setembro 20, 2006

Capítulo 237 – O pântano dos mortos e o ogro da floresta

Capítulo 237 O pântano dos mortos e o ogro da floresta

Estavam com lama quase até a altura da cintura, bem no meio do pântano quando um gemido agoniante interrompeu a marcha dos heróis. Todos pararam e Mepisto iluminou com a tocha na direção de onde vinha o som. Um ser humanóide caminhava, cambaleante, na direção do grupo. Tinha o corpo murcho, a pele de tom arroxeado parecia grudada apenas sobre os ossos, como se não possuísse carne. Um par de olhos avermelhados e brilhantes se destacava na escuridão, bem como seus dentes afiados e sedentos por sangue. Exalava um cheiro insuportável, tão ou mais nauseante que o cheiro do resto do lodaçal. Um carniçal.

Anix já tinha enfrentado esse tipo de monstro, quando ainda estava no castelo de Zulil. Mas, não teve tempo sequer de avisar os seus comandados do perigo que aquela criatura representava. Outros três seres, de igual aparência, surgiram do meio da lama, erguendo-se ameaçadoramente diante de Anix, Jack e Mao Necro. Os três foram surpreendidos pelos monstros, que os agrediram com suas mandíbulas e garras. Anix recuou com o pescoço ferido, mesmo estando invisível, sua presença podia ser notada pelo movimento da água do pântano. Necro levava a mão ao peito para estancar o sangue que escorria, e Jack não se mexia. Estava paralisado.

Assustado, Necro se lembrou da água benta dada por Seelan a Anix, e buscou por ela em sua mochila. Mas, a distração deu ao seu inimigo a chance que ele esperava para atacá-lo. O monstro avançou raivosamente sobre o mago, rasgando sua carne com os dentes e deixando-o também imóvel.

Anix disparou mísseis mágicos no monstro que o atacara e no outro que caminhava na sua direção. As criaturas se contorceram de dor pelos ferimentos, mas continuaram determinadas a devorar os heróis. Um deles continuou atacando Anix, que agora não contava mais com sua invisibilidade para protegê-lo, enquanto o outro carniçal avançou contra Dragnus. O bárbaro girou seu machado acima de sua cabeça, e desferiu um potente golpe que arrancou quase metade do corpo da criatura. Mesmo ferido, o monstro conseguiu projetar seu corpo na direção do meio-orc e morder-lhe as costas. Com Dragnus, agora eram três os combatentes paralisados pelos poderes sombrios dos monstros.

Os monstros continuaram atacando os três soldados que estavam imóveis, enquanto que outro deles surgia, caminhando pelas águas lamacentas em direção aos guerreiros.

Mepisto sacou sua cimitarra e com um corte veloz decepou a cabeça de um dos inimigos. O corpo do monstro tombou para trás, e começou a afundar lentamente no lodo do pântano, até desaparecer completamente. Ao seu lado, Lee Wood golpeava com suas mãos o outro inimigo que se aproximara, fazendo voar pedaços de carne podre pelo ar.

Anix tentou ajudar Dragnus, disparando uma flecha no monstro que o atacava. Mas, ao invés de acertar a criatura, o mago feriu o companheiro gravemente. Os mortos-vivos, satisfeitos com o que haviam conseguido, começaram a mergulhar no pântano, levando com eles os três heróis paralisados. Mepisto tentou impedir o que carregava Jack, atingindo-o com sua espada. Ao seu lado, os punhos de Lee terminavam de dilacerar o crânio do quinto carniçal, destruindo-o completamente.

Mergulhados na lama, os três soldados estavam desesperados. Jack e Necro reuniram forças para vencer a paralisia e se levantarem. Necro rapidamente sacou sua espada e se preparou para atacar assim que os inimigos reaparecessem. Jack, pegou uma garrafa de rum e se embebedou.

Anix disparava com seu arco, tentando encontrar o monstro que carregara Dragnus para as profundezas. Mas não havia nem sinal dele.

Os outros dois, que haviam pegado Jack e Necro, se levantaram repentinamente e tentaram atacar os heróis. Mas, desta vez, os combatentes estavam preparados, e conseguiram escapar das mandíbulas grotescas dos inimigos. Eles contra-atacaram de forma esmagadora. A espada de Mepisto retalhou o monstro ao lado de Necro, e os punhos poderosos de Lee quebraram em várias partes o corpo do outro. Os monstros caíram e começaram a afundar, imóveis, no lodo. Jack deu uma estocada no peito do inimigo à sua frente e bebeu mais um gole de seu rum. Restava só mais um monstro.

