abril 04, 2006

Capítulo 190 – O ataque dos mortos-vivos

Capítulo 190 O ataque dos mortos-vivos

O homem respondeu a última pergunta enquanto fechava a porta, já do lado de dentro da casa. Legolas ouviu o som de móveis sendo arrastados, como que para formar uma barricada na porta da casa.

_ Capitão! Eu não entendi nada, mas aquele homem me disse que os mortos estão chegando! E ele me mandou fugir! O que pode significar isso? – disse Legolas ao retornar para seus companheiros.

_ Não sei, mas isso não está me cheirando bem! Vamos até a taverna! Lá conseguiremos alguma informação! – respondeu Glorin.

Mas a porta do Urso Branco também estava trancada. Nailo batia na porta insistentemente, tentando arrombá-la. Glorin o repreendeu e tomou sua frente.

_ Pare com isso rapaz! Estamos aqui para ajudar, não para causar mais desordem! Deixe que eu cuido disso! Abram! Abram essa porta! Somos do exército, estamos aqui para ajudar! – gritou o anão enquanto batia na porta. Como ninguém a abriu, ele se voltou para Nailo e deu mais uma ordem ao soldado. – Não tem jeito! Pode arrombar!

Nailo “desceu o pé na porta”, arrombando-a com um potente chute, e invadiu a estalagem rapidamente. Os outros o seguiram assim que a porta se abriu. Lá dentro, todas as mesas do bar estavam vazias. Não havia ninguém atrás do balcão para atender, ninguém no parapeito do andar superior. Entretanto, o lugar não apresentava sinais de abandono, tudo estava perfeitamente limpo, como se a estalagem ainda estivesse em atividade normal.

Então o ranger ouviu um gemido, que mais parecia um choro. Olhou para o fundo da taverna e viu um homem encolhido atrás de uma das mesas, apavorado. Nailo chamou guardou suas armas e chamou o homem, mas ele parecia estar em estado de choque, ou apavorado demais para se mover dali. Então o capitão tomou a dianteira novamente.

_ Sou eu, Glorin! Está me ouvindo Norgar? Está tudo bem agora, pode ficar calmo! – disse o anão, calmamente, tentando tranqüilizar o pobre homem.

_ Ah, é você Glorin? Depressa,se esconda! Eles já estão chegando! – gaguejou o homem.

_ Calma homem! Que história é essa de “eles estão chegando”? Explique-nos o que está acontecendo aqui, pois não estamos entendendo nada! Fale homem! – ralhou Glorin.

_ Está bem! Tem um monte de mortos-vivos atacando a cidade! Já faz uns dez dias desde a primeira vez que surgiram aqui! São muitos! Um verdadeiro exército deles! Eles entram na vila e tentam arrombar as casas para levar as pessoas! Já conseguiram levar umas quatro! E eles estão chegando novamente! Depressa, fechem a porta, por favor, antes que seja tarde! – Norgar gaguejava e tremia. Seus olhos estavam fixos na entrada arrombada da estalagem.

_ Depressa rapazes, fechem a porta! – ordenou Glorin

­_ Capitão! E os nossos cavalos? – perguntou Legolas.

_ Tragam todos pra dentro! Lá fora eles só chamarão a atenção do inimigo! Norgar, de onde vêm esses mortos? – continuou Glorin.

_ Eles vêm do norte! D’além do riacho! Acho que eles vêm da Caverna Sem Retorno! – explicou o estalajadeiro, um pouco mais calmo.

_ Tem mais alguém aqui além de você? – perguntou Anix.

_ Sim, minha mulher e meus filhos estão escondidos lá em cima! – respondeu Norgar.

_ Capitão, venha dar uma olhada nisso! – gritou Nailo, que observava da janela, assustado.

Todos correram até a janela para ver o que acontecia lá fora. Olharam em direção ao norte, conforme apontado pelo ranger. Tudo estava escuro. Só podiam ver as silhuetas das casas mais distantes e os vultos das árvores no pomar da vila, muitos distantes e difusos. Estranhamente, as árvores pareciam se mover. Foi então que perceberam vultos se deslocando entre as casas mais distantes, tentando invadi-las. Alguns eram lentos e desajeitados. Outros, rápidos e ágeis como felinos. A massa que parecia com árvores foi chegando à cidade lentamente, até que os jovens puderam enxergar, com a ajuda da lua, o que eram aqueles vultos. Eram dezenas de cadáveres que andavam, cambaleantes, invadindo a vila. Zumbis. Junto com eles estavam outros mortos mais ágeis que iam à frente do grupo. Seus corpos magros e as orbes vermelhas e brilhantes em seus olhos não deixaram dúvidas. Eram esqueletos.

_ Vamos lá fora enfrentá-los! Temos que impedi-los, antes que eles consigam pegar alguém! – gritou Nailo, correndo em direção à porta. Todos se olhavam, atônitos, enquanto o tentacute saltitava de um lado para outro, como se tudo fosse uma grande festa para ele.

_ Nem pense nisso! Enfrentá-los assim seria suicídio! Eles são muitos! Temos que bolar um plano para poder atacar!­ – gritou Glorin.

_ Mas enquanto a gente fica aqui pensando em planos, as pessoas estão correndo perigo! Temos que ir logo! – retrucou Nailo.

_ De nada adiantará irmos lá fora sem pensar e morrer lutando! Além do mais...DROGA!!! – Glorin interrompeu a discussão ao olhar para a janela e ver tentacute tentando pegar um objeto brilhante além do vidro. O olho de um esqueleto.

