setembro 14, 2006

Capítulo 233 – Cinco grupos...novas missões para os heróis

Capítulo 233 Cinco grupos...novas missões para os heróis

Após darem adeus a Loand, os aventureiros foram ao encontro do capitão Glorin, conforme haviam combinado, na sala de comando do forte Rodick. A sala do general Wally Dold. O general estava atrás de um escrivaninha simples, atrás dele, havia um enorme mapa do reino de Tollon, pendurado na parede. Armas adornavam o local, presas a suportes nas paredes, em meio a belos quadros que retratavam a paisagem do reino da madeira mágica. Glorin já estava lá, esperando sentado em uma cadeira diante do líder. O general os recebeu cordialmente e pediu para que todos se sentassem.

_ Bem soldados! O capitão Glorin me falou sobre a atuação de todos vocês no incidente em Carvalho Quebrado! Ele me disse que vocês mostraram ter experiência em combate, com monstros e me disse que todos vocês são bem fortes e destemidos! Bem, aqui no forte, temos quase cem soldados, mas nenhum deles possui a experiência que vocês possuem! Todos são ainda muito jovens, e estão em início de carreira! São bons soldados, mas carecem de experiência, uma experiência que Glorin disse que vocês possuem! Apesar de não serem soldados, vocês têm muito a ensinar a esses jovens, e eu gostaria que vocês passassem todas as suas experiências para eles! Glorin e os outros oficiais até fazem isso, mas eles são poucos, e os soldados são muitos! Por isso, Glorin e eu estávamos pensando em aproveitar toda essa experiência de vocês para treinar os soldados menos experientes! – o general falava lentamente, seu tom de voz variava do mais grave para o agudo. Vez ou outra ele fazia uma breve pausa para continuar em seguida.

_ E o que isso significa? – perguntaram os heróis.

_ Significa que vocês não serão soldados rasos como os outros! Apesar de não conhecerem as rotinas militares, vocês tem habilidades muito acima da maioria dos que estão no forte! Vocês serão promovidos a sargentos, tanto pelo nível em que estão, quanto para recompensá-los pela atuação em Carvalho Quebrado! Cada um de vocês ficará responsável por um pequeno grupo de soldados! Vocês ensinarão suas habilidades a eles e sairão com eles em missões eventuais para ensiná-los a lidar com os monstros que habitam as redondezas! – era Glorin.

_ E que tipos de missões seriam essas? – perguntou Anix.

_ Bom, temos várias vilas próximas ao forte! Somos responsáveis pela seguranças dessas pessoas! Estamos aqui para protegê-las de monstros e de estrangeiros com más intenções! Muitos criminosos foragidos de reinos próximos passam por nosso território e esse forte está aqui justamente para vigiar a fronteira! As missões envolvem rondas periódicas nas redondezas, caça a monstros e a criminosos! O trabalho de vocês será transmitir seus e conhecimentos para os mais novos e levá-los nessas missões de campo para adquirirem experiência! Trancados aqui no forte, por mais que treinem, eles nunca estarão preparados para lidar com os desafios do mundo lá fora! Vocês irão ensiná-los como fazê-lo! Quanto à disciplina militar, e toda a rotina do forte, vocês poderão aprender com Glorin e com os próprios soldados! Isso fortalecerá os laços entre vocês! E então, o que me dizem? Estão de acordo? – continuou o general.

_ Sim, general! – responderam, sem hesitar. Com tudo acertado, Glorin os conduziu até a porta, para apresentar cada um deles à sua respectiva tropa. Quando estavam quase do lado de fora, Anix se voltou para o comandante.

_ General! Quero aproveitar que estamos aqui pra fazer uma queixa! – disse o mago.

_ Então vou lhe dar a primeira lição sobre o protocolo militar, meu jovem! Nunca quebre a hierarquia! Se você tem alguma dúvida ou reclamação, reporte-se sempre ao seu superior imediato, que no caso é o capitão Glorin! – disse o homem, interrompendo o elfo.

_ Ah, general! Mas ele nunca ouve a gente direito, e vive falando mal dos elfos, dizendo que somos afeminados e outras coisas! – respondeu o mago, exaltado.

_ Glorin...!!! – exclamou o homem, encarando seriamente o anão.

_ Pode deixar, general! Já sei, vou parar! Deixe que eu cuido de tudo! – disse o anão, meio desconcertado.

O general concordou, e todos se retiraram. Glorin apresentou os novos sargentos aos seus subordinados e todos começaram o treinamento. A rotina no forte era simples porém rigorosa. Pela manhã, por volta das seis horas, todos se levantavam e faziam duas horas de exercícios físicos. As oito horas faziam o desjejum e descansavam até as nove. Então recomeçavam os treinos, desta vez, exercícios mais técnicos, com treinamento com armas, manobras de combate e sobrevivência. As doze em ponto era servido o almoço, e as duas o treino recomeçava. Das duas até as quatro, faziam treinamento teórico, aprendendo todas as rotinas do forte, regras de hierarquia, disciplina, protocolos e coisas do tipo. Das quatro as seis, o treinamento era livre, os soldados tinham liberdade para escolherem o que gostariam de treinar, desde combate até aulas de culinária. Os magos e outros tipos de conjuradores, tinham a opção de trocar os treinamentos físicos por treinos no laboratório, sob a supervisão de Seelan.

