agosto 30, 2006

Capítulo 224 – De volta à vila

Capítulo 224 De volta à vila

O grupo desceu as escadas, apreensivo. Legolas teve a preocupação de impedir as crianças de chegarem perto das armaduras, temendo que elas pudessem voltar a atacar. Atravessaram o longo corredor até chegarem ao quarto no qual passavam as noites no castelo. Todos juntos, verificaram o alojamento para ter certeza de que não haveria nenhuma armadilha esperando pelos três aventureiros que ficariam no castelo. Atravessaram a pesada porta onde duas flechas de Legolas repousavam, cravadas firmemente na madeira. Chegaram ao portão, tomando o cuidado para que as crianças não percebessem o cão infernal morto por eles no meio do salão de entrada. Não queriam que as crianças ficassem ainda mais traumatizadas. Nailo abriu a pesada porta de madeira que dava acesso ao exterior e, como tudo parecia seguro, o grupo passou pela abertura sem perder mais tempo. O ranger, que ia à frente do grupo, olhou ao redor para ver se tudo estava realmente seguro e teve uma surpresa. Havia um cavalo do lado de fora do castelo.

Era um cavalo de pelagem marrom escuro, que estava amarrado em uma árvore próxima da entrada da fortaleza. Os rastros do animal vinham da trilha na floresta, a mesma trilha que levava ao vilarejo de Carvalho quebrado. Um rastro de pegadas partia do local onde estava o animal e seguia até o portão. Eram marcas de pés calçados, talvez de um elfo ou humano pequeno e leve, como verificou Nailo. Dentro da construção, os rastros se desapareciam no solo rochoso, tornando impossível saber para onde a pessoa havia ido. Mas, pelo formato e posição das pegadas, o ranger deduziu que ele tinha ido para o fundo do castelo. Ao lado do cavalo havia marcas na grama, como se o animal tivesse se deitado para descansar. Talvez estivesse ali há mais de um dia.

Nailo usou os poderes concedidos pela deusa da natureza e começou a se comunicar com o cavalo. Todos olhavam, espantados, o ranger conversando com o animal através de gestos, relinchos e grunhidos estranhos. Após alguns minutos, o rastreador revelou o que descobrira. O animal tinha chegado ali na noite anterior e tinha vindo de Carvalho Quebrado, carregando uma mulher em seu lombo. Alguém tinha vindo do vilarejo até ali, durante a noite e entrado no castelo. Não sabiam quem era a pessoa, nem quais eram suas intenções, e não havia tempo para pensar nisso. O mais importante era levar as crianças até a vila, onde estariam seguras. Esquecendo-se disso, o ranger saltou no lombo do animal e pediu que ele o levasse até o lugar de onde ele tinha vindo.

_ Desça daí Nailo! Coloque essas crianças em cima do cavalo! Elas são pequenas e leves, o cavalo conseguirá carregá-las! Assim, elas estarão seguras e não atrasarão vocês na estrada! – ordenou Glorin.

_ Não capitão! Eu vou com o cavalo na frente, e o Legolas e o Lucano vão levando as crianças pela estrada a pé! Quando eu chegar na vila, eu pego o restante dos cavalos e volto para encontrá-los no meio do caminho! Indo a cavalo sozinho eu chegarei mais rápido na vila! Assim a gente gastará menos tempo! – argumentou o ranger.

_ Pode até ser mais rápido dessa forma! Mas do jeito que eu disse as crianças estarão mais seguras! – respondeu o anão.

_ Capitão! Se quiser eu posso tentar teletransportar as crianças até a vila! – disse Anix.

_ Que droga garoto! Por que não disse antes que você tinha esse poder! Faça logo então! – falou o capitão.

_ É que eu terminei de desenvolver essa magia há pouco tempo, dentro do castelo! E ainda não a testei! Mas acredito que dá pra levar as crianças pelo menos até a metade do caminho! Economizaríamos um bom tempo! – explicou o mago.

_ Ótimo! Você transporta todo mundo até onde conseguir, e depois o grupo segue o resto do caminho a pé, com as crianças em cima do cavalo! – enquanto Glorin pensava e dialogava com Anix, Nailo montou no cavalo e saiu em disparada pela estrada, ignorando as ordens do superior. Glorin apenas suspirou de desgosto e continuou. – Elfos....! Bem, esqueça aquele imbecil do Nailo! Anix, leve as crianças até o mais longe que você puder! Legolas e Lucano irão com você, e eu ficarei aqui com Squall! Estaremos esperando aqui fora! Não é prudente ficar lá dentro, principalmente agora que sabemos que há mais alguém ai! Partam agora!

