outubro 26, 2005

Capítulo 123 - A galeria

Então, o grupo se reuniu e decidiu seguir a pista do familiar de Squall que havia encontrado o lugar onde o rio subterrâneo continuava numa forte correnteza. Todos retornaram pela trilha no meio dos fungos e das flores luminescentes. Legolas olhou para aquelas estranhas plantas e teve uma idéia brilhante. O elfo soltou o fecho que prendia sua capa ao corpo, e passou o tecido no meio das flores. Suas pequenas e delicadas pétalas alçaram vôo, preenchendo a câmara com vários pequenos pontos luminosos flutuantes. Enquanto isso, no chão, Legolas colocava sua capa de volta, que agora emitia um leve brilho. Todos se divertiram muito ao ver Legolas com uma capa fosforescente. Sairf aproveitou para fazer o mesmo com seu bastão, e Legolas se divertia sujando seus amigos com o pólen brilhante. Após um breve momento de descontração, o grupo se preparou para seguir adiante. Lucano iluminou seu machado magicamente e Anix usou a pérola que pertencia a Kaarghaz para recuperar suas magias. Anix ficou novamente invisível e seguiu à frente do grupo para espreitar os perigos que viriam pela frente.
O grupo adentrou numa caverna baixa e úmida. Uma forte correnteza rugia dentro da caverna e a cortava violentamente de um extremo a outro, descendo por uma fenda escura na porção leste da caverna. Gotículas de água se desprendiam do teto, tornando o chão liso e escorregadio. Um caminho lamacento acompanhava o leito da correnteza até terminar em uma passagem, ao lado da fenda, que descia para a escuridão por uma escada de pedras traiçoeira. Sim, aquele era o lugar com muita água que eles haviam visto em seus sonhos, e aquela fenda no chão era o local através do qual eles haviam descido antes de encontrar a anã com a chave. Sem hesitar, Legolas foi andando em direção à escada, quando Anix o interrompeu.
_ Espere! – gritou Anix assustado – Olhem bem esse chão! Está coberto de um tipo de musgo! Um limo! Deve estar muito escorregadio! Não andem perto do rio, ou então poderão cair nele e ser arrastados!
Todos olharam para o chão e notaram uma fina camada de musgo recobrindo-o na borda do riacho. Além disso, um leve declive em direção ao rio tornava o ambiente ainda mais traiçoeiro.
Seguindo o aviso de Anix, Legolas avançou cautelosamente, fincando sua espada no chão argiloso para lhe fornecer apoio. Quando estava mais próximo da escada, Legolas passou a andar de joelhos, com a espada e a adaga fornecendo-lhe apoio. Ele chegou em segurança ao topo da escada, e deu sinal para seus amigos o seguirem. Todos fizeram o mesmo trajeto de Legolas, da mesma forma que o elfo havia feito e chegaram em segurança ao seu objetivo. Nevan e Anix ficaram por último. Anix gentilmente se ofereceu para ajudar Nevan, usando sua magia de levitação para transportar o amigo em segurança até o andar inferior.
Após alguns minutos de caminhada escada a baixo, os heróis chegaram a uma ampla caverna. Uma queda d’água barulhenta emergia na parede à direita do grupo, terminando num lago profundo e gelado. As paredes rochosas cintilavam com a água pulverizada e uma combinação estranha de minerais e liquens esquisitos emprestava uma beleza alienígena ao local. O riacho subterrâneo continuava para frente, saindo do lago na base da cachoeira, e uma passagem natural a acompanhava naquela direção. Duas portas de madeira antiga estavam na muralha de rochas lapidadas à direita, fazendo-os lembrar da visão que haviam tido.
Estava tudo ali, tal qual eles haviam visto em sonho. A cachoeira, as muitas paredes por onde seus espíritos haviam atravessado entes de encontrar a anã. Restava apenas descobrir atrás de qual porta eles encontrariam aquela que lhes daria a chave para a libertação de Liodriel.
O grupo novamente se dividiu. Sairf e Squall foram pela porta da esquerda, enquanto o restante do grupo seguiu pela porta da direita. Anix abriu a porta sem dificuldade, e todos entraram em uma sala de pedra lapidada muito pequena. O lugar cheirava a podridão, e estava completamente vazio, a não ser por alguns restos de grãos, farinha e pequenos pedaços de madeira que se espalhavam pelo chão formando uma trilha em direção à saída. Em frente da porta, na parede oposta, havia uma arcada de pedra, que dava acesso à outra sala semelhante. Era possível ver a silhueta de barris e sacos que estavam armazenados ali. Os heróis foram investigar o conteúdo da sala subseqüente e foram surpreendidos por uma ninhada de ratos que se alimentavam dos restos de alimentos estragados, estocados há muitas eras pelo clã de Durgedin. Eram ratos enormes, do tamanho de cães. Seus olhos brilharam vermelhos, refletindo as luzes do grupo. Eram ratos atrozes. Subitamente, o bando saltou de cima dos barris e sacos e avançou contra os heróis.
Sairf e Squall tiveram dificuldade para abrir a outra porta. Ela estava fechada hermeticamente, e foi preciso muita força para conseguir arrombá-la. Ao abri-la, o ar exterior passou pela porta, formando uma leve corrente. A porta se abriu com um rangido pesado, revelando uma câmara arqueada, feita de pedra lapidada, com cerca de nove metros quadrados. Na parede mais distante, duas arcadas sem portas indicavam a existência de um aposento similar. Com dificuldade, era possível distinguir mais duas arcadas logo depois. A primeira câmara estava repleta de alimentos apodrecidos – barris de carne salgada estragada, sacos de farinha ou grãos cobertos com fungos dourados e tonéis de sidra que fedem vinagre. O local cheirava a podridão e o solo abaixo da primeira arcada emitia um brilho úmido conforme as luzes da lanterna e do bastão solar o atingiam. Intrigado, Squall caminhou na direção da mancha, enquanto Sairf o observava da porta de entrada. Quando o feiticeiro passou pela arcada, a mancha no chão, que parecia umidade, subitamente tomou massa líquida, ergueu-se do chão e chicoteou na direção de Squall.

Um comentário:

  1. Anônimo9:13 AM

    Com tudo isso já relatado já da para escrever um livro!!!!
    Abraço.

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