agosto 08, 2005

Capítulo 71 - Entrando ao estilo ladino

Após uma breve retomada de fôlego, todos se puseram a encontrar uma maneira de atravessar o imenso portão que os separava da caverna. Uma verdadeira parede móvel os impedia de penetrar no covil dos orcs. O portão, esculpido na rocha bruta, media quase três metros de largura e a mesma medida de altura. Adornado com inúmeras figuras de anões retratados em cenas épicas de combate, revelava que o local outrora pertencera aos anões e fora, posteriormente, invadido e tomados pelos desprezíveis e repugnantes orcs.
Diante da porta, Squall observava, atento, cada detalhe da intrincada fechadura. Um complexo sistema de trancas e travas, que somente poderiam ser compreendidos por um especialista, provava toda a engenhosidade e capacidade de seus construtores. Pelo orifício, Squall pode ver que algo travava as duas metades do portão, impedindo-o de ser aberto à força bruta. Tratava-se de um objeto de madeira, possivelmente uma tábua grossa ou uma viga. Em qualquer uma das hipóteses, a idéia de arrombar aquele portão estava descartada.
Buscando uma outra entrada, Nailo e Legolas decidiram estudar as seteiras por onde os inimigos lançavam suas flechas contra eles. De um lado, Nailo usava o equipamento de escalada que havia comprado no caminho para Tollon, para tentar escalar o paredão de pedra. Do outro lado, Legolas mirava a abertura na parede com seu arco. Na ponta da flecha do arqueiro, um arpéu, que eles haviam recebido há muito tempo atrás de seu amigo Batloc, seria a esperança para a salvação de Liodriel.
Após algumas tentativas, Legolas finalmente obteve sucesso. A flecha penetrou pela seteira, após se ricochetear em suas bordas, e desapareceu da visão de todos. Pelo som produzido, foi possível perceber que o arpéu havia se chocado com algum objeto macio, possivelmente o corpo de um dos inimigos abatidos pelo grupo. Legolas começou a puxar a corda amarrada no arpéu, lentamente, como já havia feito nas outras tentativas, e sentiu que havia algo sendo arrastado. Subitamente, o gancho se soltou daquilo que o prendia, para depois se chocar contra algo sólido. A corda parou de se mover e, num forte puxão, o arqueiro confirmou o que estava desejando, o gancho estava preso.
Com a corda presa no alto da parede de pedra, Legolas iniciou a escalada. Entretanto, o peso da mochila o impedia de transpor os cerca de cinco metros que o separava da entrada. Enquanto Legolas, já de volta ao chão, tentava reduzir seu peso, era a vez de Sairf e Lucano tentarem vencer o paredão. Da mesma forma que seu amigo elfo, Sairf não conseguiu avançar além de alguns poucos centímetros. Lucano entretanto teve mais sorte e, apesar de carregar sua mochila com todo seu equipamento, conseguiu subir até a abertura na parede.
Lá em cima, pendurado apenas por uma mão, o clérigo conseguiu soltar uma das alças da mochila de seu corpo. Lucano trocou a mão de apoio e terminou de soltar a mochila que despencou e foi habilmente aparada por Legolas. Reunindo todas as suas forças, Lucano suspendeu seu corpo até a altura da seteira e começou a se arrastar para dentro da montanha. A abertura era extremante pequena, não tinha mais do que vinte centímetros de largura e uns sessenta de altura, o que obrigava Lucano a passar seu corpo deitado de lado. O pobre elfo ficou preso na abertura, sofrendo várias contusões. Após muito esforço, ele conseguiu finalmente se soltar e entrar. Seu corpo escorregou para dentro da câmara e, guiado pelos reflexos, Lucano evitou chocar seu rosto no chão. Apoiando as mãos no chão, ele deu uma cambalhota e caiu, agachado, dentro do caverna.
Lá dentro, em um espaço quadrado com pouco mais de dois metros quadrados, ele encontrou o corpo de um dos orcs derrotados. À sua esquerda, havia um longo e estreito corredor que seguia uns dez metros à frente e terminava abruptamente. Nas paredes do corredor, três aberturas permitiam a entrada da luz externa, iluminando um ambiente completamente imundo. Entulho, restos de fogueira, urina e fezes de ratos, ossos e outros tipos de lixo se espalhavam por todo o chão, demonstrando o descuido dos orcs com a higiene. O cheiro de podridão tomava conta do sensível nariz élfico de Lucano, deixando-o nauseado. Abaixo de cada uma das seteiras, jaziam os corpos dos orcs mortos em combate. Lucano olhou para sua direita, e viu um outro corredor, que seguia uns três ou quatro metros, descendo um curto lance de escadas e depois virara para a direita, seguindo em direção ao portão que eles precisavam abrir. Sacando sua espada, Lucano aplicou o golpe final nos orcs que ainda respiravam e, ao sentir que o local estava seguro, deu o sinal para que seus companheiros o acompanhassem.

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