abril 06, 2005

Capítulo 17 - Os poderes do anão são revelados

A manhã daquele Jetag trazia consigo o início de um novo mês. Era o primeiro dia de Terraviva, o mês de Allihanna a deusa da natureza. Como de costume, os heróis começaram bem cedo a trabalhar nas escavações, garimpando ouro, prata e cobre para Teztal. Como de costume também, eles apenas fingiam trabalhar com afinco, poupando energias para serem usadas durante a noite, quando realizavam as missões para reunir os elementos necessários para concretizar o plano de fuga.
Durante todo o dia, perceberam que estavam sendo observados pelo anão Guitespin, que parecia querer lhes dizer alguma coisa. Entretanto, qualquer tentativa de comunicação era impedida pelos genasis de cobre que vigiavam o local.
Logo após o almoço, o mesmo pão mofado e sujo de sempre, após conversar com o anão, que gesticulava apontando para cima e para o grupo, um dos genasis se aproximou dos heróis com um sorriso sarcástico estampado no rosto.
_ Escravos, pequem suas ferramentas e venham comigo! Vocês irão trabalhar no andar superior da mina, num local carregado de salitre! Vocês chegaram a pouco aqui, por isso ainda estão fortes e agüentaram o serviço por mais tempo. O salitre irá envenená-los pouco a pouco até deixá-los como aquele moribundo ali.
Um sentimento de temor e revolta tomou conta de todos. O anão desejava envenená-los com o salitre, deixando-os doentes como o pobre Elesin. Temendo pelo pior, todos foram para o andar superior, onde a morte lenta os aguardava.
O andar era constantemente vigiado por quatro genasis de cobre. Como nos outros dois pisos, grande quantidade de ouro, prata e cobre brotava de suas paredes a cada golpe de picareta. Um elevador, ainda em construção, deixava clara a intenção de Teztal de construir um novo anda acima daquele para conseguir mais minérios.
Quando a noite chegou, as ferramentas foram recolhidas e levadas para o andar principal da mina. Os escravos foram acomodados em camas de palha que se espalhavam num dos cantos da caverna. O anão foi trazido para cima e acorrentado na parede, próximo dos outros escravos, em grossos grilhões de aço. Somente um soldado permaneceu tomando conta do local, próximo ao elevador de descida. Quando a movimentação cessou, a maioria dos escravos dormiu e o guarda já parecia sonolento, os heróis foram conversar com Guiltespin.
O anão era um poderoso ilusionista que tentara, em vão, aliar-se a Teztal para escapar da escravidão e poder fugir da ilha. Suas intenções reais eram escapar de lá e avisar o Reinado sobre as atrocidades do local. Ele perguntou sobre o plano de fuga aos heróis, que lhe contaram quase tudo, omitindo alguns detalhes. Como previsto por enola, o anão seria de grande ajuda para o grupo. Seu grimório havia sido destruído por Teztal, mas sua mente ainda possuía três magias prontas para serem lançadas. Com as duas primeiras, ele poderia impedir que o navio de Guncha saísse da ilha e com a terceira, garantiria que os escravos fugissem sem que Teztal notasse a falta deles.
O plano do anão era travar a âncora do navio da genasi de ouro, moldando as rochas do leito oceânico em volta da mesma, travando-a no fundo do mar. Para isso ele precisava que os heróis levassem uma pequena bola de argila, encantada pelo anão, até a âncora no fundo da água. Com um pouco de palha, que poderia ser retirada dos colchões, o anão lançaria um feitiço sobre os heróis dando-lhes a capacidade de respirar sob a água por algumas horas, permitindo que eles chegassem ao fundo do mar com facilidade. Restava aos heróis conseguirem a argila para Guiltespin.
Com a terceira magia que lhe restava, o anão poderia criar cópias ilusórias de todos os escravos, para enganar os genasis. O momento ideal para isso, seria quando todos estivessem reunidos no dia da contagem semanal. Enquanto Teztal estivesse contando os escravos ilusórios, os verdadeiros poderiam fugir pelo túnel secreto até o navio. Para isso funcionar, precisariam da ajuda de Batloc, que deveria sero o encarregado de reunir os escravos para a contagem, permitindo que Guiltespin lançasse a magia e todos pudessem fugir , inclusive Batloc. Mas para a magia ser feita, o anão precisava de componentes raros naquela ilha. Ele precisava de um pouco de algodão e uma jade para usar na conjuração do encanto. E o único lugar onde poderiam conseguir tais objetos era o manto e a armadura de Teztal.
