março 10, 2006

Capítulo 182 – Sam Rael, amigo ou inimigo?

Capítulo 182 Sam Rael, amigo ou inimigo?

“Legolas já foi traído, mas vocês devem ter fé”. As palavras de Enola retumbavam como tambores nas mentes dos heróis. Legolas tinha sido traído e eles sabiam por quem. Sam, o bardo de quem todos gostavam, não passava de um verme se honra. O que o maldito pretendia com aquilo? A situação de Legolas já era complicada, e o desgraçado ainda inventara a acusação do roubo. Enola havia dito para que eles tivessem fé, mas a única fé que tinham naquele momento era em suas espadas quando. Seu maior desejo agora era ter suas armas à mão para poder retalhar aquele maldito traidor. Sem se importar com os olhares carregados de ódio voltados em sua direção, Sam começou seu discurso.

_ Senhores jurados! Senhoras e senhores da platéia! Senhor juiz! Hoje eu venho até este tribunal na posição de promotor, para lhes mostrar toda a verdade por trás dos fatos envolvendo o réu. Dias atrás, como todos sabem, eu estava sentado no mesmo banco dos réus, ao lado daquele que ali se encontra! Fui preso injustamente, como ficou provado no julgamento! Entretanto, cometi erros e quero me redimir desses erros! Meu maior erro foi ter me tornado amigo de Legolas! Sim eu era amigo do réu que hoje eu acuso, até descobrir certas verdades que irei lhes revelar hoje! Vocês irão finalmente entender porque o jovem tenente Elenindow morreu nas mãos deste assassino frio que aqui se encontra! Saberão também como ele fez para roubar o ouro do exército! Hoje, finalmente este criminoso inescrupuloso será desmascarado diante de todos! Agradeço ao capitão Ron Fumir, aqui presente, por todas as informações dadas e por intermediar para que eu pudesse hoje fazer a acusação! Agradeço também ao tenente Sunil e ao ex-soldado Edgar que estão ao meu lado por me ajudarem a desvendar tudo que se esconde sob a máscara boazinha que esse assassino veste para iludir todos nós aqui! – Sam flava e gesticulava, enquanto caminhava pelo tribunal. Suas palavras eram carregadas de emoção e seu olhar revelava todo o ódio que sentia por dentro. Era uma cena impensável e todos sabiam que seria difícil derrotar toda a astúcia daquele maldito traidor. Aquilo desestabilizou completamente os heróis. Yczar ficou sem ação diante do que via. Sam estava livre para falar à vontade e acabar de vez com a vida de Legolas. O bardo traidor prosseguiu.

_ Chamo para depor a primeira testemunha, o tenente Sunil Aeon! – anunciou Sam.

_ Senhor Sunil, é verdade que o senhor era amigo pessoal de Elenindow?

_ Sim!

_ É verdade que vocês dois sempre davam trabalho ao capitão Ron Fumir?

_ Sim! O Elenindow era muito indisciplinado no início e eu sempre fui muito atrapalhado e não fazia as tarefas direito. O capitão sempre nos castigava por isso! – Sunil sorriu ao responder.

_ Mas um dia vocês melhoraram, não é verdade?

_ Sim! Mesmo assim o capitão sempre vivia no nosso pé! Acho que pra nos educar! Mas parecia que ele tinha implicância com a gente!

_ Certo! Diga-nos, você estava presente no dia em que o ouro foi roubado? Conte o que aconteceu!

_ Nós estávamos transportando o ouro dos tributos! Surgiram oito assaltantes armados e tentaram levar o ouro! Mas o Elenindow os impediu praticamente sozinho! Ele conseguiu derrubar uma árvore sobre os bandidos e salvou minha vida!

_ E quantos soldados estavam transportando o ouro?

_ Três!

_ Ora, vejam só! Um carregamento de quinhentas mil moedas de ouro e somente três soldados para protegê-lo! Incrível! Era mesmo um convite ao roubo! Agora conte-nos como foi a noite anterior à morte de Elenindow! O que ele fez antes de sua morte? Antes de ser assassinado por esse monstro que aqui se encontra?

