setembro 15, 2005

Capítulo 94 - O salão do esplendor

Mais alguns metros de caminhada e todos já podiam ver o fim da escadaria. Os últimos degraus circundavam a parede da caverna, formando um peitoril do lado oposto, que dava pra uma caverna ampla cujo teto atingia com facilidade os doze metros de altura. Logo depois do final da escada, uma correnteza de água surgia de uma fenda na parede e seguia, cortando o meio da caverna até desaparecer sob a parede do outro lado da câmara. Dois túneis que conduziam para fora da câmara podiam ser distinguidos na escuridão, um em frente da escada distante uns dez metros dela, e o outro à direita a cerca de quinze metros de distância. O lugar era extremamente frio e úmido. Gotas d’água escorriam pelas paredes e pingavam do teto, formando estalactites e estalagmites exóticas. Um cheiro muito fraco se fazia presente de tempos em tempos. Um aroma fétido que fazia os heróis se entreolharem desconfiados, tentando descobrir o responsável por aquele fedor. Ma o que mais chamava a atenção de todos, era a beleza do lugar. As paredes cintilavam , cobertas de pequenas pedras semipreciosas. Tanto a escada, quanto os túneis haviam sido esculpidos para preservar a beleza natural do lugar. O brilho da tocha era refletido por aquelas paredes multicoloridas, formando um caleidoscópio natural. Aquele era realmente o Salão do Esplendor, como Sam havia mencionado, quando contou a lenda do anão Durgedin. A origem do nome da lendária forja, se fosse realmente naquele lugar, estava explicada.
Anix e Legolas desceram os últimos degraus da escada e se dirigiram para o centro do salão. Nailo decidiu que seguiria sozinho pelo túnel que estava logo à frente do fim da escadaria e seguiu sem dizer nada. Os demais aguardavam no alto da escada, uns quatro a cinco metros acima do nível do salão.
Não fosse o som da água que corria veloz pelo chão, o lugar estaria em completo silêncio. Legolas e Anix caminharam lado a lado fazendo o reconhecimento do lugar. Tudo estava tranqüilo. Não havia presença de nenhum monstro ali que pudesse lhes fazer mal. Os dois já estavam retornando para junto do restante do grupo quando algo despencou do teto sobre suas cabeças. Inicialmente, os dois pensaram nas estalactites, mas era algo pior. Dois stirges, ainda maiores que os enfrentados na escada, caíram do céu da caverna sem produzir nenhum ruído sequer. Numa fração de segundo, Anix e Legolas estavam firmemente agarrados pelas criaturas vampíricas. Anix gritou, chamando a atenção de seus amigos, enquanto se debatia tentando remover o ferrão do animal de seu corpo. Mas os outros nada podiam fazer para ajudar os dois, pois tinham que se preocupar em salvar a própria pele. Outros quatro stirges as atiraram do teto sobre Nailo, Sairf, Sam e Lucano. O alerta dado por Anix, permitiu a todos uma rápida reação. Assim, nenhum dos insetos conseguiu ferir os heróis na escada ou Nailo.
Legolas agarrou a criatura em seu peito e a puxou com todas as forças. O monstro se desprendeu do corpo do elfo, e Legolas o colocou entre os joelhos, enquanto tentava estrangulá-lo. Ao seu lado, Anix tocou o stirge, com a mão direita carregada de energia. Um relâmpago riscou a escuridão da caverna, eletrocutando o inseto e o mago. Longe dali, do outro lado, os heróis lutavam como podiam para evitar que seu sangue fosse tomado pelos monstros. A espada de Nailo passou sob o dorso de seu inimigo, abrindo um corte profundo. O inseto não se deu por vencido e tentou novamente perfurar o peito do ranger. A espada se chocou com o ferrão, aparando o golpe.
No último degrau da escada, Sam enfrentava dificuldades. Antes que o bardo pudesse agir, o monstro voou em sua direção, fincando sua enorme agulha no corpo do menestrel. Após sorver todo o sangue que desejava, o stirge partiu, voando desgovernado em direção à fenda que dava origem à correnteza.
A exemplo de Nailo, Lucano tentou se defender com a sua espada, mas a criatura que o atacava foi mais veloz, saltou sobre o peito do clérigo e perfurou sua carne com força. Pouco à frente do clérigo, Sairf também estava em sérios apuros, com um inseto preso em seu rosto. As pequenas patas do animal rasgavam a pele do mago, quase arrancando suas orelhas. O enorme ferrão em forma de agulha, cravado profundamente no crânio de Sairf. Sam correu para ajudar o amigo e atingiu o animal com um poderoso golpe de sua maça. Entretanto, a criatura não se rendeu à força do bardo, e o maior prejudicado foi Sairf. Já não bastasse o monstro tentar lhe sugar até deixá-lo completamente seco, agora ele recebia pancadas no rosto.
Squall também tentou ajudar seus amigos. Com sua mágica, o feiticeiro conseguiu ferir os monstros que atacavam Sam, Sairf e Lucano, atacando-os com projéteis de energia luminosa. Ho-oh também queria ajudar seu mestre. Desesperada, a coruja tentava arrancar o monstro de cima de Sairf. O mago também não se rendia, e tentou matar a criatura com um virote. Contudo, com a visão bloqueada, ele não foi capaz de mirar a besta e atingiu apenas o teto.
No centro do salão, após saciar sua sede de sangue, o stirge voava, tranqüilo, de volta para seu ninho, enquanto Anix tentava golpeá-lo com os punhos. Enfraquecido pela criatura, Anix mal podia se mover, então ele decidiu usar sua magia para liquidar o inimigo. Um leque de chamas ardentes se formou no ar após Anix proferir um encantamento. O stirge caiu no chão, com seu corpo todo chamuscado. Desesperado, Anix saltou sobre a criatura morta mordendo-a, e passou a tomar o próprio sangue de volta com a boca.
Ao seu lado, Legolas se esforçava para manter presa a criatura capturada por ele. Era extremamente difícil manter aquele monstro parado, então Legolas decidiu acabar com ele de uma vez. Correndo até perto da escada, Legolas levantou os braços que seguravam o inseto, e o atirou contra uma estalagmite no chão. O abdome da criatura se rasgou, e ela conseguiu se livrar da rocha e voltou a atacar Legolas. Squall saltou de cima da escadaria sobre a besta e cravou a lâmina de sua espada nela, salvando seu amigo do perigo.
Após sugarem tudo o que desejavam, os monstros deixaram Sairf e Lucano e partiram. O clérigo tentou impedir a fuga dos inimigos com o machado conseguido na batalha contra os orcs. Mas a falta de proficiência com uma arma tão pesada fez com que o sacerdote falhasse. Sairf conseguiu matar um deles com sua besta, e Sam esmagou a cabeça do segundo com sua maça. Em seguida, Sam correu para ajudar Nailo que, apesar de já ter arrancado três das oito patas de seu inimigo, agora estava preso e sendo sugado pela criatura. A maça do bardo atingiu as costas do monstro, esmagando-a sobre o peito de Nailo.
Os monstros estavam todos mortos, mas os heróis haviam perdido muito sangue e estavam muito fracos. Todos precisavam descansar e recuperar as energias perdidas, então ficou decidido que todos voltariam para a sala onde haviam dormido para cuidar de suas feridas. Porém, esse não era o desejo de Nailo.

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