mais voltar atrás!

_ Ah capitão, conta vai!

_ Não! Agora pare com essas perguntas chatas!

E Squall ficou sem saber o nome verdadeiro de Segê. Viajaram pelo resto do dia, rumo a sudeste, até que finalmente avistaram o forte Rodick, pouco antes do pôr-do-sol. Glorin e Squall foram recebidos com alegria por seus amigos e por todos os soldados do forte. Tudo finalmente acabara bem. Era o 19º dia de Lunaluz, o mês de Lena, a deusa da cura. Era um morag ensolarado no reino de Tollon. Era o final de uma jornada cheia de perigos e o início de uma nova era de aventuras para aqueles jovens e corajosos heróis. Um novo tempo começava, prometendo fortes emoções e aventuras inesquecíveis que seriam cantadas pelos bardos de Arton e além, até o final dos tempos.

Capítulo 229 – Separação

Capítulo 229 Separação

Os heróis tentavam se recuperar da exaustão e dos traumas. Squall tentava a todo custo alcançar Cloud. Tábata, já libertada dos grilhões, abraçava Ramits aos prantos. Um estranho som chamou a atenção de todos, causando temor e agonia. Pancadas fortes e secas, vindas do chão como se fossem passos ecoavam por toda a torre. Seria mais um inimigo?

Então, o chão se abriu sob os pés do tentacute, arremessando-o no ar junto com Nailo e Lucano. Uma espada surgiu quebrando a tampa do alçapão secreto e junto com ela veio Glorin. O anão escalara o fosso onde caíra e destruíra a tampa do alçapão para sair.

_ Onde está o bastardo! Vou pegá-lo! Maldito! – gritava o capitão, procurando pelo inimigo. Ao ver o corpo de Zulil caído no chão, já sem a cabeça, o anão se acalmou e continuou a falar. – Bem, parece que vocês já conseguiram dar conta dele sozinhos! Bom trabalho garotos! Bom, vamos embora daqui então! Espere, onde estão Nailo e Lucano?

_ Eles estão ali capitão! A lagartixa é o Lucano e o rato é Nailo! Eles foram transformados pelo Zulil! – respondeu Anix.

_ Entendo! Magia de transmutação! Muito poderosa provavelmente! Bem vamos levá-los embora daqui então! Soltem a garota e vamos sair daqui e...Come-ranho?!?! O que você está fazendo aqui? – continuou o anão.

_ Eu vim ajudar a salvar a Tábata! E nunca mais me chame de come-ranho, tio Glorin! – Ramits enxugou suas lágrimas e esbravejou com o anão. Estava se tornando um homem adulto.

_ Bom! Ta certo! Vamos embora então, para cuidar desses dois garotos! Onde está Squall? O que está fazendo ai, garoto? Vamos embora! – Glorin parecia constrangido ao ser enfrentado pelo rapaz. Desviou o olhar e procurou reunir o grupo, notando o estado entristecido de Squall.

_ É o Cloud, capitão! Ele foi ferido! Não consigo mais fazer contato com ele! Acho que ele morreu! – o feiticeiro apontava para a gaiola no alto com os olhos encharcados de lágrimas.

_ Tudo bem, garoto! Vai ficar tudo bem! É apenas um animal! Depois você consegue outro! – Glorin se aproximou, complacente, e tentou acalmar o feiticeiro.

_ Só um animal nada! Ele é meu amigo há muito tempo, é o meu melhor amigo! Nunca mais fale assim dele, seu cotoco de tocha! – gritou Squall, enfurecido.

_ Ta bom, desculpe! Não faço mais isso! – respondeu o anão, tentando amenizar a situação.

O pequeno tentacute escalou habilmente a parede da torre e soltou a corrente que segurava a gaiola no teto. A pequena jaula despencou do alto, caindo suavemente nos braços de Squall. Ele abriu a porta que trancava seu amigo e o tirou de lá delicadamente. Cloud estava vivo. Entretanto, seu estado era lastimável. O pássaro estava extremamente fraco. Suas penas caiam e seu corpo empalidecia pouco a pouco. Seus olhos perdiam o brilho, estava morrendo.

Squall usou suas poções de cura para tentar curar seu amigo, mas nada parecia surtir efeito. E, com Lucano transformado em animal, não havia esperanças de salvá-lo. Glorin interveio de maneira inesperada.

_ Anix! Você e o Legolas pegarão os equipamentos e retornarão para a vila, levando o Ramits e a Tábata! Squall, você virá comigo para outro lugar! Acho que sei como ajudar a salvar seu pássaro! – pela primeira vez, Glorin abandonava seu jeito imponente e orgulhoso de ser, que muitas vezes ofendia os elfos, e agia como se fosse um amigo e não um comandante. Sua voz era suave e amistosa, como nunca se vira antes.

Glorin ajudou Anix a recolher as coisas de Nailo e Lucano do chão, e ajudou-o a retirar os pertences de Zulil: diversos itens mágicos. Anix pegou Nailo e Lucano pelo rabo, delicadamente, e os carregou para baixo. Squall os seguiu, levando seu querido familiar nos braços. Ramits carregava, orgulhoso, sua amada Tábata nos braços, embora ela insistisse que estava em condições de andar. Legolas, já havia descido, revoltado com a traição de Zulil, e com o trágico destino de Nailo, Lucano e Cloud. Já fora do castelo, o grupo colocou suas coisas nos cavalos e se preparou para partir.

_ Legolas e Anix! Levem essas crianças de volta para a vila em segurança! Depois que chegarem lá, partam o mais rápido possível para o forte Rodick! Levem Nailo e Lucano com vocês! Lá vocês encontrarão pessoas que cuidarão deles dois e também de vocês, que não estão nada bem! Sigam pela estrada em que estávamos antes de pararmos em Carvalho Quebrado! Sigam sempre para o Leste e em poucos dias vocês encontrarão o forte! – disse Glorin, sério e pensativo.

_ E o que o senhor vai fazer, capitão? Pra onde vocês vão? – perguntou Anix, ofegante. Legolas apenas observava calado.

_ Nós iremos para outro lugar ao norte, pela trilha atrás do castelo! Talvez exista um jeito de salvar o Cloud! Mas lembrem-se! Não tentem nos seguir! Sigam direto para a vila e para o forte! E aguardem por nós lá! – respondeu o anão, ainda mais sério.

_ Está certo, capitão! – concordou Anix, Legolas apenas fez um gesto positivo com a cabeça. Os dois montaram nos cavalo, Legolas levava o cavalo de Nailo, e partiram. Ramits e Tábata os acompanharam, montados juntos no cavalo trazido pelo rapaz. Os dois iam abraçados apaixonadamente, de forma semelhante a Legolas e Liodriel no dia em que deixaram a forja da fúria.

_ Squall, me entregue o Cloud! E suba no cavalo do Lucano! – pediu Glorin, retirando um pedaço de tecido de dentro de sua mochila. Squall entregou seu pássaro nas mãos do anão, que o enrolou cuidadosamente no pedaço de pano, e subiu no cavalo.

_ Pra onde nós vamos, capitão? – perguntou Squall, desanimado.

_ Você verá quando chegarmos lá! Por enquanto basta você saber que vamos tentar salvar seu amigo! Eu estou lhe devendo uma mesmo, aliás mais de uma! Então vou fazer tudo que estiver em meu alcance para ajudá-lo! Agora, trate de se vestir melhor, pois daqui pra frente vai esfriar, e muito! – respondeu o guerreiro enquanto montava no cavalo. Os dois partiram pela trilha atrás do castelo, passando ao lado da carroça de Flint e Laurel. Squall se perguntava onde aqueles dois estariam, e se eles tinham ou não conhecimento dos planos maléficos de Zulil.

Já eram quase quatro horas da tarde, quando Legolas, Anix e o jovem casal chegaram a Darkwood. Foram recebidos com festa pelos moradores. Anix reuniu toda a vila para contar tudo que tinha acontecido. Contou sobre a traição de Velta e pediu que demolissem a casa da misteriosa velha. Contou sobre o que acontecera com Squall e Glorin, e com Lucano e Nailo. Uma jovem menina, chamada Felícia, se ofereceu para cuidar de Nailo, Lucano, Relâmpago e tentacute. Ramits e Tábata oficializaram seu namoro. E, após uma bronca pela atitude do garoto em se arriscar indo ao castelo, os pais de Ramits o abraçaram com orgulho.

