maio 17, 2006

Capítulo 205 – Visão...o destino de Squall

Capítulo 205 Visão...o destino de Squall

Squall abriu os olhos. Felizmente estava vivo. Ao menos era o que ele pensava. Seu medo irracional de criaturas mortas-vivas o levou a perder a consciência quando as sombras saídas da varinha mágica o atacaram. Fora demais para sua mente. Finalmente, depois de sabe-se lá quanto tempo, Squall estava acordado novamente. Entretanto, já não estava na capela do castelo. Nem seus amigos estavam com ele.

Squall sentia-se estranho. Sentia-se mal, mas não sabia dizer porque ou o que exatamente sentia. Sabia apenas que havia algo errado. Um frio intenso atacava seu corpo, causando-lhe uma dor horrenda. Olhou ao redor, tentando entender o que lhe acontecera, procurando seus amigos. Seus olhos doíam. Tudo estava branco. Acima dele, um sol extremamente brilhante fazia sua luz, refletida na paisagem alva, ofuscar o feiticeiro.

Squall se levantou com dificuldade. Não tinha ferimentos, mas sentia uma estranha rigidez em seu corpo. Mas, seus pés ainda estavam lá, no mesmo lugar de sempre, então ele deveria estar vivo. Estava pronto para começar a caminhar a esmo por aquele deserto branco, em busca de seus amigos. Tinha dificuldades para enxergar com todo aquele brilho, mas pode ver, sob seus pés, várias pegadas, suas próprias pegadas. Vinham de algum lugar distante, atrás dele, perdido na imensidão branca. Ao lado de suas pegadas, havia um outro rastro, que vinha do mesmo lugar. Eram pegadas parecidas com as suas. Algum outro elfo, um de seus amigos talvez. As pegadas continuavam em frente, indo além de onde ele estava, além de onde suas próprias pegadas terminavam.

Squall começou a andar. Seus amigos não deviam estar longe, era preciso alcançá-los. Desejava saber o que tinha acontecido, quando tinham deixado o castelo e porque. E, principalmente, porque eles o haviam deixado para trás.

O frio intenso gelava até os seus ossos, mas Squall não desistiu. Continuou em sua penosa marcha, até que viu alguém, caminhando lentamente, logo após um pequeno declive.

Squall apressou o passo, até poder ver a pessoa que andava a sua frente. Mas, não conseguiu ver muita coisa. A luz do sol, refletida pela paisagem, permitia que o feiticeiro visse apenas a sombra, o vulto da figura que caminhava. Squall não conseguia distinguir detalhes, era impossível reconhecer a figura que estava a poucos metros dele.

Tentou gritar, mas sua voz não saiu. Talvez o frio tivesse congelado suas cordas vocais. Só lhe restava correr. Squall apertou o passo, mas, por mais rápido que andasse, não conseguia se aproximar da pessoa. Além de tudo, Squall agora entendia porque se sentia mal. Compreendera finalmente qual era a estranha sensação que sentira quando despertou. Squall sentia uma tristeza incomensurável. Não sabia porque, mas estava triste. Sentia uma agonia que lhe perfurava o coração como uma lança afiada. Squall tentou correr para alcançar a pessoa, mas começou a perder as forças. Talvez pelo frio, talvez pelo seu estado de melancolia.

Então, o vulto que caminhava à frente de Squall parou e se virou para ele. Squall conseguiu perceber que a pessoa trazia um embrulho em seus braços, um misterioso pacote envolto em panos. A tristeza aumentou ainda mais.

A misteriosa figura estendeu sua mão direita para Squall, como se o mandasse parar, ou esperar. Depois se virou de costas para o elfo e continuou sua marcha. Squall caiu de joelhos, em prantos, sem forças para nada. Viu a figura misteriosa se afastando cada vez mais, indo em direção a uma caverna até então camuflada pela paisagem branca. Sentiu a tristeza aumentar mais e mais. Era como se uma parte de si estivesse morrendo aos poucos. Sua visão foi ficando turva aos poucos, prejudicada pelas lágrimas e pelo reflexo do sol, até que o branco tomou conta de seus olhos, não permitindo que ele visse mais.

Squall fechou os olhos, para limpar as lágrimas e para se proteger da luz ofuscante. Quando os abriu, estava de volta ao templo de Khalmyr. Estava deitado no chão. Sua cabeça doía, apoiada de mau jeito em uma parede. Ao seu lado estava Anix, gritando desesperado por seu nome. Squall se levantou, sem entender o motivo daquele desespero.

_ Que foi Anix? Eu estou aqui! Para de gritar meu nome! – disse Squall, ainda meio atordoado.

_ Aqui onde? Onde você está irmão? – respondeu Anix, confuso.

_ Aqui do seu lado, oras! Não estame vendo não? – respondeu o feiticeiro, irritado com a brincadeira.

_ Não! – disse Anix, sério.

Squall estava invisível. Todos finalmente entenderam o que tinha acontecido. A varinha era uma varinha de invisibilidade. A palavra dita por Anix para acionar a varinha, “akorfia”, significava “oculte” em idioma dracônico.Tudo estava claro agora. Squall tinha ficado invisível graças ao poder da varinha mágica. Além disso, desmaiou de susto ao ser envolvido pelas sombras da varinha, pensando tratar-se de mais mortos-vivos. Mas, alguma coisa ainda não fazia sentido. Enquanto estava desacordado, Squall tivera um sonho, ou uma visão, extremamente realista e misteriosa.

Squall contou a todos o sonho que tivera, deixando todos confusos. Será que era apenas uma alucinação por ter batido a cabeça ao desmaiar, ou seria mais uma daquelas visões de Enola? Não sabiam. Apenas Glorin estava convicto de que tudo não passava de “frescuras de elfos”, como ele mesmo costumava dizer.

O feiticeiro sentou num dos bancos para descansar. Enquanto isso, em pé sobre uma das estátuas, Nailo quebrava as tábuas que bloqueavam a janela. Já era quase noite lá fora, constatou o ranger através do vitral quebrado que trazia a figura de Khalmyr. Precisavam se apressar, pois a noite caia, e o exército de mortos poderia voltar a marchar para Carvalho Quebrado a qualquer momento. Nailo desceu da estátua e alertou seus amigos. Squall, já recuperado do susto, deixou a capela com seus amigos, ainda invisível. Legolas foi o último a sair, fechando a porta da pequena igreja.

Estavam de volta ao corredor. Desta vez, de frente para a outra porta. Uma porta imponente, alta e forte, que terminava num enorme arco, a quase cinco metros do chão. Assim como a entrada do templo, era dividida em duas metades de quase três metros cada. Entalhes em alto relevo representavam motivos alegres tais como instrumentos musicais, pássaros e flores. Parecia uma “porta da alegria”, como disse Anix. Os entalhes também lembravam os símbolos de Canora, deusa dos músicos, como lembrou Legolas. Mas, não eram exatamente iguais, como observou Lucano.

Estava bloqueada por uma viga de madeira, presa a ela por hastes de metal em forma de “L”. Glorin e Nailo retiraram a viga e a colocaram no chão, encostada na parede, fora do caminho da porta. Abriram a porta e rapidamente todos se posicionaram dentro do novo aposento. E uma nova batalha teve início.

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