Capítulo 232 – Ressurreição...a despedida de Loand
Anix ajudou seu irmão a se levantar debaixo do monte de cadeiras que se amontoavam sobre ele. O clérigo que cuidava dos mais feridos se aproximou dos dois. O homem se curvou diante dos dois elfos e ofereceu , gentilmente sua ajuda.
_ Posso ajudá-los? Estão feridos? – disse o homem.
_ Eu estou ferido! E bastante! – respondeu Squall.
_ Ah! Você é o bardo, realmente deve ser o mais ferido de todos! Deixe que eu cuido de suas feridas, meu amigo! Que o grande Thyatis derrame seu poder e cure seus ferimentos! – o clérigo recitou uma prece, invocando o nome do deus da ressurreição e da profecia. Suas mãos, estendidas sobre Squall, brilharam e o feiticeiro começou a se sentir melhor.
_ Muito obrigado, senhor! Por acaso o senhor é um clérigo de Thyatis? – perguntou o elfo, ao notar o símbolo na armadura e os versos do clérigo.
_Sim, meu rapaz! Sou o capitão Lars Sween e sirvo à grande fênix! Muito prazer! – Lars se apresentou, orgulhoso, e deu um amigável e caloroso aperto de mão nos dois elfos.
_ Muito prazer, eu sou Anix!
_ E eu sou Squall!
_ Ei, capitão Lars! O senhor é amigo do Seelan, certo? Ele tem um jeito meio delicado de falar, por acaso ele é um daqueles que gosta de homens ao invés de mulheres? – perguntou Anix.
_ Ele simpatizou com você, né? Hehehe, sim ele é! – respondeu Lars, rindo e chacoalhando a cabeça negativamente.
_ Capitão Lars! Eu tenho um pedido a lhe fazer! Eu tenho um amigo, muito querido, que morreu quando tentávamos salvar a esposa de outro amigo nosso! Eu estive procurando muito por um clérigo de Thyatis para poder trazê-lo de volta do mundo dos mortos! Por favor, o senhor poderia usar seu poder para ressuscitá-lo! Por favor, eu lhe peço! Pagarei qualquer quantia! – implorou Squall.
_ Um amigo morto, hein?! Para salvar uma mulher? Como era esse rapaz, era uma pessoa boa? – perguntou o clérigo.
_Sim! Ele era inclusive um paladino de Khalmyr! Era uma boa pessoa sim! –respondeu o feiticeiro.
_ Então eu o farei! Trarei seu amigo de volta a este mundo! Não há mal que não possa ser desfeito, e não há pessoa que não mereça uma segunda chance! E a grande fênix dará uma nova chance para o seu amigo! Vamos lá garotos, vamos até o seu amigo! – disse o homem, levantando-se orgulhoso e exaltado.
Já no alojamento, Squall entregou a Lars Sween o dedo que havia arrancado do corpo do amigo Loand. Lars olhou o dedo, já em estado meio putrefato e advertiu Squall para que tivesse maiores cuidados com os corpos dos amigos mortos. O clérigo pegou o dedo, enrolado num pedaço de pano e já estava quase se retirando, quando se lembrou de algo muito importante.
_ Ah! Ia me esquecendo! Para poder trazer seu amigo, precisarei que vocês façam um trabalho para mim! Preciso que consigam um item importante para a realização da magia! Sem isso, seu amigo não poderá ser trazido de volta! É um tributo que deve ser pago ao grande Thyatis! – explicou o sacerdote.
_ Por acaso seria isto? – perguntou Anix, mostrando a Lars um grande diamante amarronzado. A jóia fazia parte do tesouro que estava em posse de Zulil e que fora recolhido por Anix, às pressas, logo após a derrota do necromante.
_ Sim, é isso mesmo! Este diamante servirá! Será o tributo pago por vocês para mostrar o quanto gostam de seu amigo! Vocês abrirão mão de um precioso tesouro para ter seu amigo de volta! A grande fênix reconhecerá o seu valor e dará uma nova chance ao seu amigo! Agora vou trabalhar! Encontrem-me pela manhã! Adeus! – disse o clérigo, indo na direção da porta. Subitamente, ele parou e começou a olhar para um canto escuro do alojamento, com ar de desconfiado. – Saia daí, vamos! Vamos embora Todd! Deixe os novatos em paz! - ordenou o clérigo.