Começaram então os preparativos para uma grande festa para comemorar o retorno seguro das crianças e a vitória dos heróis. Legolas partiu com os cavalos do grupo de volta para o castelo. Lá, o arqueiro juntou tudo o que restava do equipamento do grupo, que havia ficado dentro do quarto usado por eles como alojamento. Pegou também as duas armaduras que restavam inteiras e acomodou tudo no lombo dos cavalos. Depois subiu até o segundo andar e retornou ao corredor estreito que lá havia e usou seus ouvidos para escutar o que existia atrás das portas no corredor. Ao ouvir o som de criaturas rastejando atrás da porta, Legolas a embebeu em óleo e ateou fogo com uma flecha. Saiu correndo do castelo, esperando que aquele lugar maldito fosse totalmente consumido pelas chamas, e partiu com os cavalos de volta para a vila.

Chegou em Carvalho Quebrado já no início da noite. Os moradores já estavam todos entretidos com a festa, dançando, cantando e bebendo. Anix se juntava a eles, apenas para não parecer inconveniente, mas por dentro a tristeza tomava conta do elfo. Legolas não se juntou às festividades. Após se lavar e deixar os cavalos com os equipamentos na casa do ferreiro, ficou no mirante da vila, isolado de todos, consolando suas mágoas e tristezas com as palavras de sua amada Liodriel. O berloque dado por Sam era mais que um simples souvenir naquele momento.

Na manhã seguinte os dois aventureiros partiram da vila, levando seus amigos transformados em animais. Despediram-se, emocionados dos moradores que estavam igualmente comovidos. Naquele pequeno vilarejo eles sempre seriam considerados heróis. Anix deixou sob os cuidados de Anmil uma pepita de ouro que havia encontrado no castelo, para que ela fosse vendida e o dinheiro usado para pagar os reparos dos estragos causados pelo exército de Zulil na vila.

Três dias de viagem após partirem, no fim do dia 18 de Lunaluz, um Tirag, o grupo finalmente avistou o forte Rodick.

_ Alto, quem vem lá! – gritaram os soldados do alto da muralha de pedra do forte, apontando flechas para os viajantes.

_ Somos soldados também! Somos amigos do capitão Glorin! – respondeu Anix.

_ E como você prova isso? – insistiu um dos soldados.

_ Bem, ele é um soldado muito forte, um anão barbudo que vive chamando todo mundo de bastardo! – continuou o mago.

_ E de olhos azuis? – perguntou o soldado. Anix não respondeu nada, tentava se lembrar da cor dos olhos do capitão. Então viram dois soldados cochichando.

_ Talvez seja o 522! – falou um dos soldados.

_ Pode ser! Vá verificar! – disse o outro.

Um dos soldados partiu rapidamente, enquanto os demais mantinham o grupo sob a mira de seus arcos.

_ E então? O Glorin que você conhece era ou não um anão de olhos azuis? – insistiu novamente o soldado.

_ Não! Os olhos dele são negros! – respondeu Anix, já irritado com tudo aquilo.

_ Ahá! Falsários! Eu sabia que ram impostores! Atirem! – ordenou o soldado. Entretanto, o que havia partido retornou com um pergaminho nas mãos, impedindo o ataque.

_ Legolas! Algum de vocês chama Legolas? – perguntou o soldado, lendo o pergaminho.

_ Sim, eu sou Legolas Greenleaf! – respondeu, orgulhoso, o arqueiro.

_ São eles, é o 522 mesmo! Sejam bem vindos ao forte Rodick! – saudou o soldado, dando ordem para que os portões fossem abertos.

Os aventureiros finalmente puderam entrar na fortaleza. O comandante geral do forte, o general Wally Dold, deus as boas vindas ao grupo, e ordenou que descansassem para se recuperarem da longa viagem que tinham feito. Assim eles fizeram. Legolas, Anix, Nailo rato e Lucano lagartixa descansaram por mais um dia inteiro, enquanto aguardavam, extremamente ansiosos, pelo retorno de Squall e do capitão Glorin.

setembro 07, 2006

Capítulo 228 – Zulil, o traidor

Capítulo 228 Zulil, o traidor

“Cuidado com o de fala mansa. Aquele de fala suave poderá matá-los.” As palavras da ninfa pulsavam como tambores nas mentes dos heróis. O terrível inimigo que eles estavam fadados a confrontar, aquele com quem eles sonhavam constantemente e que era motivo de temor e ódio para todos eles estava ali, diante de seus olhos. Ele era Zulil Alvane, um elfo calmo e culto que aparentava possuir grande sabedoria. Era Zulil, aquele que eles haviam conhecido em Malpetrim. O mesmo que ficara amigo do grupo e que ouvira entusiasmado a história da aventura em Ortenko. O mesmo elfo que prometeu torcer por Legolas no torneio de arquearia de Malpetrim. O mesmo elfo que se despediu de todos sorridente e saudoso, quando partiram de Petrinya para Tollon. Ele era Zulil, o inimigo da fala mansa, o traidor que os apunhalava pelas costas.

Zulil estava em uma torre circular de quinze metros de diâmetro. Tochas davam uma luminosidade sombria ao local, já que as janelas estavam cobertas por uma ilusão mágica. Estava atrás de uma bancada de madeira, sobre a qual havia uma pessoa acorrentada. Velta. A misteriosa vidente estava acorrentada sobre a mesa, gritando e se debatendo como uma louca. À esquerda deles havia outra bancada, sobre a qual repousava uma jovem adormecida. Era Tábata. A menina estava inconsciente, mas viva. Estava acorrentada, e ao lado dela havia instrumentos ensangüentados como facas e serras, instrumentos das experiências macabras de Zulil. Havia ainda outra mesa, à direita de Zulil, onde um cadáver de um homem apodrecido exalava um odor fétido. No lado oposto da torre, havia uma estante com livros, e, espalhados por todo lugar, havia cadáveres amontoados, encostados nas paredes e nos móveis. Acima de sua cabeça, cerca de uns seis metros longe do chão, estava uma gaiola, presa ao teto por uma corrente. Dentro dela, havia um pássaro sem consciência, era Cloud.

_ Por essa eu não esperava! Mas são vocês! Essa velha maluca me avisou que alguém viria aqui, mas nunca pude imaginar que seriam vocês! – Zulil estava espantado, era possível notar isso na sua voz e no seu olhar. – Vocês são meus amigos! Eu não quero matá-los! Vocês destruíram minhas criações, mas se forem embora agora, vou esquecer tudo que aconteceu e deixá-los partir em paz! – continuou, ainda atordoado.

_ Isso não será possível, Zulil! Nós viemos pará-lo! – respondeu Legolas, com pesar.

_ Por que você está fazendo tudo isso? – perguntou Nailo, ainda sem acreditar no que via.

_ Porque é necessário! Para deter um mal maior! – respondeu Zulil. Seu olhar e sua voz já se modificavam completamente, da surpresa para a insanidade.

_ E que mal é esse que pra ser destruído exige o sacrifício de pessoas inocentes, até mesmo crianças? – gritou Anix, inconformado.

_ Vocês não entendem! Vocês não viram o que eu vi! Não estavam lá quando tudo aconteceu! Aqueles goblinóides nojentos, matando o povo de Lenórien! Vocês não compreendem o sofrimento pelo qual o nosso povo passou! E Glórien não fez nada! Não tentou sequer impedir que tudo ocorresse! Aquela prostituta de Ragnar não fez nada! Deixou que a Aliança Negra destruísse e matasse tudo e todos! – Zulil já não tinha o seu ar de sábio, ao invés disso, parecia transtornado ao lembrar dos horrores que tinham acontecido aos elfos quando seu reino no continente sul foi destruído por uma horda de goblinóides chamada de Aliança Negra.

