abril 22, 2005

Capítulo 21 - Descobertos

Os momentos finais da jornada aquática dos heróis foram calmos e sem distúrbios. Entretanto, uma terrível surpresa os aguardava em terra firme. Já dentro da gruta, os aventureiros suspenderam a balestra para dentro do navio com o auxílio de cordas. Nailo encheu um barril com água e alguns pequenos peixes e nele colocou os caranguejos que haviam capturado para que sobrevivessem até o momento de se transformarem em comida. Foi quando todos estavam próximos da entrada do túnel que conduzia até a cela que o pior temor dos heróis se tornou real.
Encontrei vocês afinal! Estavam planejando uma fuga, mas agora eu vou acabar com todos vocês, seus imprestáveis! – uma voz forte e ameaçadora vinha de dentro do túnel, ao mesmo tempo que o pobre Roryn era arremessado para dentro da gruta por alguém ou alguma coisa oculta na escuridão do corredor.
O medo tomou conta de todos e, neste momento, Anix se arrependeu de ter permitido que seus amigos contassem todo o plano de fuga para o anão. Com certeza Guiltespin os havia traído e agora o próprio Teztal estava ali para liquidá-los.
Entretanto, ao invés do temível genasi de platina, quem surgiu na entrada do corredor foi apenas um dos genasis de cobre que espancavam os escravos. Armado de seu mangual, o soldado disse ter surpreendido Roryn e os outros escravos enquanto eles fechavam a entrada do túnel secreto. Com outro soldado de guarda na entrada da cela, o genasi prometia matar os heróis e entragá-los a Teztal. Segundo ele, o soberano de Ortenko lhe daria uma grande recompensa por isso. Após trocas de insultos, os heróis se lançaram naquela que seria a mais terrível luta enfrentada por eles até aquele momento.
Sairf e Lucano usaram seus feitiços remanescentes para invocar um cão dos planos superiores e um escorpião gigante. As criaturas surgiram logo atrás do genasi, bloqueando seu caminho caso ele desejasse fugir do combate. No entanto, os ataques das criaturas eram defendidos com grande habilidade pelo soldado de cobre que, num impulso violento, aproximou-se de Anix e desferiu um forte golpe na cabeça do mago. Severamente ferido, Anix saiu cambaleante, afastando-se o quanto podia de seu inimigo e usando contra ele suas orbes ácidas restantes.
Todos perceberam a imensa força do inimigo, mas não tinham outra opção senão lutar por sua sobrevivência.
Nailo ordenou ao seu companheiro animal que ficasse em guarda e se o genasi se aproximasse que o atacasse sem piedade. O ranger entrou em combate corporal com o soldado e também foi gravemente ferido, tendo que se afastar para recuperar o fôlego.
Loand e Legolas, num movimento conjunto, circundaram o inimigo e o flanquearam levando uma pequena vantagem sobre o mesmo. Legolas, soltando seu arco sobre seus pés, passou a atacar com sua espada pelas costas do genasi, enquanto o paladino o atacava pela frente.
Loand conseguiu desferir um golpe devastador no soldado, deixando-o severamente ferido e acabando com seu ar de superioridade. O contra-ataque veio também de forma assustadora. Com meio abdome aberto pela espada do paladino, o soldado de cobre, segurando seu mangual com as duas mão, lançou a bola de aço com extrema violência na cabeça de Loand. O servo de Khalmyr caiu sob os pé do inimigo completamente inconsciente. Nailo correu para ajudar seu amigo enquanto o genasi se colocava em posição defensiva.
Todos os ataques dos heróis eram defendidos, com extrema habilidade, pelo genasi. Apenas o lobo de Nailo conseguiu atingi-lo com suas presas quando o ranger tentou, em vão, atirar o veneno coletado da serpente na floresta nos ferimentos do genasi para envenená-lo.
Sentindo que ataques com flechas não surtiam efeito, Sairf, Squall e Anix passaram a usar seus últimos truques para ferir o genasi com orbes ácidas e raios congelantes. Mas o inimigo era muito astuto e se desviava dos ataques que, invariavelmente, atingiam Legolas, drenando a vida do elfo aos poucos.
Quando Sairf congelou a parede rochosa ao lado do arqueiro, quase o atingindo, Legolas tomou distância, jogou seu arco para o alto com os pés, o apanhou em pleno ar e cravou uma flecha nas costas do genasi, deixando-o furioso.
