agosto 21, 2006

Capítulo 220 – O esqueleto guerreiro

Capítulo 220 O esqueleto guerreiro

A experiência dos heróis lhes tinha dado algum conhecimento sobre aquele tipo de inimigo. Armas cortantes ou perfurantes teriam pouca, talvez nenhuma, efetividade contra aquele adversário. Sem órgãos ou carne para cortar ou furar, somente esmagando os ossos do inimigo é que o grupo poderia ter certeza da vitória. Legolas também sabia que seu arco não poderia congelar o inimigo, já que ele não possuía músculos ou pele que pudesse ser congelada. O arqueiro guardou sua arma principal e pegou em sua mochila o enorme osso que retirara do dinossauro do andar inferior para usá-lo como clava.

_ O que vai fazer com isso, orelhudo! – perguntou o monstro.

_ Vou fazer um amontoado de ossos! – respondeu Legolas.

_ Interessante! Vamos começar pelos seus ossos então! Você será o primeiro que eu vou matar! Hihihehahaha!!! – debochou o inimigo dando uma gargalhada insana.

O monstro deu um salto e, antes que pudesse reagir, Legolas já recebia o primeiro golpe. A velocidade do monstro era espantosa. Movia-se saltitando pelo solo tão rápido que era quase impossível acompanhá-lo. A lâmina da espada abriu um talho fundo no pescoço do arqueiro, faíscas explodiram na carne rasgada queimando-a e fazendo o elfo estremecer. Legolas rangeu os dentes de dor, enquanto via os olhos vermelhos de seu inimigo fitando-o como se sentisse prazer.

_ Hihihehahaha!!! Vamos começar pelos seus ossos, seu orelhudo inútil! Vou acabar com todos vocês! Meu mestre ficará muito feliz em usá-los como matéria-prima! Hihihehahaha!!! – debochava o monstro, comemorando o ataque certeiro.

Legolas, que possuía o maior vigor físico de todos, fraquejara com um único e potente golpe do inimigo. Era o pior adversário que eles já haviam enfrentado. Ao seu lado, Squall tremia, apavorado com o inimigo não vivo. Num gesto de extrema bravura, o feiticeiro fechou os olhos e partiu para cima do inimigo, protegido por sua invisibilidade. Sem que o esqueleto percebesse, Squall agarrou sua espada, tentando tomá-la de suas mãos, e tornou-se novamente visível.

_ Verme! Então havia alguém mais escondido?! Estava invisível, não é mesmo? Deve haver mais alguns então!!! Não tem problema, acabarei com todos! E você, você será o segundo a morrer!!! Hihihehahaha!!! – bradou o monstro, dando um puxão forte e afastando a espada de perto do feiticeiro.

_ Sim! Temos uma centena de aliados invisíveis! Você não terá chance! – desafiou Legolas.

_ Ótimo! Assim meu mestre terá bastante material para usar! E eu me divertirei muito matando todos vocês!!! Hihihehahaha!!! – riu o monstro.

Squall tremeu, mas não se entregou ao medo e continuou firme ao lado de Legolas. Sentiu uma suave brisa passando ao seu lado, e viu o inimigo se abaixando rapidamente. Era Nailo.

_ Maldito! Tentou acertar minha pedrinha de estimação com essa flecha vagabunda! Vai me pagar por isso! Será o terceiro a morrer! – o monstro continuava debochando e enumerando a ordem na qual ele mataria os heróis.

Nailo bufou e praguejou ao ver que sua flecha tinha sido facilmente evitada pelo inimigo. Olhou para o lado e viu seu capitão, extremamente abalado com a presença do inimigo, tomando outra poção de cura mágica. Olhou para Lucano e fez um gesto com a cabeça. Lucano respondeu ao gesto dando a entender que já tinha pensado na mesma coisa que o ranger.

O clérigo invocou o nome de sua deusa e orou por seu poder. Sua mão brilhou e um raio de luz pálido atingiu o esqueleto que gargalhava. O monstro olhou para si, surpreso e fitou o clérigo com seus olhos brilhantes.

