outubro 07, 2008

Capítulo 317 – Zigurate!

Dizem alguns supersticiosos de Fortuna que o número 7 é um número de sorte. Dirão outros que é um número de azar. Pois foi exatamente no 7º dia de Altossol, que Squall conheceu os dois lados do Tibar sobre essa crença. Pois foi nesse dia que ele teve a sorte de impedir que um antigo mal voltasse a se proliferar pelo mundo. Mas o dia sob o número 7 também trouxe à mente de Squall lembranças desagradáveis e uma sensação de insegurança e impotência.

Azgher já desfilava imponente sobre as cabeças dos soldados quando eles desmontaram o acampamento e embrenharam-se na floresta de árvores negras. Andrew os guiava, tentando localizar o rastro do fugitivo da noite anterior e procurando evitar as armadilhas naturais que o ambiente selvagem preparava para os incautos povos ditos civilizados. Seguiram por horas na carroça, sempre em direção ao norte, até que finalmente a natureza se rebelou e decidiu barrar o avanço dos soldados.

_ Daqui teremos que seguir a pé, sargento! – disse o elfo, mas logo interrompeu a si mesmo. – Espere, olhem ali!

Todos olharam para onde Andrew apontava e viram, numa clareira aberta a golpes de machado no meio da mata, um amontoado de carroças destruídas e saqueadas, um verdadeiro cemitério de carroças.

Squall já vira algo semelhante muito antes, mas sua mente não associou os fatos imediatamente. Foi preciso algo maior que causasse um grande choque para despertar suas lembranças.

Andrew conduziu a carroça até a clareira, por caminhos que somente seus olhos podiam ver. A carroça foi camuflada para se parecer com uma das que estavam abandonadas há tempos, os cavalos foram soltos na mata e o grupo continuou a pé, subindo uma pequena elevação que terminava num declive e numa enorme clareira. No centro da clareira, um morro rochoso se elevava cerca de trinta metros, cercado por um fosso profundo e vigiado por um batalhão de hobgoblins e um ogro. Presos além do fosso, dezenas de humanos trabalhavam em regime escravo, privados da liberdade para realizar uma tarefa inusitada. O som de martelos chocando-se contra formões ecoava pela clareira enquanto escravos carregavam enormes blocos de pedra e a pequena montanha tomava uma nova forma, a forma de uma pirâmide. E finalmente Squall entendeu o que estava acontecendo.

Squall estava em choque. Já presenciara aquela cena tempos atrás numa pequena e desconhecida ilha do Mar Negro. Um novo zigurate se elevava bem diante de seus olhos, desta vez incrustado no meio do reinado. O som do látego estalando do outro lado da pirâmide o despertou do transe em que se encontrava.

_ Soldados! Daqui para frente, tomem muito cuidado! Nada de brincadeiras, nem de subestimar os inimigos! Se minhas suspeitas estiverem corretas, enfrentaremos um grande perigo! – sussurrou Squall aos seus companheiros.

_ Precisamos libertar aqueles homens, senhor. Eles foram escravizados. – protestou Kataro.

_ Sim, e é o que faremos. Mas primeiro precisamos avisá-los de que estamos aqui, para preparar um plano de fuga. – respondeu Squall.

_ E como faremos isso? – perguntou Kataro.

_ Deixem comigo – disse Andrew. – Pedirei a algum animal que leve uma mensagem escrita a um dos escravos.

O elfo usou os dons de Allihanna para encontrar e falar com um pequeno esquilo. Tentou convencê-lo a levar um bilhete a um dos prisioneiros, mas o roedor se recusou, temendo por sua segurança diante dos monstros que vigiavam o zigurate.

_ Não se preocupem, eu mesmo me transformarei em um pássaro e levarei um bilhete aos prisioneiros! – anunciou o druida.

_ Não será necessário, Andrew! Eu mesmo me encarrego disso! Tenho aqui comigo um pergaminho mágico que roub..digo, ganhei de minha mãe, que resolverá nosso problema! – e dizendo isso, Squall retirou um pergaminho de sua mochila e conjurou sua magia.

A voz de Squall foi magicamente transportada para dentro dos ouvidos de um dos escravos e, aos sussurros, o feiticeiro se comunicou com o prisioneiro.

_ Ei você! Você que está carregando esse bloco de pedra! Ouça minha voz. Seu cativeiro está chegando ao fim. Eu estou aqui para libertá-lo! – sussurrou Squall.

_ Khalmyr? É você? – perguntou o confuso homem.

_ Não, imbecil! Sou do exército e estou com um pelotão escondido aqui nas árvores! Viemos aqui para libertar vocês!

Ao contrário de Squall, o pobre e confuso homem falava em voz alta, chamando a atenção do feitor hobgoblin que começou a espancá-lo. Em pouco tempo o restante dos hobgoblins atravessaram a pequena ponte de madeira que transpunha o fosso e foram ajudar no espancamento. Apenas o ogro permaneceu solitário próximo ao fosso, observando a confusão. Era a chance que Squall precisava.

O grupo avançou rapidamente pela ponte, atacando o ogro com lâminas e magia. O som da batalha chamou a atenção dos hobgoblins, mas não a tempo de impedirem a derrota do ogro. O primeiro monstro tombou em poucos segundos com suas forças drenadas pela magia de Squall e seu corpo retalhado e queimado pelas armas de Ass Hole e Ícaro e pela magia selvagem de Andrew.

Ass reerguia o machado após desferir o golpe fatal no ogro quando os hobgoblins conseguiram se aproximar. Gritavam de fúria, por reforços e em desespero quando Andrew comandou uma enorme esfera de chamas a rolar sobre eles. Ícaro investiu contra os inimigos brandindo seu machado e Squall disparava jatos de chamas sobre os hobgoblins.

Os monstros contra-atacaram com espadas, ferindo Ícaro e Squall. Um deles tentou em vão atingir Ass Hole e sentiu a lâmina do meio-orc partindo suas costelas pouco antes de Andrew empurrá-lo para dentro do fosso em direção à morte.

Os inimigos foram caindo um a um, seus corpos ora jorrando sangue pútrido, ora sendo incinerados, até que finalmente o último hobgoblin faleceu sob a espada de Squall quando tentava fugir covardemente. Mas antes que os heróis pudessem comemorar a vitória, os reforços convocados pelos monstros chegaram e os temores de Squall mostraram-se reais. De trás da pirâmide chegaram quatro homens, altos e fortes. Empunhavam grandes manguais de metal e seus corpos eram da cor do cobre e refletiam a luz do sol como se de fato fossem de metal. Eram quatro genasis de cobre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário