outubro 16, 2008

Capítulo 323 – Outra vez Malpetrim


Malpetrim, uma das cidades portuárias mais famosas de Arton. Sede de grandes aventuras ocorridas no passado. Sede da mundialmente famosa Grande Feira de Malpetrim. Reduto de piratas e aventureiros de todo o tipo. Fora nessa cidade que tudo começara no dia 14 de Salizz de 1397. Era uma manhã de sol, que prometia um dia perfeito para aventuras. Fora nessa manhã que os heróis, até então apenas um grupo de desconhecidos que viajara junto por estarem indo para o mesmo lugar, conhecera Zulil. Fora nessa manhã, nessa mesma cidade que o grupo embarcara no Lazarus de Arthur Tym para viver sua primeira aventura na ilha de Ortenko e combater as maldades do terrível Teztal. Fora também nessa cidade que o grupo conhecera o grande amigo Sam Rael, que agora jazia morto, pelas mãos de Zulil.

O dia findava quando os heróis retornaram a Malpetrim, muitos meses depois da primeira visita. Seus corpos estavam cansados, suas mentes confusas, suas almas sem brilho e seus corações partidos. Precisavam descansar, precisavam repousar corpos, mentes e espíritos, para então poderem iniciar uma nova jornada de aventuras em busca da cura para seus corações. Foram diretamente para a Estalagem do Macaco Caolho Empalhado, onde foram recebidos com alegria por Rud e Petra. O estalajadeiro e sua assistente deram consolo aos amigos que chegavam e puseram-nos nos melhores aposentos da casa, para repousarem.

Enquanto Anix e Lucano descansavam, tentando recolocar suas mentes em ordem, Nailo saiu pelas ruas à procura de algum guia para levá-los até Galrasia e Squall, acompanhado de Legolas, foi ao comércio em busca de equipamento para a viagem, em busca de pergaminhos mágicos.

Em suas andanças e conversas, Nailo descobriu que um marinheiro conhecia bem o caminho para o Mundo Perdido. Um vendedor de tomates lhe indicou a localização exata onde encontrar o navio e seu capitão. De posse desta informação, o ranger rumou para o porto de Malpetrim.

Vários navios estavam atracados no porto e muitos outros chegavam e partiam. Eram navios de variados tamanhos, formas e cores. Após alguns minutos de procura, Nailo chegou ao seu destino e qual não foi sua surpresa ao ler o nome da embarcação que procurava: Arthur Tym – Liberdade. No alto do convés um marinheiro já experiente passava instruções a seu filho, Argis.

_ Boa tarde! – saudou Nailo. – Estou procurando um navio que conhece o caminho para Galrasia! Por acaso seria este?

_ Sim, senhor! - respondeu o capitão. - Já estive naquela ilha maldita várias vezes e... – o homem parou, atônito, ao olhar para Nailo. – Espere! Eu o conheço! Senhor Nailo! Há quanto Tempo! – E, feliz, o homem desceu ao cais para cumprimentar e abraçar Nailo. Ele era o capitão Engaris Sthrol, que comandara o navio com os fugitivos de Ortenko de volta para Malpetrim.

Após o reencontro emocionado, Nailo contou ao capitão Engaris e ao seu filho Argis tudo que tinha se passado desde o dia que ele e seus amigos tinham partido para Tollon. O capitão prometeu ajuda.

_ Não se preocupe, meu velho amigo! Avise a todos que eu os levarei para Galrasia por minha conta! Agora vá descansar, meu amigo, que eu irei preparar a nau! E quando estiverem prontos, partiremos! – disse Engaris.

Nailo se despediu dos marinheiros e foi contar as boas novas para os companheiros. Na manhã seguinte, dia 7 de Lunaluz, o grupo de heróis embarcou no Liberdade – Arthur Tym e partiu para uma nova aventura.

O navio terminara de zarpar e distanciava-se do cais, quando os heróis ouviram gritos chamando por eles, vindos do continente.

_ Nailo! Legolas! Anix! Lucano! Squall! Esperem por mim! – gritava uma voz familiar no ancoradouro. Os elfos olharam para trás e viram quem os chamava. Era Orion.