_ Que droga é essa que você está fazendo? É com isso que pretendem me derrotar? Vocês não terão a mínima chance, e você será o quarto a ser destruído! – rugiu o inimigo. - E saia daqui seu pulguento imundo! Não tenho tempo pra você! – desta vez o inimigo gritava com o lobo invocado pelo clérigo que tentava mordê-lo. A caveira bloqueou habilmente os dentes do animal com seu escudo e desferiu um contra-ataque veloz. O pescoço do lobo se abriu num corte que ia se fechando logo em seguida, à medida que a poderosa corrente elétrica descarregada pela espada o queimava.

Anix assistia a tudo oculto. Estava invisível e longe do alcance do inimigo, portanto tinha condições para analisar cada movimento dos combatentes. Sabia o que Lucano tentara e, pela reação do inimigo, tinha certeza de que o companheiro falhara em sua tentativa de desarmar o inimigo. Lucano tentara dissipar os poderes mágicos do inimigo, mirando sua poderosa magia em seu corpo cadavérico. Mas provavelmente não havia conseguido vencer o poder mágico do corpo do monstro. Quem quer que o tivesse criado, deveria ser muito poderoso para que sua força resistisse à mágica do sacerdote. Era a vez do mago tentar. Anix se concentrou e proferiu as palavras mágicas corretas. Sua mão brilhou e um raio, parecido com o de Lucano, atingiu o inimigo, dissipando a camuflagem do mago. Anix usou todas as suas forças para desfazer a magia que fortalecia o inimigo. Mas, o que somente Squall sabia é que a mágica estava nos itens e não no esqueleto, de nada adiantaria mirar a magia no inimigo.

_ Outro covarde apareceu! Maldito, já disse que essa porcaria não funciona em mim! Você será o quinto a ir para o além! E aquele cotoco de tocha ali será o último! Hihihehahaha!!! – mais um desafio e mais uma gargalhada histérica. Dessa vez o morto-vivo apontava para Anix e para Glorin.

_ Capitão! Quando você falou que temia que tivesse um lich aqui, era sobre ele que você estava falando, não é mesmo? – perguntou Nailo, enquanto sacava outra flecha.

_ Sim! E se ele for mesmo um lich, é melhor você se preparar e...cotoco de tocha?! Maldito!!! Cotoco de tocha é a sua mãe, seu desgraçado!!! Eu vou parti-lo em pedaços, seu bastardo!!! – o anão passava uma sensação de temor enquanto falava com Nailo. Engoliu uma última poção mágica e atirou o frasco no chão enquanto falava. Seu temor, e sua racionalidade desapareceram ao ouvir o insulto proferido pelo inimigo. Glorin se afastou de Nailo sem terminar de responder à sua pergunta e correu em direção ao monstro, enraivecido. – Bastardo!!! Cotoco de tocha é a sua mãe!!! Tome isso, maldito!!!

O machado do anão subiu acima de sua cabeça e desceu ligeiro na direção do inimigo. E encontrou o escudo. A lâmina de madeira interrompeu sua trajetória no disco de aço polido do monstro que sorriu desafiadoramente.

_ Tome isso o que? Cotoco de tocha!!! – debochou a criatura.

_ Peguei você!!! – o anão sorriu e seus olhos pareceram brilhar. Forçou o machado para o lado, deslizando-o pelo escudo até perder o contato com ele. O anão se abaixou e puxou a arma com força, fazendo uma curva com ela no ar, e atingindo-a em cheio nas costelas do monstro. – Já disse que cotoco de tocha é sua mãe, maldito!!! Agora pare de contar vantagem e diga logo onde estão as crianças da vila!!! E diga quem é esse seu mestre!!! – desta vez era o anão quem debochava e desafiava o inimigo.