Dragnus se levantou, respirando com dificuldade após engolir a água podre e imunda do pântano. O meio-orc golpeou com seu machado o local onde o inimigo havia submergido, mas não conseguiu acertá-lo. O último carniçal ergueu-se do lodo nas costas de Dragnus. O meio-orc reagiu rápido e escapou por pouco de sua mordida.

Mepisto correu, arremessando sua espada na direção do monstro, mas ela atingiu Anix, que passava atrás para flanquear a criatura. Necro também tentou golpeá-lo com sua espada, mas a criatura dobrou o corpo para trás, escapando da lâmina. Lee Wood saltou, batendo com as duas mãos unidas, mas o monstro novamente se esquivou. Os heróis atacaram várias vezes, mas não conseguiam atingir o monstro. Jack, continuava bebendo seu rum.

Coube a Dragnus a tarefa de eliminar a criatura. O bárbaro desferiu o golpe de misericórdia com seu machado, cortando o carniçal ao meio e vingando-se dos ferimentos que havia recebido. Com todos os mortos-vivos destruídos, o grupo suspirou de alívio. E Jack tomou mais um gole de rum.

Seguiram, desta vez pela floresta. A mata era muito mais densa do que do outro lado do pântano, e os heróis tiveram a certeza de que ela nunca havia sido tocada pelos moradores de Rutorn. Os aventureiros ouviram um urro assustador logo à frente deles, e aumentaram a velocidade da marcha.

De repente, uma árvore despencou sobre o grupo. Por pouco não foram atingidos e esmagados pela tora de madeira que se precipitou no chão. Junto com a árvore, surgiu o responsável pela sua queda, um enorme ogro.

O ogro saiu do meio da mata, rodopiando uma enorme clava de madeira sobre sua cabeça. Lee deu um salto mortal caindo em pé sobre o tronco tombado, e correu rapidamente na direção do monstro. O monge desferiu um potente soco na virilha do ogro, arrancando dele um novo urro, desta vez de dor.

Jack também correu sobre a árvore caída e tentou saltar sobre o ogro para atingi-lo por trás. Mas, a criatura era alta demais para que o pirata conseguisse tal façanha. Jack pousou no solo, ao lado da criatura e perfurou-o com seu florete.

Anix foi o seguinte, correu até onde estava o monstro, com a mão faiscando como uma nuvem de tempestade e agarrou-lhe a perna esquerda. A energia contida na mão do mago descarregou-se toda de uma só vez, provocando um violento choque na criatura.

Parecia que seria uma luta fácil. Desse modo, não havia com o que se preocupar, pensou Mepisto. O jovem caçador correu, rasgando a perna direita do monstro com sua espada curva. Mas, ele não contava com a força do inimigo. O ogro deu mais um giro com sua clava no alto e a abaixou repentinamente, acertando Mepisto com um golpe circular. O corpo do caçador se contorceu, e por pouco não se partiu em pedaços, esmagado pelo poder do ogro. Mepisto começou a recuar, não tinha mais condições de lutar.

Vendo a violência do ataque, Dragnus decidiu tomar uma poção para melhorar seu estado antes de enfrentar o poderoso adversário. Enquanto isso, os outros continuavam lutando, dando chance para Mepisto e Dragnus se recuperarem.

Necro evocou um feitiço, e uma mão translúcida surgiu sobre a cabeça do ogro. O mago pretendia usar aquela mão espectral para atingir o inimigo sem precisar se arriscar a ficar perto dele. Mas, não foi preciso. Lee Wood saltou, atingindo vários golpes na cabeça do inimigo antes de voltar ao solo. Enquanto isso, Jack se aproximava furtivamente por baixo do monge. Quando Lee voltou ao chão, Jack deu uma estocada certeira no umbigo no ogro, enterrando toda a lâmina de seu florete no ventre do monstro. O ogro deu dois passos desajeitados para o lado, e caiu de costas no chão, já sem vida.

Anix ordenou a seus soldados que dessem uma poção de cura a mepisto, e o grupo continuou seguindo em frente. Andaram por mais alguns minutos, procurando às cegas por pistas da Morta do Bosque. Mas, não havia nenhum sinal, nenhum rastro da garota morta. Depois de algum tempo, eles avistaram uma caverna. Era um tipo de toca muito grande, escavada na lateral deu um morro baixo. A entrada era grande o suficiente para a passagem um ser humano, até mesmo um ogro, e aquele lugar escuro e úmido, era um refúgio perfeito para abrigar um espírito atormentado. Ou, como sugeriu Jack, uma bruxa. Sem hesitar, os heróis pegaram suas armas e adentraram no misterioso covil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário