outubro 13, 2008

Capítulo 320 – Despedidas e reencontros


Faltava cerca de um mês para os heróis se despedirem do forte, quando certa manhã o berloque mágico chamou por Legolas.

_ Amor? Sou eu, Legolas! O tudo bem ai? – perguntou o arqueiro glacial ao acionar o objeto.

_ Sim! Tudo bem! Tenho uma novidade boa para lhe contar! Minha irmã e o Nevan estão indo viajar. Vão passar a lua-de-mel na praia! Isso é tão românico! – era a voz de Liodriel, vindo magicamente do aparelho.

_ É sim! Que bom, espero que eles se divirtam! – disse Legolas.

_ Benzinho, promete que vai me levar na praia quando sair ai do forte? Promete? – pediu a elfa.

_ Farei melhor que isso! Vou levá-la para esquiar na neve! Andei aprendendo a fazer umas coisinhas com escudos! – respondeu o marido.

_ Ah não! Neve não! É tão gelado! Eu queria mesmo é ir para a praia, assistir ao nascer do sol, igual daquela vez em Ab’ Dendriel. Aquilo foi tão lindo! – disse Liodriel.

_ Está certo, então! Prometo que assim que eu estiver fora daqui, eu a levarei para a praia! – respondeu Legolas.

O casal trocou suas costumeiras confidências e se despediu. Legolas desligou seu berloque e foi começar o seu dia.

Os dias passaram até que chegou o dia 1º de Lunaluz. Legolas e os amigos estavam em seu alojamento, preparando as coisas para o dia seguinte, talvez o dia mais importante para todos desde sua chegada ao Forte Rodick. Todos exibiam um sorriso orgulhoso, um misto de satisfação e alívio, exceto Anix, que desde o final do ano anterior passava a maior parte do tempo com o rosto oculto por uma máscara que comprara de Natanael, para esconder sua expressão e manter um ar de mistério. Mesmo sem ver seu rosto, era possível sentir a alegria do elfo. Mas o clima de euforia foi rompido quando ouviram o som de alguém batendo à porta. Era Glorin. O anão tinha uma expressão séria.

_ Boa noite! Preciso falar com vocês todos! – disse Glorin.

_ O que aconteceu, capitão? – perguntou Legolas.

_ Eu vim aqui para me despedir – respondeu o anão. Os elfos emudeceram. – Amanhã é o dia em que vocês irão embora, nenhuma novidade nisso. Mas o fato é que eu não estarei aqui. O Kuran inventou de nos arrumar uma missão misteriosa e urgente agora há pouco e, embora eu ache que tudo não passará de uma grande perda de tempo, eu estou de partida. Bem, vocês têm muita coisa para fazer e muitas coisas para arrumar, então não tomarei muito o tempo de vocês!

Todos estavam desconcertados. Tinham esquecido que deixar o forte significava mais que liberdade, mais que reencontrar as pessoas que amavam. Significava também separar-se de outras pessoas que eles tinham aprendido a amar naquele longo ano. Glorin se aproximou de Legolas, apertou sua mão e, surpreendendo a todos, o abraçou.

_ Meus parabéns, garoto! Tornou-se um grande soldado! Boa sorte e cuide-se bem. E, procure esfriar mais a cabeça e não se deixar dominar pela fúria. Houve momentos no tempo em que estivemos sozinhos no gelo que você chegou a me assustar e preocupar. Controle sua fúria e não deixe que ela o controle. – disse o anão.

_ Obrigado por tudo, capitão...digo, mestre! Foi uma honra ter conhecido o senhor e ter sido seu discípulo. – respondeu Legolas, emocionado.

_ É, a vida é mesmo cheia de surpresas. Um anão e um elfo tornado-se professor e aluno. Você aprendeu bem, tornou-se um grande guerreiro do gelo. Continue treinando e quem sabe um dia não será você quem vai me ensinar? – respondeu Glorin.

O anão terminou de se despedir do arqueiro e foi até Nailo, abraçando-o com igual entusiasmo.

_ Adeus, Nailo, e boa sorte! Cuide-se bem e procure ser menos esquentado. Pare de achar que todos estão sempre contra você e procure ser mais prudente em suas aventuras.

_ Obrigado, capitão! Eu estou partindo, mas não gostaria de me desligar do exército. Gostaria de continuar ajudando a fazer proteger as pessoas. Não haveria algum meio de eu continuar sendo do exército sem, no entanto, ficar preso ao forte? – disse Nailo.

_ Bem, basta que vocês continuem a fazer o que já faziam antes de me conhecerem. Mas, se estiver mesmo interessado em continuar fazendo parte do exército, vá até Vallahim. Pedirei ao general que prepare uma carta de recomendação para você. Leve-a até a capital e explique sua vontade no quartel general do exército. E então você poderá conseguir o que deseja. – disse Glorin.

A seguir foi a vez de Lucano. Glorin deu um forte abraço no clérigo, assim como fez com Legolas e Nailo.

_ Adeus, Lucano! E boa sorte! Cuide-se bem e procure ser mais confiante. Tenha mais confiança em si mesmo, garoto.

_ Obrigado, capitão. Espero rever o senhor algum dia.

_ Se o destino assim permitir...

O próximo foi Anix. Mais um abraço do anão.

_ Você também, Anix. Cuide-se bem e boa sorte. E procure não ser tão sentimental, tão emotivo. Tome cuidado, pois há pessoas no mundo em quem não se pode confiar. Adeus.

_ Capitão, quero lhe dar um presente, para que o senhor sempre se lembre de nós. Quero que fique com isso. – e Anix entregou a Glorin um dos valiosos quadros que tinha trazido do castelo de Zulil, o quadro que retratava a caravana dos colonizadores de Tollon, conduzida pelo famoso fundador do reino, Jeantalis Sovaluris.

_ Guardarei o presente, mas saiba que não precisarei de nada disso para lembrar de cada um de vocês! - respondeu o anão, enrolando a tela e já dando o último abraço, em Squall.

_ Adeus, Squall. E obrigado! Você abriu meus olhos. Cuide-se bem e boa sorte. E, vê se vira macho, garoto. O Seelan contou-me algumas coisas que você fez em Vectora que me deixaram preocupado.

_ Não sei o que o Seelan contou, mas é mentira. Eu sou macho sim, capitão. Adeus! – Squall abraçou o anão e colocou a mão em seu bolso. Glorin fez menção de impedi-lo, mas depois desistiu da idéia. Tempos depois, quando estivessem distantes, Glorin encontraria seu broche mágico e um bilhete do feiticeiro com os dizeres: “Capitão, o senhor precisará mais disso do que eu. Squall.”. Squall ainda presenteou Glorin com o anel que encontrara capela dentro do castelo de Zulil. O anão guardou o objeto no bolso e caminhou até a porta.

_ Ah, ia esquecendo. Na sua viagem de volta, passem por Carvalho Quebrado e vejam se tudo está bem por lá. E entreguem isso a Norgar, na taverna. É um presente. – o anão entregou a Legolas um pacote endereçado ao taverneiro e saiu do quarto acenando para os que ficavam. - Adeus e boa sorte, amigos! E se um dia o destino permitir, nós nos encontraremos novamente!

E dizendo essas palavras, Glorin partiu, assoviando uma melodia alegre, sem olhar para trás. Pouco tempo depois vieram Seelan, Jonathan, Tood e Kuran. Os quatro se despediram dos elfos, lhes desejaram boa sorte e, tal qual Glorin, partiram. Os cinco elfos foram dormir, já com os corações cheios de saudade dos amigos que se despediam. Entretanto, o reencontro com eles seria mais breve do que imaginavam.

O 2º dia de Lunaluz raiou com sol e alegria. Todos os soldados de Forte Rodick estavam alinhados, flanqueando o caminho que conduzia para fora da fortaleza. Os tenentes passaram pela cerca de soldados ao som de aplausos enquanto se despediam de cada um. Diante do portão estava o general, com suas cartas de dispensa e uma carta de recomendação para Nailo. O grupo se despediu do general e montou em seus cavalos. Antes da partida, Nailo fez um último pedido.

_ General, se não for pedir muito, gostaria que as competições do final do ano fossem repetidas nesse ano. – disse o elfo.

_ Não se preocupe. As provas do fim do ano já estão em minhas anotações e eu já penso em novas modalidades. – respondeu o general.

_ Que bom. Sabe, eu gostaria de um dia ver todas as bases do reino com algo parecido, e quem sabe, competindo entre si.

_ É uma idéia, Nailo. Uma ótima idéia! E se algum dia isso se tornar realidade, saibam que eu irei pessoalmente buscá-los, onde quer que estejam, para defenderem a bandeira de Forte Rodick! Agora partam, suas mulheres os esperam. E, quando quiserem retornar, saibam que os portões estarão sempre abertos para vocês! Adeus!

Os heróis se despediram e partiram pela estrada, rumo ao oeste. Legolas avisou sua esposa de sua partida, já esperando que preparassem uma festa de boas vindas aos salvadores da vila. Fizeram uma viagem tranqüila e, na manhã do quarto dia de viagem, o 6º dia de Lunaluz, o grupo alcançou a entrada da vila de Carvalho Quebrado.

Já na entrada do vilarejo começaram as surpresas. Uma flecha cruzou o caminho dos heróis, quase os atingindo. Lucano retirou a flecha da árvore onde estava fincada e todos se surpreenderam ao descobrir que era uma flecha de Legolas. Olharam em volta, procurando o responsável por aquilo e encontraram um bando de crianças.

_ Tio Legolas! – gritou uma das crianças, que trazia um arco em suas mãos. Era Nolin.

O grupo de crianças veio abraçar seus heróis com alegria antes de correrem pela vila anunciando a chegada dos elfos. Tulana exibia seus talentos para Anix – agora ela já sabia contar até 100. Sem demora, os viajantes avançaram pela rua principal, sendo saudados pelos moradores, e entraram na taverna.

_ Olá, velhos amigos! Que bom ver vocês! Quais são as boas? – bradou Nailo ao entrar na taverna.

_ Nailo! Amigos! Sejam bem vindos! – Norgar, o taverneiro, sorriu ao rever os elfos. Convidou-os a sentar e já foi servindo o melhor vinho do estabelecimento, por conta da casa.

A taverna estava bem movimentada. Vários conhecidos do grupo ocupavam as mesas da casa e alguns desconhecidos que estavam de passagem. Entre eles, a presença de uma mulher chamou a atenção de todos. Era uma bela elfa, sentada em uma mesa solitária, acompanhada unicamente de um copo de vinho e da criança que carregava em seu ventre. Enquanto todos se ajeitavam ao redor de uma mesa, a elfa se levantou subitamente e, batendo as duas mãos sobre a mesa dos heróis com fúria, gritou:

_ Muito bem! Não me escondam nada! Digam sem enrolação! Onde está aquele verme! Onde vocês esconderam aquele miserável tratante do Sam Rael!

Os heróis se espantaram, com o reencontro, com a atitude e com as informações que acabavam de receber. A elfa exaltada era Lana Pureheart, companheira de Sam e estava grávida.

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