_ E por causa disso você se tornou tão podre quanto os goblinóides? O que você está fazendo não é melhor do que o que aconteceu em Lenórien! – gritou Lucano, tentando trazer o elfo de volta para o caminho da luz, ao mesmo tempo em que se segurava para não voar no pescoço dele.

_ Não seja tolo! Eu percebi que não havia outro caminho a seguir! Glórien, aquela prostituta nos abandonou nas mãos da Aliança Negra! Além disso, há outra coisa ainda pior! A Tormenta! Chegará um dia em que os exércitos da Aliança Negra marcharão pelo continente norte devastando tudo que encontraram! Na direção oposta virá a Tormenta, causando ainda mais destruição! Somente os mortos restarão! O único meio de sobreviver a isso tudo é superar a morte, tornando-se um morto-vivo! Meu exército de mortos-vivos será a única força no mundo capaz de deter a Tormenta e a Aliança Negra! Somente com o poder de Tenebra poderemos sobreviver! Juntem-se a mim vocês também e vamos formar o maior exército de Arton! - gritava o elfo insano, renegando sua deusa criadora.

_ Não! Você está errado! Matar pessoas inocentes da forma como está fazendo não levará a nada! – gritou Squall.

_ Eles são um sacrifício necessário para se conseguir um bem maior! Respondeu Zulil, encarando o feiticeiro com um olhar frio.

_ Não! Parem! Eu avisei! Vocês vão se matar! A desgraça virá para todos! Eu avisei! Eu avisei! – gritava, enlouquecida, a velha amarrada sobre a mesa.

_ Cale-se, velha maldita! E então? O que me dizem? Vão se juntar a mim, vão embora, ou preferem a morte? – Zulil encarou Velta como se a odiasse, depois se voltou para os heróis sorrindo tranqüilamente, como se nada estivesse acontecendo.

_ Zulil, eu tinha você como um amigo! Mas, você não me deixa outra opção! Eu farei o que deve ser feito! – respondeu Legolas, entristecido, retesando a corda do arco, já com uma flecha apontada para o peito de Zulil.

_ Você vai tentar! – retrucou Zulil, erguendo os braços e murmurando algo que parecia ser um feitiço. – Que o poder das trevas avance como um mar revolto, carregando suas forças para as profundezas! Wellen der Erschöpfung!!! – gritou o elfo.

Uma onda de energia negativa, tão negra quanto o manto de Tenebra, atravessou a torre em direção dos heróis ao mesmo tempo em que a flecha partia do arco de gelo. A flecha atingiu o peito de Zulil, perfurando-o levemente e despencou no chão. A onda negra atingiu os heróis, sem que eles pudessem ter tempo para reagir, e levou embora suas forças. Todos se sentiam exaustos, como se tivessem lutado por horas seguidas, vestindo armaduras pesadas e portando armas gigantescas. Sentiam os braços e as pernas fraquejarem, suas armas começavam a pesar como chumbo. Mover-se, por si só já era um desafio para eles. Legolas tinha as mãos trêmulas e percebeu que até mesmo sua mira fora prejudicada pelo poder nefasto de Zulil. Os heróis ofegavam como se tivessem corrido vários quilômetros sem descanso.

Legolas usou novamente seu arco, mas já não conseguia sequer esticar o fio da arma, quanto mais mirar com a costumeira precisão. Os projéteis passaram longe do alvo, provocando risos em Zulil, que zombava dos heróis. Velta, continuava a se debater sobre a mesa, gritando enlouquecidamente.

Enquanto Zulil gargalhava, Nailo correu o mais que podia para alcançá-lo. O simples ato de andar já era um martírio para oi ranger, após os efeitos da magia do inimigo. Nailo parou ao lado de Zulil e golpeou com todas as forças que lhe restavam. Sua espada se chocou em algo, mas não feriu o inimigo. Zulil se virou para Nailo, ameaçando-o de morte e todos puderam perceber que ele estava protegido por um escudo mágico de energia.

Os heróis estavam fracos e lentos, e o inimigo contava com grandes proteções mágicas. Somente segurando-o parado eles teriam alguma chance de atingi-lo. Foi o que Anix tentou fazer. Murmurando um feitiço, o elfo fez com que um denso feixe de teias de aranha surgisse do teto e do chão, entrelaçando-se e engolfando Zulil e Nailo. Os dois ficaram cercados por centenas de fios pegajosos, mas, ainda assim, podiam se movimentar dentro das teias. Era o que Anix temia.

­_ Poderes das trevas, destruam a força de meus inimigos! Ich Streinfen der Schwäche! – gritou Zulil encarando Nailo. Um raio de energia escura saiu de sua mão e atravessou o peito do ranger. As pernas de Nailo fraquejaram e suas espadas quase escaparam de suas mãos. Sua força estava reduzia à metade. – Hehehehahahaha!!! Vou matar todos vocês!!! – gargalhava o necromante.

_ Eu avisei, eu avisei! Vocês vão se desgraçar! A desgraça virá para todos! – Velta continuava gritando.

Zulil mandava que a velha se calasse, entre uma risada e outra. Um grande chapéu, feito de palha surgiu sobre sua cabeça, ficando enroscado nas teias de aranha. Era Squall, tentando distrair o inimigo com um truque mágico simples, mas que poderia ter sido eficiente se ele não tivesse esquecido das teias. Zulil riu novamente, humilhando Squall e provocando a todos. Irritado, Lucano atirou sua espada no inimigo, mas esta também ficou presa nos fios que o cercavam. Então Anix percebeu seu erro. Ao invés de atrapalhar, a sua magia estava fornecendo proteção para o inimigo.

Mesmo assim, Nailo continuava atacando-o com suas espadas que eram facilmente evitadas pelo elfo. Legolas desceu as escadas da torre, esperando que os efeitos da magia do inimigo desaparecessem ao se afastar dele. Mas, mesmo longe de Zulil, Legolas continuava exausto e fraco. O arqueiro começou uma longa e penosa subida de volta a torre, enquanto Anix preparava uma de suas magias mais poderosas para atingir o inimigo.

_ Squall! Prepare seu enxofre! – gritou Anix para o irmão.

_ Enxofre? Pretende fazer o que? Vai me atirar uma bola de fogo? Não vou permitir! Que as trevas o atinjam e seus poderes sejam drenados! Um vorläufig abzutropfen!!! – clamou Zulil. Um raio negro foi disparado na direção do mago e por pouco não o atingiu. Anix sabia que se fosse pego por aquela magia o inimigo lhe tiraria seus poderes, como se ele desaprendesse cada um deles. E a velha Velta continuava a gritar.

Estavam encurralados. O inimigo era extremamente poderoso, eles estavam enfraquecidos e não contavam com a ajuda do poderoso Glorin. Precisavam pensar em alguma coisa. Squall começou a olhar em volta, procurando por algo que pudesse ajudá-los. Um pergaminho, uma varinha, uma arma, qualquer coisa serviria para tentar deter Zulil. Mas, só havia corpos naquele lugar, a única coisa diferente disso era a estante de livros. Livros! Era isso, Squall se lembrou de seu livro mágico e do que estava com Nailo. Nenhum deles poderia ser usado contra o inimigo, mas Lucano possuía um livro que eles ainda não sabiam o que fazia. O feiticeiro enfiou a mão na bolsa do companheiro e puxou o livro de lá de dentro. O manual do dragão. Squall abriu o livro e começou a folheá-lo rapidamente, em busca de algo que pudesse ajudar naquele momento. Entretanto, seria necessário um longo período de estudo para conseguir descobrir os segredos daquele tomo.

Lucano tentou ajudá-lo, mas mesmo unidos, os dois não obtiveram sucesso. Legolas chegou de volta ao alto da torre, esbaforido, e viu Nailo enroscando-se nas teias e não conseguindo sequer atacar Zulil. O inimigo sorriu mais uma vez, um sorriso macabro, maléfico, e evocou outra de suas magias.

_ Que os espíritos das trevas cedam-me suas mãos para vencer meus inimigos! Gräbliche Hand!!! – Zulil gritou as palavras mágicas e uma mão surgiu do além próxima de Legolas e Anix. Era uma mão brilhante e translúcida como um fantasma que flutuava no ar acima dos heróis. Zulil deu outra gargalhada, e os heróis sentiram que o perigo aumentava a cada instante.