_ Nós estávamos acampados longe daqui, numa floresta perto da vila onde ele nasceu! Ele me disse que tinha encontrado o ouro roubado! Disse que estava em uma sala secreta no quartel e disse que suspeitava que um dos soldados tinha participado do roubo!

_ E quem era esse soldado?

_ Era o maior encrenqueiro da tropa! O que vivia aprontando com todos! Edgar Sólon!

_ E depois que ele lhe contou isso, o que aconteceu?

_ Ele me disse que iria contar ao capitão Ron Fumir o que descobrira. Ele foi até a tenda do capitão e depois de algum tempo, os dois estavam rindo e comemorando. Elenindow saiu da tenda bêbado e entrou no mato. Pela manhã, nós o encontramos dentro da vila, sendo atacado pelo Legolas.

_ Sem mais perguntas.

Sam chamou para depor outros soldados, que confirmaram que o capitão sempre castigava Elenindow e Sunil. Confirmaram que viram Elenindow entrando na tenda do capitão, ouviram risadas e alguns o viram saindo de lá bêbado. Um deles deu um detalhe importante.

_ Senhor Niniam Faaran, o senhor viu Elenindow na tenda do capitão?

_ Sim, eu o vi entrar na tenda para falar com o capitão. Os dois conversavam e eu vi o capitão dando a ele um copo de vinho ou cerveja. Os dois beberam e depois disso ouvi o capitão rindo alegremente. Elenindow depois disso saiu cambaleando por causa da bebedeira. Tentou falar alguma coisa comigo, mas tava tão bêbado que eu não entendi nada. Depois ele tentou falar com outros e entrou na mata indo na direção da vila.

_ Então o Elenindow bebeu UM como de vinho ou cerveja?

_ Sim!

_ E saiu de lá completamente bêbado?

_ Sim.

_ Nossa que incrível! Elenindow ficou completamente bêbado, a ponto de não conseguir andar ou falar direito, tudo isso após tomar apenas UM copo!

_ Sem mais perguntas! Eu chamo o capitão Ron Fumir!

_ Capitão, o que exatamente o senhor serviu ao Elenindow e por qual motivo?

_ Servi a ele um copo de vinho! Ele veio me contar que tinha encontrado o ouro! E que suspeitava de Edgar! Eu disse a ele que estava feliz por ele ter encontrado o ouro, e que se fosse mesmo o Edgar, ele iria pagar pelo crime. Servi a ele um copo de vinho para comemorarmos e disse que lhe daria uma promoção! Por isso nós bebemos!

_ E o Edgar foi preso pelo roubo do ouro?

_ Não! Foi por ter roubado as jóias do general Raelf! Não havia provas contra ele, o ouro desapareceu e nunca mais foi encontrado!

_ Sem mais perguntas! Eu chamo Sunil Aeon!

_ Senhor Sunil, o senhor lutou contra Legolas quando ele estava preso?

_ Sim!

_ E por que?

_ Eu queria comprovar minha suspeita de que ele trapaceou para ganhar de Elenindow! Elenindow era muito mais forte que eu, e eu venci Legolas com facilidade. Legolas só poderia ter derrotado Elenindow trapaceando! Ele deve ter envenenado Elenindow ou usado alguma magia para enfraquecê-lo!

_ Sem mais perguntas!

Sam olhou para a platéia, empolgado com o espetáculo que dava. Percebeu Anix entregando para Yczar o frasco com o antídoto guardado por Laura. Sam olhou para a pequena Laura e sorriu.

_ Eu chamo para depor, a senhorita Laura!

A menina sentou na cadeira das testemunhas, surpreendendo a todos com a presença de alguém tão nova.

­_ Senhorita Laura, é verdade que é neta do curandeiro de Darkwood, a vila em que Elenindow morava?

_ Sim, é verdade!

_ Conte-nos sobre Elenindow e sobre o dia em que ele morreu! Eu soube que ele matou seu avô, conte-nos o que aconteceu naquele dia.

Laura contou todos os detalhes, tal qual havia dito a Anix e os outros. Contou também sobre o antídoto.

_ Senhor juiz, peço que este frasco nas mãos de Anix seja considerado como prova! Eu chamo o senhor Anix para depor!

_ Senhor Anix o que é este frasco que estava na casa do curandeiro, e que o falecido Elenindow foi procurar?

