março 06, 2006

Capítulo 173 - Mentes confusas

Capítulo 173 Mentes confusas

Legolas se deitou e dormiu. Assustado com o que lhe acontecera, o elfo nem suspeitava das ações de seus amigos, que buscavam algum meio de livrá-lo daquele inferno.

Enquanto Legolas passava por maus bocados na prisão, Yczar, acompanhado de Batloc, Lucano, Squall e Nailo se dirigiam até a casa do capitão Ron Fumir, na esperança de colher alguma informação que pudesse ajudar seu amigo.

O comandante da tropa de Sunil e Elenindow morava numa imponente mansão. Era uma casa de dois andares muito luxuosa, cercada por um jardim paradisíaco onde peixes nadavam em um pequeno lago particular de águas cristalinas. Os jovens atravessaram um caminho de pedras, todas milimetricamente esculpidas com as mesmas dimensões e cores, que cortava o jardim, admirados com a beleza do lugar. Aquela casa devia ter pelo menos um trinta cômodos, pensavam, e para possuir aquele imóvel, o capitão deveria ser um homem muito rico, com uma riqueza compatível ao importante cargo que exercia no exército de Tollon. Yczar bateu na imensa porta de madeira que lacrava o lugar e depois de alguns instantes ouviram a voz do capitão respondendo.

_ Quem está ai? – perguntou o capitão.

_ Sou Yczar capitão, paladino de Khalmyr! Nós nos vimos no tribunal hoje, eu fiz a defesa dos jovens que estavam no banco dos réus! Gostaria de lhe fazer algumas perguntas! Não vamos tomar muito do seu tempo. – respondeu Yczar.

Inicialmente, o capitão não quis atendê-los. Mas, com muito esforço, o paladino conseguiu convencê-lo a receber o seu grupo. Muito arrogante, o oficial respondia às perguntas dos jovens com desdém e de modo extremamente grosseiro. Apesar de seu complexo de superioridade exacerbado, o capitão teve ao menos a gentileza de servir aos aventureiros, bebidas e petiscos enquanto conversavam. Para espanto de todos, o mordomo da mansão se chamava Sam. Um homem velho vestido com trajes para dormir mas ainda assim extremamente elegante, chamado Sam Dilin. Os jovens estranharam a coincidência, já que seu amigo bardo também se chamava Sam e estava sumido desde o início da noite. Entretanto, deveriam existir milhares de “Sams” espalhados pelo mundo, não havia motivos para tanta estranheza.

Batloc nem se importava com a coincidência. O genasi deliciava-se com os petiscos servidos pelo mordomo e com a deliciosa cerveja que recebera. Enquanto isso, seus amigos tentavam a todo custo convencer o capitão a ajudá-los. Queriam que o oficial pedisse ao juiz que adiasse o enforcamento de Legolas. O capitão, entretanto, concordou apenas em pensar no assunto, caso o juiz se mostrasse inseguro quanto à decisão tomada.

Rom Fumir estava contente com a condenação de Legolas. Para ele, o assassino de um de seus soldados favoritos seria finalmente punido, e isso bastava. Exaltou diante de todos a atitude heróica de Elenindow ao salvar o ouro dos bandidos, confirmando a história contada por Sunil. Algumas informações importantes foram reveladas pelo capitão. Elenindow havia lhe contado que descobrira, enquanto limpava o quartel, uma câmara secreta com o ouro roubado. Disse também que suspeitava de Edgar Sólon, um soldado indisciplinado de quem Rom Fumir guardava muito rancor. Segundo o capitão, ele decidiu promover o jovem recruta a tenente pela descoberta, mas Legolas o matou antes que a promoção pudesse ser dada. Mesmo morto, o soldado foi condecorado pelo seu superior. O capitão não conseguiu provar as suspeitas de Elenindow quanto ao envolvimento de Edgar no roubo do ouro, mas Edgar cometeu o erro de roubar as jóias do general Raelf Mellen, e foi preso em flagrante. O general havia deixado suas jóias sob a guarda do capitão que as guardou em seu cofre particular diante da presença do general e de Edgar. Pouco depois, as jóias desapareceram do cofre, e numa revista, foram encontradas na bolsa de Edgar quando ele tentava sair do quartel. Edgar foi preso, as jóias devolvidas ao general, mas o ouro nunca mais foi encontrado.

Os heróis saíram da mansão do capitão ainda mais confusos. Parecia que Elenindow era de fato um herói, enquanto que Legolas, o amigo que conheciam há tempos e com quem tinham vivido diversas aventuras, não passava de um assassino cruel e desleal. As lembranças da chacina cometida por Legolas contra os orcs em Khundrukar, e o roubo do grimório de Isaulas das mãos de Squall, tornavam essa impressão ainda mais forte.

Mas, havia uma pessoa que poderia esclarecer tudo. Uma testemunha chave que não participara do julgamento por ser ainda uma criança. Laura, a neta do curandeiro de Darkwood, a única testemunha da briga entre seu avô e Elenindow. A única que conhecia os motivos que culminaram naquela tragédia. Entretanto, Laura estava em Darkwood, a cindo dias dali. Enquanto que Legolas só tinha mais três dias de vida. Era preciso buscar a menina na vila, mas era preciso impedir o enforcamento do arqueiro também. As duas coisas deveriam ocorrer simultaneamente. Para isso, ficou decidido que Nailo guiaria seu grupo até sua vila para buscar Laura, enquanto que Yczar ficaria para tentar convencer o juiz a adiar a execução. Junto do paladino ficaria Sairf. Sam, que não estava presente, teria que ficar também. Yczar o procuraria depois e tinha certeza que suas habilidades de bardo seriam úteis para convencer o juiz e reunir informações. Se tudo desse errado, o paladino estava disposto a soltar Legolas à força, mesmo desobedecendo à lei. Yczar sabia que havia fatos obscuros sobre aquele caso e tinha a convicção de que Legolas não deveria ser morto enquanto tudo não fosse devidamente esclarecido. Entretanto, se Legolas fosse realmente o assassino que parecia ser, o próprio Yczar o acusaria em nome da justiça, como todo servo de Khalmyr faria. Batloc iria também para Darkwod, reforçando a segurança do grupo durante a viagem. Com tudo decidido, todos retornaram para a estalagem onde as testemunhas estavam hospedadas e foram descansar.

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