setembro 09, 2006

Capítulo 229 – Separação

Capítulo 229 Separação

Os heróis tentavam se recuperar da exaustão e dos traumas. Squall tentava a todo custo alcançar Cloud. Tábata, já libertada dos grilhões, abraçava Ramits aos prantos. Um estranho som chamou a atenção de todos, causando temor e agonia. Pancadas fortes e secas, vindas do chão como se fossem passos ecoavam por toda a torre. Seria mais um inimigo?

Então, o chão se abriu sob os pés do tentacute, arremessando-o no ar junto com Nailo e Lucano. Uma espada surgiu quebrando a tampa do alçapão secreto e junto com ela veio Glorin. O anão escalara o fosso onde caíra e destruíra a tampa do alçapão para sair.

_ Onde está o bastardo! Vou pegá-lo! Maldito! – gritava o capitão, procurando pelo inimigo. Ao ver o corpo de Zulil caído no chão, já sem a cabeça, o anão se acalmou e continuou a falar. – Bem, parece que vocês já conseguiram dar conta dele sozinhos! Bom trabalho garotos! Bom, vamos embora daqui então! Espere, onde estão Nailo e Lucano?

_ Eles estão ali capitão! A lagartixa é o Lucano e o rato é Nailo! Eles foram transformados pelo Zulil! – respondeu Anix.

_ Entendo! Magia de transmutação! Muito poderosa provavelmente! Bem vamos levá-los embora daqui então! Soltem a garota e vamos sair daqui e...Come-ranho?!?! O que você está fazendo aqui? – continuou o anão.

_ Eu vim ajudar a salvar a Tábata! E nunca mais me chame de come-ranho, tio Glorin! – Ramits enxugou suas lágrimas e esbravejou com o anão. Estava se tornando um homem adulto.

_ Bom! Ta certo! Vamos embora então, para cuidar desses dois garotos! Onde está Squall? O que está fazendo ai, garoto? Vamos embora! – Glorin parecia constrangido ao ser enfrentado pelo rapaz. Desviou o olhar e procurou reunir o grupo, notando o estado entristecido de Squall.

_ É o Cloud, capitão! Ele foi ferido! Não consigo mais fazer contato com ele! Acho que ele morreu! – o feiticeiro apontava para a gaiola no alto com os olhos encharcados de lágrimas.

_ Tudo bem, garoto! Vai ficar tudo bem! É apenas um animal! Depois você consegue outro! – Glorin se aproximou, complacente, e tentou acalmar o feiticeiro.

_ Só um animal nada! Ele é meu amigo há muito tempo, é o meu melhor amigo! Nunca mais fale assim dele, seu cotoco de tocha! – gritou Squall, enfurecido.

_ Ta bom, desculpe! Não faço mais isso! – respondeu o anão, tentando amenizar a situação.

O pequeno tentacute escalou habilmente a parede da torre e soltou a corrente que segurava a gaiola no teto. A pequena jaula despencou do alto, caindo suavemente nos braços de Squall. Ele abriu a porta que trancava seu amigo e o tirou de lá delicadamente. Cloud estava vivo. Entretanto, seu estado era lastimável. O pássaro estava extremamente fraco. Suas penas caiam e seu corpo empalidecia pouco a pouco. Seus olhos perdiam o brilho, estava morrendo.

Squall usou suas poções de cura para tentar curar seu amigo, mas nada parecia surtir efeito. E, com Lucano transformado em animal, não havia esperanças de salvá-lo. Glorin interveio de maneira inesperada.

_ Anix! Você e o Legolas pegarão os equipamentos e retornarão para a vila, levando o Ramits e a Tábata! Squall, você virá comigo para outro lugar! Acho que sei como ajudar a salvar seu pássaro! – pela primeira vez, Glorin abandonava seu jeito imponente e orgulhoso de ser, que muitas vezes ofendia os elfos, e agia como se fosse um amigo e não um comandante. Sua voz era suave e amistosa, como nunca se vira antes.

