setembro 14, 2005

Capítulo 93 - As divagações de Anix

Os heróis voltaram a descer as escadas, todos menos Anix. Cabisbaixo, o elfo estava perdido em seus próprios pensamentos e nem percebeu seus amigos se afastando.
_ O que aconteceu Anix? Por que está aí tão calado? – perguntou Sairf, já retornando para junto do amigo.
_ Eu estava pensando nos sonhos que tivemos, e na relação com as visões de Enola. – a voz de Anix soava triste naquele corredor escuro – Vocês se lembram das três visões que ela teve quando nós a encontramos da primeira vez? Ela disse que via a fúria despertando, que o pequenino trazia a chave da libertação e que o de fala mansa poderia nos matar! Bem, nós achávamos que isso tinha a ver com o Tarrasque, Guiltespin e Teztal respectivamente, mas eu acho que estávamos enganados! Eu acho que essas visões tinham algo a ver com o que estamos passando hoje, neste lugar!
_ Como assim Anix? - perguntavam os demais em coro ao se aproximar do elfo. Anix continuou:
_ Bem, eu acho que o despertar da fúria, na verdade, se referia a esta criatura de sombras que vive nos atormentando nos sonhos. Aquela que nos matou e que na última noite matava nossas amadas! – Anix parou para tomar fôlego, seus amigos estavam confusos com a revelação – O pequenino que trás a chave da libertação, ao invés de Guiltespin, pode bem ser a anã do nosso sonho, que inclusive nos entregava uma chave, provavelmente para libertar Liodriel! Já a pessoa de fala mansa, só pode ser o monstro que eu falei! Lembrem-se que no último sonho, ele chamava as pessoas mais queridas por nós com uma voz suave e mansa! Acho que pode ser isso, talvez as visões da Enola estavam se referindo a este momento! Lembrem-se que ela disse que via um coração negro que dormia sob a terra, e nós também vimos isso e era o monstro do nosso sonho!
Todos ficaram chocados com a possibilidade de Anix estar certo em suas divagações. Pararam calados por alguns instantes, refletindo sobre aquele assunto que tanto os incomodava, quando Sam interveio:
_ Bom amigos! Seja lá o que as visões de Enola nos revelem, se Anix estiver certo, todas as respostas estarão mais abaixo. Vamos adiante então!
_ Tem razão Sam! – exclamou Nailo – Mas quando nós encontrarmos aquele monstro do sonho, nem pense em tocar seu alaúde! Não quero ver você morrer novamente como acontecia no sonho.
_ Ora! Não posso ficar sem tocar, o alaúde é uma extensão do meu corpo. Eu nasci para isso! Além do mais, eu sou um bardo! Bardos dão sorte e matá-los dá um tremendo azar! Eu sou protegido de Tanna-Toh, a deusa do conhecimento. Ninguém com um mínimo de bom senso vai se atrever a me matar! Vamos embora meus amigos! Vamos salvar a bela dama! – Sam tentava animar a todos com seu bom humor, mas ao mesmo tempo, aquele bom humor escondia suas próprias preocupações e temores.
Antes de prosseguirem, conforme sugerido por Sam, Nailo tomou uma decisão surpreendente. O ranger abriu sua mochila e retirou de dentro dela uma maçã, vermelha como um rubi, tão bela como se acabasse de ser apanhada. Era o presente de Allihanna. Nailo a entregou para Sam, dizendo que não queria mais arriscar a vida de seus companheiros caso viesse a encontrar o monstro que aparecia em seus sonhos. Com a maçã sob a tutela do bardo, Nailo tinha certeza que ela seria usada no momento em que fosse necessária e sabia que Sam não hesitaria em utilizá-la como ele havia feito no sonho que tiveram.

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