setembro 06, 2006

Capítulo 227 – Cloud em perigo

Capítulo 227 Cloud em perigo

_ Kamthiaria!!!­ – gritou Legolas, fazendo seu arco mágico emitir um brilho azulado e correndo, em disparada, rumo ao portão do castelo. Squall o seguiu de perto, os dois estavam desesperados pelo que acontecera ao falcão. Cloud poderia já estar morto, mas eles não desistiriam dele por nada, principalmente Squall. Glorin tentou impedi-los, mas era tarde, os dois já estavam longe demais e completamente cegos de ira. O anão bufava irritado, quando percebeu que Nailo escrevia alguma coisa num pedaço de pergaminho.

_ O que está fazendo?

_ Escrevendo um bilhete! Vou mandá-lo com uma flecha através da janela, mandando que ele espere por nós! Espero que a pessoa que pegou o Cloud fique preocupado com a nossa presença e esqueça de matá-lo! – respondeu o ranger, enrolando o papel na ponta da flecha.

_ Hunf! Faça como preferir! As coisas já estão ruins mesmo! Suspirou o anão.

A flecha voou certeira até a janela camuflada pela ilusão. Nailo rezava para que além da janela, ela tivesse atingido o inimigo de forma mortal. Infelizmente, não tinha.

O grupo correu, desesperadamente, tentando alcançar Legolas e Squall. Quando finalmente conseguiram, os dois já estavam no segundo andar do castelo, diante da porta que ficava no final do corredor onde haviam enfrentado Dekyon. Legolas tentava de todas as formas arrombar a porta, que estava trancada, e só conseguiu fazê-lo quando Squall aumentou sua força física magicamente. Antes de prosseguirem o feiticeiro usou seu poder para aumentar a força de seus companheiros e Nailo usou os pergaminhos que tinha comprado em Follen para aumentar a velocidade e a agilidade dos companheiros. Dessa forma, todos estavam mais poderosos e teriam muito mais chances de vencer o inimigo. O grupo avançou pela porta, chegando a um novo corredor, muito menor que o anterior. Nele, havia três portas, duas à esquerda e uma à direita.

Sem perder tempo, Legolas correu até a última porta da esquerda, a que, pela noção que tinham do castelo, deveria conduzir até a torre. Novamente, o arqueiro arrombou a porta sem pensar nas conseqüências, mas desta vez, Glorin tomou a dianteira do grupo.

_ Calma! Vocês estão se precipitando! Desse jeito vão acabar se matando, e é isso que o inimigo quer! Raciocinem um pouco seus imbecis! – gritava o anão, tentando restabelecer a ordem no grupo. Mas, era impossível. Todos estavam desesperados, desejando salvar o pássaro de Squall a qualquer custo. Como não estavam dispostos a agir com cautela, o anão tomou a dianteira e entrou na sala, protegido por seu escudo, e pedindo aos deuses força para resistir aos ataques do inimigo. Mas, o inimigo não estava lá.

Os heróis estavam agora em uma sala quadrada, de mais de dez metros de lado. Ao centro existia uma grande mesa, onde um corpo apodrecido de um homem repousava, inerte. À direita, no meio da parede, havia outra mesa, cheia de ferramentas bizarras manchadas de sangue, como serrotes, alicates, serras e facas, além de papéis de anotações. À esquerda, outra bancada, também tomada de sangue e ferramentas sujas, ocupava o canto da mesma parede que abrigava a entrada. Na parede no fundo, à esquerda, havia uma estante cheia de livros, desarrumados e empoeirados. No centro da parede esquerda havia uma saliência semicircular, que deveria ter algo em torno de três metros de diâmetro, constituída das mesmas pedras que formavam o resto da estrutura do castelo. E nenhum sinal do inimigo.

Rapidamente os heróis invadiram o lugar e começaram a procurar portas ou entradas. Anix usou sua magia para poder enxergar além do que os seus olhos permitiam, assim, se o inimigo estivesse invisível, o mago poderia detectá-lo. Nailo destruiu as tábuas de duas janelas que estavam na parede ao sul, permitindo que o sol iluminasse o lugar. Com a claridade, eles finalmente perceberam onde estavam, exatamente embaixo da torre. A saliência semicircular na parede fazia parte da torre, mas deveria haver alguma escada em algum lugar, ou talvez alguma passagem secreta que levasse até ela. Legolas e Anix tentaram forçar a saliência, na esperança de abrir uma porta secreta, quando o arqueiro lembrou-se de algo. Havia outra porta, outra sala atrás daquela onde eles se encontravam. E a parede que separava as duas era justamente aquela em que estava o semicírculo.

