setembro 04, 2006

Capítulo 226 – Quem afinal é o líder dos mortos-vivos?

Capítulo 226 Quem afinal é o líder dos mortos-vivos?

Squall interrompeu sua refeição abruptamente. Pediu para que Glorin o treinasse e sacou sua espada. O anão suspirou em desaprovação mas aceitou praticar esgrima com o elfo. Glorin era visivelmente mais forte que Squall, mas o feiticeiro notou que o anão não lutava com todas as suas forças e decidiu provocá-lo. Glorin mostrou ao elfo do que era capaz e com apenas alguns poucos golpes atirou a espada de Squall ao chão, rendendo-o. Satisfeito, ao ver a superioridade do anão, o feiticeiro desistiu e se sentou novamente. Pegou o escudo de Glorin, para tentar descobrir suas habilidades mágicas, e viu que ele também havia sido feito pelo lendário ferreiro Durgedin. No escudo, havia várias flechas entalhadas em baixo relevo em todo o seu contorno. Julgando ter entendido o significado dos desenhos, Squall colocou o escudo em seu braço e pediu para que Glorin o atacasse com sua besta. Assim o anão o fez, mas ao invés de disparar no escudo, o capitão mirou chão, entre os dois pés do feiticeiro. Squall se assustou, pensando que seu pé seria perfurado pelo virote, mas teve uma surpresa. O projétil desviou sua trajetória de forma sobrenatural, indo se chocar com o escudo, como se estivesse sendo atraído por ele. E estava. Os dois ainda fizeram outros testes e confirmaram as suspeitas de Squall, o escudo tinha a habilidade de atrair flechas para si, evitando que seu portador fosse ferido.

Enquanto isso, em Carvalho Quebrado, Legolas e Nailo investigavam a casa de Velta. Desconfiado, o ranger começou a vasculhar o chão e encontrou várias pegadas fora da casa idênticas às encontradas no castelo ao lado do cavalo. Nailo já não tinha mais dúvidas, a misteriosa anciã era a pessoa que tinha ido ao castelo durante a noite anterior. Usando sua mágica, o ranger vasculhou o casebre em busca de itens encantados. Encontrou uma garrafa feita de um vidro escuro, da qual emanava uma leve aura mágica. Nailo guardou a garrafa em sua bolsa e saiu pela vila, usando seu poder para tentar localizar outros objetos mágicos escondidos. Legolas permaneceu mais um tempo na casa, reuniu algumas orelhas, que Velta guardava em um pote, um dedo polegar que pertencera ao pé de alguém e fez um colar bizarro. Todo suado, molhado de sangue, com as peles dos lobos nas costas e agora com um estranho colar de pedaços de gente no pescoço, Legolas não era mais tão diferente dos orcs que ele tanto odiava e que exterminara na montanha de Durgedin. O arqueiro mexeu nas prateleiras da velha, encontrou alguns frascos que lhe pareceram poções mágicas e os guardou. Eram três vidros com um líquido esverdeado, dois de cor amarela e um terceiro de tom marrom claro. O elfo guardou os frascos em sua bolsa e saiu da casa.

Legolas deixou seu cavalo no celeiro do ferreiro da vila, junto com os outros animais do grupo e partiu a pé em direção ao riacho que cortava a porção norte do vilarejo. Lá, ele se despiu e jogou fora seu colar e as peles. Estava começando a perceber o que ele estava se tornando. Legolas mergulhou na água fresca do riacho e se banhou.

Lucano e Anix acompanhavam os moradores da vila, que os escoltavam até a mansão de Torkel, onde se alimentariam. Lucano presenteou o valente Ramits com a espada que tinha encontrado no castelo, deixando o garoto extremamente feliz. Ramits correu para casa com sua espada todo eufórico, sentia-se um verdadeiro herói. Os dois elfos entraram na mansão, explicando mais detalhadamente a situação do castelo e tranqüilizaram a todos, deixando claro que faltava pouca coisa a se resolver na fortaleza. Anix subiu e tomou um rápido banho, depois ele e Lucano fizeram uma rápida refeição e pediram a Torkel que preparasse duas porções para que eles levassem para Glorin e Squall. Após a refeição, os dois aproveitaram o pouco tempo que tinha para estudar algumas magias enquanto esperavam por Legolas e Nailo.

Nailo, andava pela vila, sem rumo certo, quando encontrou algo que pareceu ser interessante. Uma gigantesca árvore quebrada estava próxima da entrada da aldeia. Era um imenso carvalho, que já estava petrificado. Restava apenas o tronco da imensa árvore, quebrado bem rente ao chão. Nailo compreendeu que aquela árvore era i que dava nome à vila. Sem perder muito mais tempo, o ranger continuou sua busca. Passou pelo riacho, onde Legolas terminava de se lavar, e seguiu até a misteriosa caverna que existia perto da vila. Ele e seu fiel lobo entraram na caverna que servia de Lara para inúmeros insetos e vermes. Parecia ser uma imensa toca. Sem encontrar nada de suspeito, o elfo deixou a caverna e foi checar o cemitério da vila.