_ É um antídoto contra venenos!

_ E contra qual tipo de veneno?

_ Verme da carniça, e lótus negra, pelo tipo de veneno!

_ E como o senhor sabe disso?

_ Eu fiz um teste alquímico para descobrir!

_ E que autoridade o senhor tem para afirmar com base em seus testes qual a natureza deste antídoto?

_ Bem, eu sou um mago e como todo mago, eu conheço alquimia!

_ Ah, é um mago? Então poderia nos provar, poderia nos dar uma demonstração de seu poder? Faça uma magia, não precisa ser uma magia destrutiva! Mostre-nos suas habilidades!

Anix não entendia o que Sam pretendia com tudo aquilo. Sam conhecia o poder de Anix, então por que desconfiava de sua palavra? O juiz ordenou a Anix que ele obedecesse, e Anix usou sua magia para fica invisível diante de todos. Satisfeito, Sam pediu a Anix que ele voltasse ao normal e o dispensou.

_ Eu chamo a depor aqui o senhor, juiz!

_ O que? O que está pretendendo senhor promotor?

_ Vamos lá meretíssimo, é apenas uma perguntinha!

_ Está bem, mas não brinque comigo! – o juiz desceu de seu lugar e sentou na cadeira das testemunhas.

_ Meretíssimo, o senhor é um grande clérigo, certo? E como tal, tem grandes conhecimentos, mágicos inclusive? Agora me responda! A magia usada por Anix é uma magia que qualquer mago de baixo nível poderia usar?

_ Não, só magos de médio poder!

_ E um mago de médio poder estaria capacitado para fazer a análise química feita por ele e determinar a função do antídoto, tal qual ele afirma ter feito?

_ Bem, sim!

_ Obrigado! Chamo agora o senhor Nailo, ranger com grandes conhecimentos técnicos sobre a natureza!

O juiz retornou para a tribuna e cedeu seu lugar para Nailo.

_ Senhor Nailo! O senhor é um ranger, certo, com conhecimentos sobre animais e plantas, certo? Poderia nos provar suas habilidades?

_ Sim, eu poderia falar com algum animal!

_ Ótimo, então faça!

Nailo acenou para Anix, que ordenou ao seu falcão que voasse até Nailo.

_ Senhor juiz, para que Anix não interfira no experimento através de seu vínculo com seu familiar, eu peço que ele seja colocado para dormir.

Anix nem teve tempo para reclamar. Os clérigos de Khalmyr o fizeram adormecer como um bebê. Sam continuou.

_ Agora, senhor Nailo, o que fará?

_ Eu vou mandar o falcão dar uma volta pelo salão e pousar em meu ombro, descrevendo um número oito.

Nailo invocou o nome de Allihanna e conversou com Heart. O pássaro saltou de seu ombro e descreveu no ar o movimento exato que Nailo disse que ele faria. Heart voltou para o ombro de Nailo, até que acordaram Anix e o animal voltou para seu mestre.

_ Senhor Nailo, o senhor que conhece de criaturas, monstros, e outras coisas, diga-nos, o que exatamente o veneno de verme da carniça e de lótus negra podem fazer?

_ Paralisam o corpo e matam a pessoa.

_ Sem mais perguntas! Agora olhem só que interessante. Elenindow havia encontrado o ouro e suspeitava de um culpado. Logo após isso ele morreu, vítima da espada de Legolas. Mas, segundo Sunil, seu melhor amigo Legolas só poderia derrotar Elenindow se ele estivesse envenenado ou enfeitiçado. Um veneno paralisante poderia deixá-lo mais fraco, e impedir que ele conseguisse falar com as pessoas, e ele foi na casa do curandeiro justamente atrás de um antídoto para esse tipo de veneno! Será que o suspeito do roubo, Edgar Sólon, envenenou Elenindow? Senhor Edgar, venha depor.

_ Senhor Edgar! O senhor estava preso, certo? E por qual crime!

_ Pelo roubo das jóias do general Raelf!

_ E o senhor roubou essas jóias?

_ Não!

_ Senhor juiz, peço que reforcem as magias sobre este homem, pois ele está mentindo!

Os clérigos reforçaram as magias que impediam as pessoas de mentir, e Sam prosseguiu.

_ Senhor Edgar, o senhor roubou as jóias?

_ Não!

_ E o que aconteceu naquele dia?

_ Eu estava com o capitão Ron Fumir, na sala dele, quando o general chegou com as jóias. O capitão as guardou no seu cofre. Depois disso eu sai de lá, dei baixa das minhas obrigações e fui para o vestiário. Peguei minha mochila e fui para casa. Na saída, os soldados vieram me revistar e encontraram as jóias na minha bolsa. Como eu fui pego em flagrante, fui direto pra cadeia. Eu disse que não tinha sido eu, mas como eu sempre fui o soldado mais encrenqueiro, que vivia aprontando no quartel, ninguém me deu ouvidos.

_ E você teve algum envolvimento no roubo do ouro?

_ Não, nenhum!

_ Sem mais perguntas! Eu chamo para depor o general Raelf Mellen!

_ General, o senhor entregou suas jóias ao capitão, como disse o Edgar?

_ Sim!

_ E o que aconteceu em seguida?

_ O capitão as colocou no cofre da sala dele e as trancou, eu vi pessoalmente.

_ E tinha alguém na sala?

_ Sim, o soldado Edgar Sólon! Assim que o capitão guardou as jóias, ele se retirou.

_ E depois?

_ Depois eu sai e fui fazer a inspeção no quartel, quando me avisaram que minhas jóias tinham desaparecido.

_ E isso demorou quanto tempo para acontecer?

_ Uns cinco minutos.

_ Então quer dizer, que o soldado Edgar, saiu da sala do capitão, e em apenas cinco minutos ele arrombou a porta que somente o capitão tinha a chave, descobriu o segredo do cofre pessoal do capitão que somente ele conhecia e roubou as jóias de lá, depois saiu, deu baixa em seu registro, foi até o vestiário trocar de roupa, pegar a mochila e sair do quartel com suas jóias em apenas cinco minutos?

_ Bem acho que sim!

_ E que horas eram?

_ Eu entreguei as jóias ao capitão às dez horas da manhã em ponto.

_ Sem mais perguntas! Eu chamo o tenente Muranus Bigern para depor!

_ Tenente! O senhor estava no comando no dia do roubo das jóias?

_ Sim!

_ E a que horas o soldado Edgar deu baixa em seu registro? Às dez horas e dois minutos. Está aqui no livro de registro.

_ Sem mais perguntas. Soldado Douglas Siquerv!

_ Soldado Douglas! Onde o senhor estava entre as dez horas e as dez e cinco do dia 29 de Altossol de 1397, o dia do roubo das jóias?

_ No vestiário.

_ Mais alguém estava lá?

_ Sim, o Edgar! Ele entrou e pegou a bolsa dele! Depois saiu.

_ mais alguém esteve lá antes dele?

_ Sim, o capitão Ron Fumir! Ele entrou pouco antes, foi até os armários, depois lavou as mãos e saiu, antes do Edgar chegar.

_ Sem mais perguntas. – o bardo sorriu para os presentes, depois encarou o capitão e prosseguiu. – Bem, se Edgar não roubou as jóias, mas elas foram encontradas na sua bolsa, alguém deve ter colocado elas lá. Alguém que odiava Edgar, com certeza. Mas muitas pessoas o odiavam no quartel. Mas teria que ser alguém que conhecesse a senha do cofre do capitão, pois não teria tempo suficiente para arrombar o cofre e colocar as jóias no Edgar em cinco minutos. Mas quem poderia ser essa pessoa?­ – Sam encarou Legolas, sorrindo maliciosamente. – Capitão Ron Fumir, eu o convoco a depor!

_ O que? Isso é um ultraje! Por acaso está me acusando, seu moleque metido! Eu sou um capitão do exército, de alta patente! Sou eu que cuido da segurança do reino para que você possa ficar compondo suas musiquinhas em paz, seu bardo mequetrefe! – o capitão se exaltou, enquanto Sam apenas sorria. O juiz então ordenou que o capitão fosse conduzido ao banco das testemunhas, mesmo contrariado.