_ Ah, seu toco de vela! Olha o que você fez! Trincou minha costela! Vai dar um trabalhão pra consertar isso! Vai me pagar por isso!!! Hihihehahaha!!! – o inimigo parecia não se abalar, mesmo com o poderoso golpe do anão, e continuava a rir e a zombar dos heróis. – E se por acaso vocês conseguirem me derrotar, eu conto onde estão aquelas pestinhas! E se isso acontecer, ai vocês poderão falar pessoalmente com meu mestre!!! Mas isso é uma coisa que não vai acontecer!!! Hihihehahaha!!!!

Legolas não sabia se provocava o inimigo ou se ria do termo usado por ele para irritar o capitão. Mas, não hesitou no momento de atacar e desferiu vários golpes de clava com o osso do dinossauro. O monstro aparou facilmente os ataques com a espada e os bloqueou com o escudo. A criatura olhou ao redor, encarando Legolas, Glorin, Squall e o lobo atroz que o cercavam. E deu um sorriso malicioso.

_ Hihihehahaha!!! Vocês estão exatamente onde eu queria! Estão todos no meu alcance! Hihihehahaha!!! Hurricane Sword!!! – o esqueleto deu um pequeno salto, girando seu corpo no ar com grande velocidade. Sua espada acompanhou seu movimento ameaçadoramente, rasgando o peito do lobo, o pescoço de Legolas, a testa de Glorin e abrindo um profundo corte no ventre de Squall. As faíscas queimavam a pele dos heróis e brilhavam como relâmpagos. A espada furacão, traduzindo o nome do golpe para o valkar, revelava-se uma técnica perigosa e mortal.

Squall cambaleou para trás, já quase sem forças para continuar. Reuniu o que lhe restava de energia em seu corpo e disparou uma rajada mágica que explodiu numa luz branca, acima da cabeça do inimigo. A pequena pedra que rodopiava sobre o crânio do monstro explodiu em centenas de pedaços.

_ Maldito!!! Verme!!! Você destruiu minha pedra iônica!!! Seu desgraçado!!! Mudança nos planos, os outros vão ter que esperar. Você será o primeiro agora!!! – o esqueleto agora estava realmente irritado. Apontou a espada para Squall enquanto gritava enfurecido. O feiticeiro tentou se afastar, pois já não tinha mais condições de lutar, mas sentiu a lâmina elétrica rasgando suas costas enquanto recuava. Squall agarrou-se ao pouco de consciência que lhe restava e viu Nailo disparando uma nova flecha contra o inimigo. E mais uma vez o viu repelindo o ataque com facilidade. A flecha ricocheteou no escudo da caveira e atingiu o pobre lobo que tentava ajudá-los. O outro animal conjurado por Lucano, um gorila gigantesco, apenas observava confuso.

_ Hihihehahaha!!! Assim fica fácil demais e não terá graça!!! Se vocês atacarem uns aos outros não precisarei nem lutar!!! Hihihehahaha!!! – a risada provocante ecoava pelo castelo, irritando e humilhando os heróis, que não conseguiam abalar a confiança do oponente. Mas eles ainda tinham outros truques para testar. Lucano deu alguns passos, enquanto segurava com fé o símbolo sagrado de sua amada deusa.

_ Criatura das trevas! Em nome da poderosa deusa Glórien eu lhe ordeno! Saia daqui maldito!!! - o grito de Lucano ecoou pelo corredor como um trovão. Seu peito estufado cheio de orgulho élfico, seus olhos amendoados cheios de determinação e sua voz decidida abalavam o monstro e davam confiança para seus aliados. Em suas mãos, o medalhão que trazia o símbolo do arco e flecha, brilhava como o fogo.

_ Desgraçado!!! O que você fez!!! Que sensação horrível!!! Seu maldito, você vai me pagar!!! Verme!!!

O poder sagrado do clérigo pareceu ser a única coisa capar de fazer o terrível inimigo vacilar. Atordoado pela energia positiva, o monstro foi atingido pelas mandíbulas do lobo, mas estas pareceram não serem capazes de ferir o inimigo. Anix e Glorin aproveitaram o momento e atacaram também. O machado do anão provocou uma trinca no crânio da criatura, e Anix tentou mais uma vez dissipar as magias do inimigo, sem entender que as únicas coisas dissipáveis ali eram suas armas. Percebendo a ineficácia de sua clava de osso, Legolas aproveitou o momento para recuar e pegar novamente o seu arco mágico.