Squall desistiu do livro, jogando-o no chão. Para sua surpresa, o livro mágico ficou flutuando a um metro do solo. Squall tentou atacar Zulil com seus dardos de energia mágica. Entretanto, os projéteis mágicos foram absorvidos pelo escudo mágico que cercava o inimigo, frustrando os planos de Squall.

Legolas tentou novamente atingir o inimigo com flechas, mas estas paravam presas nas teias antes de alcançarem o alvo. Nailo tentou agarrá-lo, mas as teias o atrapalharam também. Anix se viu forçado a dissipar sua magia, para não prejudicar o grupo ainda mais. Os fios desapareceram, e o chapéu criado por Squall despencou sobre Zulil. O elfo se desviou facilmente do objeto e novamente riu dos heróis. E Velta continuava a gritar como louca.

_ Cale-se velha maldita! Desta vez você não me escapa, desgraçado! Um vorläufig abzutropfen!!! – gritou Zulil, disparando novamente na direção de Anix. O raio de energia negativa atravessou o corpo do mago, Anix empalideceu e por pouco não caiu no chão. Sentia seus poderes sendo drenados. Sua força, sua vitalidade, seu poder mágico, tudo se ia como água escorrendo ladeira abaixo. Anix sabia que agora só possuía metade de seu poder total. Suas magias mais poderosas, que ele havia preparado pela manhã, haviam desaparecido. E energia tinha se ido como uma brisa. Anix estava desarmado.

_ Meu irmão!!! ­– gritou Squall, saltando em cima de Zulil. O inimigo desviou e escapou dos pés do feiticeiro que passaram na altura de sua cabeça. Logo em seguida veio uma flecha, disparada por Lucano, que o inimigo também desviou com facilidade. As espadas de Nailo, as flechas de Legolas, nada parecia capaz de afetar Zulil, ele parecia ser invencível. Vendo isso, e vendo-se privado de seus poderes para ajudar seus companheiros, Anix se entregou, atirando-se ao chão, pedindo perdão a Glórien, aos seus amigos, e desistindo de viver. E Velta, continuava a gritar, feito a louca que era.

_ Eu avisei! Eu avisei! A desgraça para todos! Vocês atraem a desgraça! Eu disse, eu vi!!! – gritava a velha vidente.

_ Eu já mandei você calar essa boca! Velha imprestável! Morraaaa!!! – Zulill abandonou o combate, indo na direção da bancada onde Velta estava. Nailo e Squall tentaram segurá-lo, mas nada parecia capaz de detê-lo. O elfo necromante sacou uma adaga da cintura e a enterrou profundamente no peito da velha. Velta tossiu e gemeu, o sangue vermelho escorreu de sua boca, ela fechou os olhos, sua cabeça tombou e finalmente ela parou de gritar. Para sempre.

Zulil gargalhou. Estava em êxtase por ter assassinado a pobre velha. Nailo não se conformava com a atitude do ex-amigo, preparou sua espada para o ataque e exigiu explicações.

_ Por que você fez isso, maldito? – gritava o ranger.

_ Eu já não suportava mais a voz dessa nojenta! Mas agora está tudo bem! Hehehehahahaha!!! – respondeu Zulil, rindo.

_ Mas ela não era sua aliada? Ela não o estava ajudando? Por que então matá-la? – insistia Nailo.

­_ Sim! De fato ela veio até aqui me avisar que viria um grupo de pessoas me matar! Pediu-me para fugir, antes que fosse tarde demais! Disse que se eu não fugisse, a desgraça chegaria para todos! Velha insolente! Não preciso ter medo de ninguém! Vocês jamais poderiam me derrotar, seus vermes! Vocês e essa velha servirão de matéria-prima para minhas experiências! Hehehehahahaha!!! – respondeu o necromante.

Enquanto os dois discutiam, a jovem Tábata, que estava acorrentada numa das mesas, despertou, ainda atordoada, chamando a atenção dos heróis. Squall e Lucano correram para tentar libertá-la. Se não pudessem derrotar o inimigo, ao menos fugiriam com a garota. Era o que esperavam. Anix ouviu os gemidos da menina e se levantou. Não podia se entregar ainda, tinha que resgatar a garota, mesmo que isso lhe custasse a vida. O mago levantou e correu para ajudar a libertá-la com sua adaga em mãos. Lucano forçava as correntes, sem conseguir sequer afrouxá-las. Squall disparava seus mísseis mágicos nas algemas, mas nada disso conseguia quebrá-las. Legolas também aproveitou o momento de distração do inimigo, para mirar com calma e paciência. Usando sua técnica secreta, as Flechas Infalíveis, o arqueiro cravou profundamente uma flecha no peito de Zulil e comemorou ao ver que o inimigo sofrera considerável dano com o ataque.

Zulil deu um gemido de dor, e pela primeira vez os heróis viram seu sangue. O elfo amaldiçoou Legolas e começou a recitar um feitiço para atingir o arqueiro. Nailo desferiu um golpe de espada no estômago dele, abrindo um grande rasgo. Zulil se enfureceu e se voltou para Nailo, com o olhar cheio de ódio e a boca cheia de sangue.

_ Maldito! Seu rato imundo, você vai me pagar! Antigos espíritos do mal, atendam ao meu chamado e transformem meu inimigo em um rato! Gühende Metamorphose!!! – Zulil gritou em fúria, enquanto recitava um feitiço poderoso, e tocou o peito de Nailo com a mão coberta de uma energia maléfica. Nailo se contorceu e recuou para trás, sua mochila caiu de suas costas enquanto ele encolhia pouco a pouco. O pequeno tentacute soltou um grunhido de dor, e saiu de dentro da bolsa para testemunhar a transformação de Nailo. O ranger foi encolhendo aos poucos, seu corpo foi sendo tomado de pelos até que ele se tornou um pequeno camundongo. Nailo caiu no chão, transformado em um rato e, com suas forças drenadas pelo inimigo, não se movia mais.

Zulil ria da situação de Nailo. Então, um corvo entrou pela janela, revelando a ilusão a todos os que ainda não a haviam detectado, e começou a olhar para o rato no chão com olhar faminto.

_ Venha Galgameth! Tem um ratinho suculento aqui para você comer! Aproveite bem o seu jantar! Hehehehahahaha!!! – disse Zulil ao seu familiar.

Squall entendeu que aquele corvo tinha com Zulil o mesmo tipo de ligação que ele possuía com Cloud. O corvo era o ponto fraco de Zulil. Sem perder tempo, Squall disparou seus projéteis de energia no animal. Penas negras voavam enquanto o pássaro era ferido pela magia. Zulil ficou desesperado ao ver seu familiar sendo atacado e se distraiu. Lucano saltou por cima dele, jogando-o no chão. Tentacute aproveitou para pegar Nailo do chão e fugir com ele para o centro do salão. Squall chutou Zulil, que estava caído e sob Lucano. Legolas atingiu-o duas vezes com suas flechas, enquanto Anix se encarregava de tentar libertar Tábata.

Relâmpago, que havia sido deixado do lado de fora da sala por Nailo, entrou correndo e parou ao lado de tentacute para proteger seu amo. O lobo rosnava para o corvo de Zulil, furiosamente, enquanto cercava rato indefeso nas mãos do tentacute. Squall também mirava o corvo com seus olhos e se aproximava lentamente dele, armando suas garras e dentes para o bote. Aos poucos, Squall deixava aflorar sua ascendência dracônica e se tornava cada vez mais animalesco. Cloud, que até então estava desmaiado, finalmente despertou e fez contato mental com Squall, deixando-o ainda mais motivado para vencer o inimigo.

Mesmo caído, Zulil ainda era uma grande ameaça. Recitou as mesmas palavras mágicas de antes e fez com que Lucano se transformasse em uma pequena e inofensiva lagartixa. O clérigo rapidamente saltou do peito do mago e correu para perto de Relâmpago, onde, achava, estaria seguro.