_ Capitão, na noite do primeiro julgamento, eu fui visitá-lo em sua casa, certo? Aliás é uma bela casa por sinal, uma casa muito bonita. Sabe, eu estou pretendendo comprar uma casa igual, mas não sei de quanto dinheiro vou precisar. Quanto custou aquela casa?

_ Seu insolente, o que está pretendendo com tudo isso? Que se mostrar?

_ Meretíssimo!!! Por favor!

_ Capidão...digo, capitão, responda à pergunta!

_ Está bem, a casa custou cem mil tibares de ouro!

_ Nossa, mas então um capitão do exército deve ganhar muito bem para poder comprar uma casa tão cara em tão pouco tempo! Quanto tempo faz que o senhor a comprou?

_ Uns seis meses mais ou menos!

_ Ou seja, logo após o roubo do ouro, mas deixa isso pra lá, e quanto é o salário de um capitão?

_ Quinhentas moedas de ouro por mês!

_ Bom, o senhor deve ter economizado muito então! Sem mais perguntas! Chamo agora o senhor Ezequias Mauren!

Um homem velho, todo sujo e maltrapilho entrou no tribunal, conduzido por dois soldados.

_ Senhor Ezequias, qual era sua ocupação antes de ser preso?

_ Eu tinha uma loja de poções!

_ E o senhor foi preso por qual razão?

_ Por que eu vendia venenos na minha loja, pólvora e outras coisas ilegais.

_ E o senhor conhece o capitão Ron Fumir?

_ Sim!

_ Ele está aqui hoje? Pode apontá-lo?

_ Sim, é aquele ali!

_ E ele freqüentava sua loja? O que ele comprava lá?

_ Sim, ele costumava ira lá para comprar poções de cura e venenos!

_ E que tipos de venenos? Verme da carniça? Lótus negra?

_ Sim, ele já comprou desses dois e outros tipos também.

_ Sem mais perguntas. Eu chamo novamente o capitão Ron Fumir.

_ Capitão, nossa mas que belo anel? Eu poderia vê-lo?

_ Não seu abusado!

_ Meretíssimo, eu peço que este anel seja confiscado, pois ele é uma prova. Nesse anel há um compartimento secreto para guardar venenos!

Sob a ordem do juiz, o anel foi retirado do capitão e entregue a Sam. O bardo pegou o anel e tentou abri-lo, mas nele não havia compartimento algum. Sam sorriu, como se já esperasse por isso.

_ Muito bem, capitão! O seu anel não tem compartimento para veneno, acho que me enganei! Mas agora que o senhor está sem ele, me responda! O senhor gostava realmente de Elenindow, como o senhor disse no julgamento anterior?

_ Não, eu odiava aquele moleque imprestável!

_ Ahá, a verdade apareceu! E o Edgar, o senhor gostava dele?

_ Não, muito menos desse ai!

_ E por acaso, foi o senhor que colocou as jóias nele para que ele fosse pego em flagrante?

_ Sim!

_ Sem mais perguntas! O senhor está dispensado! Eu chamo o soldado Douglas Siquerv.

O capitão foi levado de volta a seu banco. Desta vez, os soldados e clérigos ficaram à sua volta, pois as evidências já estavam claras demais. Faltava apenas o desfecho preparado pelo bardo.

_ Soldado, após o tenente Elenindow, na época apenas um soldado, ter salvado o ouro do roubo, vocês fizeram uma comemoração no quartel, certo?

_ Sim, isso mesmo!

_ E onde estava Edgar Sólon?

_ Estava na festa, junto com todos nós!

_ Entendo! E o que aconteceu enquanto vocês festejavam o feito heróico de Elenindow?

_ Outros bandidos apareceram e levaram o ouro sem que nós percebêssemos!

_ Nossa, isso é grave! E qual atitude o capitão Ron Fumir tomou?

_ Ele...ele...ele não estava presente senhor!

_ Dispensado!

Sam chamou outros soldados para testemunhar, e todos confirmaram a versão de Douglas. Edgar esteve presente durante toda a festa, o capitão Fumir, não.

_ Eu chamo aqui o tenente Sunil novamente.

O capitão foi levado de volta a seu banco. Desta vez, os soldados e clérigos ficaram à sua volta, pois as evidências já estavam claras demais. Faltava apenas o desfecho preparado pelo bardo.

