setembro 20, 2005

Capítulo 97 - O nauseante poder secreto dos trogloditas

Então veio a fúria. Num grito sincronizado que fez toda a caverna vibrar, os trogloditas mostraram aos heróis o poder de sua fúria. Seus corpos, antes esguios, tornaram-se volumosos. Seus músculos aumentaram drasticamente de tamanho, suas cristas, eriçadas no alto de suas cabeças, pareciam brilhar na escuridão. Seus olhos mudaram levemente de cor, tornando-se mais claros, e a estatura de todos se igualou com as dos heróis. Num salto, um dos trogloditas chegou até Legolas. Nailo ainda conseguiu num lance de sorte, atingi-lo na perna esquerda com a espada. Mas o monstro parecia ignorar a dor do ferimento, e com suas garras pontiagudas, rasgou o pescoço de Legolas.
O segundo monstro avançou na direção de Nailo. Era muito rápido e com poucos passos ele se aproximou do ranger, encarando-o em desafio. Em sua pele, um óleo viscoso brotava dos poros, exalando o mais fétido dos cheiros conhecidos no mundo. Um odor tão horrível e tão forte que chegava a causar ardência nas narinas de quem o aspirava. Nailo caiu de joelhos no chão, vomitando todo seu café da manhã nos pés de seu inimigo. O ranger levantou seu rosto, com muito esforço, e sentiu as garras de seu algoz cortando sua face com violência. Com a força do golpe, a cabeça de Nailo se virou, e ele pode ver atrás de si que Sam e Lucano também estavam caídos no chão, sofrendo com as náuseas causadas pelo cheiro do troglodita.
Aquele que liderava o bando subiu sobre o corpo do urso, gritando como um animal enlouquecido. Todos viram seu corpo liberar o óleo nauseante, e com ele um cheiro pior que a podridão. Squall e Sairf caíram, vítimas do odor, e se lembraram do cheiro que haviam sentido quando estavam descendo a escada. Sim, era o mesmo cheiro, só que muito mais forte e devastador.
Aos vômitos, Sairf, Squall e Lucano se arrastaram para longe dos inimigos. Lucano mergulhou sua cabeça na água do riacho, tentando se livrar dos efeitos do mau cheiro dos trogs. Mas isso era inútil. Sairf tentou usar uma poção de curar ferimentos para melhorar. Mas isso também era inútil. As criaturas que estavam sendo evocadas, retornaram aos seus planos de origem, quando Sairf e Lucano perderam a concentração nas magias. Agora, eles eram alvos fáceis para os trogloditas.
Corajosamente, Nailo ainda tentava lutar contra as criaturas. Reconhecendo sua parcela de culpa na situação difícil em que todos se encontravam, o ranger se colocou diante das criaturas, bloqueando sua passagem com o escudo emprestado de Lucano. Nailo era o que menos havia sido pelos stirges, e sua intenção era resistir o máximo possível para que seus amigos pudessem escapar com segurança. Entretanto, ele não ficou sozinho. Legolas e Anix, que resistiam aos efeitos nauseantes do odor troglodita, ficaram ao lado do ranger, combatendo as criaturas.
Legolas, estava prensado contra a parede por seu adversário. Mesmo assim, ele conseguiu disparar uma flecha no peito do inimigo. O arco emprestado por Nailo era poderoso, e a força mágica concedida por Lucano tornava os ataques ainda mais potentes. Mesmo com tudo isso, o monstro não se rendia. Suas garras e presas atacavam Legolas com uma velocidade impressionante. O elfo sentiu as garras da fera entrando em sua barriga e tentou se defender com o arco. O monstro o mordeu, encarando Legolas e exibindo suas presas afiadas.
Anix, decidiu usar uma magia poderosa contra seus oponentes. Com um braço estendido e o outro curvado, como se segurasse um arco, o mago se concentrou e evocou um feitiço. Mas o cheiro que permeava o lugar o fez perder a concentração e baixar os braços. Uma flecha mágica partiu do arco imaginário brilhando e atingiu a perna de Anix. A flecha de ácido perfurou a perna do mago, corroendo sua roupa e sua pele por longos segundos até desaparecer.
Mais à frente, Nailo recebia inúmeros ataques dos outros dois trogloditas. Garras e dentes choviam sobre o escudo como uma torrente. Muitos desses ataques, venciam a proteção de metal e caiam sobre o corpo do ranger, levando sua vida aos poucos. Nailo teve sua cabeça mordida, seus ombros rasgados, suas costas perfuradas e suas orelhas mastigadas pelos trogloditas. Quando percebeu que não resistiria mais, ele recuou e agarrou a varinha mágica. Mas os enjôos que sentia, não lhe permitia concentrar energia mágica para ativar o poder mágico do item para curar seus ferimentos. Nailo viu seu companheiro Squall falhar da mesma forma, quando tentava usar sua varinha mágica, e sentiu que seu fim estava próximo. Mas seus amigos não o abandonaram. Enquanto Legolas e Anix atacavam com flechas e mísseis mágicos, Sam teve tempo para se aproximar de Nailo e colocar em sua boca um frasco com um líquido esverdeado. Era uma poção de cura.
Com Nailo enfraquecido, os trogloditas passaram a atacar Anix e Legolas. O rival do arqueiro usou nele seu óleo fétido e conseguiu imobilizá-lo. Anix resistiu aos efeitos mais uma vez, mas um dos monstros saltou sobre ele, mordendo-lhe o nariz. O líder dos trogs saltou sobre Legolas, pronto para exterminá-lo. Mas aquilo que até então era uma vantagem o prejudicou. O monstro escorregou no vômito do elfo e caiu de costas no chão, sem poder atacá-lo. Mas Legolas estava impossibilitado de lutar, e agora só podia recuar. A única esperança do grupo era Anix, o único que ainda podia lutar. Anix evocou seu feitiço mais poderoso, a bola de fogo, e pretendia destruir todos os monstros com seu poder. Mas o mau cheiro lhe tirava a concentração e quando o feitiço foi concretizado, Anix viu a energia mágica se dissipar lentamente. A magia estava perdida, e as esperanças também.
Os trogloditas atacaram Anix com suas garras. Anix ficou à beira da morte e se viu forçado a recuar. Afastou-se o máximo que podia, e usou uma magia para lhe conceder uma vitalidade ilusória e permiti-lo voltar a combater. Anix ainda usou poções mágicas para curar parte de seus ferimentos, enquanto assistia, angustiado, ao massacre de seus amigos. Os trogloditas arrancavam pedaços de Sam, Nailo e Squall. Legolas, tentava subir as escadas para fugir, banhando-a com vômito e sangue. Lucano estava com a cabeça imersa no rio subterrâneo, não se sabia se vivo ou morto. Sairf, em desespero, tentou buscar algo que pudesse ajudá-los no outro túnel ainda não explorado. Parecia que o odor venenoso dos trogloditas causaria a morte de todos. “Veneno!”, disse Squall para si mesmo, lembrando-se que dentro de sua mochila havia dois frascos de antídoto que ele havia conseguido tempos atrás.

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