Legolas o atingiu mais uma vez, enquanto ele se levantava. Squall retirou uma tiara prateada que estava na cabeça de Zulil e a colocou. O feiticeiro sentiu sua capacidade mental aumentando e sabia que agora o inimigo estava mais fraco sem o item. Agora talvez eles tivessem uma chance.

Anix tentava desesperadamente romper as algemas que prendiam Tábata, mas, sem suas forças, destruídas pelo poder de Zulil, era incapaz de sequer afrouxar os grilhões. Então, ele ouviu um grito de fúria. Olhou para trás e viu Ramits entrando na torre. O garoto trazia nas mãos a espada que ganhara de Lucano e correu até onde estava a moça prisioneira.

_ Tio Anix! Eu vim ajudar! Eu vou quebrar essas correntes! – gritou o rapaz.

_ Não, Ramits! Saia daqui depressa! É perigoso demais! – ordenou Anix.

_ Não posso! Não vou abandonar a Tábata! Eu a amo! E não vou embora daqui sem antes salvá-la! – respondeu o jovem. Seus olhos brilharam se cobriram de lágrimas. Tábata estava igualmente emocionada. Os dois pareciam feitos um para o outro. Ramits colocou a espada numa das algemas e começou a forçá-la, estourando a primeira delas, que já estava enfraquecida pelos mísseis mágicos de Squall.

Zulil finalmente se levantou. Seu manto branco estava todo sujo de sangue e terra. Seus olhos transbordavam o ódio que sentia pelos heróis. O elfo correu, esgueirando-se entre os aventureiros indo até perto da porta. Legolas, Squall e Relâmpago não conseguiram impedi-lo. Zulil estava quase fugindo. Galgameth, o corvo do necromante, voou para o outro lado da torre, afastando-se de Squall e confirmando a intenção do inimigo de escapar.

Squall se concentrou e lançou uma poderosa bola de fogo no pássaro, quase o matando. Zulil começou a ficar desesperado, e cada vez mais furioso e descuidado. Relâmpago avançava no corvo com suas presas afiadas, enquanto o mago gritava maldições e injúrias para os heróis. Legolas aproveitou o momento, saltou a mesa onde estava o corpo de velta e disparou uma flecha certeira no peito de Zulil. O mago amaldiçoou o arqueiro. Anix atirou sua adaga no inimigo, mas não conseguiu atingi-lo. Zulil desviou da adaga e encarou Legolas, enfurecido.

_ Maldito! Eu o tinha como um amigo! Eu ia torcer por você no torneio de Malpetrim! Mas agora eu vou acabar com você! Que as forças das trevas o amaldiçoem! Um fluch zu fragen!!! – Zulil recitou o feitiço ao mesmo tempo em que amaldiçoava o arqueiro. A mão espectral criada por sua magia desceu e tocou no peito de Legolas, antes que ele pudesse tentar escapar do ataque. O corpo do arqueiro foi cercado por uma energia escura, e ele cambaleou para trás. Legolas estava quase sem forças para nada. Quase toda sua força física havia sido drenada. Mas, Zulil não teve tempo de comemorar o ataque.

Squall correu, realizando um esforço sobrenatural. Alcançou o corvo que tentava voar para longe do lobo, e o atacou com sua espada. A lâmina de aço partiu o peito do animal que tentou fugir. Relâmpago o mordeu, fazendo com que ele perdesse velocidade e ficasse vulnerável. Squall disparou seus mísseis mágicos, derrubando o corvo no chão, já inconsciente. O pássaro caiu no chão diante do lobo. Relâmpago abocanhou o pássaro indefeso com suas presas poderosas e o dilacerou. Penas e pedaços do animal voaram por todos os lados. Zulil gritou, desesperado, como se sentisse a dor sofrida pelo animal. Estava visivelmente mais fraco. Legolas tentou acertá-lo com outra flecha, mas ele conseguiu se esquivar, obrigando o arqueiro a recuar.

_ Malditos! Vou matá-los! Vou usar minha magia mais poderosa e acabar com vocês todos! – gritou Zulil, enquanto murmurava um feitiço. Anix foi mais veloz, completando rapidamente a conjuração de uma magia. Correu até o inimigo e tocou-o no peito, descarregando uma forte corrente elétrica. Zulil, finalmente cambaleou.

_ Desgraçados! Malditos! Derrotaram-me, vermes inúteis! Ao menos levarei um de você comigo! Morram! – as pernas do elfo fraquejaram e ele quase caiu no chão. Deu um passo para frente enquanto falava com dificuldade e apontou sua mão na direção de Legolas e Anix. Zulil tombou para trás, com a mão estendida enquanto gritava suas últimas palavras. Legolas o apanhou antes que ele caísse. Zulil levantou a mão direita, e um raio negro saiu dela indo em direção ao teto e atingindo a gaiola onde estava falcão de Squall. Cloud caiu pesadamente no fundo da gaiola, e Squall deixou de sentir a sua presença, como se ele estivesse morto.

Legolas olhou profundamente nos olhos de Zulil e ouviu suas últimas palavras: “Vou matar...”. Zulil não conseguiu terminar a frase, morreu nos braços de Legolas, para alívio de todos. Mais um inimigo, desta vez o terrível inimigo da voz suave que poderia matá-los, estava finalmente derrotado. Mas, a vitória tinha um alto preço para os heróis. Nailo e Lucano estavam transformados em animais indefesos, e Cloud deveria estar morto.

Anix sacou sua espada e, com as poucas forças que lhe restavam, decapitou o corpo de Zulil. Se restavam dúvidas quanto a morte do inimigo, agora elas não mais existiam. Restava aos heróis cuidar daqueles que estavam vivos e sair daquele lugar maldito.

setembro 06, 2006

Capítulo 227 – Cloud em perigo

Capítulo 227 Cloud em perigo

_ Kamthiaria!!!­ – gritou Legolas, fazendo seu arco mágico emitir um brilho azulado e correndo, em disparada, rumo ao portão do castelo. Squall o seguiu de perto, os dois estavam desesperados pelo que acontecera ao falcão. Cloud poderia já estar morto, mas eles não desistiriam dele por nada, principalmente Squall. Glorin tentou impedi-los, mas era tarde, os dois já estavam longe demais e completamente cegos de ira. O anão bufava irritado, quando percebeu que Nailo escrevia alguma coisa num pedaço de pergaminho.

_ O que está fazendo?

_ Escrevendo um bilhete! Vou mandá-lo com uma flecha através da janela, mandando que ele espere por nós! Espero que a pessoa que pegou o Cloud fique preocupado com a nossa presença e esqueça de matá-lo! – respondeu o ranger, enrolando o papel na ponta da flecha.

_ Hunf! Faça como preferir! As coisas já estão ruins mesmo! Suspirou o anão.

A flecha voou certeira até a janela camuflada pela ilusão. Nailo rezava para que além da janela, ela tivesse atingido o inimigo de forma mortal. Infelizmente, não tinha.

O grupo correu, desesperadamente, tentando alcançar Legolas e Squall. Quando finalmente conseguiram, os dois já estavam no segundo andar do castelo, diante da porta que ficava no final do corredor onde haviam enfrentado Dekyon. Legolas tentava de todas as formas arrombar a porta, que estava trancada, e só conseguiu fazê-lo quando Squall aumentou sua força física magicamente. Antes de prosseguirem o feiticeiro usou seu poder para aumentar a força de seus companheiros e Nailo usou os pergaminhos que tinha comprado em Follen para aumentar a velocidade e a agilidade dos companheiros. Dessa forma, todos estavam mais poderosos e teriam muito mais chances de vencer o inimigo. O grupo avançou pela porta, chegando a um novo corredor, muito menor que o anterior. Nele, havia três portas, duas à esquerda e uma à direita.

Sem perder tempo, Legolas correu até a última porta da esquerda, a que, pela noção que tinham do castelo, deveria conduzir até a torre. Novamente, o arqueiro arrombou a porta sem pensar nas conseqüências, mas desta vez, Glorin tomou a dianteira do grupo.