_ Seu pulguento imundo!!! Babou em minha armadura! E você seu cotoco de tocha, olha o que fez! Vai me dar um trabalhão pra consertar essa rachadura! Malditos, vou matar todos vocês! Mas, terão que esperar a sua vez! – a criatura esquelética amaldiçoou os heróis, mas não esmoreceu diante dos ataques. Sua voz continuava soando insana e sádica, estridente como um violino mal afinado. Fez um gesto com a cabeça para Glorin, provocando-o e mandando-o esperar pela sua vez de morrer. E, num salto veloz, foi até onde estava Squall.

_ Então, seu verme! Destruiu minha pedra iônica! Agora vai pagar com a vida! Tome!!! – o monstro encarou o feiticeiro. Suas órbitas luminosas estavam repletas de ódio. A ponta da espada penetrou logo abaixo do pescoço do elfo, e os pequenos relâmpagos fizeram os olhos do feiticeiro virarem para trás enquanto ele era eletrocutado.

Nailo soltou o arco e sacou suas espadas, tentando ajudar o amigo. O monstro foi mais rápido e saltou para trás, escapando das lâminas do ranger e do machado de Glorin, que tentava golpeá-lo pelas costas. O gigantesco lobo conseguiu abocanhar o inimigo, mas o escudo de metal golpeou com força os dentes do animal, fazendo-o largar a presa. O esqueleto conseguiu escapar dos golpes e fugir para um lugar afastado do grupo, de onde voltou a desafiá-los.

_ Hihihehahaha!!! Venham seus vermes! Vou matá-los! Todos vocês!

Nailo atendeu ao chamado e correu até o oponente, golpeando-o com a maior das espadas. O monstro apenas bloqueou o ataque com o escudo e sorriu para o ranger, provocando-o. Lucano deu mais alguns passos e encantou uma flecha, tornando-a tão luminosa quanto uma tocha, para poder iluminar as trevas para onde o inimigo recuava. Anix correu, aproximando-se da luta e ficou aguardando, até que o inimigo se afastasse dos companheiros, para poder fulminá-lo com sua magia mais poderosa. Já Squall nada podia fazer. Muito ferido, o feiticeiro pediu ajuda a seu familiar e usou suas últimas forças para fortalecer Nailo com sua mágica. Os músculos do ranger ganharam tamanho e potência para poder golpear o inimigo. Squall quase desfaleceu, mas agarrou-se à consciência ao ver Cloud voando sobre sua cabeça com um dos frascos de poção mágica de Glorin agarrado em suas patas. O pássaro soltou o vidro para seu mestre e retornou par buscar outro.

Enquanto o feiticeiro tentava se salvar da morte, os seus companheiros lutavam com todas as forças contra o inimigo impiedoso. Glorin correu rapidamente, parecia que o anão tinha aumentado o comprimento de suas pernas. Girou seu machado e golpeou o monstro com toda sua força.

_ Bastardo! Diga onde estão as crianças! – gritava o anão.

_ Seu toco de tocha! Não digo, não digo, não digo! Hihihehahaha!!! – mais uma vez o esqueleto zombava da altura de Glorin. Sua espada aparou com facilidade o golpe do anão, abaixando-o e abrindo a guarda do pequeno guerreiro. O cabo foi na direção do rosto do capitão, ameaçando-o, enquanto a ponta faiscante mantinha a arma de madeira abaixada. Já estava pronto para partir o pescoço do guerreiro, quando foi forçado a se esquivar. O esqueleto se protegeu atrás de Nailo, escapando de uma flecha disparada por Legolas. O segundo disparo foi bloqueado com assustadora facilidade pelo escudo do monstro, frustrando a tentativa do arqueiro. A criatura voltou a encarar o anão e anunciou seu novo ataque.