No cemitério tudo estava tal qual antes da partida do grupo para o castelo. Aliviado por ver que nenhuma cova fora aberta nos últimos dias, Nailo retornou para a mansão de Torkel. Lá, Anix e Lucano estavam impacientes, prontos para partir. Vendo isso, o ranger retornou ao riacho e chamou Legolas para partirem. O arqueiro estava sentado no mirante da vila, pensativo e com o olhar distante. Os dois retornaram e se juntaram aos demais.

Lucano e Anix retornavam da casa do pequeno Nolin, o elfo raptado na noite em que eles chegaram à vila. Toda a família estava emocionada com o retorno do filho e agradeciam à deusa dos Elfos por ter enviado os salvadores. Anix e Lucano se juntaram a Legolas e a Nailo e partiram de volta para o castelo. Nailo ia acompanhado desta vez. Levava consigo seu fiel amigo Relâmpago e o pequeno tentacute, que saltitava de um lado para outro no cavalo. Levavam apenas três montarias. Rassufel, o cavalo de Legolas, havia ficado na vila. O arqueiro era carregado pelo mesmo animal que Anix. O mago, além do arqueiro, levava duas pequenas panelas com comida para Glorin e Squall, uma garrafa de licor cedida por Torkel, e ataduras para tratar das feridas do grupo, também cedidas pelo líder da vila.

Já era quase 14:00 horas quando finalmente avistaram o castelo, Glorin e Squall repousavam sob a sombra de um pinheiro. Anix desceu do cavalo e entregou as refeições ao dois. Mas, como eles já haviam comido, recusaram a oferta. Entretanto, Nailo e Legolas não haviam se alimentado ainda e aproveitaram a ocasião para tal. Nailo pegou uma das marmitas trazidas pelo mago e a devorou em poucos minutos. Legolas, contudo, preferiu continuar a comer suas rações.

Enquanto os dois comiam, Anix se lembrou do licor e ofereceu aos companheiros. Entretanto, nem tiveram tempo de tomar a bebida pois, Nailo, vendo a garrafa, se lembrou da misteriosa garrafa mágica que estava na casa de Velta. Nailo mostrou aos amigos a garrafa, para que eles tentassem descobrir sua utilidade. Também comunicou que as pegadas na frente do castelo pertenciam a Velta, o que chocou a todos. Nenhum deles entendia porque a velha tinha ido ao castelo, mas em suas mentes tinham a certeza de que ela devia estar envolvida com todos aqueles mortos-vivos de alguma forma.

A garrafa passou de mão em mão, todos estavam intrigados e desejavam saber o que ela continha. Sabiam que era um líquido de cheiro levemente ácido e mais nada. Glorin quis dar a Relâmpago um gole da bebida, mas Nailo o impediu. Como havia dito a Squall, o anão não simpatizava muito com animais, por isso não hesitaria em sacrificar um deles pelo grupo. Após muita discussão, o anão se irritou e deu uma golada na garrafa. Glorin engoliu o líquido, fechou e entregou a garrafa para Nailo. E, caiu. O anão desmaiou, deixando todos assustados. Lucano já estava quase lançando uma magia sobre o capitão quando ele abriu os olhos, dando gargalhadas.

_ Hahaha! Idiotas! Agora é minha vez de fazê-los de tontos! Estou bem! Melhor que antes! Essa garrafa contém uma poção mágica fez alguns dos meus ferimentos se fecharem! Nailo despeje metade dela em frascos pequenos e divida com o grupo todo! Assim todos terão recursos para ajudar se for preciso! O resto fica com você, na garrafa! – disse o anão em tom de zombaria.

Enquanto o ranger distribuía o líquido mágico, Anix contou o que acontecera no caminho para a vila, sobre o ataque dos lobos. Glorin chamou a atenção de Nailo, dizendo que se as crianças tivessem sido transportada no cavalo, nada daquilo teria acontecido. Depois, contou a todos sobre o que ele e Squall tinham descoberto nos fundos do castelo, e todos se dirigiram para lá, para ver a carroça e os cadáveres.