_ Calma! Vocês estão se precipitando! Desse jeito vão acabar se matando, e é isso que o inimigo quer! Raciocinem um pouco seus imbecis! – gritava o anão, tentando restabelecer a ordem no grupo. Mas, era impossível. Todos estavam desesperados, desejando salvar o pássaro de Squall a qualquer custo. Como não estavam dispostos a agir com cautela, o anão tomou a dianteira e entrou na sala, protegido por seu escudo, e pedindo aos deuses força para resistir aos ataques do inimigo. Mas, o inimigo não estava lá.

Os heróis estavam agora em uma sala quadrada, de mais de dez metros de lado. Ao centro existia uma grande mesa, onde um corpo apodrecido de um homem repousava, inerte. À direita, no meio da parede, havia outra mesa, cheia de ferramentas bizarras manchadas de sangue, como serrotes, alicates, serras e facas, além de papéis de anotações. À esquerda, outra bancada, também tomada de sangue e ferramentas sujas, ocupava o canto da mesma parede que abrigava a entrada. Na parede no fundo, à esquerda, havia uma estante cheia de livros, desarrumados e empoeirados. No centro da parede esquerda havia uma saliência semicircular, que deveria ter algo em torno de três metros de diâmetro, constituída das mesmas pedras que formavam o resto da estrutura do castelo. E nenhum sinal do inimigo.

Rapidamente os heróis invadiram o lugar e começaram a procurar portas ou entradas. Anix usou sua magia para poder enxergar além do que os seus olhos permitiam, assim, se o inimigo estivesse invisível, o mago poderia detectá-lo. Nailo destruiu as tábuas de duas janelas que estavam na parede ao sul, permitindo que o sol iluminasse o lugar. Com a claridade, eles finalmente perceberam onde estavam, exatamente embaixo da torre. A saliência semicircular na parede fazia parte da torre, mas deveria haver alguma escada em algum lugar, ou talvez alguma passagem secreta que levasse até ela. Legolas e Anix tentaram forçar a saliência, na esperança de abrir uma porta secreta, quando o arqueiro lembrou-se de algo. Havia outra porta, outra sala atrás daquela onde eles se encontravam. E a parede que separava as duas era justamente aquela em que estava o semicírculo.

Legolas correu para o corredor, seguido de perto pelos outros, exceto por Anix, que continuava a procurar por alguma passagem secreta naquele ressalto. Sem nem verificar se a porta estava ou não trancada, Legolas chutou-a com todas as suas forças e a arrombou. Todos entraram num salão comprido de uns quinze metros por apenas seis ou sete de largura. Não havia nada ali a não ser um amontoado de entulho espalhado pelo chão. Pedras, pedaços de móveis quebrados, roupas rasgadas, terra, galhos secos e todo tipo de detritos tomavam conta do piso. À direita, estava a continuação do ressalto na parede. Mas, não havia nenhuma escada.

Legolas correu até a saliência, tentando forçá-la para abrir alguma passagem. Enquanto isso, Nailo se encarregava de arrombar as duas janelas que estavam ao fundo e fornecer luz ao grupo. E mesmo com a luz solar para ajudar, não conseguiram encontrar nenhuma passagem, nenhum sinal do inimigo ou de Cloud.

O arqueiro saiu , desesperado da sala, indo até a terceira porta que havia no corredor. Novamente arrombou-a sem perder tempo verificando se estava trancada ou não. Nailo quebrou uma janela que ficava no final do corredor e dava para a muralha do castelo, iluminando todo o local. Quando a porta se abriu, Legolas viu um salão enorme e irregular, onde dezenas de fungos de proporções avantajadas brotavam do solo. Não havia nenhuma outra porta ou saliência que pudesse conter alguma passagem secreta. E novamente, o inimigo não estava ali.

Legolas se afastou rapidamente, correndo para fora dali gritando “o corredor onde o esqueleto se escondeu!”. Voltou para o local onde haviam enfrentado Dekyon e se dirigiu até o estreito corredor lateral onde o guerreiro esquelético se escondera. Glorin o seguiu, temendo pela segurança do arqueiro que parecia estar completamente fora de si. Enquanto isso, Nailo e Squall entraram na sala dos fungos para analisar aquela estranha plantação mais de perto.

Squall abriu uma janela que estava perto da porta, deixando que a luz entrasse. Então, dois cogumelos de cor púrpura e muito maior que os demais, se levantaram do solo e começaram a caminhar de forma ondulante na direção do feiticeiro. Squall se preparou para o combate, mas foi surpreendido. Alguma coisa o atacou.

O feiticeiro sentiu uma dor aguda em seu abdome, como se algo o esmagasse e perfurasse. Squall olhou para baixo e viu dentes afiados abocanhando-o. Mas, não havia nenhuma criatura. Os dentes rasgaram a carne do elfo e depois desapareceram, tão misteriosamente quanto haviam surgido.

Squall gritou assustado e olhou para os dois fungos que se moviam, sem sequer desconfiar que o monstro que o atacara estavam bem ao seu lado, invisível. Seu grito chamou a atenção de seus amigos, que correram para ajudá-lo. Nailo foi o primeiro a invadir o local. Suas espadas rasgavam os dois cogumelos com fervor, enquanto os demais corriam para ajudar. Legolas, que estava longe dali, finalmente deu ouvidos à razão e retornou, junto com Glorin, para onde estavam os demais. Anix e Lucano, que estavam investigando a primeira sala descoberta pelo grupo, correram para o corredor a tempo de verem Squall ser novamente atacado pelo monstro invisível. Sem poder enxergar a criatura, pois a magia de Anix já havia sido dissipada, os dois não entenderam o que acontecia e caminharam com lentidão até a sala dos cogumelos.

Os fungos atacaram o ranger, sem conseguir feri-lo. Nailo se movia sob o ritmo dos tentáculos das criaturas inimigas, desviando e aparando cada golpe com suas espadas. Reconheceu aquelas criaturas. Eram do mesmo tipo de cogumelo usado para anestesiar Elesin no dia em que ele fora sacrificado pelo maléfico Teztal. Nailo começou a revidar os ataques com sua espada e em pouco tempo o primeiro dos monstros tombou, fatiado em pedaços pelo metal da lâmina. Não demorou muito até que o segundo fungo violeta estivesse em pedaços também. Nailo se virou e correu para ajudar seu amigo.

Squall se via em apuros. Sem poder ver o que combatia, o feiticeiro disparava raios flamejantes às cegas. Conseguiu atingir o monstro e pode ver a sua silhueta entre as chamas. Sem entender o que acontecia, Anix tentava puxar o irmão para fora daquele lugar, para não perderem mais tempo ali. O monstro aproveitava cada distração criada pelo mago para arrancar pedaços de Squall com suas mandíbulas.

Nailo se aproximou de Squall, também sem entender o que acontecia com ele, e foi atacado pelo monstro. Ferido, Nailo compreendeu que estava lidando com uma criatura invisível e começou a golpear com sua espada o local indicado por Squall. Os dois juntos combinaram seus ataques de fogo e aço, derrotando finalmente o monstro. A criatura tombou, esmagando uma porção de pequenos cogumelos, e revelou sua aparência. Era um monstro amarronzado e com aspecto de planta. Era quadrúpede e parecia não possuir olhos. Acima de suas mandíbulas, repletas de dentes afiados, havia vários bulbos de onde pendiam tentáculos afiados. Nailo os identificou como fungos fantasmas, por causa de sua capacidade de permanecerem constantemente invisíveis.

Com os monstros mortos, eles rapidamente vasculharam o ambiente, pisoteando todos os cogumelos que ali brotavam. Abriram três janelas que estavam fechadas por tábuas e procuraram por passagens secretas. Mas, não havia nada ali além de fungos. Nenhum sinal do captor de Cloud. Nailo recolheu um pedaço do fungo violeta e o guardou em sua mochila. Então, todos voltaram para o corredor, ávidos por invadir os cômodos restantes do castelo em busca do caminho que os levasse ao alto da torre principal. Mas, Glorin os impediu.