_ Vou quebrar esse seu machado de pau!!! Seu toquinho de tocha!!! Hihihehahaha!!! – mais uma gargalhada, e mais um golpe desferido. Glorin aparou o ataque com seu machado, mas a lâmina eletrificada atravessou a lâmina de madeira, partindo o poderoso machado de Glorin em vários pedaços. O esqueleto recuou, aproximando-se de uma nova porta que surgia na escuridão, zombando do estado da arma de Glorin. Nailo tentou impedi-lo com sua espada, mas o monstro foi mais rápido que o golpe do ranger e escapou facilmente da lâmina.

_ Capitão, use esta espada! – Nailo soltou a menor das suas espadas e com a mão livre puxou a espada bastarda que trazia em sua mochila, entregando-a ao anão. Deu dois passos e golpeou novamente, desta vez com as duas mãos, atingindo o ombro do adversário. O esqueleto, no entanto, sequer estremeceu com o golpe.

Lucano finalmente se fez entender, e o gorila trazido de outro mundo por ele correu e atacou o inimigo. O lobo nesse momento desapareceu, pois a duração da magia que o havia trazido até o mundo material havia expirado. Ao mesmo tempo o clérigo invocou o poder de sua deusa e uma espada de energia apareceu ao seu lado, disparando um raio fulminante no esqueleto. E novamente ele evitou os ataques.

A espada cortou o ventre do gorila no momento em que ele passava para cercar o monstro e impedi-lo de fugir pela porta. O corte tirou a força do macaco, tornando mais fácil a tarefa de escapar de suas mandíbulas. Abaixando o corpo, o esqueleto escapou do raio da espada espiritual e da bocarra do símio que se abria sobre ele. Glorin correu e tentou atingir o inimigo com a espada bastarda. E novamente ele defendeu o golpe, ameaçando o anão com o cabo da espada, enquanto a ponta segurava a espada do anão abaixada. Legolas chegou mais perto e disparou duas flechas quase ao mesmo tempo. Duas flechas infalíveis. Nem mesmo a poderosa técnica do arqueiro, de disparar com precisão quase cirúrgica, foi capaz de atingir o inimigo. O escudo bloqueou os projéteis com facilidade, fazendo com que elas ricocheteassem e desaparecessem na escuridão. Enquanto isso, Squall recuperava sua energia com a ajuda de seu falcão, e Anix desesperava-se ao ver que os companheiros ficavam cada vez mais próximos do inimigo, impedindo-o de usar sua poderosa muralha de fogo.

_ Vocês são ridículos! Principalmente você, seu toco de tocha! Vou acabar com todos!!! Hihihehahaha!!! – o esqueleto voltou a atacar, arrancando das mãos de Glorin e Nailo as armas que portavam. Um terceiro ataque perfurou o peito do anão, que começou a sangrar abundantemente. O anão cambaleou, quase caindo, tamanha era a dor que sentia. E, entrou em fúria.

O rosto do anão avermelhou e seus olhos ficaram tão rubros quanto o sangue que saia de seu peito. Rapidamente, Nailo apanhou a espada longa do chão e jogo-a nas mãos do capitão. Tomado pela cólera, o anão golpeou com extrema força o esqueleto. Uma, duas, três vezes. O anão parecia maior e muito mais forte. Mesmo assim, não foi capaz de atingir o inimigo. Glorin urrava como um leão enquanto atacava incessantemente com a espada. O monstro esquivava, bloqueava com o escudo, aparava com sua própria espada, e escapou da chuva de golpes do guerreiro.

_ Errou, cotoquinho!!! Não adianta gritar como uma mulherzinha, não! Você não vai conseguir me ferir! Hihihehahaha!!! – mais uma vez o esqueleto provocou Glorin. Sua risada infernal irritava a todos cada vez mais, seus nervos estavam à flor da pele. A criatura rasgou as costas de Nailo, que ainda se levantava após apanhar a espada do chão. Sem armas, Nailo contra-atacou com o que estava à mão.

