junho 17, 2005

Capítulo 59 - Troll picolé

Assustados com os rumores que haviam ouvido sobre uma doença mágica que começava a se espalhar pelo reino de Lomatubar, os heróis decidiram que seria prudente desviarem deste reino. Assim, a caravana atravessou o reino de Fortuna rumo ao norte, em direção às Montanhas Uivantes.
Vários dias se passaram até que o grupo de aventureiros entrou no território da rainha dos dragões brancos. A vegetação se tornou escassa, o frio era intenso e havia neve e gelo por quase toda a parte. Mais ao norte, era possível ver cadeias de montanhas congeladas, compondo uma paisagem branca quase sem fim. Ao sul, estava o reino amaldiçoado, Lomatubar. Até chegarem ao território das Uivantes, os heróis sempre viajaram por estradas e trilhas comerciais, ficando livres de problemas. Entretanto, nos dias em que passaram pela fronteira entre as Uivantes e Lomatubar, o grupo atravessou uma região inóspita e a tranqüilidade dos dias anteriores desapareceu quando uma nova batalha mortal teve início.
Era o dia 13 do mês de Dantal, um Lanag, o grupo foi surpreendido pela chegada de uma imensa criatura, vinda das colinas ao norte. Um ser grotesco, mais alto que dois humanos juntos, de braços extremamente longos que terminavam em mãos com enormes garras afiadas. O corpo aparentemente macio tinha tons verdes e parecia recoberto de plantas, além da neve. Ao avistar o grupo, o monstro correu na direção dos heróis, urrando, e com as garras à frente de forma ameaçadora.
_ É um Troll!!! – gritou Nailo, alertando seus amigos do perigo.
Rapidamente Anix desceu de seu cavalo para combater a criatura. O elfo ordenou que o animal recuasse, para manter Enola em segurança. Anix foi andando lentamente na direção do gigantesco Troll, enquanto Legolas saltava de seu cavalo. Os pés de Legolas se enroscaram nos estribos da sela, e o arqueiro caiu no chão gelado, sofrendo alguns pequenos arranhões. Ele se levantou rapidamente e atacou. Sua flecha passou sobre a cabeça de Anix, indo se chocar contra o corpo do Troll. Apesar do ferimento no pescoço, a criatura parecia não se importar com o dano sofrido e continuava a avançar.
Nailo desceu de sua carroça também de forma desajeitada, disparando sua besta pesada contra o inimigo. Desequilibrado, o ranger errou seu ataque. Nailo deu um assovio para seu companheiro Smeágol, ordenando que o lobo atacasse. Esse fora o maior erro de Nailo. Ninguém ali conhecia a verdadeira força de um Troll, e todos atacavam imprudentemente, como se estivessem enfrentando apenas kuo-toas. Smeágol seguiu cegamente as instruções de seu amigo. O lobo correu até o inimigo e saltou com suas mandíbulas à mostra. Os longos braços do Troll o alcançaram primeiro, rasgando o ventre do animal com suas garras. Smeágol caiu sobre o Troll e, mesmo muito ferido, mordeu-lhe o pescoço com violência. O lobo saltou, ficando no chão em frente ao Troll, latindo e rosnando para afugentá-lo. Entretanto a criatura não se intimidou com as ameaças do animal. Levantando seus dois braços, o troll soltou um urro que ecoou por toda aquela imensidão branca. As garras da criatura desceram como suas foices, e penetraram na carne de Smeágol. O lobo soltou um gemido de dor enquanto seu sangue jorrava. Num movimento rápido, o Troll abriu os braços, traçando um X no ar, e partindo o corpo do pobre lobo em pedaços. Smeágol estava morto.
Todos ficaram atônitos diante da cena. O silêncio foi quebrado pela prece de Lucano. Evocando o nome da deusa dos elfos, o clérigo fez surgir diante de si uma espada mágica que voou até a direção do troll, ferindo-o no peito. Apesar dos ferimentos, o monstro não recuava e, para espanto ainda maior de todos, as feridas começaram a se fechar lentamente. Os ferimentos do monstro começaram a se regenerar. Squall desceu do cavalo num salto, pegou um pergaminho em sua bolsa, e lançou um feitiço em forma de estaca, extremamente brilhante, contra o corpo da criatura. Nem mesmo o míssil mágico surtiu efeito e a ferida aberta por ele fechou instantaneamente. Os heróis se encontravam numa situação delicada. Seu inimigo era extremamente forte, e seus ataques não surtiam efeito. Pra piorar a situação, um dos seus já estava morto.