Na manhã seguinte, Lars restaurou a forma de Nailo, e ele pode se juntar aos demais nos treinamentos. Assim eles passaram os dias no forte, até que, quase um mês após chegarem à base, receberam suas primeiras missões.

Era o décimo dia do mês de Marah, pace. O sol brilhava forte naquele kalag, amenizando os rigores que a proximidade com o reino de Beluhga impunha aos moradores de Tollon. O capitão Glorin reuniu os jovens heróis para transmitir-lhes as ordens do comando do forte Rodick.

_ Muito bem, sargentos! Cada um de vocês sairá em missão com seus respectivos grupos! – começou a falar o anão. – Squall irá para o norte, para as Uivantes!

_ Capitão! Deixe-me ir para as Uivantes, no lugar do Squall! Quero treinar por lá e aprender a fazer as mesmas coisas que o senhor faz! – pediu Legolas, interrompendo o anão.

_ Hum...está bem! Legolas irá para as Montanhas Uivantes, então! Squall cuidará de outra missão! Mas, vamos por partes! O primeiro a partir será Anix! Tenho uma missão especial pra você! Algo envolvendo magia e coisas que você conhece bem! Justamente por isso foi escolhido! Seu conhecimento será importante para a missão! – continuou o capitão.

_ E pra onde eu vou, capitão? – perguntou Anix.

_ Você irá para Rutorn! Uma vila próxima daqui, uns três dias ao sul! Parece que alguns fantasmas estão assombrando o local! Quero que você reúna seu grupo e siga para lá imediatamente! Investigue o que está acontecendo naquela vila e resolva o problema! Essa missão servirá para dar experiência aos seus subordinados, mas não se esqueça, você é responsável por ele! Eles ainda são jovens e inexperientes, portanto, evite expô-los a riscos! Entendido?

_ Sim capitão! Irei agora mesmo reunir o pelotão e pegarei recursos mágicos com o capitão Seelan! – Anix e os outros se retiraram. O mago reuniu seu grupo de soldados, composto por: Mao Necro, um mago necromante, o elfo que Anix conheceu quando entrou pela primeira vez no forte Rodick; Dragnus, um meio-orc combatente sem muita técnica, mas de grande força física; Jack, um humano hábil com a espada mas muito mais com sua boca, um galanteador nato que ficou amigo de Legolas; Lee Wood, o descendente de Tamura que cuidou dos novatos quando eles chegaram ao forte, lutador habilidoso, especialmente no combate desarmado, para surpresa dos seus inimigos. Anix os reuniu e explicou-lhes qual seria a missão que iriam cumprir. Depois, recebeu um mapa e instruções do capitão Glorin e por fim, foi ao laboratório mágico, buscar alguns itens para auxiliar os soldados em sua missão.

_ Sélan! Eu estou de partida para uma missão, e vim pedir que você forneça-nos algum equipamento para auxiliar meu grupo! – disse Anix, timidamente.

_ É Seelan! Seelan, meu caro! Ah, Anix, meu querido! Claro que sim, venha comigo! Você vai para a vila Rutorn, não é mesmo? Dizem que há fantasmas por lá! Tome, leve isso, é água benta, ajudará a expulsá-los de lá! E leve essas poções mágica de cura também, acho que umas dez doses de cada devem bastar! A propósito, vocês têm algum clérigo no grupo? – disse, delicadamente, o elfo, entregando vinte pequenos frascos para Anix.

_ Não! Nenhum! – respondeu o mago, incomodado com a proximidade de Seelan.

_ Bom, nesse caso, será melhor vocês levarem mais umas cinco poções de cura! Vamos ver o que mais...ah, sim! Aqui está poção do amor! Não, não é isso, poção do amor não vai ajudar em nada na sua missão! Mas, gostaria de provar uma delas? – perguntou Seelan, apertando carinhosamente o ombro de Anix, que ficou instantaneamente ruborizado.

_ Não, não quero! – respondeu Anix, secamente, tirando a mão que estava sobre seu ombro.

_ Ah, que pena! Mas tudo bem, leve isto com você então! É um óleo de arma mágica! Basta você passá-lo em uma arma, para que ela se torne capaz de atingir criaturas sem corpo, como os fantasmas! – Seelan sorriu, e entregou mais dez vidros para Anix.

_ Está bem, muito obrigado! Agora eu tenho que ir! Até a volta! – despediu-se Anix, afastando-se apressadamente de Seelan.

