maio 03, 2006

Capítulo 201 – Mortos por todos os lados

Capítulo 201 Mortos por todos os lados

_ Bem, parece que não corremos mais o risco de sermos cercados caso precisemos bater em retirada! Podemos seguir adiante então! Anix, já que você está invisível mesmo, você será nosso batedor! Você irá na frente! Mas apague essa vela antes, senão de nada adiantará essa sua invisibilidade! – Disse Glorin, abrindo as portas que levavam adiante.

As portas se abriram para um largo corredor, de quase seis metros, e de comprimento desconhecido. Os heróis avançaram em bloco cerca de cinco metros, parando diante das duas primeiras portas que existiam no corredor. Anix seguiu em frente, protegido por sua magia de invisibilidade, avançando lentamente, tateando as paredes e explorando com cuidado cada canto do piso com seus pés.

Depois de caminhar na escuridão total por cerca de quinze metros, Anix encontrou uma grande porta na parede da direita. Era uma porta dupla de madeira alta e larga, com quase seis metros de um batente ao outro. Anix tateou a porta com cuidado, e notou que ela era toda entalhada. Não resistiu e acendeu uma vela, mesmo contrariando as instruções de Glorin, para poder ver o que estava desenhado na porta. O anão levou a mão ao rosto e suspirou, ao ver o brilho da vela surgindo no meio do corredor.

Anix olhou a porta com cuidado, e logo reconheceu os entalhes que simbolizavam uma balança de dois pratos apoiados numa espada. Era o mesmo símbolo que aparecia nos medalhões carregados por Yczar, Batloc e Loand, o símbolo de Khalmyr, o deus da justiça.

O mago se virou, e viu na parede oposta, uma grande porta, de dimensões e aparência idênticas à anterior. Os entalhes eram a única coisa que diferenciavam uma da outra. Nesta, existiam detalhes de instrumentos musicais, flores e pássaros. Um outro detalhe chamou a atenção de Anix, uma robusta viga de madeira, apoiada sobre hastes de metal presas à porta, trancava-a por fora. Anix ficou intrigado com aquilo, tentando deduzir o porquê daquela proteção, e quais perigos estariam trancados ali dentro.

Sem perder muito tempo com devaneios, o mago seguiu adiante. Seis metros depois, ele encontrou mais duas portas, uma oposta à outra. Estas, eram portas simples, comuns. Anix continuou andando e após mais seis metros, encontrou outra porta comum, mas desta vez, apenas na parede direita. O corredor virava para a esquerda, se abrindo num grande salão, com uns quinze metros de largura aproximadamente.Seguindo em frente, havia outra porta grande, de frente para o corredor pelo qual caminhava, e centrada nele. Na porta, Anix podia ver claramente o mesmo símbolo que estava entalhado no portão de entrada e nas espadas encontradas por Lucano e Legolas. O elfo virou para a esquerda, abandonando a porta no final do corredor seguindo a extensão dele. Duas armaduras de batalha completas serviam de adorno no saguão, encostadas cada uma numa das paredes do salão e em pé sobre pedestais de pedra. Cada armadura segurava uma espada em suas mãos, com a ponta voltada para baixo, apoiada sobre a base de pedra.

Além das armaduras existiam outros vultos de tamanho semelhante, perdidos na escuridão. Temendo uma armadilha, Anix pegou um pergaminho mágico e conjurou a magia que estava nele. Estendeu as mãos na direção das armaduras e sentiu fortes auras mágicas de conjuração presentes nas duas. Anix lançou uma nova magia, sobre a armadura mais próxima dele, dissipando a aura mágica que ela possuía. Então ele foi cuidadosamente até a armadura e retirou a espada de suas mãos. Era uma espada bastarda, sem grandes detalhes ou adornos. Anix levou a arma consigo e voltou na direção de seus amigos, usando sua magia para detectar auras mágicas atrás de cada porta que encontrava no caminho de volta. Porém, não detectou nada mágico atrás de nenhuma delas. Anix entregou a espada a Glorin, e contou ao seu grupo tudo que havia encontrado no corredor.

