junho 13, 2005

Capítulo 56 - Noite na taverna

Quando a noite caiu sobre Malpetrim, todos se reuniram na Estalagem do Macaco Caolho Empalhado, para comemorarem a volta à cidade.
Era noite de festa na estalagem do velho Rud. A grande feira anual sempre trazia bons fregueses, com suas carteiras recheadas de tibares para serem gastos com comida, bebida e diversão. Os heróis, junto com os bons amigos que encontraram em Ortenko, apreciavam a comida e a bebida da casa, enquanto observavam as festividades. Todos bebiam e conversavam ao som da melodiosa música de um bardo que animava os clientes sobre o palco. O habilidoso menestrel entoava canções simples e animadas, enquanto cantava as lendas mais famosas do mundo de Arton para os seus espectadores. Assim, os aventureiros tomaram conhecimento da lenda dos Rubis da Virtude, da Balada do Triste Fim e das aventuras do lendário Paladino de Arton. Eram momentos agradáveis que fizeram todos se esquecerem por alguns momentos dos dias infernais que haviam passado.
Nailo presenteou Silfo com uma flauta doce, tornando-se ainda mais amigo do sátiro. Enquanto dividia uma caneca de vinho com seu amigo, o ranger observava Legolas escrevendo algo em um pedaço de papel. O elfo se levantou animado, sem dizer uma palavra aos seus amigos, e se dirigiu até o palco, esgueirando-se entre mesas, cadeiras e as dezenas de pessoas presentes no local. Legolas entregou o pequeno pedaço de papel ao menestrel, no exato instante em que ele agradecia os aplausos recebidos por mais uma canção terminada. O bardo leu o bilhete, e com um brilho emocionado em seus olhos, foi conversar com o elfo.
_ Por acaso você conhece essas pessoas, meu amigo? Elas estão presentes aqui hoje? – indagou o artista, visivelmente entusiasmado com o que lera no papel.
_ Sim, todos eles estão sentados naquela mesa. Eu faço parte do grupo, meu nome é Legolas, muito prazer!
O bardo subiu ao palco, pedindo atenção de todos os expectadores. Legolas aguardava ao seu lado, fornecendo mais detalhes para que uma nova canção fosse criada, e novos nomes fossem adicionados às lendas.
_ Meus amigos, é com grande orgulho e alegria que eu anuncio a presença de um grupo de valorosos heróis nesta taverna hoje! Sim, heróis estes que atravessaram o temível Mar Negro, enfrentando seus perigos, de piratas a monstros marinhos! Heróis que foram escravizados por criaturas malignas de pele dourada em uma ilha distante! Mas esses bravos heróis conseguiram vencer seus algozes e escaparam do cativeiro após enfrentar ninguém menos que o terrível Tarrasque, seja lá o que isto quer dizer! Um destes bravos está aqui ao meu lado, os outros estão sentados naquela mesa! É com grande orgulho que eu lhes apresento Legolas, Nailo, Loand, Lucano, Squall, Sairf, Anix, Batloc, Silfo, Enola e Yczar! Vamos saudá-los com uma salva de palmas e fazer um brinde a esses corajosos aventureiros!!!
O menestrel entoou uma nova canção, cantando os feitos de Legolas e seus amigos. Na mesa, os heróis foram cercados pelas pessoas que, admiradas, pediam para ouvir suas aventuras. Assim, os jovens heróis ganharam a admiração das pessoas mais simples, e obtiveram seu breve momento de fama.
Nailo e Squall se retiraram e foram até a feira, aproveitar seus últimos momentos, já que o dia seguinte seria o encerramento do evento. Os dois usaram o dinheiro que haviam conseguido na ilha de Teztal para comprar tudo aquilo que desejavam. Squall desejava também trocar suas moedas de cobre por outras de ouro, para poder carregar menos peso. Foi informado de que deveria ir até o palácio da administração para efetuar a troca, mas só poderia fazê-lo pela manhã, conforme informado pelos soldados.
