maio 18, 2006

Capítulo 206 – Megarraptor...um inimigo de longe

Capítulo 206 Megarraptor...um inimigo de longe

Legolas e Squall rapidamente entraram no salão, ficando do lado direito dele. Squall usou a varinha mágica para tornar Legolas invisível também. Apenas o brilho do arco era visível no meio da escuridão. Nailo e Glorin estavam diante da entrada, alguns passos dentro do aposento, enquanto Lucano se posicionava do lado esquerdo da sala. Anix aguardava do lado de fora, iluminando o caminho à frente com a lanterna de Squall. Então, todos ouviram o som de ossos estalando e viram duas luzes vermelhas, do tamanho de um punho, vindo na direção do grupo, a uma altura de quase cinco metros. As luzes se aproximaram rapidamente, sem que houvesse chance de reagir a tempo de evitar o ataque. Um vulto negro que acompanhava as luzes foi tomando forma e se revelando nas luzes da lanterna e do arco. O esqueleto de uma criatura bípede, caminhava sobre duas poderosas patas que terminavam em garras gigantescas e afiadas. Seu corpo era muito grande, tinha uns cinco metros de altura e uns seis ou sete de comprimento do focinho ao fim da cauda. Sua cauda óssea se agitava ereta, mantendo o equilíbrio do corpo que tombava para frente na direção dos heróis. Suas mandíbulas, repletas de dentes tão grandes e afiados quanto adagas, se fecharam sobre a cabeça de Glorin, enquanto um par de pequenas patas dianteiras tentava alcançar o corpo do anão com suas garras.

Glorin gritou. O sangue do anão escorria pelas presas do imenso esqueleto, enquanto Glorin gritava de dor e ódio, ao ser abocanhado por aquela criatura macabra. O esqueleto de uma terrível fera, que conheciam apenas através das canções dos bardos. Uma criatura bestial e perigosa que somente podia ser encontrada muito longe dali, em Galrasia. Um lendário dinossauro, ou melhor, a ossada de um deles animada magicamente, era isso que deveriam enfrentar agora.

Nailo deu um passo à frente e atacou com suas espadas, enquanto o capitão tentava se livrar dos dentes do monstro. Conseguiu atingi-lo com dois poderosos golpes. Mas a criatura, composta apenas de ossos, era muito resistente a armas cortantes. Não havia carne para ser rasgada, somente ossos para serem esmagados, e suas espadas não serviam para isso.

O monstro soltou Glorin ao receber os ataques do ranger, e revidou com violência e força excepcionais. As garras das patas inferiores, que eram curvadas e grandes como uma foice, rasgaram o peito de Nailo e de Glorin, como se os dois fossem feitos de papel. Logo em seguida vieram os ataques com as garras superiores e a poderosa mordida. Desta vez, entretanto, por sorte os dois conseguiram se esquivar e evitar novos ferimentos.

_ Preparem-se! Eu vou distraí-lo!!! – gritou Glorin, passando por debaixo do monstro.

O anão correu por entre as pernas da criatura, escapando por pouco de suas garras mortais. Parou a alguns metros dele e tentou em chamar sua atenção. O monstro voltou sua atenção na direção de Glorin, dando tempo para que os outros pudessem agir. Legolas, que estava invisível, pegou seu antigo arco de madeira negra e correu até o monstro, golpeando-o com força. A madeira do arco envergou até quase se partir, explodindo um pequeno pedaço do osso da criatura. Logo após o ataque, Legolas voltou a ficar visível, sendo avisado por seus companheiros e perdendo a vantagem que possuía contra a criatura.

Assustado com o tamanho do morto-vivo que enfrentava seus amigos, Squall não conseguiu fazer outra coisa senão fugir. O feiticeiro se afastou da criatura, indo para o fundo do salão, onde existia um grande órgão. Squall se chocou no instrumento musical, tocando um som descompassado conforme pressionava suas teclas. Acuado no canto, sob o órgão, o feiticeiro assistia em pânico à luta de seus amigos.

_ Poderosa Glórien, mães de todos os elfos! Que vossas bênçãos preencham este local profano e ajude meus irmãos elfos! – gritou Lucano.

Um círculo luminoso se formou no chão ao redor do monstro, deixando-o visivelmente mais fraco. Enquanto Lucano usava o poder de sua deusa para enfraquecer a criatura, ao seu lado Anix já se preparava para explodi-la com uma bola de fogo. O mago esperava apenas que a criatura se afastasse de seus amigos para não feri-lo também.

Mas, Nailo não dava folga para o monstro. Lutava com todas as suas forças, desferindo sucessivos golpes de espada que, apesar de ineficientes, iam aos poucos minando a energia da fera. Porém, num desses ataques, Nailo escorregou, batendo seu ombro nas pernas do monstro e deslocando-o. O ranger gritou de dor, soltando sua espada curta no chão.

Pra sua sorte, o monstro não se importou com sua presença, voltando suas atenções para o anão Glorin que, mesmo seriamente ferido, fazia de tudo para atrair o inimigo para si. Anix não podia esperar mais, sem hesitar ele lançou a bola de enxofre que tinha nas mãos em direção ao teto. Uma forte explosão se formou, espalhando chamas ao redor da criatura e atingindo também Nailo, Legolas e Lucano.

Sentiram o castelo estremecer com o poder da magia de Anix. Mas, nem isso foi capaz de derrotar o esqueleto. O monstro revidou o ataque, rasgando com suas garras e presas todos que estavam ao seu redor. Nailo, Lucano e Legolas ficaram seriamente feridos. Lucano era o que estava em pior estado. Se outro golpe o atingisse, ele certamente morreria.

Para ajudá-lo, Glorin correu, protegendo-se com seu escudo, passando ao lado da criatura. O anão parou embaixo do monstro, enquanto ele tentava mordê-lo. Enquanto mantinha seu escudo no alto, protegendo seu corpo, atacou por baixo com seu machado, destruindo parte da perna da criatura.

Enquanto a fera lutava contra Glorin, os heróis tiveram tempo para se reorganizar. Legolas aproveitou a distração do monstro para agarrar sua cauda óssea e subir em suas costas. Agora, além de cavalos e lagartos, Legolas cavalgava um dinossauro morto-vivo.

Enquanto se segurava com dificuldade, o arqueiro tentava quebrar os ossos da criatura com sua adaga. Mas, parecia impossível destruí-lo daquela forma, e Legolas se arrependeu de ter abandonado seus arcos no chão.

Lucano, muito ferido, ainda tentou esconjurar a criatura, apontando seu símbolo sagrado e evocando o nome de Glórien. Falhou. Fraco devido aos ferimentos, Lucano não conseguiu se concentrar para afetar o monstro com seu poder. A fera, sem se importar com os outros inimigos, avançava com suas presas na direção do clérigo. Era o fim. E teria sido, não fosse a ajuda de Nailo. Mesmo com o ombro esquerdo deslocado, o ranger saltou até Lucano, puxando-o para fora do aposento, no momento exato em que as mandíbulas do monstro se fechavam sobre a cabeça do clérigo.

Anix aproveitou a chance e ficou invisível. Correu até Glorin, escapando por pouco das garras da criatura. Mesmo invisível, o mago agitava a poeira do chão, ao se deslocar e movimentar o ar, permitindo que o monstro detectasse sua presença e atacasse. Parou ao lado do capitão, que estava severamente ferido, e se concentrou para usar um feitiço que poderia resultar na derrota do inimigo.

