março 22, 2006

Capítulo 186 – Follen, a cidade suspensa

Capítulo 186 Follen, a cidade suspensa

O restante do dia passou com o pequeno tentacute saltitando de cabeça em cabeça durante a viagem. Veio o dia seguinte, e os aventureiros continuaram sua jornada, sem maiores problemas. Quando a noite caiu, mostrando a todos o magnífico poder de Tenebra, os aventureiros pararam para acampar, sob a luz da lua em escudo, que clareava o céu. Sam fez uma fogueira e chamou seus amigos para reunirem-se ao redor dela e festejar, enquanto tocava alguns acordes.

_ Festejar o que Sam? – perguntaram os heróis, curiosos.

_ Ora meus amigos! Esta é a Noite da Alegria! É a primeira noite da primavera, vamos comemorar o final do inverno rapazes! – e respondendo à pergunta, Sam voltou a tocar e a cantar ao redor da fogueira.

O dia da Alegria em Arton sempre foi comemorado a mais tempo do que o próprio nascimento da civilização humana, já que marca o fim do inverno e início da primavera. Neste dia, um grande almoço é preparado pela família ou comunidade, e a comilança se estende por toda tarde até o começo da noite, quando fogueiras são acesas para afastar o frio até o próximo ano. Normalmente, os carvões desta fogueira são considerados itens de sorte, sendo carregados até o dia da Alegria do ano seguinte.

Aventureiros também costumam comemorar o dia da Alegria, mesmo em situações difíceis, para manter a esperança sempre acesa e lembrá-los de que todo inverno chega ao fim. Os servos de Marah, a deusa da paz, também comemoram o dia da Alegria com grandes eventos em prol dos necessitados e sem recursos.

Os povos silvestres também marcam o equinócio de primavera, chamado Renascer. Neste dia, todos os habitantes da floresta reúnem-se novamente na mesma clareira em que se reuniram na Queda das Folhas e, comandados por druidas ou xamãs de Allihanna, agradecem-na pelo fim do inverno. O druida ou xamã então planta uma semente de carvalho no centro da clareira; se a árvore crescer, aquela clareira não mais será palco de festas da Queda das Folhas (mas é considerada uma clareira “da sorte”).

Enquanto Sam tocava, os heróis pensavam em suas famílias, a milhas de distância dali, até que finalmente adormeceram.

Na manhã seguinte, 1º dia de Lunaluz, o mês de Lena, a deusa da cura e da vida. Os heróis se levantaram naquele aztag ainda frio e arrumaram suas coisas para partir. Segundo os cálculos de Nevan, em mais algumas poucas horas eles chegariam a Follen.

Sam recolheu um pedaço do carvão da fogueira feita na noite anterior, enquanto Legolas desejava bom dia para Liodriel. Contou aos seus amigos da boa sorte que aquele carvão representava segundo as tradições, e todos, com exceção de Anix, copiaram o gesto do bardo, guardando consigo um pedaço do carvão da sorte.

O grupo seguiu em frente, e antes mesmo da hora do almoço, avistaram a entrada da cidade de Follen, no final da estrada. Ansiosos por conhecer a famosa cidade, todos travaram as rédeas, acelerando o galope dos cavalos. Atravessaram as últimas árvores na estrada, mas não encontraram cidade alguma. Somente uma gigantesca área gramada, com várias árvores gigantes havia no lugar onde esperavam ver casas e edifícios.

_ Ué? Onde está a cidade? – perguntou Sairf, confuso e frustrado.

_ Ora, meu amigo mago! Pelo que vejo você nunca ouviu falar muito de Follen, não é mesmo? A cidade está bem em cima de sua cabeça! – brincou Sam, apontando para o alto.

Era uma visão maravilhosa. Todas as casas da cidade estavam no alto, suspensas em gigantescas árvores ancestrais. A cidade era toda construída sobre as árvores, em perfeita harmonia com elas. As casas se moldavam ao formato dos troncos e galhos, mesclando-se a eles, sem agredir uma só folha. Pontes de corda interligavam todas as casas, formando um desenho mágico nos céus. Escadas de corda e plataformas de madeira, suspensas por cordas e contra-pesos, conduziam as pessoas para cima e para baixo. Follen era uma cidade com forte influência do pensamento dos druidas de Allihanna, um lugar em perfeita harmonia com a natureza, um exemplo a se seguido pelos povos humanos, anões e até mesmo pelos elfos.