Legolas correu para o corredor, seguido de perto pelos outros, exceto por Anix, que continuava a procurar por alguma passagem secreta naquele ressalto. Sem nem verificar se a porta estava ou não trancada, Legolas chutou-a com todas as suas forças e a arrombou. Todos entraram num salão comprido de uns quinze metros por apenas seis ou sete de largura. Não havia nada ali a não ser um amontoado de entulho espalhado pelo chão. Pedras, pedaços de móveis quebrados, roupas rasgadas, terra, galhos secos e todo tipo de detritos tomavam conta do piso. À direita, estava a continuação do ressalto na parede. Mas, não havia nenhuma escada.

Legolas correu até a saliência, tentando forçá-la para abrir alguma passagem. Enquanto isso, Nailo se encarregava de arrombar as duas janelas que estavam ao fundo e fornecer luz ao grupo. E mesmo com a luz solar para ajudar, não conseguiram encontrar nenhuma passagem, nenhum sinal do inimigo ou de Cloud.

O arqueiro saiu , desesperado da sala, indo até a terceira porta que havia no corredor. Novamente arrombou-a sem perder tempo verificando se estava trancada ou não. Nailo quebrou uma janela que ficava no final do corredor e dava para a muralha do castelo, iluminando todo o local. Quando a porta se abriu, Legolas viu um salão enorme e irregular, onde dezenas de fungos de proporções avantajadas brotavam do solo. Não havia nenhuma outra porta ou saliência que pudesse conter alguma passagem secreta. E novamente, o inimigo não estava ali.

Legolas se afastou rapidamente, correndo para fora dali gritando “o corredor onde o esqueleto se escondeu!”. Voltou para o local onde haviam enfrentado Dekyon e se dirigiu até o estreito corredor lateral onde o guerreiro esquelético se escondera. Glorin o seguiu, temendo pela segurança do arqueiro que parecia estar completamente fora de si. Enquanto isso, Nailo e Squall entraram na sala dos fungos para analisar aquela estranha plantação mais de perto.

Squall abriu uma janela que estava perto da porta, deixando que a luz entrasse. Então, dois cogumelos de cor púrpura e muito maior que os demais, se levantaram do solo e começaram a caminhar de forma ondulante na direção do feiticeiro. Squall se preparou para o combate, mas foi surpreendido. Alguma coisa o atacou.

O feiticeiro sentiu uma dor aguda em seu abdome, como se algo o esmagasse e perfurasse. Squall olhou para baixo e viu dentes afiados abocanhando-o. Mas, não havia nenhuma criatura. Os dentes rasgaram a carne do elfo e depois desapareceram, tão misteriosamente quanto haviam surgido.

Squall gritou assustado e olhou para os dois fungos que se moviam, sem sequer desconfiar que o monstro que o atacara estavam bem ao seu lado, invisível. Seu grito chamou a atenção de seus amigos, que correram para ajudá-lo. Nailo foi o primeiro a invadir o local. Suas espadas rasgavam os dois cogumelos com fervor, enquanto os demais corriam para ajudar. Legolas, que estava longe dali, finalmente deu ouvidos à razão e retornou, junto com Glorin, para onde estavam os demais. Anix e Lucano, que estavam investigando a primeira sala descoberta pelo grupo, correram para o corredor a tempo de verem Squall ser novamente atacado pelo monstro invisível. Sem poder enxergar a criatura, pois a magia de Anix já havia sido dissipada, os dois não entenderam o que acontecia e caminharam com lentidão até a sala dos cogumelos.

Os fungos atacaram o ranger, sem conseguir feri-lo. Nailo se movia sob o ritmo dos tentáculos das criaturas inimigas, desviando e aparando cada golpe com suas espadas. Reconheceu aquelas criaturas. Eram do mesmo tipo de cogumelo usado para anestesiar Elesin no dia em que ele fora sacrificado pelo maléfico Teztal. Nailo começou a revidar os ataques com sua espada e em pouco tempo o primeiro dos monstros tombou, fatiado em pedaços pelo metal da lâmina. Não demorou muito até que o segundo fungo violeta estivesse em pedaços também. Nailo se virou e correu para ajudar seu amigo.

