abril 22, 2005

Capítulo 19 - Pânico na água, o retorno das caveiras

Mais alguns minutos de caminhada no fundo do mar, após se refazerem do último desafio, os heróis avistaram o navio de Guncha ancorado no cais. A nau flutuava sobre um solo rochoso. Por todo o solo haviam pequenos caranguejos circulando, peixes nadavam em volta da corrente da âncora que era habitada por diversos mariscos. Os aventureiros fizeram o reconhecimento do local e ficaram assustados ao ver ao longe, no mar profundo, uma imensa mancha negra de aparência ameaçadora. Anix foi em direção à mancha, aproximando-se lentamente, até sumir completamente. Todos ficaram espantados com o fato e elegeram dois batedores para ver o que tinha acontecido com o mago. Legolas e Nailo se aproximaram lentamente do estranho objeto, armas em mãos prontas para qualquer surpresa. Quando, no limite da visão, perceberam que se tratava de um navio afundado, aliviados, fizeram sinais para que os seus companheiros lhes acompanhassem.
Quando estavam bem próximos da embarcação naufragada, puderam ler claramente o nome Lázarus entalhado no casco. Sem dúvida alguma, aquele era o navio em que haviam chegado até a ilha. Dentro da nau, já total mente destroçada, Anix revistava o que havia sobrado dos corpos dos marinheiros com quem havia viajado. O navio já não tinha mais divisões claras de onde ficava a cabine do capitão, a cozinha ou o porão. Em meio aos corpos boiando, espedaçados e carbonizados, o elfo recolheu o que encontrou de útil, as adagas dos marujos. Nada mais podia ser aproveitado ali, as roupas estavam apodrecidas pela ação da água, e o estoque de comida não se encontrava em melhor situação.
Squall e Nailo entraram para ajudar o conjurador na busca por algo que pudesse ter serventia para eles. Enquanto o feiticeiro ajudava Anix, o ranger encontrou, em meio aos escombros no chão, o que havia sobrado da clepsidra do navio. Nailo guardou o que ainda podia ser aproveitado do relógio de água em sua mochila e foi ao encontro de seus amigos no convés no navio.
Do lado de fora, Legolas fazia cálculos e circundava a carcaça tombada da embarcação até que finalmente encontrou o que buscava. A balestra do Lázarus estava caída, semi enterrada no solo arenoso que ficava em volta do navio. O arqueiro examinou a peça com cuidado e se encheu de alegria ao ver que a arma estava em bom estado. Marcou a posição do objeto com um pedaço de madeira e subiu até a superfície cuidadosamente.
Lá em cima, oculto sob as ondas, o elfo viu dois genasis dourados circulando no convés do navio de Guncha. Com a certeza de que não havia sido notado, o elfo retornou ao fundo do mar para junto de seus companheiros, tendo em mente que com soldados de vigia, todas as suas ações teriam que ser muito cuidadosas para não arruinarem a missão.
Nas profundezas, Nailo e Sairf dirigiam-se até a popa do Lázarus em busca de mais alguma coisa de valor que pudesse ser aproveitada. Passaram ao lado do corpo carbonizado do capitão Arthur, que mais parecia um pedaço de carvão do que o capitão habilidoso que fora um dia. Enquanto retornava ao fundo e via essa cena, Legolas se emocionou e suas lágrimas se misturaram com a água do mar.
Nailo ia mais à frente, apressado e impulsivo como sempre. Sairf, um pouco mais atrás, admirado com mundo subaquático, andava lentamente prestando atenção em cada detalhe daquele lugar que tanto admirava.
Mas aquilo que parecia ser um lugar de descanso para os mortos provou ser um lugar perigoso para se aventurar. Nailo começou a caminhar por um solo arenoso e seus pés desapareciam no meio da areia fofa. Ao dar um passo, o ranger sentiu um peso estranho preso a sua perna e o pavor tomou conta de seu espírito ao ver uma mão esquelética agarrada ao sem membro. Junto com a mão, um corpo composto de ossos animados magicamente emergiu da areia e atacou o elfo. Ao mesmo tempo, outros quatro esqueletos se levantaram do chão com orbes brilhantes em suas fossas oculares e garras afiadas em suas mãos ósseas. Instantaneamente os heróis reconheceram os inimigos. Eram as mesmas caveiras que haviam enfrentado em alto mar, ainda no Lázarus. Deviam ser os esqueletos atirados ao mar que provavelmente se agarraram ao casco do navio com suas garras e agora queriam vingança.
Nailo disparou sua besta mágica no crânio do ser que o segurava enquanto este se levantava. O ataque do ranger nada fez ao monstro que revidou com sua garra afiada, rasgando as costas de Nailo.
Todos correram para ajudar o companheiro naquele momento crítico. Sairf foi o primeiro a chegar, invocando dos planos infernais um polvo para ajudá-lo no combate. Entretanto, o pequeno animal nada podia fazer contra os mortos-vivos que rapidamente cercaram os dois combatentes.
