outubro 19, 2005

Capíulo 119 - A porta

Legolas e Nailo, já visíveis novamente por estarem afastados de Anix, seguiram para o sul, patinando através da correnteza fria e ligeira. Os dois emergiram em uma grande caverna de teto alto, quase dez metros longe do solo, e com a parte mais distante difusa na escuridão. Nailo disparou uma flecha acesa em direção ao fundo da caverna, iluminando o local para os dois. Eles foram caminhando lentamente para o fundo, até que puderam ver todos os detalhes do lugar. A correnteza percorria o meio da caverna, tornando-se mais larga e profunda, até alcançar o limite sudoeste da câmara, onde formava um profundo estanque com quase seis metros de largura antes de prosseguir adiante. Na parede leste dessa lagoa, havia uma rústica parede de pedra, construída com entulho, lama e madeira, para bloquear uma passagem para outra alguma outra caverna. No limite sudoeste, uma primitiva porta feita de lama e madeira, bloqueava outra passagem.
Legolas e Nailo foram até próximo desta porta, onde ouviram vozes conversando em idioma dracônico. Os dois se abaixaram, para observar pela fresta que existia entre a barreira e o piso, e viram aproximadamente vinte pés de trogloditas, movendo-se do outro lado. Parecia que os dois finalmente haviam encontrado o ninho daquelas criaturas desprezíveis. Era quase certo que os pertences de Nailo e Sam estariam daquele lado, porém, para chegar até eles, primeiro precisariam passar pelos monstros, e para isso precisariam de ajuda. Os dois recuaram, para buscar seus amigos que estavam explorando outra região da montanha.
Enquanto isso, o restante do grupo entrava na câmara onde os anões eram sepultados. A câmara era iluminada por uma branda fosforescência natural. Cristais brilhantes reluziam com suavidade sob uma luz misteriosa. Veios estranhos e bonitos e estruturas delicadas de pedra enfeitavam o lugar. Ao todo, o lugar abrigava vinte e três esquifes de pedra, onde jaziam os corpos de antigos anões. A maioria das tumbas, entretanto, parecia estar vazia. Mas o que chamava a atenção mesmo, era a fosforescência que vinha da caverna adjacente ao sepulcro. Os heróis caminharam cautelosamente até a borda de um desfiladeiro de seis metros de altura, no qual estava imersa a outra porção da caverna. Uma grande caverna, com quase sessenta metros de comprimento, teto alto de cerca de quinze metros, que refletia a fosforescência que vinha de baixo. A luz do bastão solar gerava cintilações ofuscantes nos veios brilhantes e nas estruturas rochosas mais distantes. Placas de fungos estranhos recobriam o solo, incluindo talos coroados do tamanho de seres humanos e flores de assoprar luminescentes com quase um metro de largura. Três protuberâncias rochosas a seis metros do chão saiam das paredes norte sul e oeste. Corredores estreitos abriam caminho à direita e à esquerda dos heróis. Um lance de escadas, esculpido na rocha, invadia a câmara e prosseguia numa trilha sinuosa no centro da caverna até um portão de ferro na muralha no extremo oposto. Uma brisa suave e fresca subia pela câmara rumo à superfície, muitos metros acima. Os heróis sentiram um calafrio, não por causa da brisa, mas sim por reconhecerem aquele portão de ferro.
Era um portão de ferro pequeno e resistente encaixado na muralha da caverna. Com rebites pesados ornando sua superfície e sem dobradiças à vista. Em sua superfície, runas de prata sem lustre contrastavam com o ferro enferrujado que compunha a porta. Anix lançou uma magia sobre si, para poder compreender o idioma dos anões. E com sua visão apurada, ele leu as runas para seus companheiros: “Durgedin”. Se restasse ainda alguma dúvida em suas mentes, a inscrição da porta com certeza a desfaria. Eles realmente estavam na lendária forja do anão ferreiro Durgedin. O lendário Salão do Esplendor, Khundrukar em anão antigo, onde eram fabricadas armas de qualidade superada somente talvez pelas produzidas na própria Doherimm, a Montanha de Ferro reino subterrâneo secreto do povo anão.
Legolas e Nailo chegaram ao local, acompanhados de Nevan. Nailo compreendeu que a passagem bloqueada no lago da outra caverna dava acesso ao sepulcro e viu a barreira improvisada deste lado também.
Finalmente as pistas dadas a eles através de sonhos começavam a se encaixar e a fazer sentido. O lugar onde os anões observavam os heróis era a câmara do sepulcro. A porta de ferro, atrás da qual ouviam marteladas, estava diante deles. A anã que lhes entregava a chave para aquela porta estava em algum lugar abaixo daquele nível. Mas para chegar até ela, eles teriam que passar por um lugar com muita água. E Nailo e Legolas haviam encontrado um lugar assim, na caverna anterior. Agora eles sabiam para onde deveriam ir e o que deveriam fazer. Era apenas uma questão de tempo para que pudessem finalmente salvar Liodriel e sair daquele lugar infernal. Mas um grito estridente e agudo, vindo do meio da selva de fungos, lhes tirou a tranqüilidade. Havia alguma coisa naquele lugar, e ela não parecia ser amistosa. Sem hesitar, e com os corações cheios de coragem e confiança, os heróis se prepararam para a batalha.

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