agosto 16, 2005

Capítulo 75 - Relâmpago atravessa o abismo

_ Nailo, seu irresponsável! Quer nos matar a todos? Todos abaixados e distraídos e você abre essa droga de porta! Se tivesse mais algum inimigo atrás dela nós estaríamos mortos agora! Além do mais, que raio de ranger é você que deixa aquilo que é mais precioso pra você para trás? - Sam, que terminava de cruzar a ponte no exato momento que a porta era aberta, repreendeu com tom firme e sério o ato inconseqüente de Nailo enquanto apontava para o outro lado do abismo.
Lá atrás, após o precipício, uma cena triste podia ser observada por todos. Relâmpago, o lobo companheiro de infância de Nailo, chorava com tristeza, na beirada do fosso, implorando pela ajuda de seu ingrato companheiro que só estava interessado em saquear os orcs mortos.
Nailo finalmente entendeu a falha que havia cometido, ao esquecer seu grande amigo abandonado à própria sorte do outro lado da fenda que os separava.
_ E então Nailo? Como vamos trazer seu lobo para cá? – Sam continuava sério e demonstrava estar profundamente irritado com o deslize de seu companheiro de grupo.
Começou-se uma discussão, onde várias idéias, uma mais fantasiosa que a outra, surgiram para trazer o lobo para o lado onde eles estavam. Nailo inicialmente queria que o lobo atravessasse a ponte de cordas como os outros fizeram. Sairf queria trazer o animal dentro de sua mochila, andando pelas paredes sob o efeito de sua magia. Outros sugeriram que Sairf fizesse a magia que permitia andar nas paredes em alguém com maior força, ou que ele a fizesse no lobo para que ele mesmo pudesse andar pela parede. Nenhuma decisão foi tomada até que Sam interveio, com toda a sua engenhosidade, e resolveu a questão.
_ Quantas cordas nós temos? - indagou o bardo aos amigos.
_ Temos quatro cordas no total! – respondeu Anix, ao contar as mãos levantadas de Legolas, Sairf e Nailo, além da sua própria.
_ Preciso de um pedaço de pano resistente, ou couro, que possa envolver o Relâmpago! – ninguém entendeu o pedido do bardo, mas Anix entregou-lhe a mochila de pele de guepardo que havia sido confeccionada por Silfo na ilha de Ortenko.
Sam pegou a mochila e sacou uma adaga de sua cintura. Com o consentimento de Anix, o menestrel começou a desmontar a mochila, cortando as costuras rudimentares feitas pelo sátiro. Depois ele fez quatro furos, com tamanho suficiente para caberem as patas do lobo, e mais outros dois, onde, segundo ele, seriam amarradas as cordas. Sam amarrou firmemente duas cordas, emendando-as e prendendo-as nos furos da mochila. Com tudo pronto, Sam se levantou e reuniu seu grupo para explicar seu plano.
_ Aqui está Nailo, segure a ponta desta corda. Sairf, faça aquela magia para que o Nailo possa andar pelas paredes como você fez! Você Nailo vai até o outro lado levando isso com você, coloca o seu lobo nesse cesto que eu improvisei e o empurra pra dentro do abismo, você ele não vai querer morder. Ai você vai soltando a corda lentamente, que nós aqui deste lado vamos puxando a outra ponta até trazer o Relâmpago em segurança pra cá!
A idéia de Sam parecia ser a melhor e todos concordaram em colocar o plano do bardo em prática. Sairf passou então a vascular os cantos da caverna como se procurasse algo. De repente o mago apanhou algo e trouxe até Nailo.
_ Tome Nailo, engula isso!
_ Ta bom! – Nailo abriu a boca, esperando que Sairf colocasse o objeto que ele deveria engolir, mas se surpreendeu ao ver que era uma aranha ainda viva.
_ Você ta louco? Eu não vou engolir uma aranha viva, seu demente!
_ Deixa de frescura e come logo isso, só assim a magia vai ter efeito!
_ É isso mesmo, coma logo isso e vai lá salvar seu amigo! – ordenou Sam, com um sorriso sarcástico na boca.
O ranger fechou os olhos e colocou a aranha na boca no mesmo instante em que Sairf, com as mãos estendidas diante de seu corpo, sussurrava as palavras mágicas do feitiço. Nailo sentiu a aranha picando sua boca e se mexendo a medida em que era engolida. Uma estranha queimação começou no estômago de Nailo e subiu até sua garganta, obrigando-o a tomar quase todo o cantil de água. Suas mãos começaram a ficar quentes, como se segurassem brasa. Nailo olhou para as duas palmas e viu incontáveis pelos, quase microscópicos, brotado em sua pele.
_ Agora coloque as quatro patas, digo as mãos e os pés na parede e ande como se você fosse um elfo-aranha! – Sairf sorria ao mesmo tempo em que instruía seu amigo.
Nailo escalou a parede da caverna até o outro lado como se fosse uma aranha. Lá ele recebeu o cumprimento molhado de seu companheiro que saltou em cima de Nailo, lambendo seu rosto assim que ele desceu da parede. Nailo desamarrou a ponta da corda de sua cintura, puxou o cesto para o seu lado da caverna e cuidadosamente envolveu Relâmpago com a pele do guepardo. Então, após amarrar com firmeza o lobo no cesto e nas cordas, Nailo começou a descer seu amigo pelo abismo. O lobo estava imóvel, chorando de pavor enquanto era puxado para o outro lado. Relâmpago avançava lentamente, enquanto girava em torno de si próprio sob o balanço das cordas, com a cauda entre as pernas. Quando finalmente chegou à beirada do precipício, o animal se debateu desesperado, tentando saltar para fora do cesto. Com a ajuda dos heróis ele foi finalmente içado para fora do fosso e libertado. Com seu amigo em segurança, Nailo retornou para junto dos outros escalando a parede novamente.

Um comentário:

  1. Anônimo5:30 PM

    Cade os desenhos seria interesante voce colocar ficaria show vou começar a entrar todos dias e apoiar esta aventura fantastica!!!!
    Abraço por trás de Rodrigo.

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