Lucano e Loand se aproximaram das criaturas por trás dando apoio aos seus companheiros. Legolas nadou até próximo do combate e, enquanto deixava seu corpo afundar, preparou seu arco para o combate.
De dentro do navio, Squall e Anix notaram que havia algo de errado quando viram um dos esqueletos passando em frente a um dos buracos no convés do navio. Rapidamente os dois correram para auxiliar os amigos com seus feitiços.
Sob as águas, as condições de luta eram ainda piores que no convés do Lázarus. Além de possuírem vantagem contra as armas cortantes e perfurantes, as caveiras eram beneficiadas pelo fato da água desviar as flechas e impedir que os heróis desferissem golpes com toda a potência que podiam. Os únicos ataques que surtiam efeito eram os dardos místicos lançados por Squall e Anix, mas depois de tantos combates, os dois conjuradores já haviam gastado quase todas as suas magias. Quando as magias acabaram, foi a pesada espada de loand que fez a diferença no combate. A arma, uma herança de família, destroçava as costelas dos esqueletos e o paladino agradecia em pensamento aos seus ancestrais por aquele presente. Enquanto o servo de Khalmyr combatia ferozmente com sua arma de família, os demais, apesar das inúmeras dificuldades, iam pouco a pouco minando a resistência dos inimigos.
Legolas, vendo que o combate à distância não surtia efeito, se aproximou dos inimigos e começou a atacar corpo a corpo com seu arco. Disparando á queima roupa, o arqueiro conseguiu desferir um tiro que seria mortal se o inimigo não fosse uma criatura morta-viva. Sua flecha atingiu o crânio do adversário que se não fosse apenas um esqueleto animado por mágica, teria sucumbido ao ataque.
Sem mais magias poderosas e podendo realizar apenas pequenos truques mágicos, Sairf afastou-se do campo de batalha. Conjurou sobre si a última magia preparada que possuía. Seu bordão emanou uma luz fantasmagórica e o mago sabia que não erraria seu próximo ataque. O arcano foi até onde legolas lutava e com um único golpe, espedaçou o monstro que ameaçava o elfo. Estilhaços de ossos atingiram as pernas de Legolas ao mesmo tempo em que seus amigos faziam tombar as últimas caveiras.
Anix certificou-se esmagou o crânio de cada esqueleto com seus pés para ter certeza de que eles não voltassem a ameaçá-los. Com todos refeitos do susto, o grupo retornou ao navio de Guncha, levando consigo um novo tesouro, a balestra do Lázarus.
Já sob a nau da genasi, após uma longa discussão e vários planos e frases riscados na areia do solo, o grupo tomou uma decisão sobre o que fazer. Todos começaram a trabalhar arduamente, arrastando as maiores rochas que encontravam para cima da âncora do navio. Após formar uma enorme pilha de rochas sobre a âncora, começaram a enterrá-la com pedras menores, do tamanho de um punho. Vinte minutos após o início do trabalho, Sairf colocou a esfera de argila encantada por Guiltespin no centro das rochas, em contato com a âncora e as pedras. O mago pronunciou a palavra de gatilho que ativava a magia e uma reação em cadeia se iniciou.
As rochas, tanto as pequenas, quanto as maiores, começaram a se fundir umas nas outras, formando enormes esferas de quase três metros de diâmetro, envolvendo a âncora e sepultando-a para sempre no fundo do mar. Temendo que o efeito se expandisse infinitamente, Nailo correu para abrir uma vala no chão, tirando as pedras mais distantes do contato com a magia. Enquanto isso, seus amigos se esforçavam para segurar a corrente do navio e impedir que ela balançasse com o movimento causado pela magia e despertasse a atenção dos discípulos de Guncha.
Após alguns momentos de tensão, o efeito mágico cessou. A âncora estava enterrada sob uma pequena montanha e suas pontas, firmemente cravadas nas rochas, só poderiam ser libertadas após muitas horas de escavação.
Legolas subiu até a superfície, escondendo-se sob a curvatura do casco do navio e constatou para seu alívio, que a montanha formada não poderia ser notada da superfície, nem mesmo sob o sol do meio-dia.
O elfo juntou-se aos seus amigos e todos iniciaram a jornada de volta à mina. Enquanto caminhava pelo solo arenoso, Legolas pisou acidentalmente em uma arraia camuflada no sob a areia e quase levou uma ferroada na perna. Nailo tentou abater o animal com a lança que trazia com sigo, retirada dos kuo-toas enfrentados no convés do Lázarus, dias atrás. Como não conseguiu, o ranger teve outra idéia para conseguir alimento para o grupo. Capturou diversos caranguejos que caminhavam pela corrente da âncora do navio e os prendeu em sua mochila. Seus amigos o ajudaram, carregando o que conseguiam em suas roupas.

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