Glorin ajudou Anix a recolher as coisas de Nailo e Lucano do chão, e ajudou-o a retirar os pertences de Zulil: diversos itens mágicos. Anix pegou Nailo e Lucano pelo rabo, delicadamente, e os carregou para baixo. Squall os seguiu, levando seu querido familiar nos braços. Ramits carregava, orgulhoso, sua amada Tábata nos braços, embora ela insistisse que estava em condições de andar. Legolas, já havia descido, revoltado com a traição de Zulil, e com o trágico destino de Nailo, Lucano e Cloud. Já fora do castelo, o grupo colocou suas coisas nos cavalos e se preparou para partir.

_ Legolas e Anix! Levem essas crianças de volta para a vila em segurança! Depois que chegarem lá, partam o mais rápido possível para o forte Rodick! Levem Nailo e Lucano com vocês! Lá vocês encontrarão pessoas que cuidarão deles dois e também de vocês, que não estão nada bem! Sigam pela estrada em que estávamos antes de pararmos em Carvalho Quebrado! Sigam sempre para o Leste e em poucos dias vocês encontrarão o forte! – disse Glorin, sério e pensativo.

_ E o que o senhor vai fazer, capitão? Pra onde vocês vão? – perguntou Anix, ofegante. Legolas apenas observava calado.

_ Nós iremos para outro lugar ao norte, pela trilha atrás do castelo! Talvez exista um jeito de salvar o Cloud! Mas lembrem-se! Não tentem nos seguir! Sigam direto para a vila e para o forte! E aguardem por nós lá! – respondeu o anão, ainda mais sério.

_ Está certo, capitão! – concordou Anix, Legolas apenas fez um gesto positivo com a cabeça. Os dois montaram nos cavalo, Legolas levava o cavalo de Nailo, e partiram. Ramits e Tábata os acompanharam, montados juntos no cavalo trazido pelo rapaz. Os dois iam abraçados apaixonadamente, de forma semelhante a Legolas e Liodriel no dia em que deixaram a forja da fúria.

_ Squall, me entregue o Cloud! E suba no cavalo do Lucano! – pediu Glorin, retirando um pedaço de tecido de dentro de sua mochila. Squall entregou seu pássaro nas mãos do anão, que o enrolou cuidadosamente no pedaço de pano, e subiu no cavalo.

_ Pra onde nós vamos, capitão? – perguntou Squall, desanimado.

_ Você verá quando chegarmos lá! Por enquanto basta você saber que vamos tentar salvar seu amigo! Eu estou lhe devendo uma mesmo, aliás mais de uma! Então vou fazer tudo que estiver em meu alcance para ajudá-lo! Agora, trate de se vestir melhor, pois daqui pra frente vai esfriar, e muito! – respondeu o guerreiro enquanto montava no cavalo. Os dois partiram pela trilha atrás do castelo, passando ao lado da carroça de Flint e Laurel. Squall se perguntava onde aqueles dois estariam, e se eles tinham ou não conhecimento dos planos maléficos de Zulil.

Já eram quase quatro horas da tarde, quando Legolas, Anix e o jovem casal chegaram a Darkwood. Foram recebidos com festa pelos moradores. Anix reuniu toda a vila para contar tudo que tinha acontecido. Contou sobre a traição de Velta e pediu que demolissem a casa da misteriosa velha. Contou sobre o que acontecera com Squall e Glorin, e com Lucano e Nailo. Uma jovem menina, chamada Felícia, se ofereceu para cuidar de Nailo, Lucano, Relâmpago e tentacute. Ramits e Tábata oficializaram seu namoro. E, após uma bronca pela atitude do garoto em se arriscar indo ao castelo, os pais de Ramits o abraçaram com orgulho.