_ Ah...que pena! Vão nos separar, enfim! Sentirei sua falta! Ficarei aqui torcendo pelo seu sucesso! Boa sorte, amiguinho! E até a volta, queridinho! – Seelan suspirou de desgosto, e deu adeus a Anix.

Já na saída do forte, Anix distribuiu os recursos aos seus soldados. Cada um ficou com três poções de cura, duas águas bentas e uma dose de óleo de arma mágica. Jack, recusou os frascos de água.

_ Não vou levar isso, sargento! É um peso desnecessário! É só água mesmo! – reclamou Jack.

_ Recruta, guarde isso na sua mochila, é uma ordem! – gritou Anix.

_ Não quero! O Dragnus leva no meu lugar!

_ Droga! Vou chamar o capitão Glorin e você se entende com ele, então! – Anix saiu, enfurecido rumo ao centro de comando. Voltou acompanhado de Glorin.

_ Soldado, o que está acontecendo aqui? – perguntou o anão.

_ Ah, capitão! O sargento que me obrigar a carregar esses potes de água inúteis! Eu não vou levar! – respondeu o soldado.

_ Vai sim, isso será útil para a missão! Vocês vão precisar disso! – Glorin insistia, e parecia estar perdendo a paciência.

_ Mas não vai caber na minha mochila! – resmungou Jack

_ Então deixe uma das suas malditas garrafas de rum, soldado!­ – gritou o anão, já cheio de cólera.

_ Rum? Ele está levando rum na mochila? Mas capitão isso é permitido? – perguntou Anix, surpreso.

_ Bem, deixe-o levar o rum dele! Isso o manterá mais calmo e obediente! – cochichou o capitão para Anix. – Agora, soldado Jack! Guarde essa água benta na sua bolsa imediatamente, ou então jogarei todo esse seu rum fora! – ameaçou Glorin.

Jack deu-se finalmente por vencido. Abriu a mochila e jogou displicentemente os frascos de água benta dentro dela. Legolas, Squall, Nailo e Lucano apenas observavam e se divertiam com as trapalhadas dos soldados do amigo.

Finalmente o grupo se reuniu e montou em seus cavalos. Jack bufava, ainda inconformado por ter que carregar água num espaço que poderia conter mais rum. O pelotão se dirigiu para o portão que já se abria e saiu do forte. Já do lado de fora, Anix virou-se para trás, para dar um adeus aos amigos e ao irmão. E viu alguém que não gostaria de ter visto.

_ Aniiiiix! Aniiiiix! Tenha cuidado, amiguinho! Vou ficar te esperando ansioso! Boa sorte a vocês! E sejam gentis com o Anix, soldados, ou vocês vão se ver comigo! Até a volta, Aniiiix! - era Seelan, correndo nas pontas dos pés e acendo feito uma mulher, enquanto gritava o nome de Anix. Envergonhado, Anix esporeou o cavalo e desapareceu da vista de todos, sendo seguido de perto por seus subordinados.

Os portões se fecharam. Lucano e os outros riam e se divertiam com a situação ridícula que Anix passara. Squall tentava se esconder, já que sem seu irmão por perto, provavelmente seria com ele que o afeminado Seelan iria tentar flertar.

Seelan caminhava ao lado de Glorin. Os dois conversavam como velhos amigos que eram. Os dois, assim como Jonathan Wilkes, Todd Flathead, Lars Sween e o, até então desconhecido, Kuran Namino, faziam parte de um mesmo grupo de aventureiros, assim como Anix e seus amigos. Mas, o modo como os dois conversavam, deixou os quatro amigos intrigados. No lugar da voz aguda e feminina, Seelan tinha agora um tom mais grave. Até mesmo seu modo de andar e se portar estavam diferentes.

_ E ai, seu cotoco de tocha! Como estão as coisas? – perguntava Seelan, zombando da altura de Glorin.

_ Já disse que cotoco de tocha é a sua mãe, seu afeminado! – ralhou o anão.­ – Mas você não toma jeito mesmo! Já fez uma nova vítima! O otário caiu direitinho na sua conversa mole!

_ Pois é! Esse ai acha mesmo que eu gosto de pessoas do mesmo sexo! Ele nem desconfia de nada, tolinho! Nem passa pela cabeça dele que é tudo encenação, apenas pra brincar com ele! - era Seelan. Sua voz era grave e seu olhar firme.

_ Pois é! Esses garotos têm muito a aprender ainda!

Os dois passaram ao lado de Squall e dos outros. Os heróis observavam a conversa com ar de confusos.

_ Que é que vocês tão olhando? Bando de frutas! – disse Glorin, rindo.

_ Olá, amiguinhos! - era Seelan. Sua voz agora era fina, e ele acenava com a mão requebrada. Novamente, ele voltava a se fingir de afeminado, mas já era tarde, pois, com exceção de Anix, todos os outros já sabiam que tudo não passava de uma farsa. Apenas o inocente Anix continuava acreditando que Seelan era realmente um maricas.

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