outubro 05, 2005

Capítulo 109 - Um coração bate nas profundezas

Mas aquelas labaredas do animal não era suficientes para ter derrotado seus amigos, pensou Anix. Então ele viu Kaarghaz fora do túnel, após lançar uma bola de fogo contra seus companheiros e compreendeu o que havia acontecido. Kaarghaz sabia, assim com Anix, que aquela criatura das trevas era imune ao fogo. Assim, o troglodita poderia usar sua magia de fogo sem correr o risco de perder um aliado em combate.
Invisível, Anix tentou se aproximar furtivamente de seu odiado inimigo, enquanto Nevan tentava acertá-lo com suas flechas, e Sairf conjurava um novo aliado para seu grupo. Mas ao passar por dentro do rio, Anix despertou a atenção de Kaarghaz que se defendeu a tempo. Anix conseguiu cravar a adaga na lateral da cabeça de Kaarghaz, mas o monstro conseguiu minimizar os efeitos do golpe. Ferido, Kaarghaz se afastou, enquanto Lucano corria para ajudar seus amigos e o cão infernal travava uma batalha de chamas contra o elemental. O troglodita retirou outra conta de seu colar, e a atirou na parede atrás de Anix. A pequena esfera explodiu, transformando-se numa enorme esfera de fogo que envolveu Anix em suas chamas.
Kaarghaz riu enquanto Anix queimava. Anix se levantou prometendo matar o troglodita. Ao mesmo tempo, do alto da escada, Sairf ordenou que uma gigantesca centopéia invocada por ele, atacasse o monstro. A centopéia morde a perna do troglodita, envenenando-o. Sairf ainda conseguiu criar magicamente uma área escorregadia abaixo de Kaarghaz e o derrubou no chão. Parecia que este seria o fim do inimigo. Anix aproveitou a oportunidade criada pelo amigo e lançou sua bola de fogo em Kaarghaz. O monstro ardeu em chamas, junto com a centopéia abissal, mas ainda assim continuava vivo. Kaarghaz apontou para Anix, prometendo matá-lo, devolvendo o desafio lançado pelo mago. O feiticeiro lançou outra conta em cima de Anix e se jogou dentro do rio para não ser atingido pela explosão. O troglodita se deixou levar pelas águas, até próximo do túnel de saída, enquanto Anix era queimado pelo fogo.
Distante dali, Legolas, que acabara de ser salvo da morte pela mágica de Lucano, se levantou do chão. Legolas viu o cão infernal destruindo o elemental do fogo, e correndo escada acima para atacar Sairf e Nevan. Também viu Kaarghaz boiando no riacho tentando fugir da batalha. Legolas sacou uma flecha e a disparou, certeira, nas costas do monstro. Kaarghaz parou de se mexer, apenas a correnteza da água agitava seu corpo. Estava morto. Anix foi até o corpo do inimigo, entrando no rio e constatou que ele já não respirava. Anix o tirou de dentro da água, arrastando o cadáver para perto de onde Nailo e o corpo de Sam estavam. Anix segurou sua adaga com uma mão e a cabeça do troglodita com a outra mão, pronto para desferir um último golpe e se certificar da morte do inimigo. Dessa forma, a morte do amigo Sam Rael estaria vingada. Restaria apenas dar um enterro digno ao bardo que, por pouco, não teve seu corpo retalhado por um dos trogloditas momentos antes. Anix olhou para o inimigo de frente, levantou a mão para tomar impulso e viu os olhos de Kaarghaz se abrindo lentamente. Kaarghaz passou o dedo indicador em seu próprio pescoço, enquanto encarava Anix, anunciando a morte do mago. Com a mesma mão, Kaarghaz retirou uma conta de seu colar, que se tornou rubra ao ser retirada, e a esmagou no chão com sua mão.
Nevan, sacou sua espada de madeira negra, antes que seu arco atingisse o chão. A lâmina erguida desceu como um raio sobre o dorso do cão infernal. Sairf terminou com o que restava de vida no animal cravando a lâmina de sua adaga no centro de sua testa. O cão caiu e seu corpo se desfez como mágica mas os dois nem puderam comemorar o feito, pois viram uma grande explosão, ainda maior que as anteriores, consumindo Anix, Kaarghaz, Nailo, e o corpo de Sam. Os dois haviam sido atingidos pelo ataque de chamas do cão infernal, mas isso não se comparava ao que eles acabavam de testemunhar. A explosão ecoou por toda a caverna, fazendo-a estremecer. Estalactites despencaram do teto, parecia que todo o complexo iria desabar naquele instante.
Quando o fogo recuou e se extinguiu, restava apenas Anix em pé, já quase sem forças, segurando o crânio chamuscado de Kaarghaz. Ao seu lado, o poste de madeira estava caído no chão, com Nailo ainda amarrado e amaldiçoando o destino. O corpo de Sam também estava lá, preso e caído, da mesma forma que Nailo.
Todos correram para ajudar os amigos. Lucano curou Squall e os dois foram até o poste também. Legolas libertou Nailo e Sam, e colocou o corpo ainda quente do bardo em seus ombros para levá-lo ao andar de cima e lhe dar um sepultamento honroso. Na testa do bardo havia uma curiosa marca. Uma árvore cheia de ramos, na forma de uma tatuagem ou queimadura, ornamentava a testa de Sam. Legolas não se importou com o símbolo, que foi reconhecido por Lucano como sendo o símbolo de Allihanna, a deusa da natureza, e o ergueu do solo, colocando-o sobre seus ombros. Todos ficaram imaginando o motivo daquela marca. Pensavam se a deusa teria protegido o corpo do bardo contra as queimaduras da bola de fogo de Kaarghaz.
Legolas saiu caminhando, sem dizer nada, enquanto todos o observavam com lágrimas nos olhos e as mentes confusas. Nem se importou com o fato do cadáver estar quente. Obviamente seria por causa das chamas da magia de Kaarghaz, pensava ele. Nem se importou com a marca de Allihanna. Obviamente um sinal de que a deusa da natureza havia acolhido a alma do bravo Sam. Mas então, junto com seus passos, Legolas notou um som rítmico como rufar de tambores, que acompanhava cada um de seus passos. Também havia um ruído de passagem de ar, bem suave e distante como uma respiração. Legolas parou, mas o som das batidas continuava “Tum...dum...tum...dum...tum...dum...”. Então com os olhos cheios d’água, Legolas colocou o corpo de seu querido amigo de volta no chão, se virou para seus companheiros e disse em alto e bom som:
_ Amigos! Acho que o Sam...o Sam está vivo!

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