Enquanto andavam, Squall se gabava por ter descoberto o funcionamento da espada e do escudo. Exibido, pediu ao capitão que demonstrasse suas descobertas. Glorin ativou e desativou a espada mágica e pediu a Legolas que disparasse uma flecha nele. Legolas o fez. O arqueiro balançou o arco, impedindo que o anão previsse onde ele mirava, e disparou a flecha, atingindo em cheio o abdome de Glorin. O guerreiro gritou de dor, e amaldiçoou o elfo pelo ferimento. Intrigado com o que ocorrera, Glorin pediu a Legolas que disparasse mais novamente, desta vez, acima de sua cabeça.

A segunda flecha passou por cima da cabeça do anão e desapareceu no meio da floresta. Glorin pediu a Lucano que atirasse com seu arco da mesma forma que Legolas, e a flecha foi atraída diretamente para o escudo. Então, ele chegou a uma conclusão.

_ Esse escudo não funciona com arcos mágicos! Somente flechas disparadas de armas comuns são atraídas por ele! – explicou o guerreiro.

Nailo usou sua varinha para reduzir a gravidade do ferimento de Glorin e todos chegaram finalmente aos fundos da fortaleza. Enquanto Glorin e Squall contavam sobre a batalha travada contra as ovelhas e sobre como arrancaram as cabeças de todos os cadáveres abandonados à beira da estrada, Anix olhava atentamente para esse corpos, como se algo lhe chamasse a atenção. Um dos orcs caídos ali tinha uma flecha cravada na região glútea. Anix mostrou o projétil para os amigos e todos o reconheceram. Aquela flecha pertencia a Squall. Aquele orc tinha sido morto pelo feiticeiro com uma flechada na nádega, muito tempo atrás e muito longe dali, no dia em que eles haviam conhecido o ranger Mavastus. Todos estavam ainda mais confusos. Seria o ranger o inimigo por trás de todos aqueles mortos-vivos? Seria ele o inimigo de voz calma com quem eles sempre sonhavam e sobre o qual Enola os havia alertado?

O grupo continuou caminhando pela trilha até encontrarem a carroça. Todos, menos Legolas tiveram a mesma impressão que Squall. Já tinham visto aquele carroção em algum lugar. Nailo olhou as marcas do veículo no chão, mas não chegou a nenhuma conclusão. Depois, olhou a pegada impressa no sangue dentro da carroça e a dúvida aumentou ainda mais na mente de todos. Aquela pequena pegada era diferente das feitas pelos pés de Velta. Ela pertencia, não a um humano jovem ou pequeno, mas sim a um halfling.

Então, todos os fatos se ligaram. Aquela pegada pertencia a um halfling, e a carroça era idêntica a uma vista pelos heróis na estrada, quando Legolas estava preso em Vallahim. Ela era idêntica à carroça de Flint Stone e Laurel, que os haviam ajudado, quando precisavam de cavalos para chegar rapidamente a Darkwood para ajudar Legolas. E Flint era um halfling.

Os heróis retornaram para a frente do castelo, com as mentes ainda mais confusas. Flint, Laurel e Zulil eram pessoas de bem e nenhum deles poderia estar envolvido naquela sujeira toda. Mesmo assim, ainda pairavam dúvidas quanto a Mavastus. Todos temiam que o poderoso ranger tivesse algum envolvimento naquilo tudo. Além disso, Velta também estava de alguma forma envolvida com o exército de mortos-vivos do castelo. Os heróis agora tinham muitas suspeitas e poucas certezas.

Foi então que o pior aconteceu. Todos, menos Glorin, sabiam onde o misterioso inimigo da fala mansa se encontrava. Na torre principal. Com certeza Tábata também estava lá com ele, as suas visões concedidas por Allihanna nunca mentiam e elas haviam mostrado o inimigo no alto da torre mais alta. Era para lá que deveriam ir. Squall soltou Cloud e o falcão alçou vôo. Mentalmente, o feiticeiro ordenou que o pássaro bicasse a parede da torre principal, para avisar ao inimigo que sua hora estava chegando. Aquele seria seu último dia em Arton.

O pássaro voou até o alto da torre com um rápido bater de asas. Reduziu a velocidade para pousar na parede e agarrar-se ás pedras que a formavam e desapareceu dentro dela. Cloud penetrou estranhamente na parede do castelo e sumiu. Squall tentou contatá-lo mentalmente. Cloud avisou que estava dentro do castelo e que havia uma pessoa com ele. Depois, se calou completamente e Squall sentiu uma forte dor, indicando que seu familiar estava em sério perigo.

Anix imediatamente identificou o que acontecera. Na torre existiam janelas, mas elas estavam ocultas por uma magia de ilusão. A mesma magia usada pelo seu bom amigo Sam Rael. Mais uma suspeita se levantava, desta vez contra o maior amigo que eles possuíam. Cloud estava em perigo, e eles não sabiam que tipo de perigo teriam de enfrentar. Quem seria afinal o vilão?

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