_ Idiotas! Nota-se que são amadores! Parem e pensem, vocês não perceberam o óbvio! O acesso para a torre só pode estar escondido! Seja lá quem for o cara por trás de tudo isso, ele não seria estúpido a ponto de se esconder em um lugar fácil de se achar! Essas duas salas ficam embaixo da torre principal! Essas saliências nas paredes são a prova disso! Deve haver alguma passagem secreta em alguma delas! Agora parem de agir como insanos e procurem! – ralhou o anão, impondo a ordem ao grupo.

Então todos perceberam os erros que estavam cometendo e começaram a procurar pela porta secreta que os levaria até Cloud. Dividiram-se em dois grupos, cada um procurando em uma das salas. Mexiam nos móveis, nas paredes, janelas e portas. Até que Glorin finalmente alcançou o seu objetivo.

_ Ahá! Encontrei! – gritou o anão, empurrando a parede leste da sala e provocando um estalo. Legolas e Squall, que estavam na outra sala correram para ver o que acontecia. A parede cedeu e se abriu, era uma porta. Glorin a abriu e entrou correndo, seguido de perto pelos demais.

Os aventureiros subiram uma escada íngreme por cerca de seis metros acima, até que chegaram a um salão circular cujo teto era sustentado por um enorme pilar central de quatro metros de diâmetro. No lado oposto à escada em que estavam, havia uma outra escada que subia, rente à parede, circundando-a.

Os heróis correram pelas escadas, galgando degrau após degrau, cheios de ansiedade e angústia. Passaram por mais dois andares, até que finalmente a escadaria terminou em uma larga porta de madeira.

Glorin continuou correndo como louco e atravessou a porta de madeira com seu escudo, como se ela fosse de papel. O anão brecou abruptamente após a porta, seus pés derraparam e ele mudou de direção rapidamente, indo para a esquerda.

_ Ele está aqui! Vamos pegar o bastardo! – gritou o capitão, indo de encontro ao seu alvo. Os demais heróis entraram logo em seguida, a tempo de verem o anão desaparecendo sob o piso após um alçapão se abrir sob seus pés no centro da torre. Uma armadilha. O alçapão se fechou, e eles não ouviram mais a voz do anão. Nem mesmo o som de seu corpo batendo no chão, metros abaixo, foi ouvido. Desta vez eles teriam que lutar sozinhos. O inimigo estava diante deles, e seu nome era Zulil.

setembro 04, 2006

Capítulo 226 – Quem afinal é o líder dos mortos-vivos?

Capítulo 226 Quem afinal é o líder dos mortos-vivos?

Squall interrompeu sua refeição abruptamente. Pediu para que Glorin o treinasse e sacou sua espada. O anão suspirou em desaprovação mas aceitou praticar esgrima com o elfo. Glorin era visivelmente mais forte que Squall, mas o feiticeiro notou que o anão não lutava com todas as suas forças e decidiu provocá-lo. Glorin mostrou ao elfo do que era capaz e com apenas alguns poucos golpes atirou a espada de Squall ao chão, rendendo-o. Satisfeito, ao ver a superioridade do anão, o feiticeiro desistiu e se sentou novamente. Pegou o escudo de Glorin, para tentar descobrir suas habilidades mágicas, e viu que ele também havia sido feito pelo lendário ferreiro Durgedin. No escudo, havia várias flechas entalhadas em baixo relevo em todo o seu contorno. Julgando ter entendido o significado dos desenhos, Squall colocou o escudo em seu braço e pediu para que Glorin o atacasse com sua besta. Assim o anão o fez, mas ao invés de disparar no escudo, o capitão mirou chão, entre os dois pés do feiticeiro. Squall se assustou, pensando que seu pé seria perfurado pelo virote, mas teve uma surpresa. O projétil desviou sua trajetória de forma sobrenatural, indo se chocar com o escudo, como se estivesse sendo atraído por ele. E estava. Os dois ainda fizeram outros testes e confirmaram as suspeitas de Squall, o escudo tinha a habilidade de atrair flechas para si, evitando que seu portador fosse ferido.

Enquanto isso, em Carvalho Quebrado, Legolas e Nailo investigavam a casa de Velta. Desconfiado, o ranger começou a vasculhar o chão e encontrou várias pegadas fora da casa idênticas às encontradas no castelo ao lado do cavalo. Nailo já não tinha mais dúvidas, a misteriosa anciã era a pessoa que tinha ido ao castelo durante a noite anterior. Usando sua mágica, o ranger vasculhou o casebre em busca de itens encantados. Encontrou uma garrafa feita de um vidro escuro, da qual emanava uma leve aura mágica. Nailo guardou a garrafa em sua bolsa e saiu pela vila, usando seu poder para tentar localizar outros objetos mágicos escondidos. Legolas permaneceu mais um tempo na casa, reuniu algumas orelhas, que Velta guardava em um pote, um dedo polegar que pertencera ao pé de alguém e fez um colar bizarro. Todo suado, molhado de sangue, com as peles dos lobos nas costas e agora com um estranho colar de pedaços de gente no pescoço, Legolas não era mais tão diferente dos orcs que ele tanto odiava e que exterminara na montanha de Durgedin. O arqueiro mexeu nas prateleiras da velha, encontrou alguns frascos que lhe pareceram poções mágicas e os guardou. Eram três vidros com um líquido esverdeado, dois de cor amarela e um terceiro de tom marrom claro. O elfo guardou os frascos em sua bolsa e saiu da casa.

Legolas deixou seu cavalo no celeiro do ferreiro da vila, junto com os outros animais do grupo e partiu a pé em direção ao riacho que cortava a porção norte do vilarejo. Lá, ele se despiu e jogou fora seu colar e as peles. Estava começando a perceber o que ele estava se tornando. Legolas mergulhou na água fresca do riacho e se banhou.

Lucano e Anix acompanhavam os moradores da vila, que os escoltavam até a mansão de Torkel, onde se alimentariam. Lucano presenteou o valente Ramits com a espada que tinha encontrado no castelo, deixando o garoto extremamente feliz. Ramits correu para casa com sua espada todo eufórico, sentia-se um verdadeiro herói. Os dois elfos entraram na mansão, explicando mais detalhadamente a situação do castelo e tranqüilizaram a todos, deixando claro que faltava pouca coisa a se resolver na fortaleza. Anix subiu e tomou um rápido banho, depois ele e Lucano fizeram uma rápida refeição e pediram a Torkel que preparasse duas porções para que eles levassem para Glorin e Squall. Após a refeição, os dois aproveitaram o pouco tempo que tinha para estudar algumas magias enquanto esperavam por Legolas e Nailo.

Nailo, andava pela vila, sem rumo certo, quando encontrou algo que pareceu ser interessante. Uma gigantesca árvore quebrada estava próxima da entrada da aldeia. Era um imenso carvalho, que já estava petrificado. Restava apenas o tronco da imensa árvore, quebrado bem rente ao chão. Nailo compreendeu que aquela árvore era i que dava nome à vila. Sem perder muito mais tempo, o ranger continuou sua busca. Passou pelo riacho, onde Legolas terminava de se lavar, e seguiu até a misteriosa caverna que existia perto da vila. Ele e seu fiel lobo entraram na caverna que servia de Lara para inúmeros insetos e vermes. Parecia ser uma imensa toca. Sem encontrar nada de suspeito, o elfo deixou a caverna e foi checar o cemitério da vila.

No cemitério tudo estava tal qual antes da partida do grupo para o castelo. Aliviado por ver que nenhuma cova fora aberta nos últimos dias, Nailo retornou para a mansão de Torkel. Lá, Anix e Lucano estavam impacientes, prontos para partir. Vendo isso, o ranger retornou ao riacho e chamou Legolas para partirem. O arqueiro estava sentado no mirante da vila, pensativo e com o olhar distante. Os dois retornaram e se juntaram aos demais.

