outubro 13, 2005

Capítulo 112 - Orcs em fuga?

Sairf chegou à sala onde todos estavam acampados, e contou a seus amigos sobre o que ele e Nailo haviam ouvido. Para que o ranger não corresse perigo sozinho, Anix decidiu que desceria para acompanhar Nailo. Com sua mágica, Anix se tornou invisível, dessa forma não poderia ser visto por nenhum monstro e poderia ajudar Nailo caso necessário. Enquanto todos aguardavam, Sairf, Lucano e Squall foram até o depósito dos orcs, em busca de mantimentos e de mais objetos úteis, como o equipamento de Nevan, que os orcs pudessem ter roubado.
Em meio a pregos, martelos, lenha, óleo, pás, enxadas, e outros utensílios de menor importância, os três encontraram caixas que continham tecidos, alguns até finos, e roupas, ideais para substituir os trajes rasgados, molhados e queimados com os quais estavam há tempos.
Squall e Lucano reuniam roupas e comida, enquanto Sairf abria um outro caixote ainda não vasculhado por eles. Nesse instante, Legolas passou pelos três, apressado, e carregando todo o seu equipamento.
_ Legolas, onde você está indo? – perguntou Squall.
_ Não se preocupem comigo! Vou lá fora um instante. Logo estarei de volta! – respondeu Legolas a passos largos.
Legolas os deixou para trás, sem dar maiores explicações e atravessou as portas de pedra que conduziam à saída. Atravessou a ponte de cordas sem dificuldades, já que dessa vez não existiam orcs para dificultar a travessia. Retirou a tora de madeira que bloqueava o portão da montanha e a soltou no chão tentando não fazer barulho. Legolas puxou o enorme portão de pedra para dentro, com grande dificuldade, até a luz do sol penetrar por uma pequena fresta. O portão foi se abrindo lentamente até a fresta ter tamanho suficiente para a passagem do elfo. Legolas sacou seu arco, preparou uma flecha e apoiou a tocha no chão, encostada no portão. Olhou atentamente para fora da caverna, à procura de inimigos, e somente quando teve certeza de que tudo estava em segurança, saiu.
Lá fora, Legolas foi atravessando cautelosamente a fenda sinuosa que servia de entrada para o Salão do Esplendor. No chão, além da sujeira comum dos orcs que eles haviam encontrado no dia em que chegaram àquele lugar, Legolas viu algo estranho que lhe chamou a atenção. Abandonada na escada, estava a carcaça de um animal quadrúpede, abatido poucos dias atrás. Os pequenos chifres na cabeça, que haviam sido serrados por alguém, revelavam a espécie do animal, um cervo. As marcas de perfuração revelavam que o pequeno animal havia sido morto a flechadas. A julgar pelo formato dos furos, totalmente irregulares, só poderia ter sido obra de orcs. Sim, havia mais orcs por perto, pensou Legolas. Eles deveriam estar caçando quando os heróis chegaram na montanha, e agora estavam de volta.
Legolas continuou seu trajeto ainda mais temeroso. Encontrou um grande pote de argila espatifado no chão, cheio de cogumelos, que deveria pertencer aos orcs. Provavelmente eles estavam caçando e colhendo cogumelos para o seu bando e viram alguma coisa que os fez abandonar tudo e se esconder. Talvez tivessem percebido a chegada de Legolas e estivessem preparando uma cilada.
Legolas andou até o início da escadaria que descia pela encosta da montanha. Observou tudo a sua volta, mas não havia nem sinal dos orcs. Sentindo-se seguro, ele dirigiu-se até o local onde haviam deixado os cavalos. Os animais estavam espalhados, pastando pela encosta da montanha, mas ainda assim protegidos da visão de quem quer que seja que passasse pelas escadas. Após reagrupar os animais Legolas tratou com carinho de seu cavalo. Por meio de gestos, sinais e algumas poucas palavras do idioma silvestre, aprendidas com Nailo e Anix, Legolas conseguiu fazer com que seu cavalo lhe desse informações importantes. Um bando de aproximadamente quatro orcs havia passado pela trilha, mas não haviam notado nem feito mal aos cavalos.
Certo de que os cavalos estavam seguros, Legolas retornou para a trilha. Tentou subir a escada correndo, para chegar mais depressa ao local onde seus amigos estavam, mas o musgo acumulado nos degraus devido aos muitos anos de descuido com aquela escada, fez com que Legolas escorregasse e caísse de costas, sofrendo algumas contusões leves. Deitado na escada, com as costas para baixo e a cabeça voltada para o sopé da montanha, Legolas viu que havia outra pessoa caída, muitos degraus abaixo. Ele se levantou e se aproximou da pessoa caída, com o arco pronto para atacar. Quando estava perto o suficiente, ele notou que era um orc. As moscas que o rodeavam deixavam claro que estava morto há alguns dias. Não havia marcas de cortes ou perfurações que pudessem ter levado aquele ser a óbito. Somente marcas de contusões, parecidas com os pés do próprio orc, pareciam culpadas pelo seu falecimento. Legolas retornou para a montanha, sem entender os motivos que levariam os orcs a abandonar sua caça e a pisotear um companheiro. Estariam eles fugindo ao ver seus companheiros mortos na entrada da montanha? Ou eles haviam fugido a ver Legolas saindo pelo portão? Ou será que alguma criatura havia saído do meio da floresta e os atacado, fazendo com que fugissem desesperados e pisando uns nos outros? Legolas não entendia o que se passava ali, mas sabia da sua missão, e isso bastava para ele.

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