_ Braxat! – gritou o ranger, sacudindo a varinha mágica dada pela jovem Laura. Sua mão brilhou forte e tocou no peito do monstro, ferindo-o, ao invés de curá-lo. Os demais ganhavam terreno, aproximando-se cautelosamente do monstro. Uma das flechas de Legolas cravou-se firmemente na órbita ocular direita do inimigo, enquanto ele se defendia dos ataques do anão. A arma espiritual de Lucano brilhou mais uma vez, atingindo de raspão a cabeça do inimigo que se via cercado por Glorin, Nailo e pelo gorila de Lucano. Anix continuava esperando uma chance de usar sua poderosa magia, e Squall ingeria uma última poção antes de retornar ao combate.

_ Então, vocês me cercaram novamente! Hihihehahaha!!! Como são idiotas! Hurricane Sword!!! e novamente o ser esquelético girou seu corpo como um tornado. Sua espada cortou violentamente aqueles que o cercavam. O gorila atroz tombou pesadamente no chão e desapareceu sem deixar vestígios. Nailo e Glorin, severamente feridos pelos vários golpes do morto-vivo, não estavam em situação muito melhor.

_ Hihihehahaha!!! Vocês não são de nada! Além de fracos, são totalmente estúpidos! Minha técnica Hurricane Sword acabará com todos vocês facilmente, e... – o monstro interrompeu seu arrogante discurso, sendo calado por um grito estrondoso. Squall surgiu de trás de Glorin e Nailo, saltando por cima dos dois como um felino. O feiticeiro pisou no ombro do anão e tomou impulso para voar por cima dos companheiros e cair sobre o inimigo. Enquanto caia, concentrou-se para lançar um feitiço à queima-roupa. Percebendo o momento de fraqueza do feiticeiro, o monstro rasgou-lhe o peito com sua espada. Squall resistiu à dor, e seus dardos mágicos explodiram como mísseis no rosto do monstro. Squall tentou se agarrar ao esqueleto, mas ele foi mais rápido e inclinou seu corpo para o lado, deixando que o feiticeiro passasse livremente em direção ao solo. O monstro aproveitou a chance e desferiu um segundo golpe, desta vez nas costas do elfo. Squall gritou de dor, sua visão ficou turva e suas pernas fraquejaram ao tocar o solo desajeitadamente. Squall perdeu o equilíbrio e se espatifou no chão. A caveira o encarou como uma serpente pronta para o bote e desferiu um novo golpe, mas, desta vez um chute certeiro na boca do feiticeiro.

_ Vocês são todos patéticos! Eu cuspiria em você agora, se ainda tivesse essa capacidade! Aliás essa é uma das poucas desvantagens em ser um esqueleto! Hihihehahaha!!! – Riu mais uma vez o monstro, humilhando o elfo caído. Squall nada podia fazer, estava indefeso aos pés do inimigo. Falar também era impossível, sua boca doía e um de seus dentes parecia ter amolecido com o pontapé.

Sem perder tempo, Nailo usou novamente a varinha mágica e feriu a aberração com seu poder de cura. O ser praguejou e amaldiçoou o ranger, enquanto seu corpo se contorcia pelos efeitos da magia. Lucano entendeu que esse era o melhor meio de derrotá-lo e se aproximou para lançar sobre o adversário sua mais poderosa magia de cura. Infelizmente, ele chegou perto demais e ficou ao alcance da espada elétrica, que o cortou com violência no ombro esquerdo. A dor do golpe tirou a concentração do clérigo e toda a energia que ele reunira se perdeu.

_ Ahá! Aquela sensação ruim passou! Então era você que a estava gerando! Seu maldito! Chegue mais perto para que te matar! – rugiu o ser após golpear o clérigo. O poder usado por ele para expulsar o monstro do lugar, desaparecera no instante em que ele se aproximara da criatura. Lucano havia ultrapassado o limite e isso lhes custaria caro. O monstro voltava a lutar com poder total.

Os heróis continuaram atacando, e o inimigo continuou defendendo cada golpe desferido. Sua lâmina faiscante aparava cada um dos golpes carregados de fúria de Glorin, e seu escudo rebatia com extrema facilidade as precisas flechas de Legolas.