Todos concluíram que a porta com o símbolo de Khalmyr devia ser uma capela, como sugeriu o anão. Também concordaram que atrás da porta trancada com a viga de madeira deveria existir um grande perigo, ou então as crianças que foram raptadas de Carvalho Quebrado, se é que ainda estavam vivas. Também concordaram que as armaduras com auras mágicas poderiam conter armadilhas, pois ninguém deixaria armaduras mágicas abandonadas sem proteção alguma, em exposição num corredor. Após uma longa discussão sobre qual caminho tomar, os heróis decidiram começar a exploração pelas portas mais próximas, deixando livre de perigos o caminho para a saída. Glorin entregou a espada para Nailo e deu a ordem para que ele abrisse a porta da direita. O capitão ainda conversava com Anix, quando foi surpreendido pelo som da porta sendo arrombada pelo ranger. Glorin nem teve tempo de dizer nada, sendo surpreendido também por Squall e Legolas, que arrombaram a porta oposta, criando a possibilidade do grupo ser cercado no corredor. Glorin suspirou em desaprovação e entrou, calado, na porta da direita, junto com Nailo. Enquanto isso, Lucano, Legolas e Squall invadiam o aposento da esquerda. Anix, ao invés de ajudar seus amigos, apenas se sentou no corredor e pôs-se a ler seus pergaminhos.

Os dois grupos avançavam simultaneamente, mas em salas opostas. À medida que iam caminhando, a iluminação fornecida pela tocha de Nailo e pelo arco de Legolas, ia revelando os detalhes dos aposentos.

Eram dois quartos de tamanho, formato e aparência semelhantes. Numa das paredes, a direita para o grupo de Glorin e a esquerda para o grupo de Lucano, existiam vários armários antigos e um vaso com uma planta seca e morta. Na parede oposta, existiam camas, alinhadas paralelamente até o alcance da visão. Alguns vultos, que pareciam ser mesas com cadeiras, surgiam na escuridão, no meio dos quartos, à medida que avançavam.

Nailo soltou sua tocha no chão, e a chutou em direção ao meio do aposento, enquanto que na sala ao lado, Legolas se abaixava para investigar sob as camas. As duas fontes de luz, a tocha e o arco, fizeram algo brilhar no meio da escuridão dos quartos, despertando a atenção dos heróis. Glorin e Nailo viram pequenas luzes vermelhas, cintilando como fogo, avançando rapidamente em sua direção, até revelar uma dezena de esqueletos orbes brilhantes que investia contra os heróis. Lucano e os outros viram algo se aproximando lentamente, num movimento débil. Uma dezena de zumbis, atraídos pelo cheiro da carne fresca dos heróis, caminhava para atacá-los.

Rapidamente, Legolas soltou seu arco no chão, pegando o outro arco que trazia consigo, e com o qual já estava acostumado a lutar, e disparou uma flecha certeira, na garganta de um dos mortos que atacava. Legolas gritou, chamando pelos companheiros que tinha ido investigar o quarto ao lado, alertando-os da presença dos zumbis. Do outro lado do corredor, os esqueletos cercavam rapidamente Glorin e Nailo, atacando-os com suas garras afiadas, rasgando a carne dos dois aventureiros. Glorin respondeu a Legolas, dizendo que ele e Nailo já tinham seus próprios inimigos para cuidar, enquanto Nailo finalmente entendia a natureza do som que havia escutado atrás da porta, minutos antes, o barulho dos pés dos esqueletos se chocando contra o piso de pedra, enquanto as criaturas caminhavam pelo aposento.

Os esqueletos corriam ao redor de Nailo e Glorin, atacando-os com suas garras. Os dois combatentes de defendiam como podiam, esquivando e contra-atacando quando tinham oportunidade. Glorin conseguiu destruir um dos inimigos num desses ataques oportunos, mas ainda restavam vários deles. Nailo também, com muito esforço, conseguiu se livrar de um dos seus adversários.