Loand, já recuperado graças à ajuda de Nailo, levantou-se num rompante de fúria e evocando o nome de Khalmyr, golpeou o genasi com toda a força de seu corpo e o poder dado pelo seu deus para combater o mal. Bastou o genasi inclinar o corpo levemente para trás para arruinar a intenção de Loand. O paladino atingiu a rocha sólida da caverna com a sua espada, partindo-a em duas partes. Da poderosa espada bastarda passada de geração em geração, restava apenas uma pequena e insignificante adaga bastarda nas mãos de Loand. O genasi ria da desgraça do servo dos heróis e os chamava de patéticos. Irritados com o desrespeito do inimigo, Anix e Lucano prepararam seus últimos feitiços. Anix, que recebera os primeiros socorros do colega clérigo, lançou sua última magia sobre seu próprio arco, encantando-o de forma que não errasse o próximo ataque. Lucano, de forma semelhante, encantou o arco de Legolas com uma magia um pouco menos poderosa que a do mago.
Mas o genasi não se renderia tão facilmente. Voltou-se para Legolas dizendo “você não terá tempo de usar este arco, elfo” e desferiu um golpe que paralisou a todos. O crânio de Legolas foi aberto com o impacto do golpe. O arqueiro caiu pálido, vertendo grande quantidade de sangue no chão, seu peito não se movia. Legolas estava morto.
Nailo fez um sinal para Squall, que correu até o ranger, desembainhando a cimitarra do mesmo para tentar acertar o inimigo. Um novo bloqueio, com o cabo do mangual, parou a lâmina do feiticeiro. Nailo baixou a cabeça, temendo ser aquele o fim de todos e viu o corpo de Legolas dando os últimos suspiros no chão.
_Legolas ainda está vivo!!! – gritou eufórico o ranger. Lucano correu até o amigo e usou sua última prece para impedir sua morte. Com a hemorragia interrompida, o clérigo ministrou uma das poções de cura dadas por Enola para trazer o arqueiro de volta ao mundo dos vivos.
Legolas despertou a tempo de ver Anix disparar a flecha que havia encantado. O projétil percorreu o túnel como que em câmera lenta, diante dos olhares dos heróis. A flecha cortou o ar, iluminada pela fraca luz lunar que penetrava na gruta e atingiu seu alvo, exatamente no coração.
_ Malditos!!! Não posso acreditar que me venceram! Ao menos levarei alguém comigo para o mundo dos mortos, nem que seja este animal! – enquanto caia, já quase sem vida, o genasi desferiu um golpe na cabeça do lobo de Nailo. Felizmente, o ataque já não tinha o mesmo impacto de antes e apenas causou algumas escoriações no animal.
Legolas se levantou, ainda tonto, para desferir um pontapé no genasi e se livrar de toda a raiva que sentia naquele momento. Enquanto era chutado, o soldado murmurou suas últimas palavras, dizendo que seu companheiro se encarregaria de exterminá-los. Um calafrio percorreu suas espinhas. Ainda havia pelo menos um inimigo esperando por eles dentro da mina. Com muita sorte seria somente um, mas era mais provável que o soldado já tivesse dado o alarme de rebelião.
Nailo e Sairf subiram pelo túnel lentamente. O ranger colocou a cabeça para fora do fosso, olhando dentro da cela, e não teve tempo de esboçar qualquer reação quando viu um enorme machado se deslocando em direção ao seu pescoço. Para sua surpresa, o machado interrompeu sua trajetória. O outro genasi era Batloc.
Batloc aguardava que o soldado retornasse para pegá-lo de surpresa e eliminá-lo com as próprias mãos. Por uma infelicidade, o soldado havia descoberto o túnel secreto, mas, para sorte de todos, o soldado a quem ele pedira ajuda era Batloc. O paladino genasi ficou aguardando na cela, orando a Khalmyr para que seus amigos conseguissem sobreviver à fúria do genasi. Felizmente, Khalmyr ouviu suas preces e os dados de Nimb rolaram a favor dos prisioneiros.
Nailo entregou a Batloc o vidro com os pedaços do cogumelo e pediu que ele os entregasse a Elesin. Pediu também que o genasi dissesse ao druida moribundo que escolhesse Yczar e os heróis como testemunhas do sacrifício. Yczar disse ao ranger para que escondessem o corpo do soldado na floresta para que os demais genasis pensassem que ele tinha sido atacado por um animal selvagem.
Os dois retornaram para a gruta e transmitiram as instruções do genasi aos demais. Os heróis escalaram o paredão que dava acesso à floresta, arrastaram o corpo do genasi derrotado para cima e o carregaram mata adentro. Nailo usou o mangual do soldado para deixar marcas de luta nas árvores e no chão. Quebrou alguns galhos e ordenou que seu lobo mordesse o soldado e deixasse marcas de pegadas por todo o local, simulando uma luta entre o genasi e um animal. Fincou uma moita no local para deixá-la como sinal para Batloc encontrar o corpo, e cruzou os dedos para que o plano do genasi funcionasse. Após isso, começaram a debater qual seria a próxima ação do grupo. Nailo queria ir até a cabana de Enola e estava disposto a fazê-lo sozinho, se necessário. Mas seus amigos não permitiram que ele se arriscasse sozinho na selva à noite e ferido, assim todos foram juntos encontrar a dama da floresta.

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