_ Jamais me vencerão! Recebam mais uma vez, Hurricane Sword!!!a espada novamente descreveu uma trajetória circular, enquanto o corpo esquelético rodopiava velozmente. Nailo foi o único que conseguiu evitar o ataque do monstro, que feriu a todos os outros que estavam a seu redor. Lucano por pouco não perdeu o olho esquerdo na ponta da lâmina, que quase arrancou o topo da cabeça de Glorin. O anão foi arremessado em cima de Nailo com a força do golpe, empurrando o ranger e ajudando-o a escapar da espada. Squall recebeu um forte golpe que lhe abriu as costas e jogou no abismo da morte. O feiticeiro parou de se mexer. Ainda respirava, mas seu peito movia-se com dificuldade. Estava morrendo.

Nailo atirou-se no chão, deslizando de joelhos em direção ao amigo. Com a varinha na mão ele invocou a palavra mágica, Braxat, e usou o poder mágico para salvar Squall da morte certa. Lucano tentou novamente atingir o monstro com seu poder curativo, mas foi obrigado a interromper sua magia para escapar da lâmina do inimigo. Mais uma vez a energia se perdeu. O inimigo ergueu a espada ameaçadoramente e gargalhou uma vez mais.

Glorin levantou sua espada também, mas muito além do que devia. O inimigo aproveitou a chance dada pelo anão e o golpeou, dando uma estocada certeira no peito do pequenino. Glorin cambaleou para trás, retirando a ponta da espada de dentro de seu corpo e sorriu.

_ Peguei você, bastardo!!! – o capitão deu um grito enraivecido, e desceu a sua espada sobre a do inimigo que ainda estava apontando para seu peito, numa posição vulnerável. As lâminas se chocaram com força, faíscas voaram por todos os lados ofuscando os combatentes. Glorin urrou como um urso e depositou toda sua força naquele ataque, arrancando a espada das mãos do inimigo e jogando-a no chão.

Rapidamente, Legolas correu até onde estava a espada e pisou sobre ela, impedindo que o esqueleto tentasse recuperá-la. Retesou a corda de seu arco até o limite e disparou à queima-roupa. A flecha atravessou o crânio ósseo quase totalmente e, por pouco sua ponta não pode ser vista do outro lado.

_ Coma essa, Dry Bones! – provocou Legolas, usando o mesmo dialeto usado pela criatura para chamá-lo de ossos secos.

_ Meu nome é Dekyon, seu orelhudo!!! E não pensem que me venceram! Hihihehahaha!!! – o monstro deu um salto mortal, passando entre Glorin, Nailo e Squall. Rodopiou no ar e deu várias cambalhotas, escapando de todos os ataques que tentavam alcançá-lo. Numa sucessão de acrobacias, o monstro alcançou o local onde Squall havia deixado sua mochila para poder saltar sobre os companheiros. Pegou o cabo de uma espada que estava à mostra na mochila, a mesma espada que Squall pegara de uma das armaduras no piso inferior. Apontou a bastarda para os heróis e os desafiou novamente. – Venham, seus inúteis!!!

Mesmo caído, mas já consciente de novo, Squall murmurou um feitiço e arremessou um pequeno pedaço de enxofre no ar, fazendo-o explodir sobre a cabeça do monstro. As chamas se espalharam rapidamente, envolvendo a criatura e destruindo a mochila de Squall. Enquanto o monstro ainda estava atordoado, Nailo pegou a espada eletrificada do chão e entregou a Glorin. O anão correu, junto com Lucano e os dois começaram a golpear o inimigo que escapava habilmente de cada ataque. Anix, vendo que seus companheiros não se afastavam do inimigo, desistiu da muralha de chamas e disparou uma rajada de energia no monstro, explodindo metade de seu rosto esquelético. Legolas, de forma semelhante a Squall, saltou sobre o anão e começou a disparar suas flechas enquanto estava no ar. O monstro rebateu os projéteis com seu escudo e cortou a carne do elfo com a espada bastarda. Legolas caiu no chão ao lado do inimigo, muito ferido, e recebeu uma estocada nas costas.