_ Tenente Sunil! Quando que fui até sua casa, após o primeiro julgamento, eu lhe fiz várias perguntas, que repeti aqui hoje! Além destas perguntas, o que mais eu lhe perguntei?

_ Você perguntou o que tinha sido feito do corpo de Elenindow! Eu disse que ele tinha sido enterrado aqui em Vallahim.

_ E que mais o senhor disse, a respeito dos pertences dele, por exemplo?

_ Eu disse que como eu era o melhor amigo dele, tinha ficado com os objetos dele para encontrar os pais dele e entregar-lhes os objetos de Elenindow!

_ E o que nós fizemos em seguida?

_ Fomos olhar, a seu pedido, na roupa que ele vestia no dia de sua morte.

_ Sim, exato, era uma roupa toda rasgada pela espada de Legolas, e também por espinhos, enquanto o coitado rastejava entre as plantas atrás de uma cura. Mas, além disso, havia uma coisa na roupa! O que era?

_ Uma carta! Esta carta! – Sunil retirou uma carta do bolso da camisa e entregou a Sam.

_ Sem mais perguntas tenente! Meretíssimo, eu peço que esta carta seja considerada como prova! É última mensagem de Elenindow, lacrada com seu próprio sangue, e escrita pelas suas próprias mãos, como poderemos comprovar ao comparar a caligrafia da carta e do livro de registros do quartel! A menos é claro que o advogado de defesa tenha algo contra! Yczar?

O paladino fez um gesto positivo com a cabeça e deixou o bardo prosseguir em seu show.

_ Bem, esta carta irá provar de uma vez por todas a culpa de Legolas no assassinato de Elenindow, e no roubo do ouro! Até o momento, meu discurso levou a crer que o capitão Ron Fumir foi o responsável por tudo, mas esta carta lhes dirá toda a verdade. Eu chamo o senhor Legolas para depor e ler esta carta com sua própria voz, revelando toda sua culpa com suas próprias palavras.

Legolas sentou no banco das testemunhas com as mãos tremendo. Pegou a cartas nas mãos e a abriu, então ele começou a ler o seu conteúdo.

_ “Caro Amigo Sunil! Meu amigo, utilizo-me do pouco de força que me resta para lhe escrever esta carta e explicar-lhe todos os fatos que envolvem a minha morte. Sim, estou morrendo, fui envenenado e não me resta muito tempo. Como estávamos acampados perto da vila onde eu morava, vim pedir ajuda ao curandeiro, o senhor Loran para que ele me curasse. Mas, o veneno paralisou meu corpo, mal consigo andar ou segurar a espada, nem mesmo falar eu consigo direito. Como eu sempre fui um garoto mau criado no passado, o senhor Loran quis me dar uma lição de moral. Eu até apontei minha espada para ele, mas ele me tranqüilizou dizendo que sua neta Laura tinha ido buscar o remédio. Infelizmente, eu não suportei o peso da espada e tombei meu corpo na direção dele. Ele se assustou e acidentalmente a espada o feriu no pescoço com gravidade. Eu tentava me desculpar e ajudá-lo, mas o senhor Lanell apareceu achando que eu tinha feito de propósito e veio pra cima de mim me pegar. Quando eu me virei, ainda segurando a espada na mão, o senhor Lanell se chocou contra ela, sendo ferido no peito. Eu queria ajudar os dois, mas as pessoas da vila começaram a me xingar e apedrejar. Eu me afastei e deixei os dois sob cuidados dos moradores. Bem, o senhor Loran não pode me dar mais o antídoto, e se eu me aproximar da vila, serei apedrejado e não tenho como falar para explicar tudo o que aconteceu. Já procurei por ervas medicinais perto da horta da vila, mas nada parece surtir efeito. Sinto minhas forças se esvaindo, então emprego meus últimos esforços para lhe alertar do perigo que corres e revelar quem fez isso comigo. Ontem à noite eu fui contar ao capitão que encontrei o ouro roubado escondido numa câmara secreta dentro do nosso quartel.O capitão ficou espantado e quando contei a ele que achava que o Edgar tinha sido o responsável, ele ficou muito contente. Me ofereceu uma bebida e disse que me promoveria a tenente.Depois que eu acabei de beber, senti uma tontura e soltei o copo no chão, ele começou a gargalhar e disse que o vinho estava envenenado. Disse que eu não poderia contar a ninguém e disse que ele usaria o Edgar como bode expiatório para levar a culpa pelo roubo do ouro. O roubo que ele arquitetou. Sim, meu amigo, o capitão Ron Fumir é o responsável pelo roubo do ouro e pela minha morte. Tome cuidado com ele, é perigoso demais. E por favor, vingue minha morte contando toda a verdade e colocando o capitão atrás das grades.Conte a todos o que aconteceu e peça desculpas ao senhor Loran e ao senhor Lanell por mim espero que eles estejam bem ouço um barulho gritos acho que alguém vem vindo guardarei esta carta em lugar seguro diga aos meus pais que eu os amo Adeus meu amigo e obriggado por tud Elenindow Ruran”.