Squall se via em apuros. Sem poder ver o que combatia, o feiticeiro disparava raios flamejantes às cegas. Conseguiu atingir o monstro e pode ver a sua silhueta entre as chamas. Sem entender o que acontecia, Anix tentava puxar o irmão para fora daquele lugar, para não perderem mais tempo ali. O monstro aproveitava cada distração criada pelo mago para arrancar pedaços de Squall com suas mandíbulas.

Nailo se aproximou de Squall, também sem entender o que acontecia com ele, e foi atacado pelo monstro. Ferido, Nailo compreendeu que estava lidando com uma criatura invisível e começou a golpear com sua espada o local indicado por Squall. Os dois juntos combinaram seus ataques de fogo e aço, derrotando finalmente o monstro. A criatura tombou, esmagando uma porção de pequenos cogumelos, e revelou sua aparência. Era um monstro amarronzado e com aspecto de planta. Era quadrúpede e parecia não possuir olhos. Acima de suas mandíbulas, repletas de dentes afiados, havia vários bulbos de onde pendiam tentáculos afiados. Nailo os identificou como fungos fantasmas, por causa de sua capacidade de permanecerem constantemente invisíveis.

Com os monstros mortos, eles rapidamente vasculharam o ambiente, pisoteando todos os cogumelos que ali brotavam. Abriram três janelas que estavam fechadas por tábuas e procuraram por passagens secretas. Mas, não havia nada ali além de fungos. Nenhum sinal do captor de Cloud. Nailo recolheu um pedaço do fungo violeta e o guardou em sua mochila. Então, todos voltaram para o corredor, ávidos por invadir os cômodos restantes do castelo em busca do caminho que os levasse ao alto da torre principal. Mas, Glorin os impediu.

_ Idiotas! Nota-se que são amadores! Parem e pensem, vocês não perceberam o óbvio! O acesso para a torre só pode estar escondido! Seja lá quem for o cara por trás de tudo isso, ele não seria estúpido a ponto de se esconder em um lugar fácil de se achar! Essas duas salas ficam embaixo da torre principal! Essas saliências nas paredes são a prova disso! Deve haver alguma passagem secreta em alguma delas! Agora parem de agir como insanos e procurem! – ralhou o anão, impondo a ordem ao grupo.

Então todos perceberam os erros que estavam cometendo e começaram a procurar pela porta secreta que os levaria até Cloud. Dividiram-se em dois grupos, cada um procurando em uma das salas. Mexiam nos móveis, nas paredes, janelas e portas. Até que Glorin finalmente alcançou o seu objetivo.

_ Ahá! Encontrei! – gritou o anão, empurrando a parede leste da sala e provocando um estalo. Legolas e Squall, que estavam na outra sala correram para ver o que acontecia. A parede cedeu e se abriu, era uma porta. Glorin a abriu e entrou correndo, seguido de perto pelos demais.

Os aventureiros subiram uma escada íngreme por cerca de seis metros acima, até que chegaram a um salão circular cujo teto era sustentado por um enorme pilar central de quatro metros de diâmetro. No lado oposto à escada em que estavam, havia uma outra escada que subia, rente à parede, circundando-a.

Os heróis correram pelas escadas, galgando degrau após degrau, cheios de ansiedade e angústia. Passaram por mais dois andares, até que finalmente a escadaria terminou em uma larga porta de madeira.

Glorin continuou correndo como louco e atravessou a porta de madeira com seu escudo, como se ela fosse de papel. O anão brecou abruptamente após a porta, seus pés derraparam e ele mudou de direção rapidamente, indo para a esquerda.

_ Ele está aqui! Vamos pegar o bastardo! – gritou o capitão, indo de encontro ao seu alvo. Os demais heróis entraram logo em seguida, a tempo de verem o anão desaparecendo sob o piso após um alçapão se abrir sob seus pés no centro da torre. Uma armadilha. O alçapão se fechou, e eles não ouviram mais a voz do anão. Nem mesmo o som de seu corpo batendo no chão, metros abaixo, foi ouvido. Desta vez eles teriam que lutar sozinhos. O inimigo estava diante deles, e seu nome era Zulil.

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