_ Vocês são mesmo uns loucos! Hihihehahaha!!! Desse jeito vão acabar se matando sozinhos! Hihihehahaha!!! – riu o monstro antes de correr para longe dos heróis e desaparecer no pequeno corredor lateral que existia no lugar. Legolas tentou impedi-lo de fugir, passando o arco em suas pernas, mas a criatura foi mais ágil e se livrou da rasteira do elfo com facilidade.

Cloud soltou um dos frascos de poção mágica nas mãos de Squall e voou rapidamente em busca de outro. Squall tomou o líquido mágico e correu até sua mochila, destruída pela bola de fogo. Para seu alívio, a espada e o dedo de seu amigo Loand estavam intactos. Nailo e Glorin correram até a entrada do corredor onde o inimigo havia se escondido. Lucano dava cobertura à distância com seu arco, enquanto Anix ajudava Legolas a se levantar e Squall cuidava de seus ferimentos gravíssimos. O monstro surgiu da escuridão, passando a lâmina da bastarda no queixo do anão. Por pouco Glorin não perdeu sua cabeça nesse golpe. Já era visível o cansaço do anão. Toda a sua fúria havia desaparecido, e dava lugar apenas à exaustão. O inimigo voltou para o meio do corredor, onde voltou a desafiar os heróis.

_ Vamos lá covardes! Venham morrer! Vou matar todos vocês! – desafiou o monstro.

_ Diga logo onde estão as crianças da vila! Você já está acabado! – rebateu Nailo, correndo até o inimigo (Glorin vinha logo atrás). Tentou novamente feri-lo com a magia de cura de sua varinha, mas desta vez o esqueleto esquivou e escapou da mão encantada do ranger. Anix disparou mais uma vez com sua magia, atingindo o abdome do monstro. Suas costelas esfarelaram por debaixo da armadura, criando uma depressão na vestimenta. Mesmo assim, ele, não se abalava.

_ Já disse que só revelarei se vocês me derrotarem! Mas isso não vai acontecer, nem em um milhão de anos! Hihihehahaha!!! Hihihehahaha!!! Hihihehahaha!!! – o monstro debochou enquanto se desviava de Nailo. Glorin chegou logo em seguida.

_ Ora, cale essa boca! Essa risada já me irritou demais! – mesmo exausto, o anão foi capaz de ir até onde estava o inimigo. Esbaforido, ainda teve forças para atacar mais uma vez e cravar a espada faiscante no olho esquerdo da criatura e interromper suas risadas.

_ Aaaaaaaiiiiii! Maldito! Cotoco de tocha! Olha o que você fez! Meu olho! Você me paga! Eu vou te matar! – gritou a caveira, ensandecida, enquanto tentava retirar a espada de sua cabeça. Então, uma flecha a atingiu com grande violência, exatamente no centro da cabeça, fazendo-a pender para trás. Era Legolas.

_ Ele mandou você calar a boca, droga! – gritou o arqueiro, tomado de uma fúria sobrenatural. A corda em seu arco ainda balançava, mas sua mão estava firme como uma rocha.

_ Isso mesmo! Você já era! Diga suas últimas palavras e cale-se para sempre! – vociferou Nailo, que assistia de perto a queda do monstro.

_ Morraaaaa!!!!!­ – gritou o esqueleto. Sua mão se moveu rapidamente e desferiu um potente golpe de escudo na cabeça do elfo. Dekyon, o esqueleto guerreiro caiu finalmente. Seu corpo parou de se mexer completamente, e o brilho vermelho de seus olhos foi desaparecendo pouco a pouco até se extinguir completamente. Sua mão direita soltou a espada de Squall no chão, e seu braço esquerdo, ainda preso ao escudo, caiu esticado para trás. Na sua mão, quatro dos cinco dedos estavam fechados. Somente o indicador estava esticado, como se apontasse para alguma coisa perdida no meio da escuridão. Como se apontasse para o local onde as crianças estavam. A somente um passo de distância outro corpo caiu sem consciência. Era Nailo.

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