Legolas terminou a leitura emocionado. Sam, sentado sobre o balcão, ao lado de Legolas e do juiz, sorria para o amigo.

_ Prendam esse homem! – anunciou o juiz, apontando para o capitão Ron Fumir.

Os soldados encurralaram o capitão, que reagiu sacando uma espada oculta entre suas vestes. Seus ataques faziam tombar os soldados com apenas um golpe em cada. Ficou claro, Ron Fumir era um assassino profissional. Os sacerdotes de Khalmyr interviram e capturaram o verdadeiro criminoso. O capitão foi levado para a prisão, enquanto o juiz pedia silêncio, espancando a tribuna.

_ Legolas Greenleaf, pelos poderes a mim concedidos, eu o absolvo da acusação do roubo do ouro do quartel! Ficou claro aqui hoje, graças à brilhante atuação do promotor Sam Rael, quem foi o principal responsável pelo roubo e pela morte de Elenindow! Entretanto, você ainda atacou o tenente Elenindow, ferindo-o e talvez adiantando sua morte! Por este motivo, você não poderá ser absolvido! Entretanto...tenente Sunil, você e Elenindow estavam quase terminando suas obrigações para com o exército quando ele morreu! Você decidiu seguir a carreira militar, mas poderia ter pedido dispensa! Quanto tempo faltava para vocês serem dispensados? – disse o juiz.

_ Faltava um ano meretíssimo!

_ Então, Legolas Greenleaf, já que você teve envolvimento na morte de um oficial do exército, causando prejuízo ao exército e ao reino de Tollon, eu o condeno a reparar esses prejuízos! Eu o condeno a passar um ano prestando serviços para o exército, compensando o tempo que restava para Elenindow servia á sua pátria, tempo esse que foi abreviado com sua morte. – concluiu o juiz – Quanto aos demais, Sam me contou de suas façanhas heróicas! O reino de Tollon precisa de pessoas corajosas como vocês! Eu lhes dou a opção de permanecer ao lado de seu amigo enquanto ele cumpre sua pena! Eu os convido a fazer parte do real exército de Tollon durante esse período, trabalhando para o reino, recebendo treinamento, comida, abrigo e um salário justo pelos seus serviços! Vocês têm um mês para se decidir e se prepararem! E caso encerrado.

O juiz bateu o martelo pela última vez e se retirou do recinto. Sam enxugou o suor de seu rosto e foi conversar com os amigos.

_ Puxa, ainda bem que a carta inocentava o Legolas! – disse Sam.

_ Por que? Você não tinha lido ela? – perguntou Anix.

_ Claro que não, se eu a abrisse, ela não valeria como prova, então eu decidi arriscar!

Todos ficaram boquiabertos com a audácia do bardo. Não sabiam se o abraçavam ou se o surravam por ter dado um susto tão grande em todos. Enquanto eles conversavam, uma pessoa os observava próxima da porta.

_ Então, que dizer que você vai se afastar de novo? – perguntou Liodriel, com a cabeça baixa, sem encarar Legolas.

_ Sim, ficarei mais um ano longe de você! – respondeu Legolas.

_ Mas você ainda vai ficar um mês aqui, certo?

_ Sim!

_ Então eu tenho juro, que este mês será o melhor mês de toda a nossa vida! – Liodriel saltou nos braços de Legolas, e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela o calou com um beijo.

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