Maravilhados com tanta beleza, os heróis se separaram para conhecer aquele lugar tão fascinante. Nailo, Nevan e Lucano foram juntos fazer compras na parte norte da cidade, Legolas na parte sul, onde comprou pergaminhos para presentear seus amigos, uma armadura nova e uma bolsa toda especial, capaz de invocar criaturas para ajudá-lo hora de necessidade. Usou seu berloque para mostrar sua nova roupa para sua amada e ficou trocando elogios com ela por vários minutos. Já Nailo, comprou uma bolsa igual à encontrada por Anix dentro da montanha de Durgedin, capaz de comportar dezenas de objetos num pequeno espaço interdimensional. Enquanto isso, Batloc e Yczar procuravam um templo na cidade, para poderem orar para seu deus. Sam, por sua vez, desapareceu, como de costume, sem deixar rastros. Anix, Squall e Sairf rumaram para a famosa Estalagem A Última Chance, onde todos se reuniriam após cerca de trinta minutos.

Os três subiram juntos por um elevador de madeira, até a copa de uma árvore assustadoramente gigantesca, até mesmo para os padrões locais. Entraram na estalagem que, segundo Sam, era administrada por um famoso mago local. A Última Chance era um lugar aconchegante, apesar do nome nada inspirador. Era um local amplo, com muitas mesas lotadas dos mais variados tipos de pessoas. Uma escada na lateral conduzia até um andar superior, onde havia mais mesas, com vista para janelas que serviam de mirante permitiam ver quase toda a cidade. Dois outros prédios anexos serviam de alojamento para os hóspedes e de moradia para os proprietários. Ao lado do balcão de bebidas, uma bela barda de longos cabelos castanhos e lisos, caídos sobre as orelhas e puxados para trás por uma faixa de tecido púrpura amarrada sobre a testa, tocava uma flauta de madeira e dançava graciosamente. Vestia roupas de couro brilhante, que lembravam de longe uma armadura sobre aquele corpo cheio de curvas esculturais. Calçava uma bota de cano longo e saltos pontudos e usava grandes brincos de argola dourados, pendurados nas orelhas ocultas pela cabeleira.

Anix e Sairf sentaram em uma mesa e se puseram a admirar o talento e a beleza da moça, que tocava uma música que muito lembrava as músicas tocadas por Sam na festa de casamento de Legolas. Enquanto isso, Squall conversava com o taverneiro, pedindo informações que pudessem lhe ajudar a trazer seu amigo Loand de volta. Como o taverneiro não conhecia nenhum clérigo de Thyatis, o deus da ressurreição, o feiticeiro ofereceu a ele algumas moedas de ouro para que descobrisse para ele se alguém da ordem de Thyatis estava na cidade.

O taverneiro foi até um garoto, próximo da porta de entrada e deu a ele algumas moedas. O garoto saiu pela cidade em busca da informação para Squall, enquanto ele aguardava com seus amigos.

Meia hora depois, conforme combinado, chegaram Nailo, Lucano, Nevan e Legolas. Todos se sentaram em volta da mesma mesa. Nailo, a exemplo de Squall, pagou ao taverneiro pela mesma informação pedida pelo feiticeiro. Pouco depois, foi a vez de Sam chegar.

_ Ei amigos! Cheguei! Nossa, que ambiente bem animado! Espera ai, eu conheço essa música! – disse o bardo ao se aproximar da mesa.

_ Claro que você conhece, Sam! É a música que você tocou no casamento do Legolas! – respondeu Anix.

_ Não, você não entendeu...espere ai! Lana! Sabia que eu conhecia essa melodia, esse jeito de tocar! – Sam sorriu ao reconhecer a mulher no palco.

_ Você a conhece? – perguntaram os outros.

_ Sim! Claro que conheço! Ela é minha mestra! – Sam correu na direção do palco, subiu e começou a tocar seu alaúde ao lado da bela dama. Depois de realizarem uma grande performance juntos, o casal de menestréis voltou para a mesa onde os heróis aguardavam ansiosos.

_ Amigos! Quero que conheçam Lana Pureheart, a melhor barda de todo o reinado! – Sam apresentou a bela moça ao grupo. Seus olhos brilhavam e seu rosto estava corado. A dama cumprimentou cada um dos heróis, demonstrando grande carisma e simpatia.

_ É verdade que você é mestra do Sam? – perguntou Anix.

_ Sim, eu ensinei a ele tudo que ele sabe! – respondeu a mulher, com um sorriso cativante.

_ Isso mesmo! Você me ensinou tudinho que eu sei, não é mesmo Lana? – o bardo deu um sorriso malicioso enquanto cutucava a dama com o cotovelo.

Lana bateu sua flauta com força na cabeça de Sam, interrompendo o sarcasmo do bardo. Todos riram da situação, tudo estava em paz. Faltava apenas Batloc e Yczar para completar o grupo e a diversão continuar naquele dia feliz.

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