O pequeno e sinistro goblin, o mesmo que estava na taverna, surgiu do canto escuro e caminhou até a porta, resmungando algo em seu estranho idioma. Deu um amigável tapa nas costas do clérigo e sorriu para ele.
_ Devolva! Devolva logo, seu pilantra! – mandou Lars Sween. Todd argumentou alguma coisa em sua língua, com uma expressão de confusão. Lars insistiu e estendeu a mão para o pequenino. Vencido, Todd colocou na mão do clérigo o diamante que tinha sido dado por Anix para ressuscitar Loand. – Bem, garotos! Esse aqui é o capitão Todd Flathead! Eu vou levar esse pilantrinha daqui, assim vocês poderão descansar em paz! Tenham uma boa noite, e sejam bem vindos ao forte! Que Thyatis os abençoe! – e foram os dois, porta afora. Após conferirem se suas coisas não haviam sido roubadas, os heróis foram dormir.
O vigésimo dia de Lunaluz começou ensolarado, prometendo boas notícias para os jovens aventureiros. Todos levantaram bem cedo, junto com os demais soldados, e esperavam ansiosamente pelo capitão Glorin, para iniciarem o treinamento junto com os demais. Por volta das oito da manhã, o capitão chegou ao alojamento, convocando os aventureiros.
_ Venham comigo, tem uma pessoa que deseja falar com vocês! – disse o anão.
Todos o seguiram, até o alojamento dos oficiais. Entraram. Lá dentro, eles encontraram um jovem homem, terminando de vestir uma armadura de placas e atando uma grande bainha de espada à cintura. Quando se aproximaram, o rapaz se virou, e os olhos de todos se encheram de lágrimas. Era Loand.
_ Loand, meu amigo! Que bom que você voltou! Sentimos muito a sua falta, meu amigo! – disse Squall, emocionado, e dando um forte abraço no amigo.
_ Obrigado por me ressuscitarem, amigos! Durante todo esse tempo, eu fiquei em Ordine, o reino de Khalmyr! Um lugar maravilhoso, onde tudo é perfeito e exato! Espero voltar pra lá um dia, quando minha hora chegar definitivamente! Mas até lá, continuarei aqui, com vocês combatendo o mal e a injustiça! Muito obrigado por me darem essa nova oportunidade, amigos! Eu agradeço a todos! – respondeu o paladino, também muito emocionado.
_ Que bom tê-lo de volta ao grupo Loand! Sinceramente, é ao Squall que você deve agradecer! Eu, por mim, não o tiraria de Ordine! Mas o Squall não descansou um dia sequer, enquanto não conseguiu encontrar alguém com poder para trazê-lo de volta! Ele e o Nailo são os principais responsáveis por sua volta! Mas, vendo você ai, inteiro de novo, me faz ver o quanto valeu a pena a insistência deles! É bom tê-lo de novo no nosso grupo amigo! – disse Legolas, apertando a mão de Loand com emoção.
_ Sim, é muito bom estar de volta! Mas, infelizmente, não poderei ficar com vocês, amigos! Tenho uma missão a cumprir, e devo partir o quanto antes! Vocês estão com minha espada? – disse o paladino.
A notícia caiu como um balde de água fria sobre os heróis. Squall correu até o dormitório e pegou a bastarda que pertencia ao amigo. Entregou-a com cuidado a Loand. O paladino colocou a espada em sua bainha nova e novamente agradeceu.
_ Nós iremos com você Loand! – disse Legolas, com firmeza.
_ Não irão não! Agora vocês pertencem ao exército de Tollon! Tenho muito trabalho pra vocês! – intrometeu-se Glorin.
_ Além do mais, isso é uma coisa que o Loand deve fazer sozinho! Os deuses impuseram a ele uma missão! É o preço por ter voltado à vida, e esse preço deve ser pago apenas por ele e mais ninguém! – era Lars Sween.
_ Está certo, entendo! – concordou Legolas.
_ Não se preocupem, amigos! Ficarei bem! Vocês já fizeram demais por mim! Agora eu devo me virar sozinho um pouco também! – completou Loand.
_ Bem, despeçam-se do seu amigo com calma! Quando terminarem, encontrem-me no centro de comando! O general e eu temos uns assuntos a tratar com vocês! – disse o anão, saindo da sala.
_ Bom, meus amigos! Adeus, por enquanto! E muito obrigado por tudo! – disse Loand.
_ Adeus, amigo! E boa sorte! –responderam.
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