junho 29, 2005

Capítulo 66 - Uma nova visão

No grande salão de reuniões de Darkwood, uma enorme casa de madeira, onde eram tomadas as decisões importantes da vila, e também onde se realizavam as comemorações locais, Anix e seus amigos contaram à população sobre a ameaça com a qual haviam sonhado na noite anterior. A notícia de que um monstro atacaria e destruiria a vila causou pânico nos aldeões. Um clima de histeria tomou conta do local, alguns até acusavam os heróis de carregarem uma maldição com eles. Foi preciso que Sam intervisse com seu alaúde para acalmar os moradores com sua música. Sam cantou os feitos dos bravos heróis que haviam enfrentado genasis e monstros marinhos, enquanto usava sua música para fascinar as pessoas, acalmando a todos. Após muita discussão, ficou decidido que o melhor a fazer era fugir de Darkwood com todos os moradores, antes que o monstro atacasse a vila. Haviam apenas umas dez pessoas, além dos pais de Legolas e Nailo, que sabiam manejar uma arma para proteger os aldeões. Assim, ficou decidido que o grupo de heróis conduziria as pessoas até uma vila próxima e, quando todos estivessem em segurança, os aventureiros retornariam para enfrentar a criatura. O grupo começou a organizar os moradores para a fuga, reunindo todos aqueles que poderiam ser úteis em uma batalha. Infelizmente Draco havia levado consigo os melhores guerreiros e, com exceção da mãe de Nailo, apenas uma menina, aparentando não mais que doze anos, tinha habilidades para curar pessoas feridas através da magia. Ficou decidido que todos passariam a noite nas casas mais ao sul da vila, para ficarem longe dos orcs, que atacavam do oeste, e do monstro, que atacava vindo do leste. Na manhã seguinte, a aldeia seria evacuada pelo sul, até a vila mais próxima de Drakwood. Todos, com exceção de Legolas, estavam de acordo com o plano. O arqueiro só tinha um pensamento em mente, Liodriel, que estava em posse dos orcs, assim como Draco e os outros guerreiros da vila. Legolas estava decidido a resgatar sua amada na manhã seguinte, nem que para isso precisasse ir sozinho ao confronto com os orcs.
Os moradores se retiraram para suas casa, escoltados pelos heróis. Nailo e Sam criaram um alarme mágico ao redor da aldeia, para alertá-los caso algum invasor se aproximasse. As casas ao norte, leste e oeste foram evacuadas, e os moradores destas regiões foram para as casas mais ao sul, junto de seus vizinhos. Quando todos estavam em segurança, os heróis também foram dormir.
Pela manhã o grupo de heróis acordou, antes que o sol raiasse entre as árvores. Todos se reuniram em frente ao poço da vila, sem dizer uma palavra sequer, pareciam guiados, como se soubessem que os outros estariam esperando naquele local. Ao se reunirem, os heróis se voltaram para o oeste, olhando a passagem que conduzia para fora da vila. Seus corpos ou suas mentes se projetaram para frente, rumo ao oeste, numa velocidade impressionante. Os heróis viram milhares de árvores passando por eles em poucos segundos. Todos sentiam uma sensação estranha, como se estivessem fora de seus corpos. Essa sensação lhes revelou o que estava acontecendo, aquilo só podia ser mais uma visão. Suas mentes viajaram vários quilômetros para o oeste, até que pararam subitamente, diante de uma montanha com o formato de um dente de pedra. Os aventureiros começaram a subir, como se estivessem sob o efeito de alguma magia de levitação. Flutuaram até ficarem acima da montanha, então caíram. No momento em que iam se chocar com o solo, algo estranho aconteceu. Eles atravessaram o chão e penetraram montanha adentro. Após atravessarem vários metros de terra e pedras, eles chegaram em uma caverna, onde vários orcs mantinham pessoas presas em uma jaula. Não houve tempo para fazer nada por aquelas pessoas que gritavam por socorro, desesperadas. Eles continuaram afundando na montanha, enquanto assistiam aos apelos dos prisioneiros torturados pelos orcs. Atravessaram mais alguns metros de terra, na mais completa escuridão, até chegarem a um grande salão de paredes cobertas de cristais. Sem poder fazer qualquer coisa, os heróis continuaram descendo. Em sua jornada rumo ao centro de Arton, passaram por mais outro salão esculpido na montanha, onde várias criaturas os aguardavam. Os heróis só puderam ver os vultos das criaturas, antes de afundarem novamente no solo, enquanto ouviam o som de martelos sendo batidos sobre o ferro. Enfim, muitos metros abaixo, sua jornada terminou, em uma gigantesca caverna com um lago subterrâneo. Os heróis pararam de afundar e viram, no centro do lago, um enorme coração negro pulsando. O coração começou a desaparecer lentamente, enquanto ao seu redor um corpo se materializava. Um vulto negro de grande tamanho englobou o coração, e avançou na direção dos heróis, abrindo suas asas negras e agitando sua enorme cauda. Os heróis ouviram um grito de socorro e viram, numa gruta ao fundo da caverna, uma bela elfa ruiva semi-nua, acorrentada sobre uma grande pilha de tesouros. Ao seu lado, uma outra sombra, menor que a anterior, a ameaçava com uma espada. O monstro bateu suas asas, levantando vôo e indo em direção aos heróis. A visão dos aventureiros foi escurecendo, à medida que o monstro se aproximava, até que eles despertaram do sonho.
Todos acordaram ao mesmo tempo, e novamente haviam tido o mesmo sonho. Sem perder tempo, os heróis se prepararam para partir, não com os aldeões, mas em busca de seu destino. Legolas reuniu provisões e tudo que encontrou de útil na casa dos Ranil. Despediu-se de seu pai, e pediu-lhe que explicasse a sua mãe o que acontecera. Do outro lado da vila, Nailo se despedia de seus pais. Sua mãe lhe deu as poções mágicas que possuía e lhe desejou boa sorte. Nailox abraçou o filho, dizendo que ficaria encarregado de proteger os aldeões durante a fuga. O velho ferreiro, disse que faria um arco de madeira negra para o filho e exigiu que ele prometesse buscá-lo em Folen. Com a promessa feita, pai e filho tinham a certeza de que se encontrariam novamente. Os heróis se reuniram em frente ao poço de Darkwood, antes do sol nascer, exatamente como no sonho, e partiram para o oeste, rumo ao seu destino.

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