Novamente o monstro atacou com suas poderosas garras. Por estar invisível, Anix conseguiu desviar facilmente do ataque. Glorin se encolheu atrás do escudo, suportando bravamente o peso do ataque. Legolas já não teve a mesma sorte. Montado sobre a criatura, o arqueiro era um alvo fácil. O monstro se contorceu e agarrou a perna do arqueiro com sua mandíbula. Legolas tentou se segurar, mas a criatura foi mais forte que ele. O esqueleto arremessou Legolas contra a parede. Seu corpo se chocou violentamente na parede e depois caiu desajeitadamente sobre uma mesa que havia embaixo. Pratos, canecos e talheres voavam pelos ares, enquanto Legolas gemia e tentava recuperar o fôlego. Legolas, assim como Lucano, também estava a apenas um ataque do fim.

Glorin continuava combatendo com firmeza. Protegido pelo escudo sobre sua cabeça, o anão golpeava por baixo com seu machado, sucessivas vezes, até que conseguiu destruir uma das garras em forma de foice do esqueleto.

A coragem do capitão inspirou Legolas, que reuniu suas últimas forças para continuar a lutar. O arqueiro saltou da mesa ao mesmo tempo em que sacava sua espada e, correndo até seu capitão, quebrou um dos ossos da fera com sua espada.

_ Sai daqui garoto! Você está muito ferido, vai acabar sendo morto! – gritou Glorin, bloqueando as garras do monstro com seu escudo.

_ Não capitão! Não vou abandoná-lo! Mesmo que eu morra! – respondeu Legolas. Glorin esboçou um sorriso e voltou a atacar.

Enquanto isso, no corredor, Lucano usava sua mágica para minimizar seus ferimentos. Ao mesmo tempo, Nailo lançava um frasco de óleo em chamas sobre o dinossauro. O pote bateu no teto, explodindo e espalhando óleo por uma grande área. O fogo do pano que tampava o vidro incendiou o óleo no teto, fazendo com que enormes respingos de óleo incandescente atingissem o morto-vivo.

As chamas distraíram o monstro por um breve instante, dando a Anix a chance que ele esperava. O mago tocou a criatura e gritou uma palavra mágica. Sua esperança era poder drenar toda a força do monstro com sua magia. Infelizmente, a criatura era mais resistente do que esperava, e quebrou facilmente o feitiço do mago. Anix recuou, espantado com o poder daquele “simples” esqueleto e, já visível novamente, foi obrigado a se defender.

Anix saltou para trás, vendo a garra do monstro perfurar o chão onde ele estava. Legolas aparou os golpes das garras menores do monstro com sua espada, e Glorin, se encolheu atrás do escudo, enquanto o monstro tentava mordê-lo em vão.

Glorin ergueu ainda mais o escudo, aumentando sua visão, e atacou com todas as forças. Seu machado despedaçou a outra garra em forma de foice do monstro, e destruiu quase metade do osso principal da perna. O monstro começou a cambalear para os lados, com sua base de apoio fragilizada pelo anão. Legolas abaixou e pegou seus arcos, pronto para atacar, mesmo sacrificando suas armas adoradas. Anix já começava a murmurar um outro feitiço, enquanto Nailo preparava uma nova bomba de óleo e Squall tremia embaixo do órgão.

_ Glórien!!! – gritou Lucano.

Diante da porta de entrada, o clérigo chamava por sua deusa. Uma espada longa mágica formada por uma luz intensa e cálida, flutuava ao seu lado. A espada espiritual se inclinou na direção do monstro, e um raio mágico brilhante partiu de sua lâmina abençoada em direção ao inimigo. O raio mágico atravessou a cabeça da criatura, partindo-a em dois pedaços e dando início ao uma reação em cadeia. Os olhos vermelhos do monstro deixaram de brilhar e seu corpo gigantesco se precipitou sobre Glorin e Anix. O esqueleto se despedaçou, espalhando seus ossos por todo o salão. Anix e Glorin se levantaram do chão, tirando a poeira que cobria seus corpos. Estavam vivos. Muito feridos, principalmente Glorin e Legolas, mas vivos. Mais um duro desafio tinha sido superado pelos heróis.

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