Enquanto os dois se divertiam na feira, Legolas divertia a todos na taverna. Ao ver dois meio-orcs totalmente bêbados numa das mesas da casa, o elfo se aproximou dos dois com algo em mente.
_ Ei vocês dois! Vejo que vocês adoram beber. Não gostariam de participar de uma competição para ver quem agüenta beber mais? Um disputa entre eu, vocês e quem mais desejar na taverna. Aquele que perder paga a conta dos outros, o que me dizem? – Legolas esperava obter uma vitória fácil contra aqueles dois totalmente alcoolizados.
_ Ora, é claro que topamos, vocês dois vão perder, seus elfos fraquinhos! – os meio-orcs sequer conseguiam ver com clareza, e Legolas teve a certeza da vitória.
Legolas subiu no palco, convidando os outros fregueses para participarem da disputa. Assim, ele e os dois meio-orcs se juntaram a um anão e um humano para disputarem qual seria o melhor bebedor.
_ Eu também participarei, e vou derrotá-lo seu elfo metido a besta!
Legolas procurou pelo novo participante ao ouvir sua voz, mas não encontrou ninguém. Sentiu então uma pancada na perna direita e, ao olhar para baixo, viu o novo desafiante.
_ Estou aqui, lembra-se de mim?
_ Flint, você vai participar? Você vai é se afogar na caneca de cerveja! Onde estão Zulil e Laurel?
_ Estão chegando, veja!
O pequeno halfling apontou para a porta da taverna, onde os dois elfos acenavam para Legolas e os outros.
A disputa começou. Rud serviu a cada competidor uma caneca com um litro de cerveja. Todos na taverna assistiam entusiasmados, enquanto os participantes viravam as canecas em suas bocas. Flint quase se escondia atrás da espuma na borda da caneca, e foi o primeiro a cair, inconsciente. Os dois meio-orcs, já muito bêbados, despencaram em seguida, virando as canecas sobre seus corpos, ficando ensopados. Legolas e o anão ficaram muito atordoados, e trocavam desafios enquanto o humano parecia não ter sentido os efeitos da bebida. Mais uma rodada foi servida. O humano saiu da mesa, reconhecendo a derrota e se encostou em uma das paredes, onde passou o resto da noite. Legolas desabou no chão, mais dormindo que acordado, e somente o anão permaneceu em pé. O vencedor saiu cambaleante, enquanto os demais eram arrastados pelos que assistiam.
Zulil e Laurel carregaram Legolas e Flint, e se juntaram aos demais heróis. Lucano carregou os meio-orcs para fora da taverna, e Nailo, já de volta da feira, levou Legolas para o quarto.
Anix contou aos dois amigos tudo que tinha lhes acontecido nos últimos dias. Zulil mostrou-se interessado em Batloc, e demonstrou conhecimento sobre os genasis e o plano elemental do metal, que segundo ele teria sido a origem da raça do paladino. Zulil, com sua voz calma e sábia, e Laurel, sempre brincalhão, passaram o resto da noite com os heróis, conversando, bebendo, e se divertindo com as histórias do menestrel.
Após algumas horas, Legolas retornou de seu quarto, tropeçando em suas próprias pernas, dizendo que ia até a feira procurar um alfaiate. Apesar de seus amigos insistirem para que ele voltasse a dormir, o arqueiro se dizia em condições de andar, apesar de não se lembrar de que já havia fugido de Ortenko e que já era um elfo livre novamente.
Zulil, mostrou-se um grande amigo, e decidiu acompanhar Legolas até o alfaiate, já que era impossível convencê-lo do contrário. Os dois caminharam entre as barracas da feira, que começavam a se fechar para reabrir no dia seguinte. Os dois foram até a casa de Godo, um alfaiate amigo de Zulil. Legolas pediu a Godo que lhe fizesse um robe de seda branca, e que bordasse nas costas o brasão de sua família com fios de ouro. O alfaiate concordou em fazer a roupa e pediu que Legolas retornasse em três dias para pegá-la. Os dois retornaram para a estalagem onde se reuniram com os demais até altas horas da madrugada.

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