_ Nailo! Segure esse seu bicho! Todos vocês pra cima! – gritou Glorin ao se aproximar da janela, pegar o tentacute pela cauda e o jogar na direção de Nailo. Enquanto o capitão lacrava a janela com uma mesa, os outros subiam as escadas apressadamente.

Lá em cima havia um grande corredor, com várias portas uniformemente distribuídas ao longo dele. Os heróis entraram nos quartos que ficavam do lado da frente da estalagem, e se posicionaram nas janelas para analisar a situação. Uma horda de zumbis tomava conta das ruas de Carvalho Quebrado, avançando como uma onda sobre a areia da praia. Era impossível ver o final daquele exército, perdido na escuridão além da plantação. Esqueletos corriam pelos flancos, à frente do exército, espreitando cada beco, forçando as portas e as janelas, atuando como batedores do grupo. Outros vultos grandes, de criaturas quadrúpedes corriam pelas ruas com velocidade espantosa. Uivos tenebrosos e o som dos passos arrastados dos mortos, como os rastejar de vermes, ecoavam na noite, provocando calafrios até no mais corajoso guerreiro. Os heróis olhavam perplexos para aquela cena. Comunicavam-se pelas janelas, tentando criar alguma estratégia para combater tamanho exército. Então, todos foram surpreendidos pelos gritos do capitão.

_ Esqueçam o plano, rapazes! Não temos tempo para isso agora! Vamos todos, depressa! – gritou Glorin, correndo afobado pelo corredor e descendo as escadas.

Os demais olharam pelas janelas e entenderam o motivo da pressa de Glorin. Fora da estalagem, à esquerda dela, estava um garotinho, paralisado pelo medo, vestido com roupas de dormir e segurando um boneco de pano. À direita, estavam os mortos, que avançavam na direção do menino, como corvos sobre a carniça. Sem hesitar, todos correram para baixo para resgatar o pobre menino. Nailo deixou o tentacute sob os cuidados dos filhos de Norgar, e Lucano permaneceu no segundo andar para protegê-los e ser os olhos de seus amigos lá de cima.

_ Peguem suas armas recrutas! O mais rápido de vocês correrá até o garoto e o trará até aqui! Os demais me ajudarão a segurá-los até o menino estar em segurança! Alguma pergunta? – gritava Glorin, posicionando-se diante da porta. O pequeno anão emanava uma aura fria a assustadora.

_ Senhor, eu posso ficar invisível! Posso correr até o garoto sem que eles me vejam! Posso tornar o menino invisível também! – respondeu Anix.

_ Certo Anix! Você cuida do menino! Nós cuidamos do resto! Nailo, abra a porta! – ordenou o capitão.

Legolas subiu em Rassufel e se preparou. Nailo ficou ao lado da porta, com as armas nas mãos, prontas para atacar. Squall e Glorin estavam diante da porta, prontos para abrir caminho para Anix que acabava de desaparecer magicamente.

_ Agora!!! – gritou Nailo, chutando as mesas que bloqueavam a entrada.

As mesas deslizaram pelo chão, e a porta se abriu. Os mortos começaram a invadir o local, mas Glorin se colocou à frente deles, bloqueando sua passagem. O anão golpeava os zumbis com seu machado, fazendo-os cair um a um, aos pedaços. Squall atacava à distância, queimando os cadáveres animados com raios mágicos. Um corredor foi aberto entre os mortos-vivos, e Anix passou rapidamente entre eles, correndo até o menino. Anix saltou sobre a mureta da varanda, caindo desajeitadamente do outro lado. Enquanto isso, Legolas atravessava o grupo de mortos, atropelando-os com o cavalo.

O arqueiro se parou com seu cavalo no meio da rua, ficando entre o menino e os zumbis. Parecia uma enxurrada de cadáveres avançando pela rua na direção da estalagem. Legolas sacou seu arco e começou a disparar suas flechas contra os zumbis.

Nailo e Glorin saíram da estalagem, abrindo caminho entre os mortos com suas lâminas. Squall também saiu, lançando uma bola de fogo sobre a multidão de cadáveres, ganhando tempo para os heróis. Lucano não suportou olhar tudo lá de cima e desceu para ajudá-los também.

Os heróis lutavam com todas as forças, mas a cada inimigo tombado, três outros surgiam da escuridão para atacá-los. Enquanto seus amigos combatiam, Anix conseguiu chegar até o menino.

_ Ei menino! Venha comigo! – disse Anix ao menino, após dissipar sua invisibilidade.

Mas a criança não se movia. Parecia estar em choque. Sem opção, Anix pegou o menino no colo e fez uma magia, deixando os dois invisíveis. O mago correu o mais rápido que podia, retornando para dentro da taverna. Dissipou sua magia, voltando a ficar visível e fez um sinal para o capitão, avisando que a missão tinha sido cumprida.

_ Vamos lá! Todos pra dentro! Depressa!!! – gritou Glorin para seus soldados.

O anão derrubou mais dois zumbis com seu machado de guerra e recuou para dentro da taverna, ficando ao lado da porta, preparado para fechá-la. Lucano correu até a porta para ajudar Glorin a fechá-la, preparando mesas e cadeiras para formar uma barricada. Legolas correu para dentro, atropelando os mortos que estavam diante da porta e abrindo caminho para que Squall e Nailo pudessem retornar. Quando Nailo, o último a entrar, estava em segurança, Glorin e Lucano fecharam a porta, deixando os mortos-vivos do lado de fora da estalagem. O menino estava finalmente a salvo, mas a vila ainda não.

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