abril 25, 2005

Capítulo 22 - Dois gatos malhados

Antes de entrar na selva, Nailo retornou à mina para conversar com Batloc. Na cela, o genasi o alertou para que os heróis secassem as roupas para que os outros soldados não desconfiassem de nada. Nailo pediu a Batloc para que ele conseguisse roupas novas para ele e seus amigos e pediu ao soldado que lhe conseguisse um balde para substituir o recipiente danificado do relógio d’água. Batloc prometeu empenho para conseguir as coisas para o ranger e os dois se despediram.
Já na mata, Nailo e seu lobo iam à frente dos outros, guiando-os por uma trilha praticamente imperceptível para aqueles que não tivessem intimidade com a floresta. A luz da lua penetrava entre as copas das árvores, fornecendo iluminação suficiente para que o grupo pudesse ao menos enxergar por onde pisavam.
Subitamente, o lobo parou, farejando o ar e o chão. O seu rosnado indicava perigo logo à frente. Sairf e Squall fizeram contato mental com seus familiares, ordenando-os para verificar as redondezas. Os dois pássaros sobrevoaram as copas das árvores em círculo e então mergulharam em num vôo rasante, logo à frente do grupo, sumindo entre as árvores. Nailo deu ordem de ataque ao seu companheiro animal, que correu em disparada na direção das aves. Os aventureiros foram logo atrás do animal, com as armas prontas para atacar. Legolas se deslocava em saltos curtos entre uma árvore e outra, sempre se mantendo protegido e oculto. Lucano, seguido por Sairf, saiu da trilha e deu a volta pela floresta, para cercar e surpreender por trás aquilo que o lobo havia farejado.
Após alguns metros de corrida desesperada, todos chegaram simultaneamente a uma clareira. O lobo parado, em posição de ataque, rosnava ferozmente para dois grandes felinos cerca de nove metros à frente do grupo. Sairf e Lucano chegaram por trás das feras, parando a uma distância de três metros das mesmas. A pele alaranjada coberta de manchas negras refletia a luz lunar no meio da clareira. Posicionaram seus corpos esguios de forma ameaçadora e, num salto, avançaram em grande velocidade até o grupo principal.
Os dois guepardos saltaram em direção ao lobo, tentando atingi-lo no pescoço. O alvo conseguiu se esquivar do primeiro ataque, mas não do segundo. Nailo se encheu de fúria ao ver o sangue de seu amigo de infância nas mandíbulas do guepardo e atacou sem piedade. A espada longa do ranger atingiu o tórax de um dos animais, abrindo uma grande ferida.
Sairf veio por trás, com seu bordão, mas não conseguiu surpreender os guepardos e não conseguiu atingir nem mesmo o que já estava ferido. Inconformado, o mago aquático arrependeu-se de se aventurar na selva sem poder contar com seu poder mágico.
Anix, também não podia contar com suas magias para lutar, e teve que apelar para o seu arco. Conhecendo suas limitações, o elfo não quis arriscar e disparou a flecha á queima roupa numa das feras, arrancando-lhe a orelha direita. Porém, o mago se aproximou demais dos guepardos e, antes de poder atacar, foi severamente ferido pelo animal atingido por Nailo. As presas dilaceraram o braço de Anix, atingindo uma artéria e fazendo-o perder muito sangue. Não fosse por esse ferimento, o seu ataque poderia ter sido mais preciso e, ao invés de uma orelha, poderia ter atingido um ponto vital.
Com os animais cercados por todos os lados, Lucano estava impossibilitado de realizar qualquer ataque. O clérigo então se posicionou próximo aos combatentes, aguardando o momento certo de agir, seja lutando ou auxiliando seus amigos feridos. Com espada e escudo nas mãos, o jovem sacerdote fez uma prece à Glórien, pedindo por sua proteção.
Loand correu para ajudar seus companheiros. Sem poder usar sua espada, quebrada na luta anterior com o genasi, o paladino se via forçado a usar outras armas menos eficientes. O jovem seguidor do deus da justiça avançou com sua besta, disparando-a contra a fera atingida anteriormente por Anix. Loand conseguiu, com o virote, decepar a outra orelha do guepardo, fincando-a no chão. A fera soltou um urro de dor que ecoou por toda a floresta.
Bem atrás dos demais se encontrava Legolas. Distante do combate, o elfo precisava encontrar uma forma de atacar sem ferir seus companheiros que estavam bloqueando sua visão. O arqueiro olhou ao redor, nas árvores, e viu um galho logo acima de sua cabeça. Num salto ele alcançou o galho com as mãos e, balançando as pernas, tomou impulso para dar uma cambalhota e apoiar o ventre sobre o galho. Deu mais um impulso com os braços e, em uma fração de segundo, ficou em pé, com as costas apoiadas no tronco da árvore. Preparou uma flecha e a disparou. O projétil passou sobre a cabeça de Nailo, indo de encontro ao corpo do guepardo que enfrentava o ranger.
Enquanto a fera ainda se contorcia de dor, Squall já se deslocava em alta velocidade, contornando o flanco esquerdo de Nailo, com sua espada nas mãos. Gritando enfurecido, o feiticeiro lançou seu corpo contra o animal, cravando a lâmina da espada na altura do coração. O animal recuou com a força do golpe e caiu diante de todos, já sem vida.
Os familiares dos conjuradores atacaram conjuntamente a fera remanescente. A coruja de Sairf e o falcão de Anix conseguiram causar pequenos ferimentos no corpo o animal, ao contrário do lobo de Nailo e do falcão de Squall. Desesperado, e sem seu companheiro, o guepardo tenta fugir para a floresta. Ao dar as costas para os heróis, o animal foi duramente atacado por aqueles que estavam mais próximos. A fera conseguiu se esquivar habilmente de todos os ataques e correu até a borda da selva. Mas para sua infelicidade, Nailo saiu em seu encalço. A espada do ranger alcançou as costas do pobre felino antes que ele pudesse se esconder entre as árvores, ceifando sua vida.
Os heróis recolheram suas armas principais e pararam alguns minutos para descansar. Anix e Legolas sacaram suas adagas e começaram a retirar as peles dos animais. O mago ficou com os pedaços maiores, enquanto o arqueiro guardou consigo apenas a pele que envolvia o pescoço de um dos guepardos. Nailo e Lucano dividiram entre si as presas dos animais, arrancadas com muito esforço pelos dois. Fizeram uma rápida análise do lugar procurando as razões para aqueles animais estarem ali. Nailo encontrou pegadas de pequenos roedores seguindo na direção da trilha e as seguiu. O grupo já se levantava para seguir viagem, enquanto Anix abria o estômago de um dos animais. Ao ver que não havia nada ali, o elfo concluiu que ele e seus amigos seriam a refeição dos felinos. Sairf olhou nas genitálias dos animais e ao ver que se tratava de dois machos, concluiu que a clareira não era nenhum tipo de toca ou ninho. Os dois magos se levantaram e seguiram seus companheiros pela mata.

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