abril 22, 2005

Capítulo 20 - A pequena sereia

O retorno seguiu tranqüilo, para alívio de todos, até o momento em que os aventureiros se aproximaram do navio em que haviam deixado parte do tesouro encontrado.
Foram surpreendidos pela passagem de uma pequena criatura de aspecto humanóide, composta exclusivamente de água, bem diante de seus olhos. Todos rapidamente assumiram posição de combate, acreditando que seriam atacados pelo ser. Mas, para surpresa ainda maior do grupo, a pequena criatura se aproximou sem demonstrar intenções hostis, como uma criança curiosa.
Com a proximidade, Sairf viu que se tratava de um pequeno elemental da água. O elementarista da água apressou-se em se comunicar com o elemental, tentando evitar um novo combate.
Sairf disse à criatura que seus amigos não eram maus e não tinham intenção de machucar o elemental. De fato, a criatura agia como uma criança, brincando e rindo, enquanto conversava com o mago no seu idioma racial. A pequena Lada, como se apresentou a elemental, mostrou-se amistosa, para alívio de todos.
Então o grupo ouviu um som distante, parecido com o canto de um golfinho, que se tornava cada vez mais próximo do grupo. Sairf, o único que entendia o idioma aquan, reconheceu uma voz feminina suave e doce chamando por Lada. Assustado, o mago perguntou à elemental quem estava vindo e pediu que esta dissesse que os heróis não eram hostis.
Do mar aberto, uma silhueta foi se tornando cada vez mais nítida aos olhos dos jovens. Finalmente eles puderam distinguir a figura de uma pequena seria de longos cabelos azuis. Ela se aproximou chamando por Lada para que ambas retornassem para a vila.
A notícia de que havia uma vila sob o mar naquela região deixou todos espantados. A pequena sereia, na verdade uma criança tritão segundo Sairf, olhava admirada para aqueles estranhos seres do “mundo seco”. Narse, como era chamada pela elemental, examinava cuidadosamente as pernas de Saif. Ela apalpou e apertou o corpo do mago, tocando inclusive nas genitálias do arcano, com a inocência de uma criança curiosa diante de um brinquedo novo. Ao ver isso, os outros aventureiros quiseram se aproveitar da inocência da sereia e diziam a Sairf para pedir beijos, mechas de cabelo, escamas, e para tocar no corpo da pequenina. Sairf lia as mensagens escritas na areia por seus amigos e as transmitia para Narse tomando o cuidado para que a infante não tocasse nem fosse tocada em partes indevidas, preservando sua pureza. Assim, os “pés secos” fizeram contato corporal com a sereia. Ensinaram-lhe cumprimentos usados no reinado, como apertos de mãos e beijos no rosto. Nailo trocou uma mecha do seu cabelo com uma mecha do cabelo de Narse, mas quando a pequena quis trocar escamas, o ranger se negou a retirar uma de suas unhas para dar à criança, alegando que ele sentiria dor se o fizesse.
Sairf traduzia tudo o que os heróis escreviam na areia para Narse e tudo o que a pequena dizia para seus amigos, sempre tomando o cuidado de não ofendê-la ou de abusar dela. Então Anix e Legolas tiveram quase simultaneamente a idéia de pedir para dar um beijo na boca de Narse, justificando como um cumprimento especial do “mundo seco”. O mago da água sorriu e transmitiu a mensagem para a menina, mas disse que quem ensinaria a saudação seria ele. Assim, enquanto todos se descabelavam, morrendo de inveja e raiva, Sairf deu um longo e molhado beijo na pequena sereia. Narse ficou ruborizada. Disse que ensinaria aquela saudação a seu pai e a seus amigos. Sairf, ainda bestificado, disse à pequena que aquele cumprimento só era usado na superfície e que não agradaria aos tritãos. Na verdade o mago sabia que teria problemas se Trohan, o pai de Narse soubesse do que acontecera ali. A menina já havia dito que seu pai não gostava das criaturas da superfície, quando pediram para conhecer a sua aldeia. Sairf ficava com medo de imaginar o que o tritão faria com se descobrisse que ele havia flertado com sua filha, que além de tudo era ainda uma inocente criança. Narse deu outro beijo em Sairf e se despediu, retornando para o mar aberto. Sairf, já apaixonado, passou ao lado de Legolas que lhe apontou os dedos, prometendo enfiá-los nas guelras do mago e testando o efeito em si próprio para saber se aquilo causaria dor ao arcano. O sorriso sarcástico no rosto do elfo mostrou que sim.
Dentro do navio, Sairf pegou o seu manto, no qual estavam embrulhadas as moedas e todos partiram de volta à gruta do cemitério dos navios.

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