Capítulo 264 – Cabo Nailo
Na manhã seguinte, um dos soldados chegou à prisão do forte Rodick, destrancou todas as celas e soltou todos os que ali estavam presos. Nenhum deles entendeu o que estava acontecendo, já que, conforme as ordens de Glorin, todos sabiam que permaneceriam presos durante uma semana, pelo menos. Então, o soldado entregou as ordens a cada um dos libertos e as coisas começaram a fazer sentido. Todos, com exceção de Nailo, foram convocados pelo capitão Glorin, para receberem dele suas novas ordens. Quanto ao sargento, ele deveria se apresentar diretamente ao general Wally Dold, sem a companhia dos demais.
Assim, Kawaguchi, Akira, Lord e Hydor foram ao encontro de Glorin. O anão estava no campo de treinamento, inspecionando os exercícios das tropas, quando foi abordado pelo grupo recém liberto. Virou-se quando Kawaguchi o chamou e se apresentou, e sua expressão era séria e taciturna, seu olhar era frio como os picos nevados das Uivantes.
_ Capitão! Queria nos ver? – perguntou o samurai.
_ Sim, soldados! Seu período de detenção terminou! E eu já tenho novas tarefas para vocês! Venham comigo! – respondeu o anão.
_ Hay! – gritou Kawaguchi, concordando com a cabeça, Glorin bufou, contrariado.
Foram até os alojamentos dos soldados, os, agora, 86 loucos, como Glorin costumava dizer. O anão entrou com todos em cada uma das construções que serviam de abrigo para os recrutas e disse:
_ Vocês viram cada um desses barracões? Eu quero que vocês os limpem todos os dias, a partir de hoje e durante uma semana inteira! Farão isso na parte da manhã! Na parte da tarde, cuidarão dos estábulos! Limparão tudo, tratarão dos animais e os alimentarão! E, quando terminarem essas tarefas, ajudarão a cuidar de nossa horta até o dia terminar e o sol se pôr! Agora vão pegar equipamento de limpeza e comecem a trabalhar! E, enquanto estiverem fazendo esses trabalhos sujos e cansativos, quero que reflitam sobre o que fizeram nos últimos dias, para que vocês aprendam a serem disciplinados e mais educados! Agora vão!
_ Hay! – responderam todos em coro, e correram para o depósito do forte em busca de vassouras, baldes e escovas. Glorin balançou a cabeça de um lado para o outro, contrariado. Enquanto isso, Nailo se sentava diante do general, para receber sua sentença.
_ Bem, Nailo! Os últimos acontecimentos, e toda aquela discussão que aconteceu ontem aqui serviram para me mostrar uma coisa importante! Embora você seja um lutador poderoso e valente, como me disse o capitão Glorin logo que vocês chegaram aqui, você não tem capacidade de liderança! Você, assim como os seus soldados, é indisciplinado! Glorin já havia me alertado quanto a isso, e me relatado sobre seu comportamento durante o período em que estiveram juntos antes de chegarem aqui! Foi a pedido dele que eu concordei em promovê-lo a sargento, para lhe dar uma chance! Acreditávamos que, estando do outro lado da situação, atuando como comandante e não como comandado, você iria aprender a domar essa sua rebeldia toda! Mas, parece que nos enganamos! O espetáculo de ontem me mostrou isso! Você pode ser um bom combatente, mas definitivamente não é um bom líder! Por isso, não tenho outra opção a não tirá-lo do posto de sargento! Lembro-me que, pelas suas próprias palavras, sua grande preocupação era não ser responsável pelo que pudesse acontecer aos soldados! Pois bem, a partir de agora você não será responsável por ninguém mais além de você! De agora em diante você será cabo! Continuará treinando os soldados e ensinando-lhes um pouco daquilo que você sabe sobre combates, mas não irá mais liderar missões dentro ou fora do forte! Dessa forma não teremos mais problemas, espero eu! – o general falava vagarosamente e com pesar. No entanto, sua voz era firme, e preenchia todo o ambiente da sala, apesar dele falar em um tom baixo, quase sussurrando.
_ Sim, senhor! Eu compreendo, e espero um dia poder provar meu valor e receber uma nova chance de recuperar o que eu perdi hoje! – respondeu Nailo, com a cabeça erguida, mas com o orgulho ferido.
_ Está certo, eu também espero isso! Agora, volte ao trabalho, cabo Nailo! Dispensado! – concluiu o general.
Nailo bateu continência e se retirou, sem comentar com ninguém o que havia acontecido. Aos poucos, entretanto, todos no forte foram capazes de entender o que tinha sido decidido naquele dia e, apesar do desapontamento que o ranger sentia, a vida voltou ao normal em forte Rodick.
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