_ Sim capitão! Todos vocês, toquem em meu ombro! tümgi liolarjoürin! – e Anix chamou a todos, que rapidamente seguraram em seus ombros. O mago fechou os olhos e se concentrou. Tocou a testa com dois dedos da mão direita, esticados e juntos, e pronunciou as palavras mágicas. Todos desapareceram diante dos olhos de Squall e Glorin. Quando Anix abriu os olhos novamente, estava no meio da floresta.

Estavam na estrada, cercados de árvores, a um quilometro do ponto de onde partiram, o castelo. Olharam em volta, procuraram a posição do sol, semi oculto atrás das copas das árvores, e começaram a caminhar em direção ao sul. Legolas ia à frente, seguido pelas crianças, Lucano e Anix na retaguarda. Caminhavam em fila yudeniana, como um pelotão organizado. O mago ensinava a pequena Tulana a contar além do cinqüenta. Após cerca de meia hora, Nailo passou por eles, a cavalo. O ranger diminuiu sua velocidade apenas para se certificar se todos estavam bem e prosseguiu em disparada rumo à vila. O grupo prosseguiu, em sua lenta marcha, embalados pelas brincadeiras da pequena garotinha.

Tulana era a primeira criança do grupo, logo atrás de Legolas. A menina seguia contando, sorridente, os números de um a sessenta, dez a mais do que sabia antes, graças a Anix. O mago estava encantado pela pequenina. Talvez visse nela a aparência dos filhos que desejava ter com Enola, sua amada ninfa. Legolas, já não suportava mais ouvir os mesmos números se repetindo sucessivas vezes.

_ Ô Tulana! Por acaso você já ouviu falar em lobo mau? – perguntou o elfo, interrompendo a marcha e fazendo uma cara de irritado para a garota. Provavelmente tinha intenção de assustar a menina com alguma estória para fazê-la se calar.

_ Lobo? Que nem aquele lá? – a jovem sorriu ao responder com outra pergunta e apontou para as árvores na beira da estrada, onde um par de lobos espreitava com olhares famintos.

_ Lobos!!! Gritou o arqueiro, retesando o fio de seu arco. Era tarde. Os dois animais já avançavam como bestas selvagens na direção do grupo.

Um deles cercou Legolas, rosando para o elfo enquanto preparava um bote. O outro saltou sobre a indefesa Tulana, mordendo-lhe o ombro direito. As presas do animal dilaceraram a carne da garotinha, partiram-lhe alguns ossos, e quase a levaram à morte. Tulana caiu no chão pesadamente com os olhos fechados. Seu rosto estava pálido como a neve e uma poça de sangue começou a se formar no solo da trilha.

Legolas pegou uma flecha mas, antes que ele pudesse colocá-la na corda do arco, o outro lobo saltou sobre ele. A fera abocanhou o joelho do arqueiro, perfurando-o com seus fortes dentes, e deu um puxão violento, desequilibrando o elfo. Legolas caiu de costas no chão. O outro lobo avançou na barriga do arqueiro, abrindo uma ferida funda. Legolas resistiu à dor e não soltou nem o arco, nem a flecha. Forçou as costas contra o chão, pegando impulso, e deu um salto, levantando-se do chão rapidamente. Com a mesma velocidade que levantou, Legolas disparou a flecha na nuca do lobo que atacara a menina. O animal se encolheu e deu um ganido abafado, tentando se afastar do elfo.

Era a chance que Lucano esperava. O clérigo correu até onde estava a garota e deslizou de joelhos pelo chão até ela. Invocou o nome de sua deusa e lançou suas bênçãos sobre o corpinho ferido. Tulana despertou, gritando de medo, ao ver o imenso lobo ao seu lado, bufando de ira e dor. Lucano tentou acalmá-la, mas era impossível. Felizmente o animal tinha como único objetivo no momento fugir daquele lugar. Mas, Anix não permitiu. Correu desde o fim da fila até perto dos animais e disparou raios de energia neles. O lobo que estava ferido pela flecha caiu inconsciente e quase morto. O outro encolheu sua cauda entre as pernas e tentou uma fuga desesperada.