Enquanto isso, na sala ao lado, os zumbis se aproximavam lentamente dos heróis, dando-lhes tempo para atacar. Legolas disparava suas flechas, fazendo tombar um a um os cadáveres animados. Lucano fulminava-os com sua espada espiritual, abrindo verdadeiras crateras nos corpos das criaturas. Já Squall, ao ver os mortos caminhando, entrou em choque. Em sua mente estavam os difíceis momentos enfrentados em Carvalho Quebrado, contra a horda de mortos-vivos, os diversos tipos de criaturas semelhantes encontradas na montanha de Durgedin, os pesadelos premonitórios que tinha tido. Squall não conseguiu se controlar e entrou em pânico, fugindo desesperadamente dali. Squall correu para fora do corredor, trancando-se no salão de entrada do castelo, tremendo de medo, enquanto seus amigos lutavam corajosamente.

Na outra sala, Glorin começava a demonstrar o seu verdadeiro poder. Um a um, o capitão ia derrubando no chão os esqueletos que estavam à sua volta. As criaturas iam ao chão com seus crânios esfacelados, suas costelas estilhaçadas, membros moídos em milhares de pedaços minúsculos pelo machado do anão. Glorin atacava girando ao redor de si, limpando o caminha até a porta e até Nailo, até que restaram apenas dois esqueletos.

_ Nailo, cuide do resto! Eu vou ajudar os outros rapazes! – gritou Glorin, saindo pela porta.

Nailo brandia a espada bastarda conseguida por Anix, e manejava a arma com grande habilidade. Entretanto, não era tão hábil quanto se capitão, e tinha mais dificuldades para derrotar os dois inimigos que o cercavam. Os monstros flanquearam Nailo, desferindo sucessivos golpes em seu corpo. Nailo se esquivava e se defendia com a espada, escapando da maioria dos ataques, mas não conseguiu ficar ileso de ferimentos. Mesmo em desvantagem numérica, Nailo superou a dor e conseguiu derrotar os dois inimigos, restando apenas uma grande pilha de ossos podres e partidos espalhados pelo chão.

Paralelamente, no outro cômodo, Legolas e Lucano travavam uma batalha épica contra os zumbis. Vendo-se cercado, Legolas deu um salto mortal para trás, girando no ar e caindo sobre uma das camas. Ao mesmo tempo, o arqueiro ainda foi capaz de sacar uma flecha e dispará-la com precisão no crânio de um dos inimigos. A arma espiritual convocada por Lucano se encarregava de manter os inimigos afastados, mutilando-os a cada ataque. Quando os mortos finalmente se aproximaram do clérigo, Lucano decidiu tentar algo que até então não usara em toda sua carreira como sacerdote. Tomado de coragem e fé, Lucano ergueu o símbolo de Glórien na direção dos zumbis, e gritou o nome de sua deusa. O amuleto brilhou por um instante, e os mortos-vivos começaram a recuar, assustados e visivelmente mais fracos.

As criaturas fugiam do clérigo como gatos evitando a água, tropeçando nos móveis, nos corpos que jaziam pelo chão e até mesmo uns nos outros. Muitos deles foram ao chão, atordoados pelo poder do clérigo, dando oportunidade para que os heróis atacassem com mais facilidade. Entretanto, a batalha que parecia ganha fez Lucano cometer um erro. O sacerdote abusou de sua sorte e se aproximou demais de algumas das criaturas. Sem ter para onde escapar, os monstros foram obrigados a superar o pavor que sentiam e cercaram o clérigo. Foi quando Anix e Glorin chegaram para ajudar. Anix entrou no aposento disparando rajadas de energia mágica para todos os lados. A cada disparo, um inimigo tombava morto definitivamente. Glorin entrou no quarto com seu poderoso machado, golpeando os cadáveres que restavam em pé. Os heróis avançaram na direção dos inimigos, Legolas disparando flechas mortais, Anix atacando com magias destrutivas, Glorin com seu machado mortal e Lucano usando seu poder para enfraquecer os inimigos e desferindo golpes letais de espada, até que não restou mais nenhum morto-vivo em pé.

Squall, por sua vez, finalmente conseguiu superar o pavor e retornar a tempo de destruir um dos últimos zumbis com um raio de chamas ardentes. Duas dezenas de criaturas que compunham o exército de mortos-vivos já estavam aniquiladas. As forças do inimigo estavam reduzidas ainda mais e sem nenhuma perda para os aventureiros. Após recuperarem o fôlego, os heróis retomaram a exploração dos dois aposentos, correndo contra o tempo, para terminar a missão antes do anoitecer.

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