Lucano e Anix retornavam da casa do pequeno Nolin, o elfo raptado na noite em que eles chegaram à vila. Toda a família estava emocionada com o retorno do filho e agradeciam à deusa dos Elfos por ter enviado os salvadores. Anix e Lucano se juntaram a Legolas e a Nailo e partiram de volta para o castelo. Nailo ia acompanhado desta vez. Levava consigo seu fiel amigo Relâmpago e o pequeno tentacute, que saltitava de um lado para outro no cavalo. Levavam apenas três montarias. Rassufel, o cavalo de Legolas, havia ficado na vila. O arqueiro era carregado pelo mesmo animal que Anix. O mago, além do arqueiro, levava duas pequenas panelas com comida para Glorin e Squall, uma garrafa de licor cedida por Torkel, e ataduras para tratar das feridas do grupo, também cedidas pelo líder da vila.

Já era quase 14:00 horas quando finalmente avistaram o castelo, Glorin e Squall repousavam sob a sombra de um pinheiro. Anix desceu do cavalo e entregou as refeições ao dois. Mas, como eles já haviam comido, recusaram a oferta. Entretanto, Nailo e Legolas não haviam se alimentado ainda e aproveitaram a ocasião para tal. Nailo pegou uma das marmitas trazidas pelo mago e a devorou em poucos minutos. Legolas, contudo, preferiu continuar a comer suas rações.

Enquanto os dois comiam, Anix se lembrou do licor e ofereceu aos companheiros. Entretanto, nem tiveram tempo de tomar a bebida pois, Nailo, vendo a garrafa, se lembrou da misteriosa garrafa mágica que estava na casa de Velta. Nailo mostrou aos amigos a garrafa, para que eles tentassem descobrir sua utilidade. Também comunicou que as pegadas na frente do castelo pertenciam a Velta, o que chocou a todos. Nenhum deles entendia porque a velha tinha ido ao castelo, mas em suas mentes tinham a certeza de que ela devia estar envolvida com todos aqueles mortos-vivos de alguma forma.

A garrafa passou de mão em mão, todos estavam intrigados e desejavam saber o que ela continha. Sabiam que era um líquido de cheiro levemente ácido e mais nada. Glorin quis dar a Relâmpago um gole da bebida, mas Nailo o impediu. Como havia dito a Squall, o anão não simpatizava muito com animais, por isso não hesitaria em sacrificar um deles pelo grupo. Após muita discussão, o anão se irritou e deu uma golada na garrafa. Glorin engoliu o líquido, fechou e entregou a garrafa para Nailo. E, caiu. O anão desmaiou, deixando todos assustados. Lucano já estava quase lançando uma magia sobre o capitão quando ele abriu os olhos, dando gargalhadas.

_ Hahaha! Idiotas! Agora é minha vez de fazê-los de tontos! Estou bem! Melhor que antes! Essa garrafa contém uma poção mágica fez alguns dos meus ferimentos se fecharem! Nailo despeje metade dela em frascos pequenos e divida com o grupo todo! Assim todos terão recursos para ajudar se for preciso! O resto fica com você, na garrafa! – disse o anão em tom de zombaria.

Enquanto o ranger distribuía o líquido mágico, Anix contou o que acontecera no caminho para a vila, sobre o ataque dos lobos. Glorin chamou a atenção de Nailo, dizendo que se as crianças tivessem sido transportada no cavalo, nada daquilo teria acontecido. Depois, contou a todos sobre o que ele e Squall tinham descoberto nos fundos do castelo, e todos se dirigiram para lá, para ver a carroça e os cadáveres.

Enquanto andavam, Squall se gabava por ter descoberto o funcionamento da espada e do escudo. Exibido, pediu ao capitão que demonstrasse suas descobertas. Glorin ativou e desativou a espada mágica e pediu a Legolas que disparasse uma flecha nele. Legolas o fez. O arqueiro balançou o arco, impedindo que o anão previsse onde ele mirava, e disparou a flecha, atingindo em cheio o abdome de Glorin. O guerreiro gritou de dor, e amaldiçoou o elfo pelo ferimento. Intrigado com o que ocorrera, Glorin pediu a Legolas que disparasse mais novamente, desta vez, acima de sua cabeça.

A segunda flecha passou por cima da cabeça do anão e desapareceu no meio da floresta. Glorin pediu a Lucano que atirasse com seu arco da mesma forma que Legolas, e a flecha foi atraída diretamente para o escudo. Então, ele chegou a uma conclusão.

_ Esse escudo não funciona com arcos mágicos! Somente flechas disparadas de armas comuns são atraídas por ele! – explicou o guerreiro.

Nailo usou sua varinha para reduzir a gravidade do ferimento de Glorin e todos chegaram finalmente aos fundos da fortaleza. Enquanto Glorin e Squall contavam sobre a batalha travada contra as ovelhas e sobre como arrancaram as cabeças de todos os cadáveres abandonados à beira da estrada, Anix olhava atentamente para esse corpos, como se algo lhe chamasse a atenção. Um dos orcs caídos ali tinha uma flecha cravada na região glútea. Anix mostrou o projétil para os amigos e todos o reconheceram. Aquela flecha pertencia a Squall. Aquele orc tinha sido morto pelo feiticeiro com uma flechada na nádega, muito tempo atrás e muito longe dali, no dia em que eles haviam conhecido o ranger Mavastus. Todos estavam ainda mais confusos. Seria o ranger o inimigo por trás de todos aqueles mortos-vivos? Seria ele o inimigo de voz calma com quem eles sempre sonhavam e sobre o qual Enola os havia alertado?

O grupo continuou caminhando pela trilha até encontrarem a carroça. Todos, menos Legolas tiveram a mesma impressão que Squall. Já tinham visto aquele carroção em algum lugar. Nailo olhou as marcas do veículo no chão, mas não chegou a nenhuma conclusão. Depois, olhou a pegada impressa no sangue dentro da carroça e a dúvida aumentou ainda mais na mente de todos. Aquela pequena pegada era diferente das feitas pelos pés de Velta. Ela pertencia, não a um humano jovem ou pequeno, mas sim a um halfling.

Então, todos os fatos se ligaram. Aquela pegada pertencia a um halfling, e a carroça era idêntica a uma vista pelos heróis na estrada, quando Legolas estava preso em Vallahim. Ela era idêntica à carroça de Flint Stone e Laurel, que os haviam ajudado, quando precisavam de cavalos para chegar rapidamente a Darkwood para ajudar Legolas. E Flint era um halfling.

Os heróis retornaram para a frente do castelo, com as mentes ainda mais confusas. Flint, Laurel e Zulil eram pessoas de bem e nenhum deles poderia estar envolvido naquela sujeira toda. Mesmo assim, ainda pairavam dúvidas quanto a Mavastus. Todos temiam que o poderoso ranger tivesse algum envolvimento naquilo tudo. Além disso, Velta também estava de alguma forma envolvida com o exército de mortos-vivos do castelo. Os heróis agora tinham muitas suspeitas e poucas certezas.

Foi então que o pior aconteceu. Todos, menos Glorin, sabiam onde o misterioso inimigo da fala mansa se encontrava. Na torre principal. Com certeza Tábata também estava lá com ele, as suas visões concedidas por Allihanna nunca mentiam e elas haviam mostrado o inimigo no alto da torre mais alta. Era para lá que deveriam ir. Squall soltou Cloud e o falcão alçou vôo. Mentalmente, o feiticeiro ordenou que o pássaro bicasse a parede da torre principal, para avisar ao inimigo que sua hora estava chegando. Aquele seria seu último dia em Arton.

O pássaro voou até o alto da torre com um rápido bater de asas. Reduziu a velocidade para pousar na parede e agarrar-se ás pedras que a formavam e desapareceu dentro dela. Cloud penetrou estranhamente na parede do castelo e sumiu. Squall tentou contatá-lo mentalmente. Cloud avisou que estava dentro do castelo e que havia uma pessoa com ele. Depois, se calou completamente e Squall sentiu uma forte dor, indicando que seu familiar estava em sério perigo.

Anix imediatamente identificou o que acontecera. Na torre existiam janelas, mas elas estavam ocultas por uma magia de ilusão. A mesma magia usada pelo seu bom amigo Sam Rael. Mais uma suspeita se levantava, desta vez contra o maior amigo que eles possuíam. Cloud estava em perigo, e eles não sabiam que tipo de perigo teriam de enfrentar. Quem seria afinal o vilão?