_ Parem o barco! Temos que voltar! Um amigo nosso acaba de chegar!

Orion tinha partido de Forte Rodick um dia depois de Lucano e dos outros. Planejava segui-los à distância, já que eles pareciam não aceitá-lo como membro do grupo ainda. Tinha em mente só aparecer diante deles quando fosse realmente necessário, quando estivessem em perigo. E Orion sabia que isso aconteceria, cedo ou tarde, conforme os sonhos precognitivos que tivera. Mesmo se tivesse partido junto com o restante do grupo, Orion nada poderia fazer para impedir a desgraça que se sucedeu, apenas atrairia para si a ira de Zulil antes do tempo predestinado. E, caso tivesse permanecido no forte por mais tempo, sua morte teria sido certa já que Orion tornaria-se adversário da bruxa que atacara a base e matara Todd Flathead.

Orion viajou um dia e meio seguindo o rastro dos elfos, até que o colar em seu peito brilhou e ele ouviu uma misteriosa voz dizendo: “Volte para o forte!”. Orion retornou sem hesitar, gastando quase o mesmo tempo que levara para chegar onde estava. Quando chegou ao seu destino, encontrou apenas destruição.

O guerreiro prontamente ajudou os sobreviventes do massacre, retirando-os debaixo de escombros, fazendo curativos, carregando feridos. Tempos depois, Glorin e seus companheiros chegaram a Forte Rodick. Testemunharam a tragédia com ira e tristeza e, enquanto Jonathan e Glorin procuravam os rastros da bruxa, Seelan, Kuran e Lars foram tratar dos feridos.

Passou-se um dia inteiro no amanhecer do 7º dia do mês, o capitão Glorin deu sua última ordem aos soldados de Forte Rodick.

_ Ouçam, soldados! Forte Rodick está acabado e, creio, para sempre! No entanto, as pessoas que vivem nas vilas próximas não podem ficar sem proteção contra ameaças como a que causou essa destruição! Aqueles que ainda tiverem coragem, sigam para a capital e relatem tudo o que aconteceu aqui, e peçam para que tomem as providências necessárias! Logan será o líder e os conduzirá até Vallahim, já que o general ainda permanece inconsciente! Mantenham-se unidos e tudo acabará bem! Eu e meus companheiros partiremos para outra direção, atrás daquela que causou essa desgraça! Quando cumprirmos nossa missão, iremos procurar e ajudar aqueles que os treinaram durante todo esse ano, pois eles também se encontram em apuros! As pessoas que eles mais amavam foram vítimas de um assassino cruel, e eles irão atrás desse bastardo até o fim do mundo! Espero que um dia, quando todo esse turbilhão de desgraças tenha acabado, que possamos nos reencontrar! Adeus e boa sorte a todos!

Glorin e seus companheiros se despediram de todos os soldados, com exceção de Orion que permaneceu junto a eles por mais um tempo. Seelan contou tudo o que se passou em Carvalho Quebrado e no castelo de Zulil. Glorin disse que eles tinham ido procurar ajuda nas Montanhas Uivantes com alguém em quem ele confiava e que após isso os cinco elfos provavelmente iriam atrás do assassino de suas mulheres e amigo. Orion ponderou por alguns instantes e tomou uma decisão.

_ Eu irei encontrá-los! Vim para cá justamente para ajudá-los e receber ajuda deles, esse é o meu destino! Talvez, se eu estivesse com eles quando essa desgraça aconteceu, talvez tudo isso pudesse ser evitado! De qualquer forma, o que está feito está feito e eles ainda precisam de ajuda! Irei ao encontro deles! – disse o guerreiro.

Lars orou a Thyatis e o deus fênix lhe revelou a localização de Anix e dos outros. Estavam em Malpetrim. Seelan conjurou uma magia de teleporte e enviou o humano para encontrar os companheiros elfos.

_ Bem, já tenho a pista da desgraçada! Podemos seguir em frente! – disse Jonathan Wilkes.

_ Ótimo! Temos muito trabalho a fazer! Vamos então! – falou Glorin.

_ Isso! Minhas juntas já estavam enferrujando! Finalmente vamos voltar à ativa! – era Seelan, com entusiasmo.