Começaram então os preparativos para uma grande festa para comemorar o retorno seguro das crianças e a vitória dos heróis. Legolas partiu com os cavalos do grupo de volta para o castelo. Lá, o arqueiro juntou tudo o que restava do equipamento do grupo, que havia ficado dentro do quarto usado por eles como alojamento. Pegou também as duas armaduras que restavam inteiras e acomodou tudo no lombo dos cavalos. Depois subiu até o segundo andar e retornou ao corredor estreito que lá havia e usou seus ouvidos para escutar o que existia atrás das portas no corredor. Ao ouvir o som de criaturas rastejando atrás da porta, Legolas a embebeu em óleo e ateou fogo com uma flecha. Saiu correndo do castelo, esperando que aquele lugar maldito fosse totalmente consumido pelas chamas, e partiu com os cavalos de volta para a vila.

Chegou em Carvalho Quebrado já no início da noite. Os moradores já estavam todos entretidos com a festa, dançando, cantando e bebendo. Anix se juntava a eles, apenas para não parecer inconveniente, mas por dentro a tristeza tomava conta do elfo. Legolas não se juntou às festividades. Após se lavar e deixar os cavalos com os equipamentos na casa do ferreiro, ficou no mirante da vila, isolado de todos, consolando suas mágoas e tristezas com as palavras de sua amada Liodriel. O berloque dado por Sam era mais que um simples souvenir naquele momento.

Na manhã seguinte os dois aventureiros partiram da vila, levando seus amigos transformados em animais. Despediram-se, emocionados dos moradores que estavam igualmente comovidos. Naquele pequeno vilarejo eles sempre seriam considerados heróis. Anix deixou sob os cuidados de Anmil uma pepita de ouro que havia encontrado no castelo, para que ela fosse vendida e o dinheiro usado para pagar os reparos dos estragos causados pelo exército de Zulil na vila.

Três dias de viagem após partirem, no fim do dia 18 de Lunaluz, um Tirag, o grupo finalmente avistou o forte Rodick.

_ Alto, quem vem lá! – gritaram os soldados do alto da muralha de pedra do forte, apontando flechas para os viajantes.

_ Somos soldados também! Somos amigos do capitão Glorin! – respondeu Anix.

_ E como você prova isso? – insistiu um dos soldados.

_ Bem, ele é um soldado muito forte, um anão barbudo que vive chamando todo mundo de bastardo! – continuou o mago.

_ E de olhos azuis? – perguntou o soldado. Anix não respondeu nada, tentava se lembrar da cor dos olhos do capitão. Então viram dois soldados cochichando.

_ Talvez seja o 522! – falou um dos soldados.

_ Pode ser! Vá verificar! – disse o outro.

Um dos soldados partiu rapidamente, enquanto os demais mantinham o grupo sob a mira de seus arcos.

_ E então? O Glorin que você conhece era ou não um anão de olhos azuis? – insistiu novamente o soldado.

_ Não! Os olhos dele são negros! – respondeu Anix, já irritado com tudo aquilo.

_ Ahá! Falsários! Eu sabia que ram impostores! Atirem! – ordenou o soldado. Entretanto, o que havia partido retornou com um pergaminho nas mãos, impedindo o ataque.

_ Legolas! Algum de vocês chama Legolas? – perguntou o soldado, lendo o pergaminho.

_ Sim, eu sou Legolas Greenleaf! – respondeu, orgulhoso, o arqueiro.

_ São eles, é o 522 mesmo! Sejam bem vindos ao forte Rodick! – saudou o soldado, dando ordem para que os portões fossem abertos.

Os aventureiros finalmente puderam entrar na fortaleza. O comandante geral do forte, o general Wally Dold, deus as boas vindas ao grupo, e ordenou que descansassem para se recuperarem da longa viagem que tinham feito. Assim eles fizeram. Legolas, Anix, Nailo rato e Lucano lagartixa descansaram por mais um dia inteiro, enquanto aguardavam, extremamente ansiosos, pelo retorno de Squall e do capitão Glorin.

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