Aproximar-se do genasi de platina era praticamente impossível. Mas existia um momento em que ele ficava vulnerável, durante o sacrifício. No momento em que estivesse sacrificando Elesin, os heróis poderiam se aproximar do genasi e robar os itens necessários sem que ele percebesse. Se algo desse errado, Batloc estaria presente para espancar o responsável pelo roubo, tomando cuidado para não machucá-lo, e esconder consigo os objetos roubados.
O plano estava definido. Deveriam conversar com Elesin para lhe entregar o cogumelo e pedir-lhe para escolhê-los como testemunhas junto com Yczar. Precisavam explicar o plano a Batloc para que ele os ajudasse. Mas em primeiro lugar, precisavam conseguir a argila para Guiltespin. E só havia um lugar onde poderiam consegui-la, a praia próxima ao cais.
Esperaram até Batloc surgir, substituindo o guarda anterior na vigilância do andar. Explicaram ao genasi todo o plano de fuga e ele prometeu ajudar no que fosse possível. Batloc arrumou um jeito de retirar os outros vigias da mina por alguns instantes, criando a oportunidade para que os heróis pudessem escapar pelo túnel e ir até a praia.
No caminho, pediram ajuda a Silfo, que guiou o grupo com segurança até a praia, num local afastado do navio de Guncha, enquanto Anix cuidava da segurança de Enola. Depois de cerca de uma hora, reuniram-se com o mago na caverna da ninfa e, de posse da argila, retornaram para a mina.
Sem a ajuda do sátiro para guiá-los através da selva em segurança, os heróis enfrentaram um grande problema. Enquanto caminhavam pela mata em fila, foram surpreendidos por uma serpente gigantesca, que despencou do alto de uma árvore, diante de Nailo que ia à frente do grupo. Era uma víbora imensa, com mais de dez metros de comprimento. Caiu quase sobre o ranger, e num rápido movimento o feriu com suas presas do tamanho de punhais. Nailo tentou atacar a cobra gigante com suas espadas, mas o poder do veneno o fez perder a força e a precisão dos ataques. Sentindo-se muito debilitado, o ranger afasta-se do inimigo, recebendo um novo ataque. Entretanto desta vez, seu movimento cambaleante durante a fuga lhe ajudou a se esquivar dos dentes afiados do monstro.
Sairf, que vinha logo atrá, murmurou um feitiço de proteção sobre si, enquanto Loand correu até a besta, desferindo um poderoso golpe de espada na criatura. As escamas da víbora protegeram seu corpo contra a lâmina do paladino. O monstro abriu sua bocarra, pronta para atacar Loand, o momento que Legolas aguardava. Astutamente, o arqueiro cravou uma flecha no céu da boca da serpente.
Entretanto, a cobra parecia não sentir os efeitos dos ataques e numa mastigada, despedaçou a flecha de Legolas.
Squall e Lucano atacaram quase simultaneamente com magia e espada. Enquanto o feitiço de Squall explodia na face do inimigo, a espada do clérigo golpeava as escamas do monstro sem lhe causar dano.
A víbora voltou a atacar, desta vez Lucano, fazendo o servo de Glórien sentir na pele os efeitos do veneno. Enquanto as presas afiadas rasgavam as costas do elfo, Nailo tentava atingir a cabeça do monstro com uma flecha. Mas o efeito do veneno era devastador no corpo do ranger. Nem com a ajuda do familiar de Sairf que atacava os olhos da serpente, ele conseguiu atingir o alvo.
Uma magia conjurada por Anix explodiu no rosto da cobra, fazendo-a soltar Lucano. Sairf aproveitou a chance e conjurou um feitiço enquanto a serpente se retorcia de dor. Um elemental de água surgiu magicamente ao lado do mago da água e lançou-se freneticamente contra o inimigo. O poderoso ataque do elemental deixou a cobra gravemente ferida, pemitindo que Loand conseguisse cravar a lâmina de sua espada no corpo do réptil gigante. Legolas encerrou o confronto disparando uma flecha que atravessou a cabeça do monstro, fazendo a serpente tombar diante dos heróis.

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