_ Ela vai nos pagar por ter feito mal a nosso amigo e por ter destruído meu jardim! – disse Kuran.

_ Sim, vamos atrás da maldita e ela receberá a punição que merece! E tudo voltará ao normal no fim de tudo isso! Afinal, não há mal que não possa ser desfeito, e não há pessoa que não merece uma segunda chance! Vamos amigos! – completou Lars.

E o grupo deu adeus ao que outrora fora o Forte Rodick, seguindo os rastros de uma perversa bruxa, irmã de Velta e de Zenóbia, como descobririam mais tarde. Assim, terminava uma era e uma nova, cheia de aventuras tinha início, para Glorin e seus companheiros, para Orion, para Legolas, Anix, Lucano, Squall e Nailo, e também para os sobreviventes do Forte Rodick, que iniciavam suas próprias jornadas de glória e grades feitos.

Orion contou a todos tudo o que tinha acontecido e lamentou a desgraça de seus amigos elfos, prometendo ajudá-los em sua jornada. O navio velejava veloz e tranqüilo pelas águas escuras e quentes do Mar Negro. Os ventos estavam favoráveis e no primeiro dia de viagem conseguiram percorrer grande parte da viagem. Mas, ao final do dia, quando a lua já surgia no horizonte, destronando Azgher do céu, a nau foi cercada por brumas espessas e sombrias.

O capitão diminuiu a velocidade, recolheu as velas e colocou todos em alerta. O navio deslizava lentamente pelas águas e tudo permanecia em um silêncio mórbido, um silêncio que foi quebrado pelo grito de Legolas, no alto do mastro principal.

_ Navio a bombordo!

Um navio de velas negras rasgadas surgiu entre a neblina, vindo de encontro ao Arthur Tym – Liberdade. O capitão Engaris manobrou a nau, tentando desviar do outro navio, mas não havia mais tempo, foram abalroados. Os cascos das duas embarcações rasparam um no outro, numa cacofonia assustadora, até que estavam emparelhados lado a lado. Cordas com ganchos voaram do navio inimigo, prendendo-o ao dos heróis. Os tripulantes da embarcação inimiga, até então ocultos, levantaram-se e começaram a atacar. Eram mortos-vivos. Um batalhão de esqueletos e zumbis se lançou ao ataque. No outro navio, Squall e seus amigos sorriam.

E tal qual acontecera meses antes, os heróis iniciaram a batalha contra o navio fantasma. Desta vez, entretanto, não eram mais os mesmos aventureiros jovens e inexperientes de antes. Estavam agora muito mais poderosos e com muito mais recursos do que antes.

_ Leusa Thiareba!!! – gritou Legolas e uma tempestade de neve, gelo e ar congelado partiu de seu arco, destruindo grande parte das criaturas.

_ Ëüpü nabirga-ja!!! – gritou Nailo, ativando as Rosas Gêmeas. E colunas de chamas se ergueram do chão no navio inimigo, incendiando com o fogo divino os mortos-vivos que eram atingidos.

_ Dililiümi! Proteja os elfos! – gritou Lucano. E de sua espada em forma de falcão partiu uma esfera que explodiu em chamas sobre os inimigos.

_ Shenex, efenhin!!! – gritou Anix, apontando seu cajado sobre os mortos-vivos e despejando um turbilhão de chamas sobre eles.

_ Sintam o fio de minha espada! – gritou Orion, saltando na nau adversária e partindo diversos inimigos ao meio com sua espada flamejante.

_ Monstros malditos! Conheçam o poder de Squall, o vermelho!!! – gritou o feiticeiro. O anel em seu dedo brilhou e Squall transformou-se em um enorme dragão vermelho, que voou até os inimigos e os dizimou com suas garras, e presas.

E assim, em apenas poucos segundos, toda a horda do navio fantasma foi destruída e sua embarcação desapareceu no ar, para nunca mais voltar a desafiar o poder daqueles heróis. Com um sorriso no rosto, o capitão Engaris Sthrol abriu as velas do navio e a viagem prosseguiu rumo à misteriosa ilha de Galrasia.

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