Foi então que Sam mostrou suas habilidades de bardo. Enquanto descia da carroça, tranqüilamente, o menestrel tocava uma agradável canção. Sam desceu da carroça e deu alguns passos na direção do inimigo, encarando-o enquanto tocava. Todos se surpreenderam quando o Troll parou e começou a observar o bardo. A criatura se sentou sobre a neve, esmagando os poucos arbustos existentes no local, e permaneceu assistindo a apresentação de Sam.
_ Ele caiu no meu truque. Agora é o momento. Vão para trás das carroças sem chamar a atenção dele e pensem em algum plano para derrotá-lo. Eu vou ficar distraindo-o enquanto isso. – sussurrou Sam aos seus amigos enquanto fascinava o Troll com sua música.
Anix e Legolas foram para trás das carroças. Sem perder tempo, Legolas preparou duas flechas, enrolando em suas pontas os panos de uma tocha para torná-las flechas incendiárias. Legolas se lembrava de ter ouvido em algum lugar que os Trolls eram vulneráveis ao fogo. O arqueiro desejava preparar várias flechas dessa forma, entretanto não pode concluir seu plano.
O Troll soltou um urro assustador, quando Legolas e Anix olharam, viram que ele havia saído do transe e se debatia contra os pequenos arbustos que cresciam no lugar. Cego de ódio pela morte de seu amigo, Nailo despertou seu poder mágico de ranger e encantou as plantas para prenderem o monstro. Sentindo-se ameaçado, o Troll se libertou do encanto de Sam e se levantou, libertando-se das plantas. A criatura caminhou lentamente na direção dos heróis, enquanto lutava para se livrar da constrição. Para tentar impedir seu avanço, Lucano invocou uma centopéia monstruosa que surgiu no meio do caminho do inimigo. Infelizmente, a criatura evocada ficou presa na magia de Nailo, enquanto o troll podia se mover, ainda que mais lentamente.
Squall usou sua varinha mágica para fazer surgir um escorpião gigante atrás do troll, cercando-o. Infelizmente, assim como a centopéia, o escorpião também ficou enredado nas plantas animadas pelo ranger. Então Silfo agiu.
O sátiro ficou de pé na carroça, com sua flauta nas mãos. Começou a tocar uma melodia hipnótica, enquanto os heróis tampavam seus ouvidos para não serem afetados também. Ao final da canção, o troll caiu adormecido. As plantas encantadas por Nailo prenderam-no no chão, deixando o monstro em uma situação difícil. Entretanto, Sam também havia caído no sono, enfeitiçado pela música de Silfo. Anix levou o bardo para dentro de uma das carroças, enquanto Legolas se preparava para eliminar a ameaça. O arqueiro parou próximo ao monstro, com suas duas flechas incendiárias e acendeu a tocha. Enquanto Legolas riscava sua pederneira, Nailo saltou sobre o corpo do troll, cravando sua espada na garganta da criatura. O troll despertou, tentando agarrar o ranger, mas estava preso pelos arbustos e não conseguia se mexer. Lucano comandou sua espada espiritual para fazer um enorme corte na carne da criatura. O troll se debatia e começava a romper as suas amarras. Temendo um confronto direto contra o monstro, Squall se preveniu com um feitiço de proteção, criando um escudo de energia em volta de seu corpo, ao mesmo tempo em que se aproximava de Legolas. Silfo correu para ajudar seus amigos, pronto para esmagar a cabeça do inimigo com sua clava, mas acabou preso nas plantas também. Anix encantou sua própria mão e tocou na cabeça do inimigo, descarregando uma forte corrente elétrica na fera. Legolas disparou uma de suas flechas de fogo, e os heróis ouviram o primeiro grito de dor do inimigo. Ao contrário de todos os outros ferimentos, a ferida feita por Legolas não cicatrizou e todos sentiram a vitória próxima. Nailo e Lucano atingiram o pescoço do inimigo caído com suas espadas, aproveitando enquanto ele não podia se mover, e Anix disparou uma flecha dentro da boca da fera. A cabeça do troll foi separada de seu corpo e os heróis respiraram aliviados, sem saber que o perigo ainda não havia acabado. Nailo desfez seu encanto, e os arbustos da estrada voltaram a sua condição original. Com a tocha, os heróis atearam fogo no corpo do troll, eliminado de vez a ameaça.

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