Mas, o grupo não estava disposto a deixá-lo fugir. Talvez Nailo, se estivesse com eles, poderia deixar o animal ir embora pacificamente. Talvez poderia evitar aquele combate sangrento, ou até mesmo evitar que Tulana se ferisse, caso ela estivesse sobre o cavalo como sugeriu Glorin. Mas, Nailo não estava, e Tulana estava gravemente ferida, o lobo não seria perdoado. Até mesmo o jovem Ramits se engajou no combate, saltando sobre o animal com sua adaga. A fera escapou por pouco do ataque do garoto e correu para o meio das árvores. Legolas avançou um pouco na direção do animal e disparou duas flechas certeiras, tirando-lhe a vida.

Tudo voltou a normalidade, ou quase. Tulana já não sangrava, graças à ajuda de Lucano. Mas, sua clavícula estava quebrada, e o trauma sofrido pela menina demoraria a ser superado. Anix a pegou em seus braços e a acariciou até que ela finalmente se acalmasse e parasse de chorar. Enquanto isso, Legolas agia como um selvagem, tomado pela raiva que sentia pelos animais derrotados. Com sua faca de caça, o elfo abriu a barriga dos lobos a sangue frio (um deles ainda estava vivo) e começou a retirar as peles dos dois.

Legolas gastou mais de meia hora para tirar o couro dos dois animais. Ao final do trabalho, estava todo sujo de sangue. Anix e Lucano aproveitaram para deixar que as crianças descansassem enquanto aguardavam o arqueiro. Durante esse tempo, tentavam distrair as crianças, para que elas não ficassem ainda mais traumatizadas ao ver a atitude de Legolas. Quando ele finalmente terminou, colocou as peles sobre os ombros como se fossem mantos e o grupo retomou a caminhada. Mais uns dez minutos andando e eles avistaram Nailo, que vinha de encontro trazendo os cavalos.

O ranger havia chegado na vila há mais de trinta minutos. Conforme havia instruído, o cavalo o levou de volta ao local de partida, a casa de Casso Belanus, o ferreiro. Norgar, o taverneiro confirmou que o cavalo pertencia ao ferreiro. Nailo deixou o animal no celeiro de Casso e pegou os cavalos de seu grupo. Reuniu os moradores na saída norte da vila. Todos já estavam de partida, conforme haviam combinado com Glorin e, se tivesse demorado algumas horas mais, certamente Nailo encontraria uma cidade abandonada.

Nailo explicou aos moradores tudo o que havia acontecido no castelo. Disse que haviam destruído a maioria dos mortos-vivos e que a situação estava sob controle. Segundo ele, restavam apenas alguns poucos detalhes a serem investigados no castelo.

Disse também que já haviam resgatado as crianças, e que seus amigos as estavam trazendo para a vila, menos uma garota. Nailo contou que uma das meninas estava ferida e não podia ser removida do lugar. Mas, disse que ela estava bem e sob cuidados médicos de um clérigo. Entretanto, ele se confundiu com os nomes das meninas, não lembrava mais se era Tábata ou Tulana quem havia ficado no castelo, e deixou as famílias das duas completamente desesperadas. Sem perder mais tempo, o ranger foi até a casa de Torkel, o líder local, pegou seu companheiro Relâmpago e partiu ao encontro dos demais com seu lobo e os cavalos.

Após vinte minutos na estrada, o ranger encontrou seus amigos. Ficou sabendo do ataque dos lobos e rapidamente tampou os olhos de Relâmpago para que ele não visse Legolas banhado no sangue dos lobos e carregando suas carcaças nas costas. Cada um dos heróis montou em seu cavalo, cada um levando ao menos uma das crianças. Mais vinte minutos e eles finalmente adentraram em Carvalho Quebrado.

Os heróis foram recebidos com festa pelos moradores. Pais e mães abraçavam seus filhos emocionados, com os olhos cobertos de lágrimas. Anix entregou Tulana a sua mãe e a avisou sobre a fratura. A mulher agradeceu aos prantos.

_ Sua filha é muito encantadora, senhora! E também muito inteligente! Ela disse que sabia contar até cinqüenta, e eu a ensinei a contar até sessenta! Ela aprendeu com facilidade! – disse o mago.

_ Eu agradeço muito senhor Anix! Mas não compreendo do que o senhor fala! Tulana sabe contar muito mais do que cinqüenta! Ela deve tê-lo enganado, é uma menina muito peralta! Peço desculpas, e novamente agradeço! – respondeu a mulher, deixando Anix confuso.

Ramits mostrava a seu pai a adaga que trazia consigo e contava com orgulho sua participação na luta contra os lobos. Dilan e Kilone abraçavam seus pais e contavam, emocionados, tudo que haviam passado. Lucano se ajoelhou diante dos pais de Nolin, Legolas e Anix observavam ao seu lado.

_ Conforme prometi, seu filho está de volta! – disse o clérigo, sua voz era pura e suave.

_ Muito obrigado padre! O senhor e seus amigos chegaram na hora que mais precisávamos! Agradeço a Glórien por isso! – respondeu o pai do menino. Tanto ele quanto sua esposa ajoelharam-se diante de Lucano, ficando com as cabeças abaixadas como se reverenciassem o sacerdote. Lucano os levantou do chão gentilmente.

_ Toma, Nolin! Pra você se lembrar do tio Legolas! – disse o arqueiro ao entregar uma flecha ao garotinho. Nolin sorriu feliz ao receber o presente. Para ele a para as outras crianças, aqueles aventureiros eram os maiores heróis de todo o mundo.

Anix desfez o mal entendido causado por Nailo e explicou que Tábata tinha ficado no castelo com Glorin e Squall, e que eles a trariam de volta o mais rápido possível. Enquanto o mago conversava, Legolas se afastou do grupo, e galopou até a casa de Torkel, à procura da enigmática Velta. Ao abrir a porta doa casarão, um pássaro saiu lá de dentro voando. Era Heart, o familiar de Anix, que voou até o ombro de seu mestre.

Legolas entrou na mansão e procurou pela velha, mas não a encontrou em lugar algum. Decidiu ir até o casebre onde ela vivia. Quando saia da casa, encontrou Nailo, e os dois foram até a casa de Velta. Lá chegando, bateram à porta, e como ninguém respondeu, arrombaram a pontapés. A porta velha e de má qualidade se desfez em vários pedaços com um chute do arqueiro. Os dois invadiram a sinistra casa da anciã e começaram a procurar por ela. Entre vidros com olhos imersos em algum tipo de líquido, penas, animais mortos empalhados, esqueletos de animais e outras esquisitices, Nailo encontrou um livro, que continha receitas de estranhas poções usadas pela mulher. Sem se preocupar com nada, o ranger roubou o livro e o guardou em sua mochila.

Desistindo de encontrar a mulher, Legolas pegou seu berloque mágico e começou a conversar com sua esposa, Liodriel. A bela dama falou sobre como estavam as obras da casa dos dois, e da casa de Nailo também. O casal trocou juras de amor e palavras carinhosas, enquanto Nailo observava a conversa apaixonada dos dois. O ranger aproveitou para mandar mensagens para sua noiva, Darin, por intermédio de Liodriel e os dois casais ficaram felizes, sonhando com o dia em que os dois elfos deixariam o exército e retornariam para os braços de suas amadas.

Enquanto isso, Anix e Lucano descobriam algo curioso. Os moradores conferiram uma a uma suas esposas e filhas. Nenhuma das mulheres estava ausente. Todas estavam ali, presentes no meio da rua, junto com seus pais e seus maridos. Como o cavalo não era capaz de mentir para Nailo, já que os animais não tinham necessidade de fazer esse tipo de coisa, só havia uma conclusão a se chegar. A mulher que havia deixado o cavalo na porta do castelo deveria ser de fora de Carvalho Quebrado. Mas, o que os dois não sabiam é que havia uma única mulher que estava ausente na vila. Velta, a misteriosa vidente, não havia sido encontrada por Legolas e Nailo. A enigmática e assustadora velha não estava em lugar algum da vila porque havia saído na noite anterior, levando consigo um do cavalos do ferreiro e ido até o castelo amaldiçoado, onde um exército de mortos-vivos estava sendo criado. Com que intenções ela havia feito isso, ninguém sabia.

2 comentários:

  1. Seu blog esta muito show, tem muitas coisas...
    E fora tem até previsão do tempo...uhauhauha
    O que falta??? Acho que pessoas conhecer mais, e ver como ele é foda!!!
    Valew Jeff pelos comentarios vou linkar você lá tb no meu blog...
    Abraço e saúde!

    ResponderExcluir
  2. Seu blog esta muito show, tem muitas coisas...
    E fora tem até previsão do tempo...uhauhauha
    O que falta??? Acho que pessoas conhecer mais, e ver como ele é foda!!!
    Valew Jeff pelos comentarios vou linkar você lá tb no meu blog...
    Abraço e saúde!

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